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História Never too late - Vinte e três


Escrita por: Lilly-chibi

Notas do Autor


Bem, mais um capítulo cheio de tensão e com uma surpresa no final hehe
Boa leitura

Capítulo 24 - Vinte e três


Eu tremia a cada vez mais toda vez que ouvia uma movimentação fora daquele quarto.

Primeiro fora Edward que ouviu a barulho que fiz ao bater a porta e foi bater ali. Eu não respondi, fazendo-o ficar preocupado e ele logo foi para a sala.

Eu fiquei alguns minutos concentrado, tentando ouvir a conversa dele com as mulheres. Mas no começo eles utilizaram um tom baixo, e o fato do quarto de Luna ser um pouco longe da sala também não estava ajudando.

Foi depois de alguns minutos que eu pude ouvir os gritos de Edward. Ele parecia tão indignado quanto eu, até expulsou as mulheres dali mas não sei se as mesmas atenderam o pedido.

Além de nervoso, também estava preocupado com Luna. Ela dormia ainda, mas as bochechas ainda estavam muito coradas, indicando que ainda estava com febre. Eu estava com medo de sair dali e aquelas mulheres tirarem meu bebê de mim.

Mas, acima de tudo, eu estava com raiva. Não, raiva não, ódio de Elise. Como ela teve coragem de fazer uma coisa dessas?! E eu achando que ela tinha ficado satisfeita com o fato de ter me colocado na cadeia.

Aquela mulher era doente, precisava ser presa.

Ouvi batidas na porta e automaticamente fui para perto do berço de Luna.

-Senhor Thomas, abra a porta. Faça tudo por bem, senhor Thomas, não piore sua situação. -A voz de Sônia parecia entediada.

Como eu iria confiar naquelas mulheres?! Elas não demonstravam sentimento nenhum, como eu saberia o que elas queriam de verdade?!

Continuei em silêncio enquanto ouvia a mulher tentando me convencer a entregar minha filha.

Eu não faria aquilo. Eu sonhei tanto em tê-la, ela era um pedaço de mim agora, se ela se for… Não sei se consigo sobreviver.

Me sentei no chão, próximo ao berço e comecei a chorar. Meus soluços eram altos e fiquei com medo de acordar Luna, mas eu estava tão desesperado que era a única coisa que eu podia fazer naquele momento.

Fiquei ali pelo que pareceram ser uns vinte minutos, até um toque começar a soar pelo quarto. Me levantei e comecei a procurar pelo meu celular que eu nem sabia que tinha deixado ali.

Quando encontrei o aparelho, vi o nome “casa” brilhando na tela. Edward deveria estar me ligando do telefone da sala.

Rapidamente atendi a chamada e não esperei que Edward dissesse alguma coisa.

-Pelo amor de Deus, Edward, liga para o Jason! -Minha voz saiu de uma forma desesperada, mas eu não podia fazer nada já que eu estava mesmo.

“Eu vou ligar… Mas o que está acontecendo, Thom?! Por que querem tirar a Luna de nós?” -Apenas pelo tom de voz de Edward pude perceber que ele esteve, ou estava chorando.

Fechei os olhos com força, me impedindo de chorar.

-Eu não vou deixar isso acontecer. Vou ficar trancado aqui com ela até isso tudo passar… Só liga rápido para o Jason. -Falei e desliguei sem esperar resposta.

Coloquei as mãos na cabeça, eu estava completamente perdido. Não poderia ficar ali pra sempre, mas enquanto aquelas mulheres estivessem ali, não era seguro sair.

Ouvi alguns resmungos baixinhos e fui até o berço de Luna. Ela devia ter acordado com o barulho que eu estava fazendo. Peguei-a no colo e comecei a niná-la antes que o choro começasse de verdade.

-Eles não vão te tirar de nós, amor… Não vão. -Sussurrei enquanto encarava o rosto corado dela.

Elise iria me pagar por me fazer sofrer daquela forma.






 

Jason apareceu em nossa casa depois de duas horas.

