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História Never Really Gone - Nós Sabemos Que Tem Algo Errado


Escrita por: LStilinski

Notas do Autor


Yeloo :) Obrigada por todos os comentários e favoritos <3

Capítulo 15 - Nós Sabemos Que Tem Algo Errado


Fanfic / Fanfiction Never Really Gone - Nós Sabemos Que Tem Algo Errado

Stiles sentia que Malia o olhava enquanto ele se esforçava para manter sua atenção voltada para o purê de batatas em seu prato. Ele sabia que, se levantasse a cabeça, seus olhos correriam o refeitório e acabariam pousando no casal sentado não tão longe dali. E como não tinha total controle dos seus atos quando os via juntos, preferiu ignorá-los.

Lydia e Theo estavam “namorando” havia duas semanas, e Stiles ainda não tinha se acostumado. No começo, conseguia cumprir sua promessa de não se envolver sem dificuldade; ele só precisava se lembrar de Malia e o quanto foi ruim a sensação de quase perdê-la. Agora, usava toda a força que tinha para não ir até eles e perguntar aos gritos o que diabos estava acontecendo. Queria segurar Lydia pelos ombros e sacudi-la até ela perceber a merda que ela estava fazendo.

Se ela queria mesmo ficar com Theo, – e Stiles tinha esperanças de que ela estivesse passando por uma fase de rebeldia tardia, – por que ela parecia tão infeliz quando estava com ele? Os sorrisos que ela dava nunca chegavam até seus olhos; eram versões mais apagadas do sorriso que ele sabia que ela tinha, e sumiam na mesma velocidade que apareciam. Isso o incomodava mais do que o ódio que ele sentia por Theo, o fato dele não saber ao certo o que fazer. Lydia estava cada vez mais distante; não sentava mais com os amigos, as conversas que tinham duravam o suficiente para que ela respondesse rapidamente que estava tudo bem.

Allison, Scott e Stiles sabiam que algo estava errado. Allison olhava para o casal com a expressão mais ameaçadora que ela possuía, a que fazia qualquer um querer correr antes de ser destruído. A morena não era uma pessoa violenta, embora soubesse golpes incríveis; ela era apenas muito boa em tocar o terror em quem ela quisesse.   Scott havia tentado convencer Stiles a irem confrontar Theo juntos, mas o amigo rejeitou a ideia imediatamente. Malia ainda não entendia o motivo de tanta preocupação. Ela ainda insistia em dizer que Lydia obviamente não se importava em namorar uma babaca mal caráter. Stiles tinha quase certeza que ela ainda guardava ressentimentos da noite da festa, mas tinha medo de perguntar.

- Estão animados para o jogo de hoje á noite? – perguntou Malia.

- Nós vamos perder – disse Stiles, mexendo no seu purê com o garfo.

- Ah, qual é, vocês tem treinado quase todos os dias!

- Vocês tem uma chance – apoiou Allison, colocando a mão no braço de Scott.

- Nós temos feito algum progesso durante essas semanas –disse ele. – Mas com certeza vamos perder.

Stiles concordou com a cabeça. O time de lacrosse do BBHS, os Cyclones, não era o pior do estado, mas estava longe de ser o melhor. Os treinos cansativos e insistentes estavam dando resultados, mas todos os jogadores, inclusive o treinador, sabia que o jogo daquela noite seria do outro time. Eles não seriam massacrados, o que já era um avanço, mas definitivamente não iriam ganhar.

Os olhos do garoto correram o refeitório. Theo conversava animadamente com seus amigos sobre o jogo – ou melhor, o que eles fariam com os jogadores oponentes – enquando Lydia sentava desconfortavelmente em seu colo, evidentemente preferindo estar em qualquer outro lugar. O garfo se partiu em sua mão e Stiles respirou fundo. Aquela era uma das raras vezes em que ele desejou ser tirado do banco de reserva, só para ter um motivo para atacar Theo. Pelo menos tinha Scott para representá-lo no campo.

Xxxx

Lydia saiu do refeitório tão rápido que seus pés mal tocaram o chão. Se ela ficasse mais um minuto sequer ouvindo Theo falar sobre o jogo, aquele lugar viraria a cena de um crime. Ela queria correr para casa e tomar um banho; duas semanas de namoro falso, e ela ainda não conseguia se acostumar. O nojo e a raiva que ela sentia por ele – e por seus amigos – só faziam crescer.

