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História Never Fall - O início


Escrita por: Mari_SB

Notas do Autor


Olá pessoal <3 Estava com saudade de vocês <3
Como alguns devem ter percebido, eu apaguei 'Never Fall', mas foi apenas para recomeça-la e mudar algumas coisas que não estavam me agradando. Espero que gostem da história <3
Lembrando que o Capitulo ficará sem capa por um tempo, por que infelizmente não achei alguém pra fazer para mim (até por que eu não sei fazer ;-;)
Boa leitura meus amores <3

Capítulo 1 - O início


 Pego minha jaqueta novamente em meu guarda-roupas. Hoje o clima está que nem ontem, nublado e frio. São 6:30 da manhã e não entendo o motivo de estar acordado nesse horário. Eu não trabalho, eu não estudo e ainda por cima moro sozinho em um casa de 3 cômodos: um quarto, uma cozinha e um banheiro. Lugar apertado, que tenho medo de não sair daqui algum dia. 

 Me lembro bem do dia em que fui expulso da casa de meus pais e fui obrigado a me mudar para essa casa. Tudo isso por que me recusei a seguir a faculdade que meu pai queria que eu fizesse : Direito. 

 Eu não gosto. Para ser sincero eu não quero estudar, nem trabalhar, pois nenhuma profissão me agrada. Apenas quero fumar meu cigarro e ver a velhice chegar. Antigamente eu ia na casa de meus pais comer quando não tinha nada em minha casa. Minha mãe não achava ruim, já meu pai não sabia e nem podia saber. Porém uns vizinhos fofoqueiros contaram para ele que eu ia la quando ele não estava. Meu pai me esperou no outro dia e me humilhou. Disse que eu precisava crescer e me tornar alguém, ao envés de ser um lixo como sou agora, me disse também para eu ser mais como Jin, que é um garoto comportado que  trilhou um caminho diferente do meu. Como posso amar alguém que  me humilha? Eu não quero fazer faculdade, eu  não quero trabalhar, eu quero poder ver a vida passar sem precisar me esforçar, será que isso é pedir muito? Eu sei que sou cabeça dura, mas sei bem o que quero para mim, afinal, se eles não me querem por perto, tudo bem.

 Depois que peguei minha jaqueta preta, eu a vesti e sai pela porta, trancando-a, mesmo sabendo que se um ladrão entrasse lá não iria ter nada para roubar, mas não poderia arriscar meus  cigarros ( que por acaso são minha única companhia em dias nublados e frios como este). 

Irei na casa do Namjoon, preciso de erva, está difícil. Ando muito mal esses dias, e  meu baseado me conforta. A erva do Namjoon é a melhor de toda cidade. Por sorte sou muito amigo dele e ganho certos descontos. 

 Saio pelo portão e dou de cara com Taehyung, realmente odeio esse cara. Quando eramos crianças ele sempre caçoava da minha cara, para ser sincero ele é filhinho de papai. Hoje em dia ele ama jogar na minha cara que tem carro, casa, e um diploma na parede. Pessoas que se acham para o meu lado me irritam. Até mesmo quando eu tinha bastante dinheiro nunca me achei para as outras pessoas. Eu sempre recebi elogios por ser humilde. Já esse garoto merece o troféu de idiota do ano. 

 - Oi YoonGi! 

 - O que você quer? - eu perguntei seco, pois ele veio com um olhar sínico. Uma hora ou outra nós vamos brigar feio, aí só vou parar quando conseguir deixar ele inconsciente.

 - Vai limpar chão novamente? - ele riu sarcástico. 

 - Vou limpar com sua língua - retruquei, isso fez com que ficasse quieto. 

 Eu continuei seguindo meu caminho, pois seria uma longa caminhada até a casa de Namjoon. Ele mora praticamente no outro lado da cidade. E como estou sem dinheiro para pagar um ônibus ou táxi, vou ter que ir andando.

 Tem momentos que penso em trabalhar com ele, mas seria arriscado. Há muitos caras que vendem drogas na cidade e são considerados inimigos por Namjoon. Eu posso ser um vagabundo, mas não quero morrer assassinado. 

 Namjoon é aquele tipo de cara que é muito conhecido e é um dos chefões dos pontos mais populares da cidade. Ele dá uma de mal na frente dos outros para que sintam medo dele, e realmente funciona, pois até mesmo eu que sou amigo dele sinto um pouco de medo do olhar bravo dele, imagine as pessoas que não lhe conhecem e o veêm pela primeira vez? O que me dá medo no Namjoon é quando ele grita, pois sua voz é grossa, então com os típicos "gritos" que ele dá, sua voz se torna mais grossa e rouca. Mas comigo ele age normalmente, não somos como irmãos, mas podemos dizer que somos bons amigos. 

