Desde o início dos "seres invisíveis", como foram denominados pela humanidade, houve uma guerra entre magos, bruxos e usuários de misticismo, entre outros grupos espíritos existentes. Nunca houve realmente uma relação amistosa, mas sim uma perigosa, que poderia romper-se em um insulto. Todos os híbridos e os outros seres ficavam no seu canto, sem querer brigas ou confusões envolvidas, pois, para eles, era uma perda de tempo fútil e insatisfatória por criar tamanhos problemas para suas regiões natais. Mas, bruxos e magos sempre enfrentaram-se pessoalmente, com indiretas, afilnetadas, entre outros xingamentos e ameaças.
Sykal era um dos bruxos mais violentos dos "seres invisíveis", e sempre deixava claro que ninguém, NINGUÉM poderia tocar no seu irmão mais novo, Thysriel. Desde sempre ele gostava de arrumar briga, condenar os outros por simplesmente olharem estranho para Thysriel.
-Ei, precisamos de mais pó de Koste- Alertou Sykal olhando para dentro do saco vazio- Vamos comprar agora. Mas lembre-se, se alguém ousar encostar em você, apenas me chame.
-Claro- Concordou de cara, observando seu irmão mais velho com orgulho.
O pequeno era sensível, fraco e emotivo, bem diferente de Sykal, por isso ele admirava-o tanto. Infelizmente, ele nasceu com um braço faltando, então ele não consiga defender-se só. Por outro lado, o mais velho, desde o nascimento do mais novo, prometeu à sua tia cuidar-lo da melhor maneira devida.
Sykal tinha cabelos negros espessos, de um modo mais volumoso, mas mesmo assim liso; seus olhos eram azuis escuros, praticamente negros; e seu rosto, como ainda era jovem, havia poucos pelos e um queixo um tanto fino. Ele era bastante alto, mas tinha uma estrutura corporal forte, com o corpo praticamente todo definido.
Bem diferente do seu irmão mais novo, Thysriel era magricela, tinha os lábios avermelhados chamativos e uma pele branca - Mais clara que a do mais velho-; cabelos negros e olhos castanhos bem claros, em um tom quase verde.
O caminho era apenas uma pequena trilha em uma imensa floresta, então custava muito os pés e o suor chegava rápido aos rostos dos que estavam passando, queimando o bem-estar de qualquer um.
Porém, Thysriel não deixou de se alegrar por estar finalmente saindo de casa, e andava saltitante, observando tudo que seus olhos alcançavam com entusiasmo.
E, embora Sykal achasse isso irritante e desnecessário, deixou o irmão brincar livre para tentar aproveitar a infância enquanto a mesma ainda era presente.
Chegando à loja, Sykal entrou olhando para todos ao redor para ver se alguém estava julgando seu irmão mais novo com o olhar, e pelo jeito, ninguém atreveu-se, pois sabiam que se julgassem, poderiam ter a cabeça arrancada e servida como jantar.
-Um pó de Koste- Mandou sentando na cadeira à frente do balcão.
O atendente, com as mãos trêmulas e rosto pálido, engoliu em seco e retirou o pó de debaixo da mesa, entregando-o para o cliente.
-T-tenha u-m dia- Desejou olhando assustado para os sapatos, como se estivesse pronto para levar um soco.
-Igualmente- Falou olhando-o meio resmungão, fazendo o homem pular em susto para trás.
Porém, invés dele conseguir sair silenciosamente, foi interrompido por um garoto que esbarrou nele de cara, impedindo sua passagem para fora do estabelecimento.
-Sinto muito, senh...- Ele parou de falar assim que olhou no rosto do mais alto, mas não parecia intimidado, apenas impressionado- Você é Sykal?- Perguntou admirado.
-Sim, eu sou- Respondeu encarando-o de modo ofensivo e protegendo seu irmão mais novo com os braços- Saia, senão ponho sua cabeça para o jantar.
Mesmo assim, ele não parecia se importar.
-Só não coloca azeitonas, eu odeio- Disse mostrando a língua pra fora.
