História Never let me go - O meu novo vizinho.

{Marshall}
Quando era pequeno, lembro-me muito bem que havia uma família bastante problemática que morava ao lado da minha, que ficava quase no fim da cidade. Toda noite, eram escutados gritos que não me permitiam dormir a noite, me causando pesadelos quando eu finalmente dormia. Mas, um dia, essa família se mudou por causa de um divórcio. Na verdade, acho que esse foi o melhor divórcio já feito, o único que acabou realmente feliz, pelo menos pra mim. Então as noites silenciosas surgiram, me deixando dormir tranquilamente todos os dias, pelo menos até ele chegar. Uma nova família havia habitado áquela casa, então por curiosidade (e não ter nada para fazer) toquei a campainha, desejando conhecer os vizinhos. Não foi nem dos segundos e escutei um:
-JÁ ESTOU INDO!
Aquela voz era feminina. Disso eu tinha certeza. O que significa que posso me apaixonar ou entrar na friendzone! O mundo estava finalmente se abrindo para mim.
A porta foi aberta, e para a minha infelicidade, quem abriu não foi uma garota, foi um garoto.
-Er...quem é você?- Perguntou confuso, me olhando da cabeça aos pés.
E como um garoto de 12 anos podia ter uma voz tão fina?
Ele tinha cabelos rosados penteados para trás, o que eu achei particularmente engraçado, e olhos tão rosas e brilhantes como uma flor.
-Marshall Lee- Apresentei-me estendendo a mão.
Ele não parecia gostar da ideia de apertar minha mão, mas sorriu e disse:
-Gumball.
-Espera- Disse rindo um pouco, retirando minha mão do encontro das suas- Seu nome é literalmente chiclete?
-Minha mãe achou um nome bom- Respondeu corado- E... o que você veio fazer aqui?- Com a mudança de conversa, apenas me fez ficar mais interessado na anterior.
-Conhecer pessoas.
-Você só deve tá brincando! Por quê? Sabe o perigo que voc...
-Ah, cala boca!- Interrompi chateado com sua chatice- Você tem a minha idade! Qual o risco?
-Na verdade, há vários e...
-Um deles é ter que conversar com você novamente. Até nunca, bobalhão- Falei saindo em direção á minha casa, que ficava apenas do lado da do dele.
Ele me olhou com a cara feia um última vez, e então, fechou a porta rabugento.
-Nunca falar com garotos que parecem garotas novamente- Repeti á mim mais uma vez quando cheguei ao meu quarto, pulando na cama e refletindo um pouco- NUNCA.
Mas, não aconteceu mais nenhum divórcio, e, inevitavelmente, eu sempre o encontrava todos os dias. Por ele ser meu vizinho e por ser da mesma escola que eu sempre freqüentei. Ele era muito pé no saco, e sempre botava várias e várias regras em cima das minhas ações, além de falar de química e matemática até pelos cotovelos.
-EI!- Gritei do outro lado do corredor escolar- VOCÊ ARRUINOU TUDO!
GUMBALL IDIOTA! ELE MERECE UM BOM SOCO NO MEIO DO ROSTO.
-Não arruinei nada, e pare de gritar, estamos na escola e no corredor. Seja mais educado e discreto - Estão vendo? Ele sempre é assim.
Me aproximei dele com chama nos olhos e encarei-o furioso, com os punhos cerrados.
-O que você acha que fez? Por sua causa, eu não tive chances com a Fionna!- Praticamente gritei, com saliva saindo sem minha permissão.
Ele limpou o rosto com as mãos e me encarou inexpressivo.
-Ela não merecia você. Merecia coisa melhor. E, se eu não me engano, não foi você que arruinou minhas chances com uma garota na...8° série?
-Como ainda se lembra disso?- Perguntei pálido, mais do que já era. Como ela ainda lembrava disso?
-Na próxima vez, saiba escolher um libertina como você.
-Mas o que porras é libertino?
Ele virou a cara e saiu andando, mas não deixaria que ele fugisse assim. Agarrei seu ombro e olhei em seus olhos com fúria.
-Me responda.
-Não devo nada a você, Marshall- Disse seco, olhando para meus olhos.
Mas, por algum motivo, gostei de ter seu rosto tão perto de mim...aqueles olhos...
-ARGH! - Gritei me afastando- SEU MULHERZINHA DO CARALHO!
EU SÓ GOSTAVA DOS OLHOS DELE PORQUE PARECIAM DE UMA GAROTA! NÃO É COMO SE EU GOSTASSE DELE!
Sai com pés pesados, mas lembrei que ainda não me livraria dele.
Mas...o que foi aquela sensação quando olhei em seus olhos?
Porra...não quero pensar nisso agora.