História Never be Alone - Pássaros e Gritos

Passei pelas portas da escola, sentindo o nervosismo pela noite passada. Os flash’s apareciam a todo momento em minha cabeça e um frio passava pela minha espinha cada vez que eu lembrava do pobre homem morto e coberto de sangue. Não conseguia esquecer o fato de que uma pessoa ou lobisomem estava matando as pessoas, e a culpa estava caindo para o meu irmão.

Assim que vi Scott e Stiles conversando entre si, minha respiração falhou ao lembrar do que Derek disse sobre meu irmão que, felizmente, foi ao hospital para ver nossa mãe e não precisou vir até a escola. A cena dele a noite, quase implorando-me por ajuda, passava várias e várias vezes pela minha mente. Eu preciso fazer alguma coisa.

Senti alguém pegando em meu pulso e puxando-me para dentro de uma sala. Sem pensar duas vezes,chutei o joelho da pessoa, fazendo ela me soltar. Antes que eu fizesse mais alguma coisa, senti um cheiro conhecido, e quando olhei vi Isaac com os olhos fechados, tentando ignorar a dor que o meu chute causou.

Infelizmente, eu não consegui me segurar e ri pela careta que ele fazia, fazendo-o abrir os olhos sem entender. Parei de rir imediatamente e fiz minha melhor cara de preocupação, mas antes de falar, lembrei que ele me puxou e voltei a bater nele, mas desta vez apenas alguns tapas.

— Calma, calma. — ele disse e segurou meu pulso, fazendo-me parar e o encarar — Você é forte para uma garota normal.

— Se normal para você significa ficar ouvindo vozes, gritar do nada e achar cadáveres, tudo bem. Cada um com seus conceitos. — falei ironicamente e ele soltou uma risadinha.

— Tudo bem, ainda vai me bater? — ele perguntou e eu neguei, então ele me soltou.

Assim que ele fez isso, voltei a estapear-lo e novamente ele segurou meu braço pelo pulso, fazendo-me sorri inocentemente.

— Só queria te ajudar, eu sei que você roubou o carro do Stiles e ele tá com raiva — ele disse e eu neguei.

— Eu não roubei, apenas peguei emprestado sem pedir. Inclusive, ele está lá fora. — falei sorrindo e ele assentiu, me soltando em seguida.

Ouvi a porta ser bruscamente aberta e um Stilinski raivoso entrou por ela, mas logo parou quando nos viu. Seu olhar já falava o que ele estava pensando, e isso me fez ficar com vergonha, mas apenas ignorei e revirei os olhos.

— Está lá fora. — falei e ele fez uma careta confusa. — Seu quase carro.

Assim que eu disse isso, ele saiu correndo pela porta da sala, me fazendo rir, assim como o Isaac. Virei para ele e antes que ele falasse algo, o sinal tocou e eu saí às pressas para a sala de aula.

Durante a aula de física, meus olhos não desgrudaram da mesa que, por conta da janela ao meu lado, estava clara. Alguma coisa estava errada e isso estava me matando. Stiles chegou alguns minutos depois que a aula havia começado e Scott também, os dois estavam sentados algumas cadeiras depois de mim e a garota ruiva não tinha chegado ainda.

Minhas mãos começaram a suar, então meus olhos foram direcionados a janela e um pássaro voou na minha direção, batendo na janela e quebrando o pescoço. Escutei o grito agudo de uma garota e os alunos assustaram-se. Olhei em volta e a cara de espanto de todos aumentou, então voltei a olhar a janela e vários pássaros iam na direção da nossa sala.

Os primeiros bateram e quebraram o pescoço, até que o vidro começou a rachar e os pássaros entraram, atacando todos da sala. Sai da cadeira, mas acabei caindo pelas bolsas espalhadas no chão. Alguns pássaros vieram na minha direção e começaram a me bicar. Senti o sangue escorrer pelo meu braço, já que eu estava tentando proteger meu rosto, mesmo não dando certo.

Tentei ir para debaixo de alguma mesa, mas um dos alunos me empurrou e foi para a mesa que eu estava tentando ir. Senti meu braço sendo puxado e quando olhei vi o Stiles. Ele puxou-me para debaixo da mesa onde estava e me colocou entre suas pernas, abaixando a cabeça em meu ombro e colocando os braços em cima da cabeça, que acabava me protegendo também.

— Abaixa a cabeça. — ele disse, mas eu não consegui.

Meu coração acelerou e tudo pareceu passar lentamente. Os alunos correndo, caídos e se escondendo, todos tentando proteger-se dos pássaros que bicavam todos que viam. Uma sensação conhecida invadiu meu corpo, fazendo-me segurar com força os joelhos de Stiles.

— Você está bem? — ele perguntou um pouco alto por conta dos gritos que rondavam a sala.

— Stiles. — falei com a voz mais fraca e apertei mais minhas mãos nos joelhos dele.

Em segundos, o grito veio e eu não consegui segurá-lo. A cena de uma mão masculina pingando sangue veio a minha mente e assim que o grito passou, afrouxei minhas mãos em Stiles e meus olhos pesaram, então eu finalmente desmaiei.

Meus olhos abriram e todos estavam levantando-se. Olhei para o chão e os pássaros estavam todos mortos, fazendo o chão ficar totalmente ensanguentado. Alguns alunos sangravam muito, outros estavam apenas com alguns arranhões e uns ainda não conseguiam se levantar, paralisados pelo medo do que aconteceu. Olhei para trás e vi o rosto de Stiles, parecia preocupado e estava com alguns arranhões.

— Você está bem? — ele perguntou colocando a mão em um dos meus arranhões do rosto. — Você desmaiou depois de um grito. O que você viu?

Assim que Stiles falou isso, lembrei-me do grito e da mão com sangue. Levantei-me rapidamente, sentindo uma tontura e uma mão me segurou, era Scott. Ele parecia preocupado, e enquanto Stiles levantava-se eu percebi a sua cara de preocupação também. Um nome veio a minha mente e isso me fez despertar.

— Josh. — falei e me soltei de Scott.

Ignorando todos os gritos de Scott e Stiles, corri o mais rápido possível para fora da sala. Alguns alunos estavam do lado de fora, tentando ver o que aconteceu e eu apenas os empurrei, tirando eles da minha frente.

Quando sai da multidão, uma mão puxou-me e assim que tentei me soltar a pessoa empurrou-me para a parede, dando-me a chance de olhá-la. Isaac. Antes que eu fizesse algo, Stiles e Scott saíram da sala indo na nossa direção e cercando-me. Assim que Isaac abriu a boca para falar algo, meu celular tocou e eu o peguei rapidamente, atendendo assim que vi o nome na tela.

— Josh? — perguntei e o escutei fungar do outro lado.

— Por favor, vem para o hospital.