História New Stage - Worst and Best holiday

(24 de dezembro, véspera de Natal.)

Nunca achei que esse feriado fosse tão agitado.

Desde que a Piper confirmou que viria passar o Natal com a nossa família, Sally não para quieta. Quando ela não estava cozinhando algo para a ceia estava preparando a decoração na casa. Devo dizer que não era o único que ficava com dor de cabeça só vendo ela andando para lá e para cá.

- Sua mãe ainda vai ter um ataque, está quase criando um buraco no chão de tanto andar em círculos. – diz Poseidon sentado na poltrona lendo um jornal.

Ia brincar com a situação também quando escuto o telefone tocar e Sally ir imediatamente atender.

- Alô? – diz ela ao telefone - Percy? Oi filho! O que? Agora? Lógico que pode, tenho certeza que todos vão gostar. Ok... Pode trazer também, beijos meu amor. – diz ela cada vez mais animada a cada palavra.

Saber que ele estava no outro lado da linha faz meu coração apertar e ao mesmo tempo acelerar. Desde quando Jason me falou sobre a sua desconfiança, aquilo tem ficado na minha cabeça. Mesmo se o filho não fosse dele nada mudaria né? Ainda dormiu com ela...

- Precisamos ir ao mercado. – diz Sally fazendo eu me despertar dos meus pensamentos.

- Por quê? O que o Percy queria? – diz Poseidon.

- Ele está vindo para cá, na verdade está embarcando já. Preciso fazer mais comida e ele ainda vai trazer uma amiga... Estou ficando doida. – diz Sally eufórica.

Fico estático ao ouvir aquilo.

Ele estava vindo para cá?! Por que logo agora e ainda trazendo uma amiga? Sem dúvida era Annabeth e eles iriam anunciar o relacionamento deles... Como é que eu vou encarar o rosto dos dois depois desse tempo todo? 

Meus pensamentos estão bagunçados com tudo isso e não estou nem um pouco preparado para encarar aqueles olhos verdes. Não quero encará-los ainda, senão todos aqueles sentimentos que venho tentando enterrar vão voltar de uma vez só.

- Ele disse quem era a amiga...? – digo baixo torcendo para não ter sido ouvido.

- A menina? Não disse, foi tudo muito rápido. Será que é aquela que o Jason comentou sobre os rolos? – diz Sally pensativa.

- Do que vocês estão falando? – diz Jason descendo as escadas.

- Seu irmão disse que está vindo para cá e me avisa só agora. Ele ainda vai me matar de susto, mas estou com tanta saudade dele – eu realmente nunca tinha visto essa agitação toda de Sally.

Jason por outro lado não fala nada e nossos olharem se encontram. Ele sabia como aquela presença de Percy me afetaria e ao mesmo tempo podia desvendar naqueles olhos que estava um pouco feliz pela vindo dele, fazia dias que nossa mãe falava em como gostaria que ele viesse para o Natal.

- Vamos aproveitar que ainda tem alguns mercados abertos e comprar coisas a mais, vou fazer aquele prato favorito dele – via o sorriso esbanjado no rosto de Sally.

Ouço Poseidon suspirar e fechar o jornal e junto com a minha mãe sair da sala em direção a porta da casa para irem ao mercado.

- Jason... – digo sem terminar a frase, nem era necessário fazer isso.

- Chegou a hora de parar de fugir Nico – diz ele terminando de descer as escadas e indo até mim.

- Eu não quero vê-lo – digo reprimido.

- Eu vou estar aqui ok? Não precisa ter medo – diz ele me encarando e depois me envolvendo em seus braços.

(...)

Horas mais tarde.

Eu realmente queria poder me trancar no meu quarto e sair de lá só quando esse feriado acabar.

Estava agora ajudando Sally a por a mesa da ceia de Natal. Confesso que minha animação tinha diminuído bastante depois da notícia da vinda de Percy e sua “amiga”, mas tentava ao máximo reprimir isso dentro de mim por causa da minha mãe... Como ela estava radiante e feliz com aquele feriado.

Por um pedido meu e muita insistência dela conseguimos convencer Hazel e o seu padrasto de vir passar o Natal com a gente também. Seria muito bom ter eles ali comigo, fazia eu sentir que finalmente estava completo com as minhas duas famílias, e queria ao máximo introduzir Hazel nisso.

