História New Stage - Slip.

Acordei ouvindo vozes exaltadas de algum lugar. Estava escuro então eu apenas me levantei preguiçoso e olhei pelo vão da porta.

- você não presta! Suma daqui! – uma voz feminina gritou antes de eu ouvir barulhos de louças jogadas.

- quem é você para me mandar embora da minha própria casa!? – um homem respondeu no mesmo tom irritado e alto.

Eu não conseguia ver quase nada do vão da porta e por algum motivo não tinha coragem de ir até la. Dali eu apenas via parte do sofá da sala e a entrada da cozinha.

- essa casa não é sua. Você só vem aqui para trazer problemas! Suma e leve seu vicio maldito com você. – a mulher rebateu.

Avistei um relance dela indo para a sala, seu cabelos eram longos e ondulados e ela vestia um vestido. Então um homem alto se aproximou e agarrou seu braço a puxando para ele com força.

- Olhe como fala comigo, eu ainda sou seu marido. – ele disse firme com sua voz grossa que me soou estranhamente familiar e dolorida.

A mulher tentou se soltar dele.

- você não é meu marido, na verdade você não é nada! É um lixo humano! Um viciado! – ela gritou irritada para ele que lhe deu um tapa forte no rosto me surpreendendo.

A mulher caiu no chão com a mão na bochecha chocada, mas não recuou. O homem se preparou para esmurra-la.

- sua...

- não! – eu sai correndo do quarto e fiquei a frente dele, que parou e me olhou.

Mesmo eu não conseguindo distinguir seu rosto, eu sabia que o conhecia. Ele me empurrou com força me jogando para o lado como um boneco.

- saia da frente moleque imprestável. – Resmungou e voltou para a mulher.

O homem começou a esmurra-la e espanca-la de forma irregular enquanto eu tentava afasta-lo e a ouvia gritar.

- Nico se afaste... – ela dizia, mas sua voz saia diferente agora. – Nico! Nico! – a voz da mulher se transformou na voz do Percy o que me fez abrir os olhos rapidamente.

Me vi encarando um par de olhos verdes cintilante, seu cenho estava franzido mostrando que ele estava preocupado. Engoli em seco sentindo um nó em minha garganta.

- o que...? – perguntei me levantando e sentando na cama atordoado.

- você estava tendo aqueles tipos de sonhos? Comigo perto? – perguntou Percy ofendido e eu suspirei me recuperando.

- mais ou menos. – falei sincero. Aquele sonho não tinha sido tão ruim quanto poderia. Olhei para ele que me encarava cismado, sorri. – Esqueça isso. Bom dia. – falei lhe dando um selinho breve.

Com isso ele relaxou de imediato. Percy sorriu daquela forma juvenil que eu amava e me puxou para ele sem aviso nos deitando novamente comigo enrolado em seus braços fortes.

- bom dia Nico. – disse me apertando como se eu fosse um bichinho de pelúcia.

- ai Percy! – me remexi em seus braços esmagadores. – está me sufocando!

Ele riu laceando seu aperto me olhando com carinho e fazendo bico.

- não quero que vá trabalhar. Não quero que você cresça nunca. – disse como uma criancinha.

Sorri sem evitar.

- você parece uma menininha falando assim. – zombei e ele pareceu não se incomodar, pelo contrario só piorou seu estado de manha.

- não fale assim comigo Niquinho... – ele fez uma voz de criancinha pior ainda e eu comecei a rir com ele logo me acompanhou, então me beijou de surpresa.

Retribui seu beijo que começou calmo, mas logo ficou intenso demais. Percy se colocou em cima de mim e sorriu malicioso descendo para meu pescoço me fazendo segurar o gemido.

- Percy temos aula... – argumentei e ele deu nos ombros sem se importar descendo sua mão pelo meu peitoral até chegar em meu membro que já estava acordando. Quando ele o pegou massageando eu grunhi tentando me segurar. – argh... Percy...- insisti em tentar impedi-lo sem sucesso.

Percy me olhou nos olhos com um sorriso de lado, travesso. Seus olhos verdes pareciam mais claros agora a luz da manhã ensolarada de NYC.

- você quer mesmo que eu pare? – ele perguntou malicioso e por um momento me perdi em seu mar esverdeado.