***

 - Namjoon está? - perguntei a um de seus seguranças na porta da casa dele. 

 - Quem deseja falar com ele? - perguntou o segurança do lado direito, ele usava óculos escuros e realmente parecia muito forte aos olhos  de quem o olhasse. 

 - Min YoonGi!

 - Só um instante! - ele entrou dentro da casa, que por acaso não era nada pequena. 

 Enquanto estava esperando ouvi um grito vindo de dentro da casa, era Namjoon xingando seu segurança por não bater na porta antes de entrar. Logo depois ouvi ele xingando outras pessoas, mandando irem embora. Ouvi a porta abrindo e me afastei um pouco, pois como ele estava expulsando alguém, imaginei que essa pessoa sairia correndo. E não errei. Saíram 2 mulheres de calcinha e sutiã, apenas com um roupão preto cobrindo seus corpos. Não me contive em olhar. 

 - O que está olhando? São apenas mais algumas vadias. - era Namjoon na porta fazendo sinal para que eu entrasse. O acompanhei. - O que precisa para hoje? 

 - Hm... O de sempre! - Namjoon fez sinal para que eu esperasse na sala. Estava com o cabelo loiro todo bagunçado, sem camiseta e com uma bermuda preta. Suas costas estavam cheias de arranhões e seu pescoço com chupões. Não me contive em olhar para aquilo com espanto. Namjoon podia também ser considerado um "putão". Pois cada dia estava com duas mulheres diferentes na cama. Claro, ele é um dos chefões, tem a mulher que quiser na palma da mão. 

 - Aqui está! Vê se manera, você está vindo quase todo dia buscar mais. Vai te fazer mal. 

 - Não me importo. - ele me deu o pequeno pacote com maconha e logo tirou mais um pacotinho do bolso.

 - Se quiser morrer, se vicie nisso. 

 - Não quero morrer, apenas quero me divertir. - ele riu levemente da minha cara guardando o outro pacote no bolso. Eu não sabia o que dizer.

 - "Divertir"? - pôs sua mão em meu ombro - Realmente acha que essa palavra existe? Sempre que temos diversão de mais, temos consequências. Como quando eramos adolescentes e bebíamos até cair. Na hora era divertido, mas depois no outro dia vomitávamos e ficávamos mal o dia todo, isso quando não íamos parar no hospital tomar glicose. 

 - Me deixa fumar minha erva Namjoon! - o cortei quando percebi que ele falaria mais coisas. Sempre odiei isso, tomar lição de moral dele. 

 - Ah! YoonGi - riu tirando a mão de meus ombros. - Você continua o mesmo! Sempre odiando tomar lição de moral de mim, só por ser mais novo do que você.

 - Hm. - olhei para os lados tentando cortar a conversa. Quando voltei os olhos para Namjoon ele já havia se sentado no sofá. Estava fazendo sinal para que eu me sentasse ao seu lado. Concordei com a cabeça e me sentei. 

 - Quer fumar? - eu achei estranho esse convite, afinal, fazia tempo que ele não me chamava para fumar. Desde que virou um dos chefões ele cheira cocaína, raramente o vejo fumando.

 - Pode ser! - assim que respondi Namjoon se levantou e pegou dois baseados que estavam em seu quarto.

 - Fique tranquilo, a que você pegou comigo não precisa usar agora. - fiquei em silêncio e ele me passou um, peguei e procurei pelo esqueiro que sempre levo em meu bolso. Namjoon percebeu que eu estava com dificuldades para encontrar e me ofereceu o dele, não recusei. Meu esqueiro não estava no bolso, devo ter esquecido em casa.

 Começamos a tragar. 

***

 - YoonGi, quer experimentar? - Namjoon me disse colocando cocaína em cima da mesa. Estavamos drogados e já havíamos terminado de fumar. 

 - Não, prefiro ficar viciado só em maconha mesmo. - eu não quero terminar de acabar com minha vida, ela já é ruim de mais. Não sei por que Namjoon ainda pergunta, já sabe a resposta. Quando lhe respondi ele já estava inalando uma boa parte daquela cocaína. Eram apenas 8 horas da manhã.

 - Ah, pare de ser chato! Vamos, só um pouco não vai te fazer mal. - ele não era de me oferecer essas coisas. Até acho estranho ele estar me oferecendo, sendo que quando cheguei ele queria que eu manerasse. Ah, não importa. 