E também, ter ela ali comigo faria eu me distrair da presença de Percy. Ainda não tinha pensado direito em como seria minha reação ao encontrá-lo, na verdade esperava que no momento que ele chegasse eu fosse para meu quarto disfarçadamente e ficasse lá até a ceia de Natal, mas sabia que esse plano tinha lá suas falhas: meus pais e Jason.

- Eles devem estar quase chegando – diz Poseidon de novo sentado na sua poltrona mudando aleatoriamente os canais da TV.

- E a sua noiva Jason? Ela já está chegando? – diz Sally.

- Falei com ela poucos minutos antes, está a caminho também – diz Jason passando um dos seus braços ao redor do meu ombro e sussurra – Você ta bem?

- Estou sim... Nada que umas taças de champanhe não ajudem – digo tentando amenizar o clima – Acho que vou ver se a Hazel está chegando.

Desenrolo-me dos braços dele e vou calmamente subindo as escadas, meu celular estava lá em cima e queria apressar o quanto antes a Hazel para chegar, ela estando ali junto comigo as coisas ficariam mais calmas.

Assim que termino de subir o último degrau ouço a campainha de casa tocar. No mesmo instante paraliso, eram eles... Podia sentir.

Respire fundo Nico, sorrir e acenar eram o que eu poderia fazer de melhor.

Logo ouço a euforia no andar de baixo aumentar e logo Sally abrir a porta.

- Percy!! Que saudade filho – ouço a voz de emoção de Sally se formar no ambiente.

Meu coração parecia saltar da boca, eu queria e não queria vê-lo... Como será que estava? Mudará alguma coisa ou continuava o mesmo menino sorridente e protetor dos olhos verdes.

- Essa é a sua amiga? Oi me chame Sally – claramente a voz dela era a que mais se destacava no ambiente.

Conseguia reconhecer todas as vozes lá de baixo. Jason, Percy, Poseidon, Sally, mas... Tinha uma que fez meu corpo se encher de alegria.

- Oi, me chamo Reyna. Prazer em conhecê-la Sra. Jackson – diz a voz.

Reyna...? Como?

Logo viro meu corpo e começo a descer as escadas.

Então, ali a poucos passos de mim a vejo.

- Nico! Caramba... Eu fico alguns meses sem te ver e você já cresceu desse jeito? – ouço Reyna falando com um enorme sorriso no rosto e vindo direto para mim.

- O que você faz aqui? – digo retribuindo seu abraço forte. Não podia esconder a saudade que estava sentindo dela e como me sentia feliz por vê-la.

- Se eu não venho você também não vai atrás de mim – diz ela apertando mais o abraço – Percy que fez a proposta e me ajudou com o passaporte.

Aquilo realmente foi um soco no estômago.

Ele a ajudou a vir pra cá? Por qual motivo? E desde quando eram tão próximos daquele jeito.

É inevitável tentar não olhar para ele depois de ouvir a confissão de Reyna.

Parece que assim que ela fala aquilo ele desvia seu olhar para nós fazendo então nossos olhos se encontrarem.

O mesmo brilho nos olhos verdes, cabelo e sem dúvida o mesmo rosto angelical. Ele continuava o mesmo desde que eu havia ido embora, não mudará nada o que xinguei por dentro. Como poderia manter aquela beleza o tempo todo?

- Por que...? – digo tentando ainda controlar meus sentimentos, por mais que queria correr para os teus braços sabia que isso me afetaria depois.

- Sabia que você ia gostar de ver ela – diz ele me olhando com atenção e sustentando olhar.

Tinha razão, eu não apenas gostei de rever Reyna... Havia amado. Sentia falta dos seus conselhos e principalmente das maluquices que me induzia a fazer.

- Obrigado... – não consigo resistir a falar isso e de esbanjar um sorriso de lado por pouco segundos.

Após aquela receptividade ficamos na sala conversando. Estava em um lugar onde conseguia me manter afastado de Percy e tentava ao máximo me manter distraído com Reyna para que não surtasse e quisesse sair daquele ambiente.

Depois não demorou muito para Hazel, o padrasto dela e Piper chegarem. Agora tudo estava mais feliz como se todo o passado perturbado tivesse desaparecido. Riamos e jogávamos conversa fora sobre tudo.