Andou pelo corredor com passos rápidos até chegar no banheiro. Suspirou ao ver que o lugar estava vazio e foi até uma das pias. Colocou uma boa quantidade de sabão nas mãos e as esfregou, enxaguando-as em seguida. Não era o suficiente para fazê-la se sentir mais limpa, mas era alguma coisa.

Lydia apoiou as mãos nas bordas da pia e olhou para o espelho. A garota no reflexo era bonita, bem arrumada, uma visão típica de Lydia Martin; ela estava fazendo o que podia para manter as aparências. Por dentro sentia-se exausta, infeliz, á beira de um precipício emocional. Ela tinha vontade de gritar. Estava cansada dos sorrisos forçados, dos toques que ela não queria, de fingir que estava tudo bem. A sensação era de que aquela vingança estúpida era contra ela.

A pior parte era que ela nem sabia se o plano estava funcionando. Stiles parecia estar simplesmente ignorando os dois, para a frustração de Theo. Lydia detestava admitir, masaquilo machucava um pouco. Sabia que a reação de Stiles devia ser uma coisa boa, sabia que devia estar aliviada com a decisão dele de não se envolver. Mas não conseguia evitar sentir-se... abandonada? Não, não era isso. Ela só achava que ele estaria sempre lá para protegê-la. Lydia estava acostumada a ter Stiles sempre ao seu lado.

- Lydia? – alguém a chamou, fazendo-a pular. A ruiva girou em seus saltos e olhou para Allison com olhos arregalados. A morena sorriu. – Hey.

- Hey – ela respondeu, recupando-se do susto.

- Estava procurando por você – disse Allison, aproximando-se e apoiando as costas na bancada. Olhando para a amiga, ela franziu a testa. – Está tudo bem? Você parece...

- Estou bem – Lydia respondeu rapidamente, colocando um sorriso no rosto.

- Certo. – A morena estreitou os olhos, sem acreditar na amiga. – Eu vim te perguntar se você vem assistir o jogo hoje á noite.

- Ah... – Lydia passou a língua nos lábios nervosamente, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha. Como ela dizia “eu não vou aparecer nesse jogo, nem morta” de uma forma convincente? – Na verdade não, eu tenho... dever de casa acumulado. Muito dever de casa.

Allison ergueu uma sobrancelha.

- Você tem dever de casa acumulado?

- Acontece – disse a ruiva, dando de ombros.

- Mas Theo vai jogar hoje. Você não vai torcer por ele?

Lydia quase riu. Nem podia imaginar a si mesma, sentada no chão do seu quarto, fazendo um cartaz super decorado com algo tipo “Vai, Theo!!”, depois levá-lo consigo para a arquibancada e berrar que nem uma louca durante o jogo inteiro. Ela definitivamente não estava disposta a se fazer ridícula daquela forma. Já bastava o que ela tinha que fazer todos os dias no colégio.

- Não... Eles vão perder com ou sem mim – disse ela, e ambas riram.

- Isso é verdade – concordou Allison. – Você tem algo planejado para amanhã?

- Ahn... Não sei, por que?

- Podíamos fazer outra noite das garotas – disse a morena, sorrindo. – Só nós duas, como nos velhos tempos.

Um sorriso se abriu nos lábios da ruiva. Aquilo era extamente o que ela precisava: uma folga de todo o fingimento, um momento para ser ela mesma.

- Parece ótimo – ela respondeu, já animada. Allison soltou um gritinho de animação e abraçou a amiga. Lydia riu a retribuiu o abraço, já se sentindo melhor.

Xxxx

Lydia detestava ter que ir para a escola com Theo todos os dias, mas era umas das únicas chances que ela tinha de ter um pouco de controle sobre o acordo. Ela não se apressava na hora de ficar pronta e tomava seu café com calma, enquanto a paciência dele ia diminuindo do lado de fora.

- Seu namorado é muito mal educado – disse Mônica na manhã de sexta feira. Embora não conhecesse Theo (Lydia nunca o apresentaria como seu namorado oficial), sua tia nunca gostou dele. Ela sempre reclamava das buzinas insistentes que anunciavam a chegada dele, e até chegou a ameaçar atacá-lo com uma frigideira.

Lydia riu e a beijou na bochecha.