 - Hm... Não sei. - eu realmente quero provar, mas e se isso acabar com o resto da "boa vida" que tenho?

 - Vamos YoonGi! - ele dava leves tapas nas minhas costas. 

 - Ta bom, mais só uma. - quando disse isso, Namjoon me colocou com a cara na mesa me fazendo inalar aquilo. Não entendi por que ele fez aquilo. Eu me senti um dos moleques pobres que ele acolhe na rua, vicia e depois faz com que arrisquem suas vidas para ter mais cocaína e comida. Achei que ia ser como dois amigos, mas aquilo para quem olhasse de longe, parecia uma coisa á ser "obrigada".

 Eu inalei aquilo e levantei com o nariz branco. Namjoon ria de mim.

 - Por que fez isso? - falei bravo, para que ele percebesse que não estou brincando. 

 - Foi mal. - continuava rindo da minha cara. - Logo você percebe o efeito YoonGi. 

***

 - Aonde estou? - me levantei assustado. - O que aconteceu?

 - Nada YoonGi, você só apagou. Não aguentou. - lhe olhei, ele estava sentado no outro sofá. 

 - Por que não me levou ao hospital? E  se eu tivesse morrido? - xinguei.

 - Menos YoonGi. - me olhou com esnobe. - Se você tivesse morrido eu enterraria você em algum terreno abandonado - riu - Acha mesmo que eu iria te levar no hospital? Eu iria preso! 

 - Grande amigo você Namjoon! - abaixei a cabeça e disse baixo. - Que horas são?

 - São duas horas da tarde! 

 - Como assim? - levantei minha cabeça e arregalei meus olhos soltando um grito. - Por que não me acordou antes?

 - Como se eu não tivesse tentado, hunf !

 - Ah Namjoon! - me levantei o mais rápido que pude. 

 - Por que está com tanta pressa? Está agindo como se trabalhasse ou estudasse! - riu.

 - Não é isso! Eu apenas preciso ir embora. Desculpe Namjoon, outra hora eu volto para conversarmos melhor - sorri e saí correndo da casa de Namjoon limpando meu nariz que ainda estava com um pouco de cocaína. Assim que limpei meu nariz decidi confirmar se meu pacotinho estava comigo. 

 - Volte sim YoonGi! Estou te esperando amigo! - ouvi Namjoon gritar. 

 Se eu  me viciar em cocaína estou ferrado. Não tenho dinheiro nem para comprar o que comer, imagina para comprar cocaína? Realmente Namjoon! Ele sabe como sou, sabe que não resisto a uma tentação dessas e ainda me oferece. Aish! Já passou da hora de arrumar um emprego e sair dessa vida de depender dos outros. Só para Namjoon devo mais de 200. 

 Eu estou me perguntando se o motivo por ele ter me dado cocaína do nada, deve ser para eu me transformar em mais um dos capachos dele. Motivo: Ele sabe que estou com dificuldades e aceitaria dinheiro fácil. Outra razão seria para que eu dependesse de cocaína, no caso, ele seria minha única saída para conseguir a droga.

 Estou tirando conclusões precipitadas.

***

 Enfim, casa! Pego minhas chaves e abro a porta. Tudo está em seu devido lugar. Olho em minha gaveta e lá estão meus cigarros, que agora tem a companhia do meu amado pacotinho. 

 Estou sentindo algo em meu nariz, como se algo estivesse escorrendo, será sangue? Aish! Passo minha mão embaixo do nariz, está sangrando. Um pingo cai no chão quando tiro minha mão. Corro para o banheiro e pego um pouco de papel higiênico e coloco embaixo do nariz, tentando limpar aquilo que já estava em meu rosto. Parece que isso não vai adiantar. Acho bom me deitar de barriga para cima. Assim minha cabeça ficará virada para cima, diminuindo a quantidade de sangue que está escorrendo. Por mais que eu confie nessa técnica, vou levar um pouco de papel caso não consiga controlar. 

 Me deito na cama. Meu nariz arde. Tudo culpa da minha tentação. Defeito do ser humano. Muitos conseguem se controlar a ela, mas  eu sou fraco. Não consigo. 

 Finalmente meu nariz parou de sangrar, agora me resta limpar a sujeira que acabei fazendo.

***

 Já que meu nariz finalmente está limpo e a sujeira que fiz também, mereço um banho. A caminhada foi cansativa. 

 Me levanto da cama e procuro minha toalha, uma cueca e uma bermuda na gaveta. Vou então para o banheiro. Tiro minhas roupas as pendurando na parede, onde havia uns pequenos ganchos. Lá ficaram. Já estou completamente nú, dou a última olhada no espelho vendo meu corpo pálido e magro. Ligo o chuveiro no  quente e aproveito. Isso me faz tão bem. Um banho me faz relaxar. 

