História Never Let Me Go - Why not?

Elena.

Despertei com vozes vindo de fora do quarto, provavelmente Caroline já havia acordado e tagarelava com alguém. Sem abrir os olhos, abracei o travesseiro que modulava no meu corpo e suspirei. Percebi que o "objeto" no qual eu estava abraçada não era macio como deveria, no entanto não deixava de ser confortável. Logo um cheiro familiar invadiu minhas narinas e quase caí da cama quando abri os olhos e vi que o "travesseiro", na verdade era Damon. Ele estava com uma das mãos nas minhas costas e ao me mover rapidamente ele acordou. Diferente de mim Damon não se assustou, apenas abriu os olhos devagar e olhou para mim confuso. Por Deus, como alguém pode ser tão bonito ao acordar?

— Desculpe, eu não queria te acordar, apenas me assustei. - eu disse levantando e cobrindo o baby doll que eu vestia com um roupão, mas antes que eu estivesse coberta vi os olhos curiosos de Damon me observar.

— Eu que deveria estar assustado, foi você quem me agarrou ontem a noite. - disse ele com a voz ainda rouca de sono, passando a mão nos cabelos e sentando na cama. Só agora eu percebi que ele está com uma regata branca e uma bermuda preta. Isso o deixa tão sexy.

— Eu te agarrei? - arregalei os olhos e senti minhas bochechas ruborizadas.

— Logo quando me deitei. - falou com um sorriso nos lábios. Idiota.

— Que vergonha. - falei baixo mas Damon conseguiu ouvir e soltou uma risada cheia de zombaria. Peguei um dos travesseiros brancos que estava em cima da cama e joguei contra ele, que se defendeu com os braços e depois me deu um olhar mortal.

— Você assinou sua sentença de morte, Gilbert. - Damon disse e antes que eu pudesse falar algo ele pegou o travesseiro que eu jogara nele e fez o mesmo contra mim. Me defendi com minhas mãos e logo outro travesseiro se chocou com meu rosto, provavelmente deixando meu cabelo uma bagunça.

— Você é um homem morto, Damon Salvatore. - cruzei meus braços e fechei meus olhos em fendas.

— Ah é? - falou com ceticismo arqueando as sobrancelhas e depois cruzou os braços me imitando. Peguei dois dos quatro travesseiros que haviam ali e joguei em seguida de encontro a Damon. O primeiro ele desviou mas com o segundo não teve tanta sorte e o travesseiro bateu em seu rosto fazendo-o cabalear para o lado. Eu abafei uma risada.

Ele se levantou da cama e jogou os traveseiros novamente contra mim. Tirei o roupão que estava me atrapalhando e Damon e eu começamos uma guerra de travesseiros. Cada vez que ele jogava um na minha direção eu me abaixava ou tentava me defender com os braços. Por um minuto eu havia me esquecido de tudo. Da nossa briga, do nosso ponto final e de toda a dor e lágrimas que derramei ontem. Éramos só nós dois sorrindo e jogando travesseiros um no outro feito duas crianças. Aquela dor no peito causada por nossa briga havia sido amenizada apenas por te-lo perto de mim. Então, como eu poderia ser capaz de ficar longe dele, quando o melhor para nós é estarmos juntos? Eu sinto que cada vez mais meus sentimentos por Damon estão aumentando, tornando-se algo a mais do que paixão. Amor talvez? Eu sinceramente não sei, apenas sinto que isso está se tornando mais forte que eu.

Sem que eu percebesse nós já estávamos ajoelhados de frente um para o outro em cima da cama. Damon gargalhava todas as vezes que eu tentava o acertar e falhava. Sua risada é música para meus ouvidos e também me faz rir. Meu cabelo possivelmente está parecendo um ninho de passarinhos, porém eu sinceramente não me importo.

— Você é péssima nisso Elena! - falou quando tentei acerta-lo e falhei novamente.

— Cale a boca! - eu disse entre risadas e baixei a guarda.

Bastou apenas isso para Damon me acertar com força no braço direito, fazendo-me cair de costas na cama e ele acabou se desequilibrando, caindo por cima de mim. Nós gargalhamos em uníssono pela situação, mas então nossas risadas se cessaram. Os olhos de Damon procuraram os meus e quando os encontraram ele me prendeu em um olhar. Ele afastou uma mecha do meu cabelo revolto que estava em meu rosto e levou para trás da minha orelha. Damon levou sua mão até minha bochecha e a afagou com as costas dos dedos, me fazendo fechar os olhos por alguns segundos para apreciar seu toque em minha pele. Quando abri meus olhos vi que nos lábios de Damon havia um sorriso de canto e vê-lo sorrir me fez ter a mesma ação. Ele apoiou-se pelo braço esquerdo e passeou a mão, que antes acariciava o meu rosto, pela minhas laterais por cima da minha blusa, até que descansou em minha cintura. Damon deslizou sua mão por debaixo da minha blusa e com apenas esse ato eu já podia sentir o calor entre nós. Ele deu uma leve apertada em minha cintura antes de levar a mão de volta a meu rosto e depois desceu para o meu pescoço, onde acariciou com o polegar fazendo os cabelos da minha nuca se arrepiarem. Agora o meu sorriso tinha uma pontinha de luxúria, assim como o de Damon. Até que...