Tive sorte de Sally não perguntar o motivo do clima estranho entre eu e Percy, ou ela apenas não queria tocar naquele assunto. Tudo estava calmo e perfeito do seu jeito.

Faltavam poucas horas para meia noite então resolvemos ir para o quintal dos fundos para conversar e esperar a virada da noite.

Não podia negar que aquela ideia caiu muito bem, podia me manter mais longe de Percy e dos olhares.

Estava sentado no balanço improvisado onde, há alguns anos atrás, tinha sido o lugar da primeira vez que tinha visto Percy.

Acompanhando-me estava Reyna sentada encostada na árvore. Jogávamos papo fora e ela me contava como estava NY e a faculdade, fazia algum tempo que não nos falávamos por conta do tempo disponível e do trabalho dela.

Em meio a nossa conversa não consiga resistir de encarar Percy que estava a uma distância considerável de mim conversando com Sally. Queria poder reprimir os meus sentimentos, mas algo dentro de mim se recusava a fazer isso... Era óbvio que sentia saudade dele, do seu abraço, sorriso e da sua voz... Continuar amando ele me destruía por dentro.

Droga Nico, ele logo vai ser pai e você não pode esquecer o que te fez passar.

- Você deveria ir lá falar com ele em vez de ficar fingindo que não está com saudade – ouço Reyna falando me fazendo perceber que estava mais uma vez encarando-o.

Estava realmente tão óbvio assim? Odiava ser tão transparente.

- Não fala besteira – digo desviando meu olhar e a encarando – Você sabe que ainda é difícil para mim. Aliás... Por que você veio com ele? Não que esteja reclamando, mas... Não esperava isso.

Aquilo realmente martelava na minha cabeça.

- Quer saber a verdade mesmo? – diz ela e digo que sim – Olha Nico, eu acredito no Percy, você sabe... Que ele não engravidou a Annabeth e te traiu por que quis.

- Oi? – Aquelas palavras dela realmente me assustaram. Sabia que ela era doida, mas não tanto – Reyna, acho que você não entendeu tudo o que aconteceu.

- Eu acho que entendi sim Nico, e sei que você também desconfia disso – diz ela sorrindo. Aquele sorriso de quem sabe de coisas que você não percebeu.

Mais um soco no estômago com aquelas palavras. Como ela conseguia me decifrar tão rápido?

- Eu nunca acreditei de verdade naquela história. Percy te trair e engravidar a Annabeth? Puff, isso é muito estranho Nico. Vamos lá, você sabe que é – diz ela me fazendo relembrar daquele mesmo pensamento de Jason.

- Até você com isso? – digo dando um sorriso sarcástico. Por que todos falavam aquilo? Não queria criar falsas esperanças.

- É o mais lógico Nico. Eu fiquei depois que você foi embora e pude ver como tinha algo de errado. Como não sou de ficar curiosa fui investigar algo tal festa – diz ela firme me olhando – Não consegui muita coisa, mas soube que o que mais tinha nela eram drogas. Você sabe que tipos de droga estou falando né?

- Reyna, você não ta viajando demais? – iria de todas as formas possíveis acabar com todos os argumentos dela.

- Ah vamos lá Nico. Ok mesmo que ele seja pai daquela criança não é um tanto estranho demais ninguém se lembrar de nada daquela noite? E ainda mais a Annabeth se negando fazer o exame? Se ela tem tanta certeza disso, por que recusar? – diz Reyna. Não podia negar que era esperta e que conseguia desvendar coisas que ninguém podia imaginar.

- Aonde você quer chegar com isso? – digo querendo terminar com aquela conversa.

- Quero fazer você enxergar as coisas com lógica, Nico. Desde aquele dia você tem fugido e evitado qualquer pessoa de tocar nesse assunto. Acho que ta na hora de ambos conversarem direito, independente do resultado já está na hora de parar de fugir – diz ela me atingindo de novo com as palavras.

Tanto ela quanto Jason falavam as mesmas coisas, mas eles não entendiam... Eu não quero criar falsas esperanças ou alimentar esses meus sentimentos. Ele me traiu e escondeu coisas de mim...