 Meu nariz continua ardendo. Não entendo por que Namjoon me ofereceu cocaína e tenho certeza que não vai querer me falar a verdade. Eu fui um tolo por aceitar aquilo. Vou terminar de acabar com minha vida sem nem ao menos perceber. Não sou o orgulho de meus pais. Jin sim, ele sim é um orgulho para meus pais. Meu irmão mais velho. Cara idiota, outro que foi levado para o caminho do Direito. Apesar que ele não é como eu. Ele gosta da profissão do meu pai, então para ele foi fácil obedecer, já para mim não. Me lembro do tanto que minha mãe pedia, para que eu trabalhasse se não quisesse fazer faculdade, mas eu não lhe ouvi. Essa deve ser a maior decepção para minha mãe. Mas tudo bem, ainda posso mudar esse cenário e arrumar um emprego bom, mas a questão é: Qual serviço eu poderia arrumar? Vendedor com certeza não, mecânico não, eletricista não. Eu não tenho experiência com nada. Minha única saída seria o Namjoon. Eu poderia trabalhar com ele, se eu quiser arriscar minha vida. Essa ideia de trabalhar com Namjoon está cada vez mais forte em minha mente. O problema é: Será que Namjoon me daria serviço? Provavelmente sim. Ele ama quando tem novos capachos, por que assim pode vender mais, para mais pessoas. Apesar que  não quero ser capacho dele, não quero receber ordens como se fosse um lixo, pois já vi como ele trata os moleques. Sempre grosso. E se cometem erros apanham de Namjoon. Isso ele não faria comigo, pois somos amigos a tanto tempo, ou faria?

***

 Finalmente meu corpo está relaxado, posso me deitar um pouco e descansar. Apesar que fiquei desmaiado umas 6 horas. Mas parece que estou sem dormir a séculos. Meu corpo está pedindo cama. 

 Por isso irei me deitar mais um pouco. Minha cama está toda bagunçada, parece que foi um furacão que passou pelo meu quarto, mas com certeza não, fui eu quem virei de mais na cama na noite passada, afinal, é normal ter um pesadelo e se mexer na cama. Preciso arrumar essa bagunça. Minha casa já não é das melhores, tenho que ter mais cuidado com a bagunça que faço. Apesar que  nunca trago visitas até minha casa. Namjoon que é meu único amigo veio aqui apenas uma vez para ver como eu estava. E já se passaram 2 anos, no caso foi quando me mudei para cá. Estava muito triste por ter sido expulso de casa, então ele veio até mim e me confortou. 

 Depois de arrumar minha cama me jogo nela e me cubro com as duas cobertas quentes que tenho. Está frio, e preciso me aquecer. 

 Meu nariz ainda arde. 

 O relógio marca 16 horas. Ainda está cedo, mas meu corpo ainda pede por cama. Quero dormir e torcer para não ter pesadelos. Nada pior do que sonhar que a própria mãe morreu e que seu último pedido foi para que eu arrumasse um emprego e melhorasse de vida, que fizesse as pazes com o meu pai e com meu irmão, por fim, não pude fazer nada. No meu sonho meu pai me expulsava do velório e dizia que a culpa de ela ter morrido era minha, pois havia dado tanto desgosto para ela, que não aguentou. Meu pai me dizia também que eu não merecia nada que ela havia me dado, que eu não merecia o amor que ela me deu, pois eu não havia dado nada em troca. 

 Pode parecer bobo, mas em mim doeu muito. Estou até agora com vontade de ligar para ela para saber como está, mas meu pai não deixa que ela fale comigo. Eu não posso nem ter contato com minha própria mãe. 
 Se eu não quiser ter esse pesadelo novamente é melhor arriscar e ligar para ela, perguntar como ela está. Sinto saudades! Afinal, faz mais de 2 meses que não tenho nenhum contato com ela. 

 Pego meu celular, tento ligar, mas estou sem crédito. Irei ligar à cobrar para ela, espero que ela não me chingue. 

 - Alô - ela atende o telefone. - Quem é?

 - Mãe, sou eu, YoonGi - fiquei tão feliz por ouvir a voz dela. 

 - Ah meu filho, que saudades de você! - percebi que sua voz estava ficando meia tremula, como se quisesse chorar. 

 - Estou com saudades também mãe! Como você está? Por que sua voz está tremula? 