Percy riu para si mesmo quando não respondi e desceu beijos pelo meu peitoral passando pelo meu mamilo me enlouquecendo e quando chegou ao pé da minha barriga ele me olhou com a coberta em cima de si. Foi até bonitinho, parecia um gatinho manhoso.

- então? Se quiser parar é só pedir. – ele disse tranquilo.

- eu... – abri a boca para responder mas ele colocou sua boca em meu membro. – aah deuses... – gemi em resposta o fazendo rir e continuar.

(...)

- Droga Percy, ande logo! – gritei para ele que estava no banho.

Tomei meu café impaciente, Percy saiu do banheiro só de toalha e veio até mim com o cabelo pingando e me abraçou por tras me fazendo dar um leve pulo de susto com seu corpo molhado.

- argh! Percy! – me soltei dele que me olhava divertido. – Ande logo vamos chegar atrasados por sua culpa. – reclamei.

- pare de gritar Nico. já estou indo. – ele disse sem se importar. Estava com um ótimo humor e eu sabia o porquê.

Pensar nisso me fez corar e assim que ele percebeu sorriu e me beijou com carinho. Retribui no mesmo instante, colocando minha mão em seu rosto gelado pela água do banho recente.

- Per... Ah deuses! – a voz de Jason soou perto e meu coração parou.

Me afastei de Percy em impulso sentindo todo meu corpo tremer. Jason estava na entrada da cozinha nos olhando corado e com uma mão na boca me impedindo de saber se ele estava constrangido ou irritado.

Percy estreitou os olhos para ele.

- Bata na porta Jason. – ele disse serio, mas não parecia tão afetado por ter sido pego em flagrante comigo.

Não consegui dizer nada, minha voz simplesmente não saia. Jason intercalava seus olhos de mim para Percy o tempo todo.

- não fique andando de toalha pelo apartamento Percy. É deprimente. – Jason disse enfim tirando a mão do rosto mostrando um leve sorriso despreocupado.

Espere, o que!?

Percy revirou os olhos e se afastou de mim.

- Meu apartamento. – ele disse para Jason antes de passar por ele em direção ao quarto.

Fiquei incrédulo olhando para os dois agindo com tanta naturalidade depois daquilo. Jason voltou seus olhos para mim e riu se sentando a mesa a minha frente e se servindo de um pouco de café.

- o que foi Nico? parece que viu um fantasma. – ele disse indiferente.

Minha cabeça girou e eu não sabia como levantar meu queixo caído.

- você... você... – gaguejei sem saber o que dizer o fazendo rir de novo.

- tudo bem Nico, eu já sabia. – deu nos ombros com desdém.

Respirei fundo tentando organizar meus pensamentos.

- como? – perguntei confuso.

- Percy me contou quando se beijaram, ai ele terminou com a Annabeth, então vocês ficaram insuportavelmente inseparáveis. Não foi difícil deduzir. – respondeu tranquilamente tomando seu café.

Aut!

Levei um tempo para me lembrar de respirar e me mover, quando fiz sentei a mesa com ele.

- me desculpe por não te contar. Eu não sabia que você reagiria... assim. – confessei e ele parou me encarando.

Seus olhos acinzentados fixaram nos meus e neste momento eu percebi que ele estava ofendido, mas não iria demonstrar.

- tudo bem, eu entendo. – forçou indiferença dando nos ombros e voltando a passar geleia em sua torrada.

O observei por um momento.

- tem certeza? Quero dizer, não é estranho? – perguntei incerto.

Ele fez uma careta breve.

- tenho e na verdade é bem estranho, para qualquer um, mas não para mim. – respondeu pensativo.

Foi minha vez de fazer uma careta.

- o que isso quer dizer?

Ele sorriu.

- que todo mundo que conhece vocês dois já deve saber disso. – ele respondeu como se fosse obvio. – apenas não fiquem se agarrando na minha frente.

Eu estava digerindo suas palavras quando Percy volta sentando ao meu lado e começando a tomar seu café da manhã tranquilamente. O observo incrédulo, mas tento disfarçar.

- então Jay, o que é que você quer aqui? – Percy perguntou indiscreto e Jason pareceu não se importar, manteve sua expressão despreocupada.

