História New Moon - Capítulo Dois- Duplicata

Capítulo Dois- Duplicata

“ As vezes o eterno passa como um segundo” – Alice no País das Maravilhas

 Era como se eu estivesse olhando em um espelho, eu queria me mover e observar aquilo que parecia ser meu reflexo mas as inúmeras correntes presas em meu corpo dificultavam cada ação. Por fim, já não havia música e o fato de eu ter sobrevivido a queda rondava a minha cabeça, a garota derramava o sangue de sua mão direita em meu grimório e um calafrio percorreu por cada centímetro do meu corpo, fui engolida pela escuridão do céu da floresta e quando a última gota de sangue caiu, me perdi em minha própria mente.

 Abri os olhos confusa e a cada segundo tinha certeza de que o lugar não é um simples pesadelo se torna maior. A corrente presa a minha boca havia ganhado alguns pregos que a garota tinha prazer em apertá-los contra o meu rosto, seu sorriso se estampava a cada gemido e meus olhos se tornaram cachoeiras. Eu não sabia o motivo de a tal estar fazendo isso comigo, só sabia que aquilo a dava um enorme prazer, a garota demonstrava tamanha maestria no domínio da magia, formava esferas flamejantes em suas mãos e as aproximava do meu corpo causando terríveis queimaduras.

 Meu corpo já havia se acostumado com a tortura, ela não me dirigia uma única palavra e aquilo tornava tudo pior, meu desejo era fugir dali e voltar para o aeroporto. Por um momento, a mulher aproximou seu rosto ao meu e pela primeira vez se dirigiu à mim – Acho que já chega. . . bem, lhe devo explicações, eu sou você, sou você a 1516 anos atrás e estamos em uma fenda temporal criada por mim , simplesmente para lhe torturar nessa época conhecida como Idade das Trevas! – Sua voz era calma e irônica, sua voz cortava o ar enquanto meu corpo havia se paralisado com cada palavra -  Mai, pena que sua bondosa avó jamais conseguirá te tirar daqui e seremos apenas eu e você nesse lugar imundo. . . duas duplicatas juntas para todo o sempre.

 Lágrimas escorreram pelo meu rosto, não eram de tristeza e sim de impotência, o fato de estar presa e sem nenhuma chance de fuga corroía a minha mente. Me debati inúmeras vezes contra aquela pedra que se mantinha presa contra meu corpo pelas correntes, em vão, a garota retirou uma faca do cinturão que levava e a aproximou do meu pescoço, fechei os olhos e esperei que o terrível pesadelo tivesse finalmente chegado ao fim. . . mas não.

 Tudo aconteceu em milésimos de segundos, um garoto com uma face furiosa e um olhar não humano surgiu em meio aos arbustos e saltou contra a minha duplicata, eles voaram sobre mim e aterrissaram brutalmente contra o solo, a mulher formava fogo em suas mãos na tentativa de queimar o jovem que aguentava firmemente enquanto tentava estrangula-la, ambos mantinham-se no confronto até o tal direcionar suas garras contra a corrente principal que de certa forma prendia todas as outras, senti-las se afrouxando era maravilhoso. Levantei-me com dificuldade já retirando os pregos das minhas bochechas que de alguma forma se cicatrizavam – Garota – O jovem se dirigiu a mim com uma expressão de dor – Use um feitiço de selamento e termine com tudo isso! – Ele gemeu – Mas feitiços de selamento são extremamente difíceis – retruquei -  Tsc. . . eu confio em você, selar a Teressa é a única forma de sair dessa fenda temporal!

 Me toquei do quão fraca estava sendo, e por um instante minha fixa caiu, a minha vida e todo o meu futuro dependia da minha próxima ação – Beacon Hills me aguarda, vou acabar com essa vadia! – Disse furiosa pegando o grimório, as páginas continuavam em branco até que algumas gotas de sangue caíram da minha boca tocando o livro, de alguma forma o meu sangue fazia as páginas voltarem ao normal, peguei a faca que Teressa havia deixado cair e num gesto confiante desferi um golpe contra minha mão que jorrou sangue fazendo o grimório se completar.

 O garoto mantinha a imobilização contra a duplicata, que demonstrava fúria nos olhos. Busquei pelas páginas algo que ajudasse mas parecia ser tarde demais, Teressa aumentou a potências das chamas contra o garoto que já não suportava a dor das queimaduras, até que nossos olhos se encontraram e diante daquele momento horrendo o tempo parou, havia sido como no dia em que fui reconhecida como bruxa, as páginas novamente mudavam sozinhas até parar exatamente naquilo que precisávamos.

 Me aproximei da duplicata e do garoto tocando o ombro de ambos, fechei os olhos desejando que o selamento se sucedesse bem, iniciei o recital em latim, meus olhos se abriram revelando um circulo azulado abaixo de ambos. Minhas palavras pararam o tempo, o jovem olhava para mim com ternura como se de alguma forma me conhecesse e antes que tudo estivesse feito, ele sorriu. Todo o local foi coberto por uma intensa luminosidade que me cegava, por um breve momento os vi cair sobre o solo com marcas do feitiço de selamento, estas garantiam que ambos ficariam selados pela eternidade e como num piscar de olhos eu estava de volta ao aeroporto. Olhei confusa para todos os lados, retirei meus fones e me assustei quando uma mão tocou meu ombro direito – Até que em fim o voo chegou, Beacon Hills nos espera minha neta!