- Não se preocupe, ele não vai durar muito – disse, pegando a bolsa e indo para a porta. Percebeu o mau humor de Theo antes mesmo de entrar no carro; ela já estava sabendo que, assim como esperado, os Cyclones haviam perdido na noite anterior.

- Bom dia – ela cantarolou animadamente ao entrar no veículo. – Como foi o jogo ontem?

Theo resmungou alguma coisa e acelerou o carro, para o divertimento da garota.

Seu momento pessoal de descontração terminou quando chegaram ao colégio. Não poderia mais agir como ela mesma a partir do momento que saísse do carro. Isso fez com que qualquer marca de sorriso sumisse do seu rosto.

- Theo, por quanto tempo vamos fazer isso? – ela perguntou enquanto ele estacionava em frente ao prédio. Theo desligou o carro e manteve seus olhos no parabrisa, franzindo a testa.

- Como assim? – ele perguntou, embora soubesse muito bem do que ela estava falando.

- Isso – respondeu Lydia, gesticulando exasperadamente para os dois. – Por quanto tempo eu vou ter que fingir ser sua namorada? Porque, se você não está percebendo, seu plano não está...

- Eu digo quando terminamos – ele a cortou, encerrando a conversa ao abrir a porta do carro e sair. Lydia piscou, levemente ultrajada, e fez o mesmo. Aproximou-se ele e abaixou o tom de voz para não chamar atenção.

- Você não está vendo que Stiles...

- Lydia – ele a interrompeu novamente, colocando as mãos nos braços da garota e a olhando nos olhos. Para quem observava de longe, a cena poderia até parecer romântica, mas só ela podia ver a intensidade dos  olhos azuis dele. – Eu digo quando terminamos.

Ele apertou seus braços de leve enquanto inclinava-se e depositava um beijo em seus lábios. Foi um beijo rápido e até delicado, muito diferente de todos os outros. Theo se afastou e saiu andando sem dizer uma palavra, deixando Lydia para trás. De todos os beijos que ele havia dado nela desde que aquela maluquice começou, aquele foi definitivamente o que ela mais detestou. Era quase como se ele carregasse algum sentimento, como se ele significasse alguma coisa além do clássico estamos-querendo-convencer-a-todos-que-estamos-apaixonados.

Theo pareceu distante durante o resto do dia. Lydia não sabia se era por causa da derrota no jogo ou por outro motivo qualquer mas, sinceramente, ela não ligava. Pelo contrário, vê-lo tendo um dia ruim era de certa forma satisfatório para ela. Lydia não teve que dar tantos sorrisos falsos ou tocá-lo de forma carinhosa; ela estava tendo um dia de folga.

Quando as aulas do acabaram, a ruiva foi para o estacionamento esperar sua carona. Mordia o lábio, ansiosa e animada para finalmente se divertir um pouco.

Um braço forte envolveu seus ombros, assustando-a.

- Vamos – disse Theo, empurrando-a levemente em direção ao seu carro. Lydia desvencilhou-se dele e virou-se para encará-lo.

- Hoje eu não vou com você – disse, sem poder conter a animação em sua voz. Theo franziu a testa.

- Então com quem...? – Lydia abriu um sorriso largo ao ver Allison aproximando-se dos dois.

- Pronta? – perguntou a morena, olhando para a amiga, que assentiu fervorosamente.

- Espere aí – disse Theo, segurando a falsa namorada pelo pulso antes dela sair com a amiga. – Eu posso muito bem te levar em casa.

- Ela não vai para casa – disse Allison antes que Lydia pudesse abrir a boca. A morena aproximou-se do rapaz, encarando-o de queixo erguido. – Algum problema?

Theo retribuiu o olhar, sem dizer uma palavra. Ele era alguns centímetros mais alto que a garota, mas naquele momento ela parecia ser bem maior que ele.

- Então sugiro que você solte ela – disse Allison. – Ou o segundo round vai ser comigo.

Lydia teve vontade de rir ao perceber que havia uma fila se pessoas se formando para a continuação da briga. Talvez ela também devesse se inscrever para o segundo round;  tinha motivos o suficiente para querer bater naquele rostinho bonito.

Theo a soltou. Lydia ergueu a mão e balançou os dedos, dando um tchauzinho antes de ir para o carro com Allison. Soltou uma gargalhada ao sentar-se no banco do carona, adorando vê-lo perder uma discussão.