- Isso não vai mudar nada... Ele me escondeu isso mesmo sabendo de tudo – digo cabisbaixo.

- E você não escondeu coisas também? – ela tinha que parar de me alfinetar daquele jeito – Qual é Nico, eu vi de perto como o Percy ficou quando soube de tudo, sobre suas sessões, Hazel e o que você estava passando. Ele ficou arrasado e se culpou por semanas por isso tudo, até mesmo da sua overdose.  Nunca tinha o visto daquele jeito...

- Não queria comparar isso. Você sabe por que eu não contei – digo.

- Sim eu sei, mas não muda o fato de você ter escondido algo também. Nico eu sabia de tudo e mesmo assim foi horrível ver você encarando tudo aquilo, imagina para ele que soube tudo de uma vez. Não da pra comparar, verdade, mas poxa... Parem e conversem um pouco e para de ser teimoso – diz Reyna firme.

- Eu... Eu ainda não estou preparado – digo baixo.

- Pois vai ter que estar, ele está vindo para cá- diz ela já se levantando e me surpreendo pelas palavras – Fala com ele Nico, não vai te matar.

Assim que ela falou aquilo levantei meu olhar e podia ver, assim como ela tinha falado, Percy vindo em minha direção. Queria poder questionar ela ou sair de onde estava o mais rápido possível.

Não queria falar com ele. Não quero reviver aquelas lembranças.

- Nico... A gente pode conversar? – escutar a sua voz triste perto de mim fazia meu coração se apertar.

- Não foge Nico. Vou deixar vocês sozinhos, qualquer coisa é só gritar – diz Reyna se afastando da gente.

Não consigo dizer nada e mais uma vez abaixo meu olhar e fico encarando a taça de champanhe que estava em minha mão.

Como não recusei o seu pedido, vi pelo canto dos olhos Percy se sentando no lugar onde há alguns minutos atrás estava Reyna.

De início não falamos nada e aquele silêncio perturbador toma ambiente. De fundo só conseguia se ouvir conversar aleatórias das outras pessoas.

Tentava reprimir dentro de mim a avalanche de sentimentos e pensamentos. Queria poder me esconder e só sair quando tudo acabasse e se resolvesse.

Não gostava como ainda o amava, em como meu coração não obedecia a minha mente e se acelerava só de saber que ele estava perto de mim. Queria esquecer tudo e principalmente ele.

- Senti a sua falta Nico... – diz ele quebrando o gelo. De todas as coisas que ele poderia falar, tinha que ser logo aquelas? – Não era isso que queria falar de início, mas meio que saiu sem eu perceber... Eu sei que falar isso não vai adiantar em nada, porém me desculpa Nico. Me desculpa por tudo o que te fiz passar e por não estar do seu lado quando mais precisou...

Por favor, fica quieto... Eu não quero mais ouvir.

- Só com essas palavras eu sei que nada vai mudar, mas precisava falar isso pra você. Eu fui um completo idiota por ter agido daquele jeito, principalmente em relação a Hazel. Sabe... Tinha medo de você descobrir sobre o seu passado e sofrer com isso... – diz ele pausadamente.

Como ele poderia saber que meu passado era tão horrível?

- Desde que você teve aqueles sonhos eu desconfiava de algo... Então queria te proteger deles, mas acabei sendo cego e não vendo a sua vontade de saber sobre a sua família. Nunca vou entender direito o que você ou o Jason sentem, sempre achei que tentar saber sobre o seu passado era desnecessário quando você tinha já um presente e futuro formado com outras pessoas. Como fui egoísta... – diz ele já com tristeza na voz – Queria poder ter te dado apoio e ido com você nas sessões. Queria tanto te proteger que fiquei cego com isso.

Por que ele estava me dizendo todas aquelas coisas? Do que adiantava tudo isso agora?

- É tarde pra pedir desculpas, mas mesmo assim eu queria falar isso... Fico feliz que você tenha a Hazel como sua irmã, alguém realmente do seu sangue e que pode te ajudar com tudo isso. Sei que vou ser sempre o deslocado nisso tudo, mas é o certo né? Chegou a hora de você seguir o seu caminho.

- Por que...? Por que tudo isso agora? – finalmente digo baixo.