Como eu não abri a porta para ninguém, conversamos pelo telefone.

-Elas podem mesmo levar a nossa filha? -Perguntei encarando o meu celular, que estava no viva voz, em cima do berço.

Eu estava com Luna nos braços, a mesma continuava com febre e eu estava com medo do que poderia acontecer se saísse dali.

Demorou um pouco mas logo Jason começou a falar.

“Infelizmente é a lei, Thomas. Você tem ficha na polícia por porte de drogas e ainda tem essa acusação de agressão.” -Ele suspirou e logo voltou a falar. “Elas me mostraram os documentos, tudo está em perfeito estado e a Luna tem que ser levada, senão…” -Engoli em seco.

-O quê?! Fala logo. -Pedi, quase chorando.

Luna pareceu perceber meu desespero e começou a chorar alto.

Me levantei e comecei a andar de um lado para o outro, tentando acalmar Luna para que eu pudesse ouvir a resposta de Jason.

“Senão vocês perdem o direito de vê-la por muito tempo.” -Ah, como meu coração doeu ao ouvir aquilo.

Algumas lágrimas rolaram pelo meu rosto e molharam a cabecinha de Luna que estava apoiada no meu peito.

Jason havia me explicado que Edward e eu, enquanto as investigações estivessem em andamento, poderíamos fazer visitas à Luna onde estivesse, mas isso só se eu a entregasse agora. Caso eu não o fizesse, me privariam de ver a minha filha, meu bebê.

Naquele momento minha cabeça parecia que iria explodir. Eu só queria poder sumir dali, com Luna e Edward, para onde ninguém pudesse nos atrapalhar.

Eu só queria entender o real motivo para Elise estar fazendo aquilo. Será que ela ainda estava ressentida por conta de Louis?! Não era possível, aquela história fazia meses que aconteceu, ela tinha que superar.

Luna chorava mais e mais, o que me deixava preocupado com sua garganta também. Toquei em sua testa e notei que estava quente demais, minha filha tinha que ir para um hospital.

Me assustei ao ouvir batidas fortes na porta.

-Senhor Thomas, caso o senhor não saia em meia hora, chamaremos a polícia e levaremos a criança. Decida-se. -Era a voz grossa de Marta que eu ouvi.

Senti minhas pernas ficarem bambas e tive que me sentar pois com certeza iria desabar se ficasse mais um segundo em pé.

Olhei para Luna e comecei a chorar mais uma vez. Aqueles olhinhos, brilhando por causa das lágrimas, eram tão lindos… Eu não iria conseguir viver um minuto sem tê-la por perto, o que seria de mim?!

Encostei sua cabeça em meu peito mais uma vez, abraçando-a protetoramente. Eu não tinha outra escolha, Luna estava ficando cada vez mais quente e seria um perigo se a febre dela aumentasse ainda mais.

Voltei para perto do telefone e vi que a chamada ainda estava ativa.

-Edward? -Chamei, minha voz estava anasalada devido ao choro.

“Oi! Tudo bem?” -Edward também parecia estar desesperado como eu.

-Venha aqui. -Falei e ele não respondeu.

Vi a chamada se encerrando e andei até a porta.

Não demorou para que eu escutasse batidas leves na porta, que eu logo abri ao ouvir Edward falar.

-Como ela está? -Perguntou, pegando ela no colo.

Luna não parou de chorar e eu também não.

Fiquei em silêncio, vendo Edward tentar acalmá-la como eu fazia minutos atrás.

Mordi o lábio e chamei Edward. Ele me encarou com uma sobrancelha erguida.

-Temos que entregá-la… -Eu disse baixo e vi os olhos de Edward dobrarem de tamanho. -Elas vão chamar a polícia, Edward, e Luna precisa ir pro hospital rápido. -Disse me aproximando deles.

Edward não disse uma palavra, apenas acenou positivamente enquanto aninhava Luna. Eu o abracei, tomando cuidado para não machucar a bebê que estava entre nós e chorei mais uma vez.

Minha vida perfeita estava desmoronando… E eu estava caindo junto.