— Elena o café já... - a voz de Caroline me assustou e vi Damon revirar aqueles lindos olhos azuis. Saí rapidamente de baixo dele e eu queria poder enfiar meu rosto em um buraco. Olhei para Care e ela tinha a boca aberta em um O e as sobrancelhas arqueadas em surpresa. - Oh, me desculpe, não era minha intenção atrapalhar nada. É que eu ouvi sua voz Elena e quis avisar que o café está pronto. - ela tagarelava envergonhada.

— Tudo bem, Care, você não está atrapalhando nada. - peguei meu roupão e o coloquei novamente.

— Estou te esperando na cozinha. - ela sorriu sem jeito e saiu do quarto fechando a porta.

— Bem, vou me trocar e ir tomar café. - Damon disse com indiferença e levantou da cama onde estava deitado.

— Eu também... - eu disse porém minha atenção foi para Damon. Ele tirou a camisa que estava usando, deixando seu peitoral definido exposto. Encarei minhas mãos na tentativa de desviar minha atenção, mas logo meus olhos voltaram a olha-lo.

— Vai ficar para o show ou...? - falou soltando um dos botões da sua bermuda.

— Hum. - pigarreei - Eu vou sair. - eu disse voltando a realidade e saindo do quarto, dando privacidade a Damon.

Caminhei apressada até o banheiro e fechei a porta atrás de mim. Me olhei brevemente no espelho acima da pia antes de abrir a torneira e levar um pouco de água pelas mãos até meu rosto. Eu tenho plena consciência dos meus sentimentos por Damon, isso é fato, entretanto o que senti hoje foi diferente. Damon e eu sempre tivemos momentos delicados, apreciando a presença um do outro. Contudo o que tivemos a minutos atrás foi diferente, intenso, eu conseguia sentir o calor que o seu contato na minha pele trazia. Como é possível meros toques serem tão intensos?

Sim, eu lamento por Caroline ter entrado no quarto.

Fechei a torneira e sequei meu rosto na toalha pendurada ao lado do espelho. Fiz minha higiene bucal e entrei no box ligando o chuveiro. Terminei meu banho, coloquei o roupão e voltei para o quarto, Damon já não estava lá. Peguei uma roupa na minha mala e a vesti. Coloquei um short jeans azul claro e uma regata branca. Fui para a cozinha e Matt, Lexi, Caroline, Klaus, Bonnie e Damon já estavam comendo e conversando na mesa. Enquanto Jeremy, Anna, Rebekah e Tyler comiam na sala, que é separada da cozinha apenas por um balcão.

— Bom dia. - Matt disse sorrindo e tomando um gole da bebida em sua caneca.

— Boa tarde, na verdade. - respondi amarrando meu cabelo em um coque desgrenhado e sentando na cadeira entre Caroline e Matt. Olhei para o relógio na parede e marcava 13:45pm. Bem, o café da manhã servirá também como almoço.

— Lena, nós estávamos decidindo em maratonar uma série ou assistir um filme. A decisão está nas suas mãos, qual você prefere? - Lexi disse fingindo ser um assunto sério e eu ri do seu modo de falar.

— Qual é a opção de série? - coloquei a mão no queixo demonstrando interresse.

— The Vampire Diaries.

— Sem chance, não gosto de romance vampiresco. - eu disse com indiferença e dei de ombros. Peguei uma xícara que estava na mesa, coloquei um pouco de café e peguei uma fatia do bolo que provavelmente Caroline havia comprado.

— Concordo plenamente. - Jeremy gritou da sala.

— Oh, calem a boca! É uma ótima série. - Caroline disse emburrada e nós rimos enquanto ela nos mostrou a língua.

— Bem, as opções de filmes são: Gone with the Wind, The Amityville Horror, San Andreas e Fifty Shades of Grey.* - Klaus disse olhando os dvd's e colocando um por cima do outro na mesa.

— Eu voto por Fifty Shades of Grey. - Damon falou.

— Eu também. - concordou Klaus.

— Não sabia que você gostava desse gênero de filme, Damon. - eu disse tomando um gole do meu café.

— Há muitas coisas que você ainda não sabe sobre mim. - ele disse sorrindo e me dando uma piscadela.

— Ele leu o primeiro livro. - Bonnie disse rindo e Damon a olhou como se estivesse prestes a enforca-la, o que nos fez rir.

— Bem, eu definitivamente voto em Gone with the Wind. - disse Care.

— Essa também é minha escolha. - falei concordando com Caroline.

— The Amityville Horror parece uma boa escolha para mim. - Matt falou e Lexi concordou com ele.

