História New Stage - Film, ride and Feeelings.

Depois de muita discussão de qual filme iríamos ver, decidimos apostar em uma comédia. Percy foi até a cozinha preparar um balde de pipoca, Jason conectava a Netflix na Tv para poder colocar o filme e eu apenas fiquei no sofá sentado observando.

Após alguns minutos com tudo preparado damos play no filme e nos ajeitamos para vê-lo. Como o sofá se esticava formando um sofá-cama ficamos deitados vendo o filme e como se fosse automático eu me encontrava no meio entre os dois. Isso quase sempre acontecia quando morávamos juntos: eu sempre estava entre eles.

Apesar de o filme estar passando, não damos uma devida atenção a ele, cada cena engraçada que passava ficávamos rindo e logo direcionávamos a conversa para uma lembrança do passado ou até mesmo perguntas sobre a faculdade, Nova York e ações do cotidiano.

- A conversa ta ótima, mas eu preciso ir – diz Jason se levantando do sofá- Tenho um compromisso amanhã cedo.

- Em pleno sábado? – digo entristecido pela sua partida- Dorme aqui, eu fico no sofá.

- Proposta tentadora – diz ele sorrindo – Mas eu realmente preciso ir. Eu moro no número 15, pode ir lá quando quiser, lógico se o Percy
deixar você sair de perto dele.

- Ha ha ha, continua com isso? – diz Percy em um tom sarcástico.

- Eu me lembro quando a gente era pequeno, não precisa disfarçar – diz Jason o provocando mais – Ah amanhã vamos sair pra almoçar, quero apresentar alguém pra você Nico.

- Vou finalmente conhecer a Piper? – digo me lembrando da moça.

Mesmo os dois sendo meus irmãos, conversávamos pouco e desde que ambos foram embora de casa não tive contato direto com nenhum. Soube pela minha mãe que Jason estava namorando e que ele dizia sério sobre isso, falando que pensava até em casamento. Ela, quando veio visitar eles, elogiava muito a Piper pela sua beleza e simpática e então como estava aqui agora não tinha mais o
porquê não conhecer ela.

- Posso chamar alguém para ir junto? – diz Percy cortando a minha pergunta.

- Se for quem estou pensando sim – diz Jason olhando para ele como se soubesse de algo – 11h então ok?

Concordamos com ele e me despedi o levando até a porta.

Ao voltar à sala vejo Percy mexendo no celular provavelmente conversando com alguém, deveria ser a pessoa a quem tinha se referido antes. Aquilo martelava em minha cabeça, quem será que ele iria chamar?  Eu não parava de pensar nisso. Queria poder perguntar para ele quem chamaria mas, estava receoso.

Você não tem nada que perguntar Di Angelo, não seja intrometido no primeiro dia.

- Quer ver outro filme? – diz ele me olhando e então percebo que estava em pé na sua frente o encarando.

- Pode ser – digo me deitando ao seu lado de novo e escolhendo outro filme.

Dessa vez optamos por um de ficção científica. O que dessa vez nos fez prestar mais atenção no filme, o que foi bom para mim, pois pude me distrair da curiosidade de saber quem eu encontraria amanhã.

Conforme o filme foi passando sentia meus olhos ficarem pesados, a viagem até NY havia sido muito cansativa. Andar por uma cidade onde você não conhecia era exaustivo.

Sentindo meu corpo aos poucos ceder me ajeito no sofá e percebo que acabo me aproximando mais do corpo de Percy o que me faz na mesma hora me sentir mais confortável, mas também um pouco incomodado.

Estava pensando em me levantar e ir até o meu quarto pegar meu remédio quando sinto as mãos dele em meu cabelo acariciando, olho para ele que fitava o filme a frente, mas tinha um sorriso leve no rosto fazendo meu coração se aquecer. Agora estava impossível meu corpo querer sair dali.

Apenas aguente um pouco mais Nico, só não durma sem tomar seu remédio.

Forço meu corpo e meus olhos a ficarem abertos por alguns minutos, mas não estava adiantando muito. O cansaço estava estampado em minha cara o que faz meus olhos ficarem mais pesados e antes que pudesse querer fazer qualquer ação para acordar, sou entregue a um sono profundo apenas sentindo a mão do meu irmão ainda em meus cabelos os acariciando.