 

Desfizemos o contato e nos encaramos. Era o melhor para Luna, e tudo daria certo afinal, não éramos perigosos e eles logo saberiam disso. Luna teria que ficar conosco.

Saímos do quarto e andamos até a sala em passos lentos. Vi Jason se levantar do sofá, assim como as duas mulheres e caminharem até nós.

-Sábia decisão, senhores. -Disse Sônia e caminhou até Edward, pegando Luna dos braços dele. -Essa menina está queimando em febre. -Constatou horrorizada.

Rapidamente Marta foi para o seu lado e tocou na testa de Luna. Ela nos olhou com uma expressão acusatória, me deixando ainda mais triste.

-Informaremos ao seu advogado o dia do julgamento. -Marta disse e voltou para perto do sofá para pegar suas coisas. -Precisaremos dos documentos dela. -Disse e Edward assentiu, voltando para o corredor.

Eu apenas encarava Luna nos braços de Sônia enquanto chorava em silêncio. Era tão estranho vê-la em outros braços, e também estava claro que ela não estava gostando daquele colo, pois começou a chorar ainda mais.

Edward voltou minutos depois com uma pasta com os documentos de Luna e a bolsa dela que eu estava arrumando algumas horas atrás.

-Nós nos falaremos logo, temos que levá-la ao hospital. -Sônia disse e se adiantou, indo para a frente da porta.

Marta apenas deu um passo para o lado e entregou um cartão a Jason e ele entregou um dele. Ela nada disse, apenas me deu uma última olhada e, juntamente com Sônia e Luna, deixaram a minha casa.

Eu sentia dor, muita dor no peito, mas meu corpo estava completamente dormente, tanto que eu acabei caindo de joelhos no chão.

Minha filha tinha sido tirada de mim de uma forma tão dolorosa que eu estava achando que era apenas um pesadelo, eu queria muito que fosse, mas a dor que ficou assim que ela saiu daquela sala nos braços daquela mulher… Ah, um pedaço de mim foi levado em embora junto.

-Thom… -Eu ouvi a voz de Jason se aproximando e o mesmo logo se agachou do meu lado, colocando uma mão sobre meu ombro. -Vai ficar tudo bem, nós vamos dar um jeito. -Falou com uma voz baixa e eu não conseguia respondê-lo.

Minutos depois quem se aproximou foi Edward, se sentando do meu outro lado. Fiz um esforço para me mexer e, quando olhei em seus olhos, pude ver a dor que eu sentia ali. Edward também chorava de forma silenciosa, ele também estava sentindo a dor, também estava sofrendo.

Por que ninguém via o quanto estávamos sendo destruídos com aquilo?! Ficar sem Luna estava sendo uma tortura, nem sabia se aguentaríamos muito tempo longe dela.

Coloquei uma mão sobre o rosto de Edward e foi o que bastou para fazê-lo desmoronar de vez. Ele começou a chorar alto e eu o abracei. Jason, que se manteve calado por todo aquele tempo, saiu de perto de mim, nos deixando à sós.

Naquele momento eu estava me sentindo o pior homem que existia. Fui fraco, não pude defender a minha família e agora estava ali, no chão, sofrendo.

Foi ali que eu comecei a pensar no que eu fiz de ruim pra merecer algo como aquilo. Eu chorava abraçado a Edward, pensando que o destino não queria me ver um minuto feliz, por isso tudo aquilo estava acontecendo.

Por que comigo?! Por que tirar logo a minha filha, que eu tanto desejei pra ter?!

Eu estava muito mal… Mas só iria ficar bem quando minha filha estivesse nos meus braços novamente.






 

Naquele mesmo dia, depois de chorar muito, Edward e eu conseguimos forças para ter uma conversa com Jason.

O mesmo nos explicou com calma para onde Luna iria e quanto tempo teríamos para o aguardar o julgamento.

Fiquei ainda mais horrorizado ao saber que, caso a assistente social dissesse algo sobre aquela tarde, eu com certeza poderia o direito de ver Luna, tudo porque ela pôde ter entendido como negligência da minha parte já que Luna estava doente e eu me tranquei com ela no quarto por horas.