 - Ah meu filho! Eu estou feliz por poder ouvir sua voz novamente, eu sinto tanta sua falta. Eu estou bem YoonGi! 

 - Mamãe, eu sinto sua falta também, quero te ver novamente. Faz tempo que venho tentando te ligar, mas meu pai parece que nunca deixa você atender o celular! Quero te ver novamente mãe!

 - Eu também YoonGi, mas você sabe como seu pai é - estou com tanta saudade de minha mãe que só de ouvi-la falar, uma lágrima escorre pelo meu  rosto - ele não me deixa atender por que imagina que seja você. Mas hoje ele não está em casa. Meu filho, como você está? Está conseguindo se virar bem?

 - Eu sei mamãe, meu pai é muito ruim. - suspirei de ódio - Mas você, sempre tão boa, tão carinhosa. 

 - Obrigada meu filho! Sabe que jamais te deixaria abandonado. Mas me responda, como você está?

 - Eu estou bem! As coisas andam meio complicadas, mas vou tentar arrumar um emprego.

 -  Ah que beleza! - senti sua alegria apenas pela voz - Isso mesmo meu filho, ainda não é tarde para recomeçar!

 - Sim mamãe, aí quando eu estiver trabalhando você me deixa ir te ver? - senti as lágrimas aumentarem.

 - Você sabe que por mim você viria aqui todos os dias não é? Mas seu pai é o problema. Seu pai quer me afastar de você. Parece que quer que eu te odeie e isso jamais. Você sempre vai ser meu menininho, meu anjinho, vou  sempre querer cuidar de você. Se eu não estivesse nessa cadeira de rodas eu iria aí agora mesmo meu filho! - ouvi uma voz no fundo "cheguei mãe!", parecia com a do Jin.

 - Mãe... - despenquei. 

 - Filho, seu pai e seu irmão chegaram, preciso desligar antes que percebam - cochichou no telefone. 

 - Está bem mãe! Te amo muito, tá? 

 - Eu também te amo muito YoonGi, juízo! Vou desligar.

 - Está bem! Tchau!

 - Tchau! - ela desligou o telefone.

 Por um lado senti alívio em saber que ela estava bem, por outro me senti triste por saber que meu pai está exagerando com relação a mim. Eu imaginei que ele estava tentando afastá-la de mim, mas agora que tenho certeza, acabou comigo. A voz tremula de minha mãe, parecia que estava chorando. Eu percebi a tristeza em sua voz. Será que precisa disso tudo pai? Afinal, como posso chama-lo de "pai" depois de tudo que ele me fez e ainda faz? Para que isso? Afastar uma mãe de um filho e um filho de uma mãe. 

 A única maneira de pensar em outra coisa é dormir. 

 Fecho meus olhos lentamente depois de secar o resto das lágrimas que se escorriam de meus pequenos olhos, suspiro.

***

 Tenho a impressão que dormi demais. Dessa vez não tive pesadelos, na verdade parece que nem sonhei. 

 Está escuro, percebo olhando na janela do quarto, ainda estou deitado. Meus cabelos estão bagunçados, mas não há problemas.

 Me levanto da cama e olho pela janela, minha casa é de apenas um andar, mas sinto prazer em olhar para as pessoas que passam na rua. Gosto de ver as crianças brincando e fico imaginando um futuro diferente do meu para cada uma delas. 

 Taehyung está passando aqui na frente ouvindo música, continua com o nariz empinado e cantando alto como se quisesse que todo o mundo ouvisse sua voz rouca. Devo assumir que ele  canta bem. Pelo menos uma qualidade, em um idiota. 

 Entro para dentro de minha casa novamente. Estou com fome. Olho dentro da geladeira e está vazia, o que irei comer? Pego minha carteira e acho um pouco de dinheiro. Espero que isso seja suficiente para comprar alguns pães. Tenho sorte de a padaria ser na próxima esquina, assim não irei precisar andar muito. Pior é com o estômago pedindo por comida. Namjoon nem para me oferecer algo. Apesar que a culpa foi minha, não dei nem tempo de ele me oferecer algo, pois saí correndo de sua casa.

 Vou até meu guarda roupa e pego uma calça jeans preta e uma camiseta branca, percebo que ainda está frio. Cadê meu moletom preto? Aqui está. Ele estava escondido bem no fundo do meu guarda roupa, embaixo de toda minha bagunça. Estou praticamente pronto, só falta meu all star vermelho. 

 Pego minha carteira e saio pela  porta, trancando-a em seguida. 