Já Sem paciência, Sykal saiu da loja com a cara amarrada, apenas querendo um pouco de sossego em sua confortável casa.
Mas hoje não era seu dia de sorte.
Após atravessar toda a trilha novamente, ele percebeu que em frente à sua casa, a formosa rainha aguardava sentada em um banco confortável, bebendo algo rústico e estranho pelo um copo transparente.
-Sykal!- Chamou aliviada jogando o copo para trás, quebrando-o - Pensei que chegaria tarde.
A bela rainha havia cachos loiros de dar inveja, bochechas avermelhadas e lábios delicados, sem dúvida, aquela é a mulher mais linda que já foi vista. Ela também orgulhava-se de seu corpo, embora um tanto magro, e seu sorriso, que era caloroso como um cobertor quente em um dia frio de inverno.
-Que bom pra você- Comentou arrogante, avisando-a com um olhar para sair da frente para conseguir abrir a porta.
-Seja mais educado- Reclamou indo para o lado com uma rebolada.
-Nem que me matem- Revidou empurrando a porta com força, a derrubando no chão em um toque único.
O irmão mais novo tentou ajudar a rainha e acalmar os guardas para abaixarem as varinhas, mas o mais velho o puxou rápido para dentro da casa.
-O que você quer?- Perguntou ele com a porta entre-aberta.
-Uma etiqueta pra você seria excelente- Disse enquanto o garoto revirava os olhos.
-Perguntei o que queria- Lembrou observando a rainha levantar e arrumar o vestido.
-Quero que me mande Thysriel para treina-lo- Respondeu com um sorriso amplo- Acho que ele seria um bom escravo, e daria-lhe dinheiro e benéficos como alguém da reale...
-Cai fora daqui- Expulsou fechando a porta com um estrondo.
Ela suspirou zangada, olhando imóvel e irritada para a casa pobre dos dois, sem entender o motivo dessa proteção toda.
Se Thysriel fosse seu escravo, ele poderia ter riqueza o suficiente para não precisar roubar pó de Koste para sobreviver.
Embora a criança houvesse apenas um braço e sete anos de vida, com certeza ele serviria para seus propósitos.
-Rapazes, apanhem meu banco- Ordenou olhando autoritária para os guardas reais- Já está mais que não hora de sairmos desse ambiente imundo.
Com obediência, os guardas fizeram o que foi mandado e colocaram com delicadeza sua rainha em cima do banco para poder leva-la nos braços com cuidado.
-Ele irá beber meu veneno, marquem isso- Avisou com o ego crescendo- Ninguém me trata assim.
E então, a rainha e seus guardas saíram para longe daquele lugar com o odor mais podre já sentido com um alívio óbvio.
-Por que você trata ela assim?- Perguntou Thysriel apiedado da bela e formosa rainha- Ela é uma pessoa tão doce, e precisamos dela para continuar vivendo, pois ela é nossa rain...
-Por favor, Thysriel, silêncio por 5 minutos - Pediu pegando um pouco do pó de Koste e digerindo, pondo posteriormente em cima da mesa.
Sykal, completamente cansado, deitou no sofá, praticamente dormindo.
-Mas...- Ele tentou pedir, mas seu irmão mais velho estava almejando dormir demais.
-5 minutos- Repetiu impaciente.
Thysriel, já visto que não chegaria em lugar algum, saiu de casa para respirar um pouco o ar fresco.
Ele sentou na grama apodrecida e respirou fundo, observando os pássaros cantarem e as flores desabrocharem em frente aos seus olhos.
Porém, o sol cobriu sua visão com sucesso, e o mesmo não conseguiu ver que o movimento das plantas havia repetidamente mudado. Com o braço que ainda o pertencia, pôs na frente de seus olhos para tentar voltar a enxergar.
Entretanto, ele não foi rápido o suficiente.
Uma forte mão começou a empurra-lo sem piedade para dentro da floresta, e embora seus gritos fossem altos, o irmão mais velho parecia não escutar.
Então foi alí, que Thysriel sumiu sem deixar rastros.
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