Ah, eu me sentia tão perdido… O que seria de mim agora?!

-Descansem hoje, foi tudo muito rápido e com certeza vocês precisam de uma boa noite de sono. -Jason disse enquanto se levantava do sofá. -Eu vou ter uma conversa com Marta amanhã pela manhã e perguntar quando tudo vai começar, tendo a resposta eu venho aqui avisar vocês. -Ele completou.

Eu não estava muito bem, obviamente, eu queria agradecer a Jason por tudo que ele estava fazendo por nós, mas eu estava triste demais até para lhe dirigir o olhar.

Foi Edward quem levantou e o levou até a porta, eu apenas continuei sentado olhando pro chão. Fiquei imaginando o que eu poderia ter feito para que nada daquilo estivesse acontecendo.

Eu poderia não ter deixado aquelas mulheres entrarem na minha casa, ou poderia ter levado Luna mais cedo no hospital, teríamos evitado esse encontro terrível…

Edward se sentou ao meu lado mas não disse nada, apenas me abraçou e colocou a testa em meu ombro.

-A culpa é minha. -Falei, finalmente tendo alguma reação.

Edward levantou a cabeça e ficou me encarando por alguns minutos.

-Como isso pode ser culpa sua? -Perguntou, me virando para ele.

Eu encarei seus olhos, que estavam um pouco vermelhos devido ao choro de alguns minutos atrás.

Ele era tão lindo… Por que se envolveu com alguém como eu?!

-Não vê, Edward. Desde que eu me separei do Louis e me aproximei de você, só nos acontece tragédias. E olha quem está sofrendo agora, nossa filha que mal tem dois meses. -Falei desesperado. -Eu não sei o que eu fiz pra merecer isso, Edward… Eu sou tão ruim assim pra não merecer ser feliz?! -Comecei a chorar mais uma vez.

Edward ficou um tempo encarando meu rosto e depois me abraçou forte.

-Não quero que diga isso nunca mais. Isso é só uma fase, vai passar e eu vou estar com você. -Ele dizia enquanto acariciava minhas costas.

Eu queria acreditar nele, mas com tudo aquilo acontecendo, eu acabava perdendo as esperanças.

Naquela noite nenhum de nós conseguiu dormir direito. Edward queria que eu tomasse um calmante, pois achava que eu iria enlouquecer, mas depois que passou de uma hora da manhã, eu resolvi tomar apenas para conseguir dormir um pouco.

E eu só desejei acordar quando tudo aquilo acabasse.








 

Acordei no dia seguinte com Edward me chamando.

Não estava na sala, onde eu tinha dormido, e sim no meu quarto, na minha cama e bem confortável.

-Jason ligou. -Disse e eu senti meu coração disparar. -Temos que estar no fórum às duas. -Completou e eu assenti.

Eu não sabia que teríamos que tratar daquilo logo no fórum, mas aquilo poderia significar que as coisas iriam andar rápido, certo?!

Edward pediu para que eu me levantasse, que ele iria me esperar para tomar café. Me levantei, fui ao banheiro e lavei o rosto, não me olhei no espelho pois sabia que minha cara deveria estar um desastre.

Saí do quarto e comecei a caminhar em direção a cozinha, mas antes mesmo de sair do corredor, parei em frente à porta do quarto de Luna.

Fiquei apenas um mês com ela nos meus braços. Já havia virado rotina eu sair do quarto e ir direto para o dela, mas agora era estranho não escutar o seu choro que anunciava que ela estava bem acordada.

Como ela devia estar?!

Engoli o bolo que se formou em minha garganta e voltei a caminhar para a cozinha.

Aquele dia não estava nada bem. O clima entre Edward e eu estava um pouco pesado pois nós dois estávamos de cabeça cheia e, pelo menos da minha parte, eu não queria dizer nada.

E tudo aquilo resultou em um café da manhã completamente silencioso e chato, muito diferente dos outros. Terminamos de comer e arrumamos a cozinha também em silêncio.

