Nico estava enfurnado na biblioteca em plena tarde de uma segunda. Era o seu horário livre no dia e estava gastando ele todo rodeado de livros, pois ainda tinha em sua cabeça a discussão com a sua mãe e o grifinório botará na cabeça que iria achar o seu pai.
Os livros que o rodeavam não era de estudos, sim livros sobre os alunos dos anos mais próximos do período escolar de sua mãe e ele poderia dizer que estava indo de mal a pior. Ele via todos os tipos de alunos, mas nenhum deles chegava a ter semelhança com o menino.
– Pelas meias de Dumbledore! – exclamou Nico quando viu a foto de seu tio Neville. – Definitivamente eu não sou filho do tio Neville.
Rindo, o garoto passou a página e começou a ver os alunos dos anos anteriores. Lembrando-se do que o Chapéu Seletor dissera, Nico começou a vasculhar entre os alunos da Sonserina. Não havia facilitado de forma alguma, mas quando o grifinório pensava em desistir, ele encontrou um aluno se assemelhava a ele. Cabelos longos, pretos como carvão que também era a cor de seus olhos, a pele era pálida e as suas feições bem definidas. A única coisa que destoava era o nariz.
– Não sabia que se interessava pelos antigos alunos da escola, senhor Granger.
Tomando um susto com a súbita presença do professor Snape, Nico derrubou outros livros que estavam na mesa e olhou para professor emburrado.
– Boa tarde para o senhor também, professor. – resmungou o menino, enquanto pegava os livros do chão.
Com um sorrisinho sarcástico, o professor de poções se sentou na frente do menino e se perguntou o porquê de estar ali com filho da mulher que ele ama com outro homem. Enquanto observava Nico pegar os livros do chão, Snape chegou à conclusão de que estava lá por pura curiosidade.
– O que tanto te interessa nesses livros? Vejo que não são sobre estudos. – falou Snape.
– Realmente, não são sobre estudos. – Nico passou reabriu o livro e começou a folheá-lo. – Estou procurando pelo meu...
O menino hesitou em continuar e Snape pode perceber o conflito que o menino batalhava consigo mesmo em seus olhos. A cabeça de Severo trabalhava á mil e sentiu todo o seu sarcasmo foi a baixo.
– Você esta procurando pelo o seu pai.
Nico abaixou a cabeça em um sinal de constrangimento e continuou á folhear o livro em suas mãos. Vendo que o assunto era complicado, Snape enrijeceu na cadeira. Tocar naquele assunto poderia ser como andar em ovos.
– Como assim? Achei que você era filho do Krum. – disse Snape.
– Krum? – Nico levantou os olhos do livro para encarar seu professor. – Oh não, minha mãe disse que só voltou á se relacionar com ele depois que eu nasci. – voltando os olhos para o livro, Nico murmurou para si mesmo. – Eu já pensei que ele fosse o meu pai, mas não somos tão parecidos. Ele é tão...
– Patético? – sugeriu Snape.
– Eu ia dizer cansativo, mas patético serve. – disse Nico. – E de todo modo, minha mãe não gosta dele, da pra ver em seus olhos, e ele nem é da Sonserina como o Chapéu- Seletor disse.
Com uma das sobrancelhas arqueadas, Snape se viu confuso.
– Como assim da Sonserina? O que o velho chapéu lhe disse?
Erguendo os olhos em desconforto, Nico viu que havia falado demais, mas não achou que haveria problema em falar com o professor Snape sobre o assunto, afinal, ele não tinha cara de fofoqueiro.
– Quando eu coloquei o Chapéu- Seletor na cabeça, ele disse que meu pai era da Sonserina. – Nico apertou o livro com mais força. – Por isso que estou vendo o livro de estudantes da época da minha mãe, mas ninguém da Sonserina se parece comigo.
Folheando os livros novamente, Nico deixou os ombros caírem em frustração e se levantou.
– Obrigado por me ouvir, professor, mas tenho que encontrar meus amigos agora. – disse Nico, enquanto saía da biblioteca, deixando um Snape atônito.