 Assim que saio pelo portão uma das crianças chuta a bola de futebol sem querer para mim. Não gosto de crianças, mas também não as trato mal. Dou um sorriso de lado e chuto a  bola para um dos pequenos. Eles sorriem, pedem desculpa e me agradecem em seguida. O que dizer? São apenas crianças. 

 Devem ser mais ou menos 19 horas. Tenho que andar rápido se quiser chegar na padaria antes que feche.

***

 Coloco a sacola encima da mesa, estou faminto. Abro o pacote e pego um pão, em seguida suspiro aliviado por ter lembrado de comprar manteiga. É simples, mas é o que tenho condições para comprar. Hm, gosto de meu pão com muita manteiga. 

 Depois que comer não sei o que irei ficar fazendo, pois não tenho crédito, internet ou televisão. Quem sabe eu fique andando por aí sem rumo. Estou completamente sem sono, talvez dar uma volta ajude. Ultimamente ando dormindo muito durante o dia e praticamente nada durante a noite. Os vizinhos devem achar que eu sou ladrão ou até mesmo uma alma penada. Sorrio com minhas próprias piadas.

Como sou bobo. Apesar de que nada que falei seja mentira. 

 Têm vizinhos que ainda não sabem da minha existência na vizinhança, no caso, os velhinhos  que só saem durante o dia para fofocar na porta de casa. É capaz que se me verem entrando aqui, vão achar que estou roubando. Tenho até pena de mim mesmo por ser esse bicho da noite. 

 Já fazem cerca de 2 anos que moro nessa casa e não fiz amizades com ninguém da rua. Principalmente com o idiota do Taehyung, aquele lá nunca vou chamar de amigo, cara nojento. 

 Minha mãe me disse para nunca guardar rancor das pessoas, mas Taehyung me dá tanto nojo que não consigo nem ao menos olhar para cara dele sem sentir desprezo.

 Eu deveria seguir mais os conselhos de minha mãe, ela sempre foi tão boa em educar e em dar conselhos. Já eu nunca fui bom em segui-los. Jin sempre era considerado exemplo e eu como "nunca seja igual a este menino, ele é má influência". Por mais que meu pai e meus outros familiares vivessem dizendo isso, minha mãe não aceitava e me defendia.

 Minha mãe sempre foi muito boa comigo, sempre cuidou de mim quando o mundo estava contra. Me defendia com unhas e dentes. Mas agora eu tenho que me defender sozinho, tenho que cuidar de mim mesmo. Ela está longe e não pode cuidar de mim em tudo como quando era criança. Tenho que me acostumar que cresci.

 Preparo meu pão e  dou 3 mordidas. Meu celular apita, é uma mensagem de Namjoon:

 -YoonGi, venha na minha casa assim que possível, preciso ter uma conversa séria com você. É importante, sei que não pode me responder por estar sem créditos, mas leia e venha assim que poder. Um abraço. Namjoon.

 Leio está mensagem e fico me perguntando o que ele quer falar comigo que é assim tão importante. Irei terminar de comer meu pão e irei na casa dele, afinal, não tenho nada mais importante para fazer. 

 Eu saí correndo da casa de Namjoon por que fiquei assustado, fiquei com medo do que ele faria. Se foi capaz de me deixar desmaiado e ainda rir de minha cara, imagine o que ele pode fazer? Namjoon exagerou. 

 Já estou no terceiro pão, estava com muita fome. Agora irei para casa de Namjoon, nem preciso trocar de roupa, pois a que estou vestido já está ótima. São 20:15. Vou chegar muito tarde na casa dele. Será que vou hoje ou amanhã? 

 Melhor ir hoje, não irei conseguir dormir tão cedo mesmo e na volta dependendo do horário posso pedir para Namjoon me trazer de carro. Ele pode ser muito ocupado, mas nunca me negou uma carona. 

 Estou saindo de casa agora, irei fumando um cigarro. Pego um dentro da gaveta, mas aonde está meu esqueiro?! Não consegui achar de manhã e me esqueci de procurar por ele. Deixe-me olhar no bolso da minha outra calça. Mexo e finalmente acho meu esqueiro. Estava em minha calça mais clara. Finalmente poderei fumar meu cigarro. Suspiro aliviado. 

 Coloco o cigarro na boca e saio de casa apagando as luzes, nem meus  dentes escovei. Tranco a porta e tiro meu esqueiro do bolso acendendo o cigarro.  Dou um trago e a fumaça sai  de minha  boca lentamente, como é bom. 

 Saio na rua e as crianças ainda estão brincando de futebol. Me olham assustados por me verem com um cigarro na boca, afinal, minha aparência é de no máximo 17 anos. Para eles ainda sou uma criança viciada e louca. Porém, sou adulto e já sei de minhas decisões, mesmo que por muitas vezes elas estejam erradas.

