História Never be alone - Ligths on Part 2

Shawn esticou a mão em minha direção e eu a segurei. Cada terminação de meu corpo tremia e senti minha mão suar de encontro a dele. O encarei, dando um sorrisinho sem graça. Tomara que ele não veja o quão nervosa eu estou, me sinto uma imbecil. Mas ele percebeu, porque na mesma hora ele apertou seus dedos envolta dos meus e me puxou para um abraço apertado. Por um instante, senti o coração dele pulsar sobre o meu, quase no mesmo ritmo. Estava nervoso também? Não!

Ele se soltou de mim e me olhou.

 - Você está tão... – Shawn pareceu procurar a palavra certa. – Uau! – Balançou a cabeça, como se não pudesse se expressar.

Minhas bochechas queimaram e as borboletas brigaram dentro do meu estomago novamente.

- Se divirtam, crianças – Meu pai falou, e Shawn esticou o braço em minha direção e eu o segurei. – Cuida bem dela, rapaz – E sorriu, batendo a mão de leve no ombro de Shawn. Nem parecia meu pai falando.

- Cuido sempre, tio – Respondeu, colocando a mão por cima da de meu pai.

Nem consegui me despedir. Estava tão nervosa que se abrisse a boca começaria a gaguejar e ai pioraria toda a situação. Shawn me guiou até o carro e abriu a porta para que eu entrasse. O cheiro dele dominava, o que me fez fechar os olhos e inspirar. Por alguns segundos fazer isso me acalmou. Shawn sentou-se no banco ao meu lado e começou a dirigir. Eu remexia descontroladamente na minha mão, e ele por vezes me olhava de soslaio, com um meio sorriso nos lábios, se divertindo com a situação.

- Shawn – Minha voz quase não saiu. – Nervosa eu to – Falei, me enrolando. Fiz um estalo com os lábios, balançando a cabeça negativamente. – Digo... Acho que eu to nervosa – Finalmente, virei o olhar para ele, torcendo os lábios.

Ele riu.

 – É normal – Falou, tentando me confortar. – Pelo que me lembro, nunca tivemos um encontro de verdade – Shawn se esticou rapidamente até mim, me dando um selinho – Vamos ficar bem – E riu. – Prometo te entregar inteira

Eu ri também. E era verdade. Acho que eu e Shawn nunca tivemos um encontro. E de certa forma, isso me deixou um pouquinho mais nervosa. Respirei fundo várias vezes e tratei de colocar na minha cabeça que não era nada demais. Seriamos apenas nós dois, como sempre foi. Isso era suficiente. Eu não precisava fingir ser ninguém, a não ser eu mesma.

Remexi no som, passando umas músicas até que começou a tocar Stitches. Olhei para ele, erguendo a sobrancelha.

- Você escuta suas próprias músicas? – Falei, rindo.

Shawn deu de ombros. – Preciso treinar. Imagina só se vou fazer um show e esqueço “minha própria música” – Ele fez aspas com as mãos.

- Tudo bem, tenho que admitir que é boa – Mordi o lábio, olhando para ele de soslaio.

Começamos a cantar. Por vezes Shawn se empolgava demais e cantava alto o suficiente para as pessoas que caminhavam do lado de fora escutassem. Mas ele parecia não ligar muito.

- Agora, agora – Ele falou, colocando a mão na minha perna –ACHING BEGGING YOU TO COME HELP – Ele fez uma careta e ergueu uma mão em minha direção, fingindo pedir ajuda – AND NOW - Shawn cantava e gesticulava para mim ao mesmo tempo – IM WITHOUT YOUR KISSES – Cantei junto com ele, rindo – I’LL BE NEEDING STITCHES – Ele gesticulou em direção a ele.

 - Acho que você esta na carreira errada. – Falei e ele me olhou, confuso. – Você realmente deveria ser ator – Ele sorriu. Aposto que estava imaginando que eu falaria que ele canta mal, ou algo parecido, pelo modo como ele suspirou aliviado. – Daqueles, bem dramáticos, sabe?

 - Deveria mesmo, afinal, aprendi a fazer drama com a maior de todas – E me olhou.

- Hey – Retruquei – Eu nem faço drama - cruzei os braços.

- Eu nem falei nada

- Mas insinuou. – Fiz um bico.

 - Olha só, tô esperando meu beijo – Shawn virou o rosto em minha direção – Ou vai preferir os pontos?

Balancei a cabeça negativamente, dando um selinho rápido nele. – Não posso ficar te beijando toda hora, você ta dirigindo – Bati o indicador na ponta de seu nariz – Não distraia sua atenção, bolinho – Quando falei bolinho ele me olhou com uma cara tão fofa que quase o beijei de novo. – Suas fãs te chamam assim, sabia?

- Claro que eu sabia! Mas ouvir você falando, foi tão emocionante que achei que não fosse aguentar.

- Você aprendeu direitinho! – Comecei a rir.

Pareceu uma eternidade até chegar ao restaurante. Cantamos várias músicas até chegarmos. O lugar era lindo. As mesas eram todas de madeira e as cadeiras também. O balcão da recepção brilhava com luzes que pareciam estar por dentro dele. A recepcionista estava com um terninho preto e os cabelos loiros amarrados em um rabo de cavalo. Era bonita. Quando viu Shawn, ela sorriu, com uma papeleta nas mãos.