(...)

Por sorte tenho uma noite de sono tranquila e sem perturbações. Havia me esquecido da última vez que tinha dormido tão calmamente sem ter que tomar remédio para isso... Espere, eu lembrava sim e posso dizer até quando os pesadelos começaram a surgir.

Sinto um calor me aquecer e começo aos poucos acordar meio desnorteado de onde estava.

Ao abrir meus olhos pesados ainda pelo sono, sinto a textura do sofá e ao mesmo tempo uma presença próxima a mim. Quando finalmente estou totalmente despertado consigo analisar bem a situação: estava deitado ainda no sofá, pelo jeito havia adormecido e ficado ali mesmo. O que mais me deixou mais surpreso por ver que não estava sozinho.

Sentia uma respiração quente em minha nuca e quando tentei concluir melhor o que tinha acontecido percebo que estou sendo abraçado por alguém, melhor falando: Percy estava deitado ao meu lado me abraçando.

Agora fazia sentido a minha noite tranquila de sono sem remédios. As cenas de quando eu era pequeno pareciam se repetir agora.

Entretanto dessa vez senti meu rosto se esquentar pela vergonha que estava sentindo assim como um nervosismo tomar conta de parte do meu corpo. Era compreensível essa minha reação. Dormíamos assim quando éramos pequenos, repetir isso depois de anos sem se ver e naquela idade era um tanto desconfortável.

Tento sair daquela posição sem acordá-lo, porém sem sucesso. Sinto seu corpo se mexer e observo aos poucos seus olhos abrindo deixando aqueles olhos verdes invadirem minha visão.

- Nico...? – diz ele meio sonolento ainda – Que horas são?

Estava com vergonha ainda quando tento procurar algum vestígio de que horas poderiam ser.

- De manhã já, oito horas por aí – digo ainda tentando sair daquela posição, mas sendo bloqueado com ele me apertando mais no abraço – Desculpa se te acordei e por acabar dormindo desse jeito.

- Hã...? – diz ele ainda tentando acordar. Como podia ser tão normal aquilo que estava fazendo? Ou era apenas eu que via algo estranho? - Você caiu no sono no meio do filme e fiquei com dó de te acordar, não esperava que caísse no sono junto. Até parece que voltamos a quando éramos pequenos.

Sorrio ao me lembrar daquela época.

- Melhor a gente levantar, daqui a pouco o Jason vai aparecer aqui – digo tentando dar uma desculpa para sair dali.

O que estava sentindo não era normal.

- Mas está tão bom aqui. – diz ele se aconchegando mais em mim.

Droga, estava ficando mais nervoso.

Ia questioná-lo de novo quando o telefone da casa começa a tocar e escuto um resmungo vindo dele.

- Deve ser ela. – diz ele se afastando de mim e levantando indo em direção ao telefone.

Ela quem?

Fico com aquela dúvida em minha mente, porém escolho sair da sala e ir até o quarto que seria meu daqui em diante.

Encosto a porta, mas ainda do lado de fora conseguia ouvir risos e uma conversa baixa vindo da sala. A curiosidade estava me consumindo, queria saber com quem ele estava falando e rindo daquele jeito.

Não faça nada estranho Nico.

Decido esvaziar a minha mente desfazendo as minhas malas e guardando as minhas roupas do guarda-roupa.

Quando termino de tirar as coisas percebo que meus remédios não estavam por ali. Um desespero começa a se formar dentro de mim, como eu pude me esquecer deles?

Pego o meu celular em meu bolso e vejo milhares de mensagem de Sally, e quando as abro vejo que estava me avisando que tinha esquecido meus remédios em uma bolsa em meu quarto.

Maldição, como pude ser tão descuidado?

Tinha sorte que havia trazido meus atestados e assim quando sair poderia passar em uma farmácia e comprar novamente eles. Sem saber o motivo penso na possibilidade de Percy ou Jason saberem sobre eles e apago as mensagens da minha mãe. Logo pego os atestados escondendo eles no bolso da minha calça que usaria naquele dia. Não queria que eles soubessem desse meu lado transtornado.