Tentando organizar toda confusão que havia se formado em sua cabeça, Snape não podia acreditar na possibilidade de Nico ser... Não! É impossível isso. Ou não? Há uma possibilidade. Pegando um dos livros que o menino não havia dado muita atenção, Snape começou a folheá-lo.
– Talvez você esteja procurando na época errada. – Snape abriu na página dos alunos da Sonserina e encarou o seu retrato como aluno no ano de 1971
1996
Era o penúltimo ano dela. Não demoraria muito para os dois assumir um relacionamento sério para todos e saírem daquela condição “aluna-professor”.
Ansioso por esse momento, Snape acariciava de leve as costas da morena enquanto ela dormia deitada sobre seu peito. Aquele momento era o único que o professor de porções conseguia ficar em paz. O momento que a linda grifinória entrava em seu escritório e o seduzia com aquele jeitinho que só ela tem até o seu quarto.
Com apenas uma noite Hermione conseguiu colocar na cabeça de Severo que a sua capacidade de amar não havia morrido junto com Lílian e fez do professor de poções um grande dependente de seu amor. Só Merlin sabe o quanto Severo queria cruciar o maldito Weasley com a sua mão boba, mas sempre se conteve por pedido de Hermione que o recompensava depois.
Tudo ficaria perfeito se aquela maldita marca em seu antebraço não ardesse, mas ela ardeu o convocando para encontrar o Lorde das Trevas. Colocando uma sonolenta Hermione no outro lado da cama, Severo se levantou e colocou as suas vestes de comensal.
– Ele te chama?
Ouvindo a voz sonolenta e melodiosa de Hermione, o homem voltou á se sentar na cama enquanto passava as mãos pelos cabelos negros.
– Sim. – respondeu ele, simples. – Acho que chegou a hora, Mione.
A morena se levantou em um pulo e se sentou no colo de Severo, olhando bem fundo nos olhos negros.
– Você sabe que eu vou estar sempre do seu lado. – Severo tentou desviar os olhos dos de Hermione, mas a morena segurou o seu rosto. – Não tente fugir de mim, Severo, você sabe que isso nunca funcionou comigo.
– Hermione, eles vão te caçar se souberem que você tem um caso comigo. – disse Snape em um fio de voz. – Eles podem me machucar, mas machucar você é demais para mim.
– Eu já sou caçada por ser amiga de Harry e ainda estou viva. – disse Hermione, determinada. – Eu não vou te deixar.
Lágrimas começaram á surgir nos olhos de Hermione e Snape se odiou por ter provocado isso, mas era preciso... Mais do que preciso. Ele tinha que proteger ela, acima de tudo.
– Que droga Hermione! Eu vou matar Dumbledore e você ainda quer estar do meu lado. Eu sou um assassino Hermione, um maldito assassino que não merece o seu amor e nunca precisou.
Hermione se levantou do colo do homem, caminhou até a parede e se apoiou nela. Aquelas palavras haviam lhe atingido em cheio e a morena nem sabia como lidar com as mesmas.
– Nu-nunca precisou...? – as palavras saiam engasgadas. – Não se esconda de mim Severo. Eu sei muito bem que você esta fazendo isso para proteger o Harry e a mim, mas pelo amor de Merlin, nunca mais diga isso.
Severo não podia fraquejar naquele momento. Encarando o seu reflexo no vidro da janela, Severo entendeu que nunca poderia dar o futuro que Hermione é digna. Não seria um bom marido que iria socializar com os seus amigos, não seria um bom pai, iria destrata-la quando estivesse trabalhando e não iria dar o amor que ela deveria receber. Decidido, Snape colocou sua máscara de professor de poções carrancudo e encarou a morena com desprezo.
– Vamos Hermione, foi divertido enquanto durou. – falou ele com seu sorrisinho sínico. – A verdade é que eu não preciso mais de você.
Naquele momento Hermione agradeceu por estar apoiada na parede, pois com aquelas palavras ela poderia ter caído facilmente, mas isso não impedia que as lágrimas parassem de cair. Sem falar uma palavra, Hermione vestiu seu uniforme e ia em direção á saída, mas parou.
– Você é um covarde, Snape. Nunca mais me procure, pois não sou de cometer o mesmo erro duas vezes.