— Nós votamos em San Andreas. - Tyler disse referindo-se a ele, Anna, Rebekah e Jer.

— Eu concordo com eles. - Bonnie disse.

Por mais quantidade de votos San Andreas venceu. Todos terminamos de comer e nos juntamos na sala para assistir. Fizemos pipoca e nossas bebidas foram refrigerantes, já que alguns de nós irão dirigir. Eu me pergunto em que momento Caroline saiu para fazer essas pequenas compras, pois as comidas e bebidas da festa foram por conta de Jer e eu e as mesmas acabaram ontem.

                               [...]

O filme acabou por volta das 16:00pm e todos nós gostamos, apesar da escolha não ter sido unânime. Decidimos que iríamos embora mais cedo e logo quando o filme terminou fomos nos preparar. Care, Bonnie e eu fizemos a limpeza da cozinha, Anna e Lexi limparam a sala, que estava com algumas pipocas que jogamos vez ou outras quando alguém começava um assunto aleatório no meio do filme. Rebekah cuidou dos quartos e os meninos limparam a parte exterior da casa que ainda estava suja pela festa de ontem. Não é preciso dizer o quanto eles reclamaram quando definimos a função deles.

— Quero me desculpar de novo por entrar no quarto e atrapalhar vocês dois. - Caroline falou me entregando um prato e eu o sequei - Eu não sabia que já havia acontecido algo entre vocês.

— Não aconteceu nada entre nós. - entreguei o prato para Bonnie e ela o guardou.

— Ainda. - Bonnie disse e eu rolei os olhos sorrindo.

Quando a casa já estava devidamente limpa, todos nós fomos nos arrumar para partir. Depois de prontos, colocamos nossas malas nos determinados carros em que iremos. Rebekah irá com Matt, enquanto Tyler levará Anna e Jeremy e Bonnie irão juntos, já que moram no mesmo prédio. Como esperado Caroline irá com Klaus e eu irei com Damon. Prometi a Jeremy que tentaria visita-lo com mais frequência e ele fez o mesmo antes de dar-me um abraço apertado. Me despedi de meus amigos e ambos seguimos viajem de volta.

Damon e eu não conversamos durante a viajem, ficamos em silêncio cujo não era incômodo. Contudo eu tenho muito o que falar para ele, apenas não sei se é o momento certo.

O carro parou de frente ao meu prédio uma hora depois, o céu já começava a atingir sua tonalidade noturna. Me soltei do cinto de segurança e saí do veículo. Damon me ajudou a tirar minha mala do porta-malas e me disse um "até breve" seguido por um sorriso. Quando ele abriu a porta para entrar no carro novamente eu segurei em seu braço.

— Damon... - falei fazendo-o virar-se para mim.

— Sim? - franziu o cenho.

— Eu quero me desculpar por começar aquela discussão estúpida de ontem. Aquilo foi realmente desnecessário. - eu disse sincera.

— Tudo bem, Gilbert. Eu entendo que você estava com ciúmes. - se gabou sorrindo e eu dei-lhe um soco leve no ombro.

— É sério, eu estou honestamente arrependida.

— Apenas pela discussão ou por tomar aquela decisão? - ele perguntou e eu assenti confirmando.

Nós ficamos em silêncio por um minuto. Eu lembro perfeitamente das palavras de Lilian e estou ciente de que ela pode estar certa ao dizer que Damon cansaria de mim. Entretanto meu coração se recusa a acreditar nisso, mesmo depois dele praticamente ter confirmado ao sair com Rebekah. Eu realmente estou arrependida de colocar um ponto final. No entanto talvez esse ponto final venha a ser substituído por reticências.

Damon aproximou-se mais de mim, quase sem deixar nenhum espaço entre nós. Ele juntou minha mão com a sua e a acariciou com o polegar. Seus olhos azuis — meu céu particular — se prenderam aos meus e Damon viajou com sua mão livre até a minha nuca. Ele aproximou seu rosto do meu fazendo nossos narizes roçarem um no outro.

— Não... - eu disse encostando minha testa na sua.

— Por que não, Elena? - sussurrou.

Honestamente, por que não? Eu definitivamente me diverti com ele hoje na nossa pequena guerra de travesseiros. Senti o quão intenso é seu toque em minha pele. Mesmo que a gente brigue, a presença dele é a única forma para que eu me sinta melhor. Com isso, para que negar que estou apaixonada por ele? Por que reprimir tal sentimento? Por que negar a verdade? Damon me consome. Em apenas um mês Damon me fez sentir algo mais forte do que eu. Então, por que não fazer aquilo que o meu coração diz?

Dane-se tudo ao nosso redor.

Envolvi meus braços envolta do pescoço de Damon e juntei nossos lábios em um beijo cheio de sentimentos. Senti meu coração acelerar e meu corpo arrepiar ao sentir seus lábios macios nos meus.

Eu não poderia estar mais feliz.