- Aquilo foi demais, Ally – disse quando a amiga sentou-se atrás do volante. O olhar que Allison a lançou fez com que a ruiva percebesse que havia falado demais. Parabenizar a amiga por odiar seu namorado não era exatamente algo que uma pessoa apaixonada faria. Por um momento, Lydia quase esqueceu que Allison não sabia da história por trás do namoro; estava acostumada com as duas sabendo tudo sobre a outra.

- Você e eu temos muito o que conversar – disse a morena, ligando o carro.

Xxxx

Todas as preocupações de Lydia sumiram no momento em que Allison tirou uma garrafa de vodca do armário.

As duas tentaram assistir um filme, rodeadas de salgadinhos, pipoca e doces, mas a bebida fazia com que concentrar-se em um romance ficasse um pouco difícil. Então elas dançaram e cantaram suas músicas preferidas, que tocavam no volume máximo. O álcool as deixavam animadas, a comida impedia que ficassem bêbadas demais para dançar pelo quarto. Aquilo era exatamente o que costumavam fazer quando crianças: colocavam uma música alta e fingiam ser super modelos, ou cantoras famosas.

Horas depois do sol ter desaparecido no céu, as duas caíram na cama, exaustas.

- A gente tem que fazer isso mais vezes – disse Allison entre gargalhadas.

- Com certeza – concordou Lydia, comendo uma batatinha. - A vodca foi uma adição maravilhosa.

Eventualmente, o riso morreu. As duas encararam o teto em silêncio enquanto a música tocava. A ruiva sentia o que estava por vir, e Allison parecia sentir também.

- Lydia – disse ela, e a garota respirou fundo, sentando-se. Deveria saber que não ia conseguir uma folga de verdade, não ia poder esquecer nem por um minuto. – Lydia, você sabe que temos que falar sobre isso.

- Eu não... Não tem nada para se falar – disse, embora soubesse que a amiga não acreditasse no que havia entre ela e Theo.

- Claro que tem – insistiu Allison, sentando-se de frente para a amiga. – Por favor, me diga o que está acontecendo. Nós estamos preocupados com você.

- Não sei por que estão tão preocupados. Eu já disse que está tudo bem – disse ela, olhando para suas mãos em seu colo.

- Você não está falando a verdade. Você e Theo... Não faz sentido. Não só por causa de tudo que aconteceu, mas porque você está infeliz. Nós sabemos que tem algo errado, Lydia. – Allison segurou as mãos da amiga, que sentia os olhos marejarem. – Só estamos tentando te ajudar.

- Não preciso de ajuda – murmurou a ruiva, com a cabeça ainda baixa. – Eu e Theo estamos namorando e... E-eu gosto dele. Muito. Eu gosto muito dele.

- Então me olhe nos olhos e diga que quer ficar ficar com ele. Diga que o ama.

Lydia levantou a cabeça e encarou os olhos escuros da amiga. Ela ia conseguir. Não ia conseguir mentir, não ia conseguir dizer tais palavras. Seus olhos verdes se encheram de lágrimas e ela os fechou. Ela não conseguia mais guardar tudo aquilo para si.

- Allison, eu não posso... – sussurrou, mas a morena apertou suas mãos.

- Pode sim. Me conte.

Lydia respirou fundo e, antes que percebesse, as palavras jorravam da sua boca. Contou o que aconteceu na noite da briga e na segunda-feira seguinte, explicou o plano de Theo e como ela achava que ele não estava funcionando. Sua garganta estava seca quando terminou de falar e, ao abrir os olhou, viu Allison a olhando com simpatia.

- Oh, Lydia...

- Você não pode contar para ninguém – insistiu a ruiva, apertando a mão da amiga. – Eu não sei o que vai acontecer de Theo descobrir que eu te contei...

- O que você acha que ele pode fazer? – perguntou Allison. – Se você contasse para Stiles, por exemplo.

- Eu não sei, e é por isso que tenho medo. Eu não faço ideia do que ele é capaz, Allison. E eu não estou com muita vontade de descobrir.

- Você não pode seguir esse plano para sempre. É loucura.

Lydia suspirou.

- Eu não tenho muita opções, ok?

- Mas agora você não está mais sozinha. Eu estou com você. Sempre vou estar.



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