Batendo a porta com força, Hermione deixou para trás um Severo totalmente estilhaçado e derrotado.
2011
Snape acordou em um sobressalto. Mais um sonho com o pior momento de minha vida, ótimo. Pensou Severo que se levantava e já se arrumava.
Havia se passado mais de uma semana que havia tido aquela conversa na biblioteca com Nicollas Granger e ele não tirava da cabeça a ideia do pequeno ser seu filho. Toda essa semana Severo observou o menino. Observou o jeito do menino de estudar, de falar com seus amigos e até o jeito que ele olhava a Annabeth Pensive da Corvinal. Todo o jeito de Nicollas Granger lembrava o Severo Snape pequeno e isso o assustava mais.
Severo até queria colocar Hermione contra a parede, mas a morena simplesmente se esquivava dele falando que estava ocupado com os preparativos do Torneio que estava próximo. Isso o irritava, cada vez mais, pois sabia que se deixasse para falar com Hermione durante o Torneio teria que disputar a atenção dela com dois cabeças-ocas.
De fato, a sorte não estava ao lado de Snape.
***
Nico havia acordado com o pé esquerdo naquela manhã. Quando acordou, acabou tropeçando em Alvo que tinha caído da cama na hora do sono, para piorar não conseguia se lembrar aonde o seu livro de poções estava e conseguiu tropeçar em Alvo novamente.
Por esse ótimo começo de manhã, Nico resolveu ir para o café da manhã sozinho e agora ele estava desfrutando de um ótimo chá enquanto lia o Profeta Diário.
– Bom dia Nico! Cadê os garotos?
Com os cabelos loiros soltos e um sorriso fácil, Annie se sentou ao lado do grifinório e já se servia com um suco de abóbora, pois Nico já sabia que a corvinal não gostava de café. Sim, ele já tinha reparado isso nela.
– Alvo esta dormindo no chão e James, bem, ele é imprevisível. – Nico deu de ombros e deixou o Profeta Diário de lado para prestar atenção na loira. – Eu preciso ir de novo à biblioteca.
Ouvindo o garoto, Annabeth soltou um suspiro e pôs a mão sobre a de Nico. Ela sabia que a ida de Nico à biblioteca não era para buscar livros de estudos, sim um livro que desse alguma chance de saber quem era o seu pai. Nico havia contado sobre a sua busca apenas para Annabeth que havia lhe prometido manter segredo e que iria ajuda-lo.
– Nico, você não acha que está na hora de você descansar? – disse Annabeth, preocupada. – Você passou a semana inteira procurando sobre seu pai, está na hora de você parar um pouco.
– Mas Annie, eu estou perto! Posso sentir!
– Eu sei! – Annie apertou a mão de Nico com força. – Mas você precisa descansar! Vai ver você deixou passar algo porque estava cansado demais. Descanse! Hoje eu procuro por você.
Nico não sabia o que falar. Estava mais que feliz por ter Annabeth ao seu lado para lhe ajudar, pois se Annabeth não o ouvisse ele seria capaz de explodir com tantas suposições em sua cabeça. Sem saber o que falar, o menino julgou que ações seriam melhores nesse caso, então ele não hesitou em abraçar a corvinal.
– Obrigado Annie. – sussurrou Nico, contra a cabeleira loira da garota. – Eu já estava ficando maluco.
Com um sorriso no rosto, Annabeth retribuiu o abraço e só o soltou quando avistou Alvo e James entrando no salão.
– Não adianta separar o abraço agora! – disse James que se sentava à mesa, acompanhado de Alvo. – Eu vi e achei uma fofura.
Pegando o jornal de Nico, Alvo começou a ler a capa e soltou um urro de comemoração.
– Falta um mês para o Torneio de Quadribol!
Feliz por Alvo ter mudado de assunto, Nico olhou para o relógio e foi logo se levantando.
– E faltam cinco minutos para a nossa aula de transfiguração começar. – pegando Alvo pelo colarinho, Nico o arrastava para fora do salão. – Vamos Alvo.
– Mas eu não acabei meu café! – disse Alvo, enquanto debatia os pés em protesto.
– Problema é seu! Acordasse mais cedo, vagabundo.