Após aquilo pego algumas roupas e uma toalha e me direciono até o banheiro para tomar um banho e relaxar, a fome já estava se fazendo presente em mim também.

Ao sair do quarto vejo que Percy ainda conversava no telefone, parecia mais animado e não parava de falar um segundo sequer.

Um incomodo se forma em mim de novo e dessa vez não consigo esconder e vou até ao banheiro com uma cara emburrada.

Porque você está tão chateado Nico?

Depois de um banho quente, me visto e vou até a cozinha onde agora Percy estava preparando o café de manhã.

Sento-me na bancada americana observando o que estava fazendo.

- A conversa parecia boa. - digo contra a minha vontade.

O que raios eu estava fazendo?

- Logo você vai saber quem é. – diz ele se virando para mim e me entregando uma tigela de cereal – Ah espera... Está com ciúme?

- Não! – digo rápido em resposta, porém parece que estava estampado isso na minha cara.

- Você está com ciúme. – diz ele sorrindo – Está igual quando eu comecei a sair com a Rachel.

- Eu não gostava dela, é totalmente diferente. – digo justificando minhas ações no passado.

- Aham, e eu acredito. – diz ele saindo detrás da bancada e passando por trás de mim- Já disse que sou seu irmãozinho.

Imediatamente coro ao ouvir aquelas palavras em meu ouvido.

Não somos mais criança Percy, você não pode sair falando essas coisas por ai.

- Não tenho mais nove anos.- digo encarando ele.

- Para mim você sempre vai ter. – diz ele sorrindo e bagunçando meu cabelo antes de ir até o sofá e ligar a TV novamente.

As horas foram passando até que finalmente estava na hora do nosso almoço com Jason. Já estava arrumado e apenas esperava ele aparecer no apartamento. Então depois de alguns minutos a campainha toca e vou direto até a porta atender sabendo já quem era.

- Sentiu a minha falta? – Sem esperar que eu falasse algo sinto os braços de Jason me envolver em um abraço.

- A gente se viu ontem à noite Jay. – digo sorrindo.

- Isso Jason, para de ser dramático. – ouço a voz de Percy atrás da gente – Vamos logo que estamos atrasados.

- Que mau humor logo de manhã irmão. Fica feliz que hoje você finalmente vai mostrar ela para o Nico. – diz ele provocando Percy.

- Então vamos logo que estou curioso para saber quem é essa pessoa misteriosa. – Digo com um tom de curiosidade e raiva na voz.

Assim, saímos do apartamento em direção a um restaurante que ficava a algumas quadras de onde morávamos. Jason dizia que o local pertencia ao pai de Piper e por isso tinha escolhido lá e Percy disse que a pessoa com quem se encontraria esperaria eles lá também.

No caminho me mostraram algumas coisas da cidade e alguns locais próximos dali que eram os favoritos deles.

Depois de alguns minutos finalmente chegamos ao locar marcado.

O restaurante tinha dois andares e podia-se ver algumas varandas onde dispunham algumas mesas de jantar. A decoração era bem moderna e colorida, conseguia ver algumas referências indígenas presentes ali.

Ia comentar algo quando vejo uma mulher se aproximando da gente e logo, me pegando de surpresa, abraçando Percy que estava do meu lado e depois cumprimentando Jason e eu com um sorriso.

Ela tinha cabelos loiros compridos ondulados, seus olhos cinzentos se destacavam em seu rosto. Era bonita, muito bonita.

- Annabeth esse é meu irmão mais novo, aquele que tinha falado que vai morar comigo. – diz Percy me apresentando a ela.

- Nico certo? Sou Annabeth Chase. – diz ela me direcionando um aperto de mão e eu respondo sua ação.

- Nico, essa é a minha namorada Annabeth. – diz Percy me olhando sorrindo.

Sinto um soco em meu peito. Namorada? Eu realmente não estava esperando aquela declaração.

- Finalmente assumiu é? – Ouço Jason falando ao meu lado.

Reaja Nico, não fique com essa cara de assustado.

- Prazer. – apenas consigo dizer aquilo.

- Espero que a gente se dê bem. Percy fala de você o tempo todo. – diz ela sorrindo para Percy e eles acabam implicando um com outro sobre se aquilo era verdade ou não.

