LOLA P.O.V
- Oi filha - meu pai disse se sentando na cama
- Como você está? - perguntei
- O pior possível - pai
- Eu vou deixar vocês a sós, qualquer coisa me chamem na recepção - minha mãe disse saindo do quarto e eu me sentei na poltrona
- É meu velho, parece que chegou sua hora - disse
- Não quero que conte pra sua mãe, ela ainda não sabe que eu não tenho mais jeito
- Não vou contar pai...
- Lola
- Sim pai
- Sei que é pedir, mas pela última vez, você pode deitar com esse velho na cama?
- Posso, claro - disse e me levantei, fui com lágrimas nos olhos e com jeito me deitando aos poucos com o meu pai na cama
- Você lembra uma vez quando o Jack era bem pequeno que ele comeu um botão?
- Que depois ele colocou pra fora e pensou que os órgãos dele estavam sendo substituídos por botões?
- Isso mesmo - meu pai disse e depois nós dois começamos a rir
- E aquela vez que a mamãe ficou puta da vida porque eu andei com velotrol dentro de casa e quebrei o vaso preferido dela? - disse e depois começamos a rir novamente
- Bons tempos Lola, eu você e o Jack éramos terríveis com a sua mãe
- Até a sexta série... - disse depois comecei a chorar - Pai, você não pode ir, eu sei que depois de tudo que aconteceu eu deveria desejar tudo de mal pra você mas eu não consigo, simplesmente não consigo - disse entre o choro e meu pai me abraçou
- Lola, filha, me prometa que você vai cuidar da sua mãe e que vai cuidar do seu irmão, que vai ter a sua vida e não vai deixar que nada a estragar - meu pai me disse com os olhos cheios de lágrimas
- Eu prometo pai - disse secando as lágrimas
- Você e o seu irmão vão ser como passarinhos, vocês vão voar e crescer, explorar o mundo e aprenderem a se virar, mas vocês nunca vão olhar para trás Lola, me promete?
- Prometo pai, com todas as palavras do mundo eu te prometo
- Eu te amo filha - meu pai disse e automaticamente os dois começaram a chorar
- É o primeiro eu te amo que eu recebo de você, que seja puro e sincero - disse entre o choro
- Eu sinto muito - meu pai dizia entre o choro
- Não sinta - digo e meu celular começa a tocar, vejo o nome Jack Gilinsky - Meu irmão está me ligando, um segundo pai - digo e vou até a janela logo atendendo o telefone
*Ligação on*
- Alô - chamo
- Oi Lola, onde você está? - Jack me pergunta
- No hospital com o papai, e você?
- Estou em casa, estamos todos aqui em casa
- Ótimo e como estão as coisas ai?
- Pera a Megan ta perguntando que roupa você está usando
- Ué, uma calça jeans de cintura alta, uma camiseta da adidas e um adidas branco com preto
- Ata, agora ela ta surtando dizendo que precisa dessa camiseta e você levou
- Manda ela comprar uma pra ela, mas é ai como estão as coisas ai?
- Estão oti.... - Jack começa a falar porém as máquinas do meu pai começam a fazer barulhos, joguei meu celular no chão e voltei para ver meu pai, meus olhos já jorravam lágrimas, essa era a hora, meu pai estava indo
- PAI POR FAVOR NÃO, POR FAVOR SEJA FORTE, VOCÊ PRECISA SER FORTE - gritei
- Seja um pássaro Lola, e não esqueça que eu te amo... mas agora... agora eu tenho que ir - meu pai dizia com uma voz quase inaudível
- PAI NÃO POR FAVOR - disse e sai do quarto indo a recepção do andar perguntar onde estavam os médicos - CADE AS PORRAS DOS MÉDICOS, VOCÊ NÃO VIU QUE O MEU PAI ESTÁ MORRENDO? CADE OS MÉDICOS?! - gritava na recepção enquanto minha mãe chorava desesperadamente e logo notei homens e mais homens correndo em direção do quarto, tudo estava acontecendo de novo - MÃE NÃO SAI DAQUI - gritei e comecei a correr em direção ao quarto porém um médico me pegou por trás - ME LARGA É O MEU PAI, ME LARGAAAAAA - gritei enquanto esperneava e chorava, mas não tinha forças, coloquei o rosto no peito do médico e chorava como nunca, fui levada até a recepção junto da minha mãe que também chorava, mas em silêncio...
(...)
Tempo depois sentada ali com a minha mãe tentando aceitar o fato de que meu pai se foi um último médico sai da sala com o meu celular em mãos
- Com licença, alguém não para de te ligar - o médico disse me entregando o celular
- É meu irmão, muito obrigado - disse e o médico se retirou, meu celular tocou mais duas vezes
- Atende, seu irmão tem direito de saber
- Se ele se importasse pelo menos um pouco com o papai ele teria vindo
- ATENDE ESSA DROGA DE TELEFONE - minha mãe gritou e eu com raiva apenas peguei o telefone e fui até o final do corredor e logo atendi a chamada
*Ligação on*
- Ele se foi não é? - Jack me perguntou com voz de choro
- Ele se foi Jack... com mágoas no coração e muitos arrependimentos, mas ele foi e eu sinto muito - disse chorando novamente enquanto escorria pela parede
*Ligação off*
Desliguei o telefone e ainda chorava quando alguém aponta no começo do corredor
- Eu acabei de ficar sabendo e eu sinto muito - Luiza disse do começo do corredor, eu apenas levantei e fui ao encontro dela, ela me sentou no chão e ali ficamos ambas, chorando em um corredor vazio e frio....
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