- Piper me chamou para ir para a festa da faculdade com ela, mas aquilo la não é mais para mim então vim tentar abduzir vocês e converter para meu lado da força no qual vocês vão comigo e não me deixam sozinho. – ele disse nos olhando em expectativa.

Olhei para Percy que retribuiu meu olhar incerto. Eu realmente não gostava de festas.

- quando? – Percy perguntou por fim.

- no sábado a noite. – ele respondeu como se pensasse se era mesmo essa a data.

- eu sinto muito, mas vou passar essa Jay. Começo o trabalho na segunda então tenho que adiantar alguns trabalhos da faculdade. – dei minha melhor desculpa que não era tão desculpa assim.

Ele fez bico para mim e depois se virou para Percy.

- por favor!? – pediu manhoso.

Percy se remexeu desconfortável na cadeira, torcendo o lábio.

- não sei Jason. Essas festas não costumam acabar bem. – impôs e Jason bufou.

- eu vou estar com você e tenho certeza que o Nico não se importa. – ele se virou para mim insinuativo.

Não sei dizer se corei ou fiz uma careta antes de dar nos ombros fingindo indiferença.

- tanto faz para mim. – falei.

É claro que importava, afinal eu sabia como eram aquelas festas, mas não ia prende-lo ou impedi-lo de nada. Além disso eu confiava nele.

- Aut! – Percy me olhou ofendido. – obrigado pela indiferença a minha pessoa.

Revirei os olhos.

- sem drama Percy. Se você quiser ir vá, simples assim. – falei impaciente. - Agora por todos os deuses existentes vamos logo que estamos atrasados.

Jason segurou o riso enquanto ele me olhou serio e logo voltou a comer sem responder.

POV PERCY.

Nico é maravilhoso.

As vezes eu me pergunto porque demorei tanto para perceber como eu realmente gostava dele.

Não importa com quantas garotas eu tivesse dormido, com quem fosse ou como fosse, a noite em que transamos pela primeira vez foi simplesmente perfeita.

Eu apenas tenho que admitir que o amo e nada mais.

Era sábado, eu estava extremamente preguiçoso e não queria ir aquela festa irritante, mas Jason me encheu tanto o saco que foi quase impossível dizer um não para ele e mesmo que eu dissesse duvido que ele aceitaria.

Me arrumei “daquele jeito” e me joguei no sofá ao lado do Nico que tinha alguns papeis da faculdade em mãos. Parece que ele não estava mentindo quando disse que tinha trabalhos a fazer. Seus olhos negros foram para mim e sua testa se franziu.

- com toda essa sua animação é capaz do Jason se arrepender de ter te chamado. – comentou segurando o sorriso o que o deixava muito fofo.

- essa é a intenção. Fazer ele se arrepender por ser tão insuportável. – reclamei me aproximando dele e puxando seu rosto para mim lhe dando um beijo leve e singelo nos lábios.

Nico correspondeu de imediato e eu sempre me impressionava com o quanto eu poderia querer ele. Nunca parecia o suficiente, eu sempre estava o querendo mais e o tempo todo. Tentei aprofundar o beijo, mas já sabendo no que daria Nico sorriu e me afastou.

- daqui a pouco ele chega e eu já fui avisado para não “me agarrar” com você na frente dele. – ele disse sarcástico e eu bufei irritado.

- o problema é inteiramente dele por sempre aparecer quando estamos nos agarrando. – resmunguei o puxando para perto de novo e lhe dando outro beijo que ele teve que cortar. Reclamei com um gemido.

- não seja infantil Percy. Apenas vá a essa festa, finja que está legal e quando ele se distrair você volta logo. – disse simplesmente como solução.

Tentei não sorrir, mas foi vão.

- você nunca foi a uma festa da faculdade não é? – perguntei forçando seriedade sem sucesso. Ele corou e desviou os olhos envergonhado me fazendo soltar o sorriso. – vamos e eu te mostro que não é tão fácil assim sair delas sem que acabem.

Ele suspirou pesadamente impaciente.

- como se eu quisesse descobrir. – murmurou antes de me olhar firme. – apenas não faça nenhuma besteira. – alertou e foi minha vez de suspirar.