 No meio do  caminho fico observando as luzes da cidade, que de noite são muito bonitas. As pessoas me olham de cima a baixo por conta do cigarro na boca, que por  sinal já está no fim. Tenho que me livrar disso, já acabou mesmo, não  tem o que fumar aqui. 

 É um saco ter rostinho de criança, as pessoas  me acham um monstro por fumar e por ser um viciado em maconha. Elas acham que eu sou muito novo. 

 Um dia desses um senhor de idade me parou e me perguntou quantos anos eu tinha e eu lhe respondi com simpatia. Ele então me olhou de cima abaixo e me disse : Um garoto tão jovem estragando a vida com porcarias, cuide de sua  saúde menino, você ainda é jovem para morrer.

 Nesse dia eu fiquei pensando: Será que todas as pessoas que me vêem na rua pensam a mesma coisa? Eu não vou morrer tão cedo só por que fumo. Conheço tantas pessoas que fumam cigarro a mais tempo que eu e não morreram, então por que eu morreria?

 Faz frio aqui e o vento bate forte fazendo meus cabelos  balançarem levemente sobre meus olhos. Ah! É tão bom poder ter a sensação de liberdade, de ter a sensação que finalmente está libertado de algo que me fazia mal. Não sei do que ao certo, mas tenho quase certeza que é por ter me libertado de meu pai, que me fazia mal. Ele pisava em mim todos os dias, desde quando eu era apenas uma criança. Ele sempre tentou fazer as pessoas se afastarem de mim e me odiarem, porém, não conseguiu com todos, mas sim com Jin e alguns colegas que levava em casa . Meu pai me odeia. Não parece que é apenas por causa do serviço, apenas parece que odeia o fato do meu nascimento.

*** 

 - Namjoon está? - pergunto para o segurança.

 - Min YoonGi? - ele me perguntou e eu balancei a cabeça que sim. - Só um minuto - Ele entrou dentro da casa e logo em seguida voltou - Pode entrar, ele está na sala.

 Eu concordei e entrei. 

 - Ah, você veio mesmo! - ele sorriu, estava sentado no sofá, na companhia de mais um rapaz. 

 - Sim! O que você precisava falar comigo?

 - Hm... - ele coçou a cabeça - Mas antes, quero te apresentar  meu amigo, o nome dele é Hoseok! - eu olhei para o rapaz e acenei e ele que estava de braços cruzados apenas levantou dois dedos como aceno. O rapaz parecia bem sério, e não abria um sorriso. - Bem, sente-se YoonGi - ele apontou no sofá e eu me sentei. 

 - O que quer falar comigo Namjoon? - suspirei.

 - Como posso explicar?! - ele suspirou passando a mão no queixo - Quer trabalhar para mim?

 - O QUE? - soltei um grito e me levantei - DO  QUE ESTÁ FALANDO?

 - Calma YoonGi! - ele riu - É só uma oferta, garanto que vou te pagar muito bem.

 - Aish! - me sentei novamente - Por que quer que eu trabalhe para você Namjoon? - tentei me acalmar e conversar calmamente.

 - Quero que você trabalhe para mim YoonGi, acho que você iria gostar de trabalhar comigo! 

 - Trabalhar? - eu ri - Vou ser tratado como um capacho!

 - Claro que não YoonGi, somos amigos, não  somos?

 - Hm... Acho que sim! - passei a mão na nuca.

 - Claro que somos! - ele falou alto, porém em tom de brincadeira - Enfim, topa?

 - É arriscado Namjoon - mordi o lábio, estava preocupado.

 - Está com medo? - ele riu com a mão na boca.

 - Não é bem isso Namjoon! 

 - É sim! - ele olhou para o rapaz que estava em pé, não tirava os olhos de mim, Namjoon voltou os olhos para mim - Bem, se você topar trabalhar para mim, Hoseok vai te acompanhar no começo, até você pegar o jeito. Principalmente, caso alguém tente roubar  seu ponto, ele vai te ensinar a atirar com uma arma. - arregalei meus olhos, mexer com arma? Isso não é o meu estilo. Principalmente se eu tiver que matar alguém. 

 - Preciso pensar. - respondi seco, eu  estava começando a soar de nervoso. Tirei minha moletom. Suspirei. 

 - Vou deixar você pensar. - ele levantou e deu um tapinha em meu ombro. - Mas acho bom pensar logo, não vou ficar esperando e nem vou insistir. Você decide o que quer e se quiser venha até mim. - eu fiquei em silencio, ele deu um sorriso de canto e foi na cozinha e trouxe um copo de suco de morango - Beba.