Eu já estava prestes a sair da cozinha e ir para a sala, mas Edward me impediu.

Olhei para ele, esperando que o mesmo começasse a falar, mas ele apenas suspirou e se aproximou mais de mim.

-Você… Está se culpando por tudo o que está acontecendo? -Perguntou e eu franzi o cenho. -Eu sei que está… Mas eu queria dizer que você não tem culpa, Thom. Tudo que está acontecendo é culpa da louca da sua ex-sogra, ela é a responsável por tudo isso. -Ele disse e eu abaixei a cabeça, evitando olhar em seus olhos.

Eu estava sim me culpando por terem levado Luna. Eu me sentia um fraco por não ter lutado o suficiente, por não ter a defendido. Sabia sim que tudo era responsabilidade de Elise, mas não tinha como evitar aquele sentimento no meu peito, era mais forte do que eu.

-Eu… Só queria que tudo fosse um pesadelo… Luna não está aqui e eu me sinto culpado por não ter feito nada, Edward! Eu só chorei… -Disse, ainda com a cabeça baixa.

Edward se aproximou mais e tocou em meu rosto, fazendo com que eu lhe olhasse nos olhos.

-Vamos passar por isso. Juntos. E logo teremos nossa filha de volta e, com sorte, a Elise será presa. Só resta você confiar. -Ele disse, me dando um sorriso.

Mesmo sem muita vontade eu retribui o gesto, logo o abraçando. Eu sentia que Edward estava se esforçando para manter a sanidade, caso contrário, nós dois acabaríamos entrando em depressão.

Eu estava admirando sua postura diante daquela situação. Ele estava triste sim, mas mesmo assim continuava confiante e esperançoso.

Ainda bem que eu o tinha…


 

Quando finalmente a tarde chegou, eu comecei a me sentir nervoso, tanto que nem consegui comer alguma coisa.

Edward e eu já estávamos devidamente arrumados e já no carro, indo em direção ao fórum. Mais uma vez não dissemos nada, cada um ficou com seus pensamentos e foi até bom assim.

Assim que chegamos ao fórum, logo no estacionamento nós encontramos Jason.

-Como estão? -Ele perguntou e eu não respondi, estava na minha cara que não estava nada bem.

-Bem, mas na medida do possível. -Edward respondeu. -O que faremos hoje? -Edward perguntou e eu prestei mais atenção na conversa.

-Pelo que a assistente social me falou, hoje será avaliado a forma como vocês estão lidando com a paternidade. Caso apresentem algum sintoma de distúrbios, ou no caso do Thomas, depressão pós parto, a guarda de Luna ficará retida por mais tempo. -Ele disse e eu me senti tremer.

-Nós poderemos vê-la hoje? -Perguntei, torcendo para a resposta ser positiva.

-Infelizmente não, eles nunca trazem a criança pra cá. Bem, também será decidido com quem ela ficará nesse tempo de investigação. -Ele disse.

-Sabe quanto tempo isso dura? -Edward voltou a perguntar, visivelmente preocupado.

-Coisa de um mês, nunca passa disso. -Falou.

Eu não poderia ficar longe da minha filha um mês! Ia ser como uma espécie de tortura para mim.

Ficamos em silêncio enquanto entrávamos no fórum e nos dirigíamos a sala em que ocorreria todo o processo.

Quando entramos na sala, vi que Marta estava ali com sua típica expressão vazia e eu senti raiva dela, mesmo sabendo que era só o trabalho dela. Tinha também um homem sério, de cabelos grisalhos que eu deduzi ser o juiz.

Jason cumprimentou o homem e logo nos sentamos ao redor daquela mesa também.

O juiz começou a dizer o motivo daquela reunião enquanto o escrivão pegava tudo, digitando freneticamente.

Eu não prestei muita atenção naquele início, apenas olhava para Marta, com raiva. Só tirei os meus olhos dela quando a mesma tirou alguns papéis da maleta que carregava e entregava ao juiz.