- Sr. Mendes? – Shawn sorriu e assentiu. – Por aqui, vou leva-los até sua mesa.

Fiquei encantada com o lugar. Enquanto íamos passando por dentro do restaurante, podíamos ver lustres enormes de vidro pendurados no teto e bem na ponta, velas acesas, ao invés de lâmpadas. Nossa mesa ficava do lado de fora.

 - Fiquem a vontade – Ela sorriu e nos deixou.

Shawn foi até a cadeira e a puxou, para que eu sentasse. Nela, uma almofada vermelha denotava a comodidade do lugar. Um candelabro estava no canto da mesa, como um enfeite perfeito. O fogo nas velas tremeluzia, mas apesar do vento, não apagavam. A mesa era iluminada apenas por ela e pela luz que vinha do lado de dentro. Aquele restaurante pedia um lindo vestido vermelho colado ao corpo, todo sensual. O que não era bem o meu caso.

Os pratos estavam postos a mesa em uma linha reta perfeita, que acompanhavam as taças de vinho. Ao lado, um balde com gelo, apenas aguardando para ser preenchido. O lugar era, sem dúvida alguma, estonteante. Ao nosso redor se viam as mesas e ao nosso lado direito, o céu. Parecia ter sido pintado a dedos, apenas para aquele momento. Shawn se sentou à minha frente e o negro do céu o envolveu pelas costas.

Eu estava muito afim daquele menino. Mal conseguia respirar.

O garçom veio, ereto como madeira de cerca. Tão fino que me endireitei na cadeira, ajeitando as costas.

- Vinho? – E virou em minha direção.

Olhei para Shawn, um pouco perdida. Não sabia muito bem o que fazer e Shawn assentiu com a cabeça.

- Por favor – Falei, com certo receio.

Ele sorriu e colocou um pouco do vinho na minha taça. Apenas na minha. Olhei para Shawn novamente, que riu, mas sem sair som algum, ele assentiu novamente. E ai eu entendi, que era para eu escolher o vinho que tomaríamos. Tomei um gole. Eu não conhecia nada de vinhos, para mim aquele estava bom. Afinal, se ele trouxesse outros, com toda certeza do mundo eu não saberia diferenciar, então, pra que prolongar?

Mas, o que eu diria?

Encarei Shawn e fiz que sim com a cabeça.

- Esse está ótimo – Ele falou, todo cavalheiro. – Obrigada – E sorriu.

Por um segundo, ele passou do Shawn brincalhão, para o Shawn sério.

Que homem é esse, meu Deus?!

O garçom sorriu e colocou vinho nas duas taças, logo antes de colocar a garrafa dentro do balde de gelo.

- Gostariam de pedir? – O garçom desta vez se pôs ao lado de Shawn, com as mãos a frente do corpo, numa postura perfeita. – Gostariam de olhar o cardápio ou preferem a sugestão do chef?

- A sugestão do chef parece ótima – Shawn respondeu e olhou para mim. Assenti com a cabeça, tomando mais um gole do vinho. Logo se virou para o garçom e piscou.

- Fiquem a vontade, qualquer coisa, estarei por perto – O garçom sorriu e abaixou o tronco em um cumprimento rápido antes de sumir.

Encarei Shawn. Suas bochechas estavam mais rosadas que o normal e um sorriso bobo dançava em seus lábios. O vento estava leve, mas ainda assim jogava meus cabelos para o lado, por vezes, o fazendo grudar no batom.

- Aqui é perfeito – Shawn disse depois de um tempo.

- Estou meio em choque ainda com a beleza desse lugar – Falei, tomando o vinho novamente. – Nunca imaginaria que Pickering tinha um restaurante tão lindo.

Shawn assentiu, tomando do vinho. – Você fez uma ótima escolha

- Sério? – Perguntei, surpresa.

- Aham, ótimo vinho

- Pra mim, são todos iguais – Dei de ombros, rindo.

- Eu sei, pra mim também. – Gargalhou. – Só quis parecer interessante

- Não queria falar nada pra você não ficar se achando, mas você é bem mais interessante do que uma taça de vinho – Me apoiei na mesa, o encarando.

Shawn sorriu, sem graça. – Eu sei – Falou, logo se achando. - Só não beba demais, não quero ter que sair te carregando por ai

- Qual é! Até parece que faço essas coisas!

O garçom chegou com uma bandeja fechada e a pôs na mesa.

- Com todo carinho, pois o amor está no ar – Ele falou e retirou a tampa.

O cheiro de poutine me invadiu no mesmo momento. Olhei para o prato e parecia deliciosamente gostoso.

- Não pode ser!

Shawn sorriu com um orgulho que pude ver escrito na sua testa. Em seguida o garçom apareceu com outra bandeja e colocou na mesa. Neste continha macarrão com molho de carne, o que era realmente a cara de Shawn.

- Sugestão do chef, sei! – Balbuciei. O garçom olhou para mim e sorriu, dando de ombros antes de sair.

A comida era simples pro restaurante em que estávamos. E isso a tornou tão deliciosa quanto realmente era.

- Eu poderia comer poutine pra sempre!