 - Não quero! - ele riu de minha cara.

 - Imaginei mesmo! - ele virou o copo de suco garganta abaixo. - Isso aqui é muito fraco, mas eu não posso viver só de cerveja, whisky e vodka. - eu não lhe respondi, apenas lhe olhei. - Você é muito quieto sabia? Antigamente você não era assim!

 - Prefiro falar só o necessário! - lhe respondi natural. 

 - Hm, você não era assim. Você costumava ser mais alegre! - se sentou do meu lado.

 - Isso é passado, não sou mais assim, não tenho motivos para ser tão falante! - ele riu e se apoiou com o braço no meu ombro.

 - Você não precisa ser tão quieto! - ele me olhou e em seguida olhou para Hoseok - E nem você! - Hoseok não falou nada, apenas continuou lhe encarando. Ele parecia bem mal-humorado. Será que Namjoon realmente acha que eu me daria bem com esse cara? Apesar que ele não está nem ligando se eu me dou bem com ele ou não, seu único interesse é  que  eu aprenda a me virar sozinho e defenda o ponto dele. Isso é muito chato! Namjoon só pensa nele próprio. - Deem pelo menos um sorriso! 

 - Namjoon! - sorri forçado.

 - Isso aí! - tirou o braço de meu ombro e deixou encima de suas pernas. - E você Hoseok? - Ele apenas soltou um Tsc, e olhou para os lados. Até agora não ouvi uma palavra dele, será que é mudo?! - Enfim, você vai querer me dar a resposta hoje ou amanhã YoonGi? - ele soltou um suspiro alto - O que você prefere?

 - Eu já disse! - suspirei e abaixei a cabeça - Me deixe pensar! 

 - Calma, só perguntei! Mas de qualquer forma, me avise se aceitar a proposta ou não, ok?

 - Está bem!

 Pelo o que parece ele não tem mais nada para me falar, melhor eu ir embora, nem irei pedir carona, melhor ir andando, é bom que me distraio e penso um pouco no que irei escolher em relação a proposta de Namjoon. 

 - Namjoon, você tem mais algo para me falar? - lhe olho.

 - Hm, - ele pensou por alguns segundos - acho que era só isso mesmo!

 - Então vou indo, - me levanto e ele segura meu braço.

 - Quer uma carona? 

 - Não precisa - lhe dou um sorriso de lado - Melhor eu ir andando, posso pensar melhor na propósta!

 - Você quem sabe! - ele sorriu e soltou minha mão, então peguei meu moletom que estava em cima do sofá.

 - Vou indo então, tchau Namjoon! - olhei para o rapaz que eu acabei de conhecer e acenei, ele virou a cara desta vez.

 - Tchau YoonGi! - eu sai pela porta, quando estava quase chegando na calçada Namjoon me gritou - YoonGi, pense bem, não vai se arrepender! Vai ganhar bastante dinheiro! - eu lhe olhei com um sorriso e depois me voltei para frente atravessando a rua e seguindo meu caminho. 

 Meus pensamentos estão em outro lugar, a dúvida é existente aqui dentro de mim. Quando eu disse para minha mãe que ia tentar arrumar um emprego, eu quis dizer que iria tentar arrumar um trabalho decente e não ser um traficante. Se minha mãe souber que eu aceitei um serviço assim ela provavelmente iria sentir muito desgosto, ela se envergonharia de mim. Apesar que eu posso trabalhar para Namjoon sem que ela saiba, mas nunca gostei de mentir para minha mãe. 

 Estou passando na frente da pracinha que tem perto da casa de Namjoon. As luzes dos postes estão tão bonitas, não são postes comuns, são tão bonitos que não  saberia explicar para ninguém. 

 Namjoon mora em um bairro de pessoas ricas. Todos os vizinhos de Namjoon e pessoas que moram nesse bairro me olham como se eu fosse um mendigo ou até mesmo um ladrão. 

 Está tão frio aqui fora. Melhor vestir meu moletom. Antes de eu colocá-lo percebo que os pelos  do meu braço estão arrepiados. Visto meu moletom e sinto meu  corpo se esquentar aos poucos. Odeio sentir frio. 

 O nervoso que estava sentindo na casa de Namjoon está passando aos poucos e agora estou conseguindo pensar melhor no que posso decidir sobre a "grande proposta" que Namjoon me fez. 


Notas Finais


Obrigada por ler até aqui <3
Nos vemos no próximo capitulo <3
Criticas construtivas são bem vindas <3


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