- obrigado pela confiança, é muito animador. – desviei os olhos irônico.

Senti seu olhar em mim antes dele me dar um beijo na bochecha me surpreendendo e quando o olhei ele sorriu de leve.

- eu confio em você. – garantiu de um jeito mais fofo do mundo.

Sem conseguir evitar o puxei para mim e lhe dei um beijo aprofundado.

- aram... – Jason fingiu limpar a garganta na entrada e nós paramos olhando para ele.

Nico corou no mesmo instante e eu apenas encarei meu irmão mais velho super produzido com indiferença.

- existe campainha no apartamento Jason e algo chamado “bater antes de entrar” também. – falei sarcástico e ele estreitou os olhos para mim divertido.

- claro, tanto faz. Vamos logo. – ele disse apressado.

- já vou, já vou! – falei exaustivo me levantando. Nico tinha uma careta para Jason e depois me olhou, sorri para ele e me inclinei beijando seus lábios com carinho. – Boa noite e tome seus remédios antes de dormir.

Ele riu de mim.

- claro Pai, eu ainda tenho 10 anos. – reclamou, mas não parecia realmente ligar.

- apenas se cuide. – reforcei o olhando nos olhos e ele assentiu de leve.

- você também. – disse.

Lhe dei outro beijo rápido e sai com Jason do apartamento.

(...)

Havia me esquecido como festas da faculdade eram agitadas e barulhentas.

Eu estava no meu ultimo ano e você pode ter certeza que a maioria dos alunos que vão a essas festas são calouros ou estão há pouco tempo na faculdade, porque depois de um tempo os estudos e trabalho te consomem e você não quer nada no final de semana além de sua cama.

Mas aqui estou eu. Em uma festa de adolescentes embriagados com meu irmão mais velho e a namorada dele. Piper estava animada com aquilo e eu não sabia o porque, para falar a verdade nem estava interessado. Eu mal havia chegado já queria voltar para meu apartamento e passar a noite ao lado do meu namorado/irmão.

Tudo só piorou quando eu vi ela. Porque é que eu não cogitei aquela hipótese?

Os cabelos loiros ondulados de Annabeth estavam soltos e balançando conforme a musica, ela estava rodeada de garotos mais velhos e parecia não ligar. Não que eu ligasse, mas era um pouco ofensivo. De qualquer forma eu tinha que admitir que ela era linda, mas não conseguia sentir mais nada por ela.

Desviei os olhos e peguei uma bebida qualquer já a tomando. Estava forte e tinha um gosto estranho, mas não liguei. Jason já havia sumido com a namorada no meio da multidão e eu estava ali, mais uma vez me perguntando o porque de eu ainda estar ali.

Sem saber o que fazer vaguei pela festa por um tempo. Bebidas em cima de bebidas, dança e cansaço. É o que eu me lembro até parar em um canto e ver alguém se aproximar.

- olha só quem está aqui sem seu cachorrinho. – Annabeth disse debochada e alterada para mim.

Ela estava claramente bêbada e eu sabia bem como ela ficava insuportável daquele jeito.

- não enche Annabeth. – resmunguei a ignorando, mas ela não desistiu.

- ah meu amor, eu sinto tanta sua falta. – ela se jogou em mim falando em meu ouvido tentando, apenas tentando ser sexy.

Fiz uma careta para ela e a empurrei delicadamente para longe.

- claro, claro. Sinto não dizer o mesmo. – falei impaciente e ela fez bico.

- não seja cruel Percy. Você me amava. – atirou e eu suspirei encarando a garota.

Ela tinha razão, não era justo trata-la daquela forma.

- é... amava. – pensei alto.

Annabeth ficou me olhando por um momento e depois torceu o lábio pensativa.

- tudo bem. Já superei você. – ela disse embriagada sorrindo. – vamos brindar a isso! – ela se virou e pegou dois copos de bebida em uma mesa próxima e me deu um.

Peguei receoso, mas era só bebida.

- brindar a que? – questionei confuso e ela riu.

- aos novos tempos! – disse em meu ouvido.

Suspirei dando nos ombros e brindamos tomando o liquido rapidamente.

(...)

Eu estava cansado de me perguntar o porquê das coisas, mas aqui estava eu de novo, me questionando o porquê eu ainda bebia.