Sem nenhuma elegância, Alvo continuava á gritar enquanto James e Annie riam da situação de seus amigos.
***
A aula de transfiguração com a Sonserina transcorreu normalmente, exceto pela preguiça remota de Alvo, mas fora isso tudo foi perfeito. Grifinória não perdeu pontos, Sonserina se controlou por causa da Profª McGonagall e Nico conseguiu 15 pontos para Grifinória transformando um ratinho em uma taça.
Ao termino da aula, Nico recolhia todos os seus livros conversando com Alvo quando alguém entrou na sala ao som do farfalhar de uma capa. A presença do professor Snape era o suficiente para fazer Alvo sair correndo sem deixar rastro.
–Sr. Granger preciso falar com você.
– Hãn, Nico. – Alvo começava a suar frio. – Eu vou embora por que eu preciso passear com o meu... Peixe. Te encontro mais tarde!
Saindo desesperado da sala, Alvo deixou um Nico caindo na risada.
– Ele corre de você como o diabo foge da cruz. – indiferente com a presença do professor mais temido da escola, Nico continuava á guarda seu material. – O mais engraçado é que ele não tem um peixe.
Snape bufou.
– Mesmo se tivesse. – contrapôs Snape, que já estranhava com o jeito que a conversa fluía com o pequeno Granger. - Quem iria levar um peixe para passear?
– É verdade. – concordou o menor, enquanto colocava a mochila nas costas e saía da sala com Snape ao seu encalço. – Mas acho que você não veio para falar do peixe imaginário do meu amigo.
Sempre perspicaz, Granger. Pensou Snape, irônico.
– Preciso que entregue essa lista para a sua mãe.
Snape lhe estendeu o papel e Nico olhou para ele confuso.
– Por que você não entrega para ela? – perguntou Nico.
– Porque ela resolveu me evitar e eu não consigo entregar essa maldita lista para ela. – Snape soltou um grunhido de frustração que era o mesmo que Nico soltava quando não conseguia algo.
Vendo a frustração do professor, Nico dobrou o papel com cuidado e colocou em seu bolso.
– Ultimamente todos resolveram te evitar, professor. – Nico riu. – Mas minha mãe anda muito ocupada preparando o Torneio e respondendo as cartas do Krum.
Tocar no nome de Krum era o suficiente para o professor de poções bufar de raiva e querer cruciar alguém.
– Krum já esta marcando território? – perguntou Snape, sarcástico.
Nico riu com o comentário do professor e já ia responder, mas Annabeth apareceu correndo com um livro em mãos.
– Nico! Eu preciso te contar uma... – sua voz morreu quando viu que o garoto na companhia de Snape. - ... Coisa.
Tentando não deixar a situação constrangedora, Annabeth tentou sorrir para o professor, mas o mesmo entendeu o recardo e saiu dali com um simples “Até mais, sr. Granger”. Sem esperar, Annie arrastou Nico até um corredor deserto e só parou para pegar folego.
– O que foi Annie? Porque chegou correndo assim?
Ainda tentando recuperar o folego, Annabeth balançou o livro no ar que tinha o título de “Alunos do ano de 1971” e abriu na página dos alunos da Sonserina.
– Eu estava na biblioteca e pedi para a Madame Pince o livro de estudantes antigos e a mesma comentou que todos estavam pedindo o livro naquela semana, até mesmo o Professor Snape. – Annabeth parou para recuperar o ar e continuou. – Eu pedi para a Madame Pince me dar o mesmo livro que o Snape pegou e comecei á dar uma olhada.
Nico prestava toda atenção do mundo em Annie enquanto ela procurava entre os alunos da Sonserina um garoto que se parecia muito com o seu amigo.
– Aqui, achei! – estendendo o livro para Nico olhar o retrato do sonserino. – Enquanto eu olhava, eu achei esse aluno. Bem, ele é a sua cara, só o nariz que não. Mas isso não importa! O que importa é o nome dele.
Naquele momento Nico já segurava o livro com tanta força que nós começaram a surgi na ponta de seus dedos. Ele já havia suspeitado dessa pessoa, mas pensava que era tudo uma suposição boba de uma criança.
– Nico, seu pai pode ser o professor Snape.
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