-Foi essa pessoa quem pediu a guarda provisória da criança, meritíssimo. -Marta disse e eu entrei em alerta. -A pessoa passou em todos os procedimentos e está apta a ficar com a criança. -Finalizou e eu comecei a respirar audivelmente.

Eu sabia que Jason quem tinha que falar por mim e por Edward naquele momento, mas ao ouvir aquelas palavras de Marta eu me senti fora de mim.

-Quer dizer que a minha filha vai ficar com um desconhecido? -Perguntei, atraindo todos os olhares pra mim.

-Por favor, se acalme, senhor Thomas. Com certeza o seu advogado irá lhe explicar o motivo disso, mas primeiro vamos terminar isso. -O juiz disse, com uma expressão que não estava nada boa.

Indignado, apenas cruzei os braços e continuei olhando para a mesa.

-Os pais da criança não podem ficar sem vê-la, meritíssimo. Quero propor um acordo para escolher os dias em que eles possam fazer a visita a criança enquanto ocorre o processo de investigação. -Jason falou e só assim eu voltei a prestar atenção na conversa novamente.

-Como está escrito no meu depoimento, meritíssimo, eu quero que isso não aconteça. -Marta interrompeu e eu senti meu queixo cair.

Aquela mulher não queria que eu visse a minha filha?!

O juiz mexeu nos papéis que Marta havia lhe entregado antes e assentiu enquanto lia um.

-Explique o motivo, senhora. -Ele pediu encarando-a.

Marta, com sua máscara de frieza, dirigiu o seu olhar para mim. Como se estivesse me desafiando.

-No dia em que fomos buscar a criança, o senhor Thomas não aceitou muito bem e se trancou no quarto com a filha. -Disse e eu me senti tremer de raiva.

-Mas isso é uma reação normal. -Interferiu Jason. -Qualquer um que ama o filho, não ia querer que o mesmo lhe fosse tirado sem aparente motivo. -Falou e o juiz concordou com a cabeça, olhando novamente para Marta.

-Claro que sim. O problema, vossa excelência, é que ele se trancou no quarto por mais de quatro horas e a criança estava doente, com febre alta. E ela ainda ficou sem se alimentar todo esse tempo. -Pude jurar que vi um sorriso irritante nos lábios de Marta quando a mesma terminou de falar e olhou pra mim.

Eu estava sem reação. Não sabia que aquilo voltaria contra mim… Eu só queria proteger a minha filha…

-Isso está correto, senhor Jason? -O juiz se virou para Jason e o mesmo apenas assentiu, abaixando a cabeça logo depois. -Bem, então está sessão se encerra por aqui. Enquanto as investigações não terminarem, o senhor Thomas e o senhor Edward não poderão ver a criança até que se prove que os dois são aptos a terem a guarda da criança. -O juiz disse e logo se levantou.

O homem cumprimentou Jason, Marta e até mesmo Edward, mas eu não conseguia me mexer. Continuei parado, encarando o lugar onde o juiz estava sentado, sem nenhuma reação.

Só percebi que estava chorando quando Edward se sentou ao meu lado e secou as minhas lágrimas. Quando finalmente o olhei, pude ver que ele estava tentando conter o choro, mas a qualquer momento poderia desabar assim como eu.

Jason pediu várias desculpas por não poder fazer nada, claro que a culpa não era dele por tudo o que estava acontecendo, era apenas minha culpa.

Eu deveria ter agido como um adulto naquele dia, acabei destruindo minha felicidade por uma inconsequência.

Nos despedimos de Jason e fomos para casa.

A única coisa que eu queria era ter a minha filha nos braços naquele momento, mas como não seria possível, o que me restava era chorar.






 

Eu nunca senti uma dor tão forte quanto aquela.

Fazia exatamente uma semana que eu não via a minha filha e meu coração estava se apertando tanto que, a qualquer momento, eu poderia sentir ele quebrar.

Edward também não estava em um bom estado. Ele estava tão triste que eu achei que o mesmo iria adoecer, por isso fui com ele até o hospital e pedimos que adiassem a volta dele que seria naquela mesma semana.