Minha cabeça doía e meu estomago estava dolorido e com a sensação vazia.

Abri os olhos preguiçosamente percebendo que estava extremamente confortável. A luz da manhã invadiu e machucou meus olhos me fazendo recuar e piscar algumas vezes antes de me sentar olhando ao redor, procurando saber onde estava.

O quarto era estranhamente familiar, a tv grande a frente, a escrivaninha, a poltrona vinho. Mas ainda assim eu não conseguia me lembrar onde estava.

Droga o que é que tinha naquela bebida? Eu não bebi tanto a esse ponto. Ou bebi?

- Percy? – uma voz soou ao meu lado fazendo todo meu corpo gelar e paralisar.

Meu coração parou por um momento e depois bateu rápido demais, minha mente trabalhou mais do que conseguia para tentar lembrar como é que fui parar naquela situação sem sucesso.

Olhei para o lado da cama encontrando a pior coisa possível. Annabeth nua deitada ao meu lado acordando. Com o susto olhei para mim mesmo percebendo estar da mesma forma.

Não, não, não e não! Eu não fiz isso, não... eu negava para mim mesmo atordoado.

- o que foi? – ela perguntou se levantando e se mantendo sentada ao meu lado. Não disse nada e me recusei a olha-la também. Ela entendeu rapidamente. – você não se lembra de nada? Oh...

Respirei com dificuldade.

- a gente... nós...? – gaguejei sem saber o que dizer. A noite passada era um grande apagão.

Ela suspirou com o lábio torcido, mas não parecia nada ofendida.

- resumindo: nós bebemos, nos divertimos, viemos para minha casa, transamos algumas vezes e dormimos. Você quer detalhes? – perguntou sarcástica e eu a olhei incrédulo.

- como você... eu não acredito... – eu estava atordoado demais para formar uma frase completa.

Ela me olhou fixamente.

- eu te amo Percy, jamais vou sentir vergonha disso e muito menos de estar com você. – disse parecendo sincera.

Seus braços foram para o redor do meu pescoço e ela tentou me beijar, mas eu me desviei e levantei rapidamente colocando minha roupa que estava jogada pelo quarto.

- não fale essas coisas. Na verdade não diga nada disso. – parei e a encarei que me olhava ofendida. – isso nunca aconteceu entendeu? – falei serio terminando de me vestir.

- o que? Porque? – perguntou ela indignada.

Olhei ao redor procurando meu celular e carteira.

- minha carteira e meu celular. – Falei a ela que apontou para a escrivaninha. Peguei meu celular que estava sem bateria. – Droga! – praguejei baixo.

- é por causa dele? Quer dizer que vocês estão juntos? – ela perguntou me lembrando de que ainda estava ali.

Respirei fundo e a encarei. Annabeth me olhava com tristeza.

- sim. – respondi simples e sincero. Ela desviou o olhar parecendo segurar as lagrimas.

- não vou dizer nada para ninguém, até porque isso é humilhante. – falou baixo quase inaudível.

Sei que deveria me sentir mal por ela, mas algo me dizia que aquilo não era tão sincero assim. Apertei o lábio por um momento.

- Obrigado. – falei indo para a porta.

- Percy! – ela me chamou me fazendo parar sem olha-la. – você realmente não sente mais nada por mim?

Aquela pergunta me causou uma dor nova e confusa. Eu simplesmente não queria mais magoa-la, porem sabia que já estava fazendo isso e tinha que ser sincero.

Me virei para a garota loira e linda de olhos acinzentados marejados que me fitavam.

- eu sinto muito Annabeth. – foi a única coisa que consegui dizer antes de sair do quarto fechando a porta atrás de mim.

O apartamento que ela dividia com uma amiga estava vazio, ou apenas ninguém tinha acordado ainda o que eu agradeci. Sai o mais rápido possível de la pegando um taxi em direção ao meu apartamento.

Droga, droga, droga, mil vezes droga! Eu sabia que não deveria ter ido aquela festa imbecil!

Não Percy, a festa não é imbecil. Você é!

Como é que eu pude fazer isso? Como pude ser tão imbecil e imprudente!? Nico nunca vai me perdoar... é isso, acabou. Tudo está acabado por causa da minha estupidez.