Ainda estava em estado de choque com o que tinha ouvido. Sabia que chegaria um dia que ouvir aquelas palavras vindo dele, só não pensei que seria tão rápido e que me abalaria tanto.

O por que fiquei tão impressionado ouvindo aquilo, e vê-los também daquele jeito tão próximos me incomodava.... Não porque eu era o estranho ali, mas sim de um jeito diferente.

Entramos no restaurante e Jason acaba me apresentando Piper. Diferente de Annabeth a sua beleza era a primeira coisa que alguém podia repara ao olhá-la. Seus cabelos castanhos brilhavam e duas tranças nelas se destacavam, sua pele era morena dando ênfase a seus olhos claros.

Ficamos conversando durante o almoço inteiro, na verdade os quatro ficaram, eu apenas ficava observando e dando leves respostas para eles. Não que a presença das duas me incomodassem tanto, eu só estava entrando em meu mundo fechado novamente. Não conseguia me enturmar rápido ou até mesmo ser simpático, ainda desconfiava de quase todas as pessoas. Essa era uma característica minha que não conseguia disfarçar por muito tempo.

Após almoçarmos fomos para um parque próximo dali e mais uma vez acabamos passando os minutos jogando conversa fora. Sentia-me um pouco excluído de lá por não saber da metade das coisas que falavam. Algumas vezes Annabeth junto com Piper perguntavam diretamente a mim sobre a faculdade, como eu tinha sido adotado pela família Jackson e como era o lugar onde eu morava. Respondia todas as perguntas tentando ser o mais simpático possível, porém sabia que não estava sendo muito efetivo por perceber que a conversa não seguia um caminho longo.

Estávamos quase voltando ao nosso apartamento quando lembro-me dos atestados em meu bolso e de que deveria ir comprar os remédios. Passamos por uma farmácia, porém eu a ignoro e passo longe.

O que eu estava fazendo? Preciso comprá-los se quisesse ter uma noite de sono tranquila. Que sentimento de vergonha e medo era aquele?

Sigo o caminho até o apartamento quieto e ainda pensativo com as coisas que tinham acontecido naquele dia.

- Jason você pode levar o Nico? Vou a acompanhar até a casa dela. – ouço Percy dizendo antes de entrarmos na portaria.

- Tudo bem. Vamos Nico? – diz Jason me olhando indicando para entrarmos.

- Foi um prazer te conhecer Nico – diz Annabeth sorrindo para mim antes de seguir caminho com Percy.

- Não vou demorar muito ok? – diz ele me olhando e apenas consigo responder com um olhar indiferente.

Assim, Jason, Piper e eu entramos no elevador em direção aos nossos apartamentos. Consegui me enturmar um pouco mais com a garota, ela tinha uma simpatia sem igual e sabia puxar assunto com um menino introvertido.

- Quer ir até meu apartamento? – diz Jason ao sairmos do elevador.

- Eu vou dormir um pouco, estou bem cansado. – digo dando uma desculpa. Sabia que acompanhar eles até seu apartamento os atrapalharia, e não mentia quando dizia que queria poder descansar.

- Você está bem Nico? – Quando percebo vejo Jason com o rosto bem próximo do meu me fazendo encarar seus olhos tempestades, deixando-me envergonhado e sem reação instantânea.

- É só cansaço Jay, está tudo bem. – Digo desviando meu olhar e me afastando um pouco dele. – Foi um prazer te conhecer Piper, boa sorte em aguentar ele.

- Pode deixar que sei como fazer isso bem. – Diz ela rindo de leve - Foi bom te conhecer Nico, Jason falava de você sempre. Tenha uma boa noite.

Sorrio para ela e me direciono até o apartamento de Percy fechando a porta atrás de mim.

Que dia cheio. Minha cabeça parecia querer explodir com tudo aquilo.

Ainda martelava na minha cabeça a ideia de Percy estar namorando. Por que isso me incomodava tanto?

A vida continuava Nico, tanto ele quanto Jason estão seguindo as suas vidas agora e você tem que aceitar isso querendo ou não.

Resmungo de leve e vou até a cozinha a procura de algum remédio para dor de cabeça. Ela realmente parecia querer explodir.