Na minha percepção, eu estava bem, mas não foi o que aconteceu ao ouvir Edward dizer ao telefone, para Jason, que eu estava entrando em depressão.

Eu não comia direito, nem sabia mais o que era dormir, e toda vez que eu passava em frente ao quarto de Luna eu era acometido por um choro incontrolável, que só passava quando Edward me dava alguns comprimidos de calmante.

Nunca me senti tão destruído.

Aquela casa grande, sem os sons que Luna fazia ao ficar feliz, ou até mesmo seu choro, era horrível. Eu me sentia sufocado em estar ali.

-Amor? -Ouvi Edward dizer mas não me levantei.

Já se passava da hora do almoço e eu nem tinha levantado da cama.

-Ei… Vamos comer. -Ele se aproximou e tocou em meu rosto.

Edward sorria, mesmo que a tristeza estivesse estampada em seu rosto. Eu o admirava por estar sorrindo até em um momento como aquele.

Eu queria ser forte como ele…

-Não quero comer… -Minha voz saiu em um sussurro.

Edward apenas suspirou e se ajoelhou ao meu lado, se rosto ficando a centímetros do meu.

-Ei, você não pode ficar assim. E se uma daquelas mulheres virem aqui e te ver desse jeito?! -Ele disse e eu suspirei.

-Mas é por culpa delas que estou assim. -Disse, mas mesmo assim me levantei e isso fez Edward sorrir.

-Vamos nos preparar, ela ou ele pode chegar a qualquer momento para fazer as perguntas que o Jason falou. -Edward se colocou de pé e me puxou pelas mãos para que eu me erguesse também.

Ficamos frente a frente e eu não pude deixar de sorrir ao ver aquele sorriso no rosto dele. Edward era um homem incrível e eu agradecia sempre por tê-lo encontrado e formado uma família com ele.

-Eu amo você. -Disse e o sorriso dele se abriu ainda mais.

-Eu te amo mais. Agora vai, toma um banho e depois vai comer alguma coisa. Eu vou colocar a roupa pra lavar. -Ele disse e saiu do quarto logo depois de me dar um beijo na bochecha.

Como ele havia pedido, tomei um banho rápido e troquei o meu pijama por uma roupa mais quente já que o frio naquele dia estava insuportável.

Ao invés de ir para a cozinha procurar o que comer, eu fui para a sala e me sentei em um dos sofás, em frente à tevê desligada. Fiquei encarando o meu reflexo na tela do aparelho e percebi que, apenas uma semana sem a minha filha tinha me causado efeitos terríveis.

Eu precisava melhorar aquela expressão antes que alguém da assistência social chegasse.

Segundo Jason, nossa casa seria visitada todos os dias durante um mês para checarem se Edward e eu éramos “aptos” para cuidar da nossa filha. Fora essas visitas, ainda teríamos que frequentar psicólogos e passar por vários testes para comprovar que nós poderíamos ficar com Luna.

O que mais me matava era o fato de não poder vê-la uma vez sequer nesse mês. E o pior, eu nem sabia com quem ela estava.

Fiquei ali por mais alguns minutos até ouvir a campainha tocar.

Meu coração se acelerou e eu logo pensei que poderia ser uma das mulheres daquele dia, o que eu esperava que não fosse pois eu estava com uma raiva tremenda delas.

Me coloquei de pé e vi que Edward estava parado no corredor me encarando apreensivo.

-Eu atendo. -Falei e ele assentiu, ficando parado no mesmo lugar.

Fui até a porta e peguei a maçaneta, suspirei e, depois de contar até três, abri a porta.

Felizmente não eram nem Sônia nem Marta e sim um homem. O que me surpreendeu é que eu o conhecia.

Ele estava com uma expressão tão assustada quanto a minha.

Mas nada pode descrever a sensação que eu tive ao vê-lo segurando em seus braços a minha pequena filha.











 


Notas Finais


E então?! Acho que está claro quem é né?! Hahah
Comentários por favor
Até mais


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