Sem conseguir me controlar abaixei a cabeça nas mãos e deixei algumas lagrimas de frustração rolar. Eu nunca havia me sentido tão perdido na vida.

Eu não posso perde-lo.

Quando cheguei ao apartamento fui direto para o de Jason. Talvez ele me dissesse o que houve e eu batesse nele por me deixar fazer uma besteira ainda mais tão grande quanto aquela.

Bati na porta e os olhos azuis sonolentos dele apareceram, quando me viram arregalaram um pouco e depois estreitaram. Sem dizer nada me coloquei para dentro do apartamento fechando a porta atrás de mim.

Jason cruzou os braços me olhando furioso.

- onde é que você estava!? – ele perguntou parecendo um pai.

- preciso da sua ajuda. – falei mordendo o lábio e batendo o pé nervosamente.

Jason fez uma careta.

- não venha com essa cara de pau. Eu te procurei a noite toda, você simplesmente sumiu. Uma hora estava ali dançando com a Annabeth outra... – ele começou rápido e irritado depois parou e me olhou entendendo. – ah não! Não acredito que você... – sua boca se abriu em indignação. – seu imbecil! – ele me xingou dando um tapa em minha cabeça.

- ai! Pare! Eu sei! Eu sei! – falei me afastando dele com um gemido triste e me joguei no sofá.

Jason se sentou ao meu lado e me olhou triste, mas ainda nervoso.

- você vai contar para ele. – impôs.

- não. Eu não posso. – gemi cobrindo o rosto com as mãos tentando conter as lagrimas que queriam escapar.

- foi uma afirmação Percy. Como é que você foi fazer isso? com ela e... com ele!? Céus eu quero muito espancar você agora. – ele murmurou quase que para si mesmo.

- eu não sei ok!? Eu realmente não me lembro de nada. Não sei o que aconteceu na metade da festa e eu nem bebi tanto para ficar assim. – falei com um suspiro incrédulo recebendo outro tapa forte na nuca. – ai! Mais que inferno Jason!

- não reclame que você merece pior! – falou nervoso me fazendo engolir seco por ser verdade. – não me interessa que não lembre, se bebeu ou não. O que me interessa é que tem um cara no apartamento da frente que é inocentemente apaixonado por você e você acabou de jogar isso fora! – ele jogou em mim nervoso.

As lagrimas saíram agora sem permissão. Suspirei apoiando nas mão.

- eu sei merda, eu sei! – choraminguei. – é por isso que não posso contar... eu o amo Jason, mais que tudo, eu não quero magoa-lo assim... não posso... não posso ficar sem ele, perde-lo...

As palavras saiam sofridas da minha boca, carregadas da culpa e tristeza que eu sentia naquele momento. Jason não mostrou nenhuma reação por um momento, mas eu sentia que ele ainda estava ali, me observando ser um fracasso total.

Então me surpreendendo ele me puxou pelo ombro e me abraçou confortando. Me permiti chorar em seu peitoral e agradeci por ele não se impor, estava precisando daquilo.

- não vou dizer nada. – ele disse de repente me fazendo enrijecer em surpresa. – até porque é você quem tem que dizer, então vou respeitar isso. – breve silencio. – talvez isso nunca mais aconteça, talvez tenha sido um pequeno deslize sem causa ou consequências, então você pode apenas ignorar, ou tentar. Mas você nunca vai esquecer Percy. – com isso fechei os olhos permitindo a dor correr pelo meu corpo como as lagrimas corriam pelo meu rosto. – Espero que dê tudo certo e você esteja escolhendo o caminho certo, mesmo que eu não concorde.

Senti em seus braços.

- Obrigado irmão. – falei sincero e ele passou a mão em meus cabelos, acariciando.

Jason podia ser insuportável as vezes, irritante e incrivelmente mimado, mas ele era muito mais compreensivo do que parecia. Meu irmão mais velho e melhor amigo estava ali para mim quando eu precisasse e mesmo eu sabendo que Nico também era seu irmão, que ele tinha o mesmo instinto em protege-lo, Jason decidiu deixar que eu tomasse minha decisão.

Então nesse momento eu o abracei mais forte, agradecido por tê-lo ali.