Já estando sem paciência vou até meu quarto e me jogo na cama. Queria poder dormir e me livrar daqueles pensamentos em minha cabeça, mas como não havia comprado meu remédio por covardia, dormir seria uma queda em um poço sem fundo.

Em minha mente consigo apenas visualizar as cenas que aconteceram no decorrer do dia: via a cena do Percy falado ao telefone todo animado e sua risada, o sorriso de Annabeth se formou também e de como os dois se olhavam com amor. Piper também não escapou de meus pensamentos, ela e Jason formavam um casal bonito. Eles pareciam muito felizes com tudo aquilo, os quatro.

É Nico, todos estão felizes e seguindo a sua vida. E o que você estava fazendo? Apenas sendo um peso vindo até NY e sendo um menino estranho cheio de problemas.

Sinto os efeitos do remédio se tornarem presentes e meus olhos ficarem pesados, tentava lutar contra aquilo, mas era inútil e mais uma vez sou jogado nos meus sonhos.

Assim como todos aqueles que tive durante minha infância esse se passava em uma época em que eu parecia ter meus quatro ou cinco anos.

Estava em uma casa simples, uma mulher estava me prendendo em um abraço em prantos enquanto na minha frente via dois homens gritarem com ela e tentarem me tirar dos seus braços. Um deles portava uma arma e apontava para nós dois. Não conseguia distinguir o que estavam falando, apenas sabia que gritavam muito alto.

Depois de muito esforço, conseguem me tirar dos braços da mulher e como uma cena rápida apenas escuto o som de um tiro se formando no local.

Acordo assustado e percebo que minha respiração estava ofegante e que suava.

Porcaria, aqueles sonhos estavam voltando justo agora?

- Nico! – Ouço alguém em chamar enquanto entra sem bater em meu quarto- Você está bem?!

O vejo se aproximando de mim, Percy me olhava assustado e preocupado, eu deveria estar em um estado deplorável.

Não respondo a sua pergunta e apenas continuo estático e percebo que meu corpo começava a tremer.

- Você estava gritando. O que aconteceu? – diz ele se sentando perto de mim na cama.

- Os... Sonhos. – são as únicas coisas que consigo dizer e ainda saíram trêmulas.

Percy não responde a minha fala e apenas sinto ele se aproximar de mim e me envolver em seus braços em um abraço forte.

- Você ainda tem esses sonhos? – diz ele em sussurros no meu ouvido.

Desde que era pequeno aquele tipo de sonho me perturbava em quase todas as noites. Quando fui adotado pela família Jackson comecei a ter aqueles sonhos de novo, me levaram até um psicólogo e o mesmo disse que podiam ser fragmentos da minha memória.

Ah sim, eu não me lembrava absolutamente de nada do meu passado até o dia em que cheguei ao orfanato todo ensopado pela chuva e com marcas roxas em meu corpo.

Não lembrava meu nome, de onde eu tinha vindo ou como tinha chegado aquele lugar. Meu nome que, agora tinha, as donas do orfanato disseram que estava escrito em um bilhete que estava dentro do bolso da minha calça.

Desde então eu vivi sem saber quem eu era de verdade. Escondia-me de todos e sempre ficava em um canto isolado. Não conversava com ninguém ou demonstrava interesse, qualquer ação de bondade e simpatia me assustava e tinha repulsão disso.

Lembrando-me disso as cenas do sonho começam a voltar em minha mente e sinto meu corpo tremeluzir mais ainda.

- Nico. – Quando percebo, vejo que Percy estava com suas mãos em meu rosto, me fazendo o encarar de perto.- Eles já se foram.

Aqueles olhos. Como eram intensos e profundos.

Sinto imediatamente meu corpo começar a relaxar e eu voltar ao normal me acalmando.

- Vem aqui. – diz ele deitando na cama e me puxando para perto dele – Esta tudo bem agora.

Meu coração estava desacelerando agora e as cenas do sonho aos poucos iam sumindo da minha mente, podia sentir a paz se instaurando em mim de novo.

Como era possível a sua presença ter esse feito sobre mim?

É, eu realmente não tinha crescido nada ainda. Estava cercado pelos meus fantasmas do passado e precisava ainda do calor do corpo dele para me colocar a dormir.