- Sinceramente? Eu acordei pra tudo Nico. Perder você foi tão abalador que eu acabei acordando para tudo... Queria falar isso para você mesmo que nada mude. Quero saber sobre a sua família, o que você está sentindo e o que pretende fazer... Eu não tenho esse direito, sei disso... Mas ainda quero poder saber de você essas coisas e não pelo outros, cometi esse erro e foi a pior coisa que fiz – a sua voz estava cada vez mais abafada e triste.

Respirei fundo e fechei meus olhos. Tudo estava voltando a tona agora, tinha que enterrar aqueles sentimentos logo.

Acreditem... Eu entendi o lado dele em relação a minha família.

- Por que você ajudou a Reyna? – digo ainda baixo.

- Porque sabia que você ia gostar de ver ela. E também foi bom poder ver que alguém ainda acreditava em mim mesmo depois de tudo... Eu realmente não me lembro de nada daquela noite Nico, mas eu sei que não foi como falam, você sabe que nunca faria isso e vou provar. Além disso, ela ficava a cada meia hora falando sobre você e de como queria te ver, foi o mínimo que podia fazer por ela – diz ele um pouco mais alegre.

Então eu olho para onde Reyna estava e sorrio involuntariamente por aquilo. Eu realmente sentia falta dela e de NY.

- Obrigado de novo... – digo ainda com um pequeno sorriso no rosto.

Ele parecia querer falar algo, mas é interrompido com as vozes altas das outras pessoas desejando feliz Natal.

- Feliz Natal Nico – diz Percy.

De novo, involuntariamente, olho para ele pela primeira vez o encarando de verdade.

Conseguia agora ver o brilho dos seus olhos se destacando naquela noite iluminada. Seu cabelo escuro sedoso caia um pouco sob seu rosto e um sorriso sincero surgia do seu rosto.

- Finalmente me olhou – diz ele um pouco tímido.

Céus... Como eu ainda o amo.

- Feliz Natal Percy – digo sorrindo de leve e levantando do balanço – A comida vai ser servida, vamos indo...

Caminho me distanciando dele sem olhar para trás, se fizesse isso iria me perder de novo em seus olhos.

(...)

- Então filho, Jason nos disse que você está com uns rolos por aí, quem é a sortuda? – diz Sally fazendo todos a mesa encarem Percy.

Estávamos agora sentados comendo a ceia de Natal. Era uma mesa grande de 10 lugares, sim a família era grande.

Do meu lado estava Reyna e do outro Jason e Piper. Na minha frente podia-se ver Percy, o padrasto da Hazel e a Hazel. E nas extremidades da mesa, Sally e Poseidon.

- Ele disse? – diz Percy.

E agora Nico, aja normalmente.

- Não vai demorar pra apresentá-la igual seu irmão fez – diz Sally sorridente.

- Ei! – ouço Jason do meu lado ficar indignado, mas brincando.

- Mãe, preciso te contar algo – diz Percy sério.

Certamente ele iria falar sobre a Annabeth e anunciar que ia ser pai. A bomba ia vir com tudo e eu seria o mais afetado aqui.

Apenas continue a comer Nico e aja naturalmente.

- O que houve Percy? Está me deixando apreensiva – diz Sally.

Um breve silencia se fez na mesa e pude sentir Reyna segundo a minha mão livre por debaixo da mesa. Ele estava ali comigo e iria me ajuda a encarar isso.

- Eu sou gay – diz Percy curto e direto.

Não pude evitar ficar surpreso e engasgar levemente com o champanhe que estava tomando.

O que ele pensa que estava fazendo?

- Você sabe que isso não importa para mim né filho? Independentemente de quem você goste, só quer te ver feliz – ouvir Sally dizendo aquilo fez uma coragem de contar a ela sobre mim também, mas foi por um breve momento – Tem alguém que você ame?

Não pode evitar encolher ouvindo aquilo e olhar diretamente para o Percy.

- Tem sim mãe e eu amo ele mais do que tudo – diz ele me encarando diretamente.

Nunca quis tanto sumir igual naquela hora.

Como ele podia fazer isso? Por que retornar para aqueles sentimentos? Não percebia que nada faria apagar o que tinha acontecido? E também... E se alguém ali da mesa percebesse?

Como se tivessem lido meus pensamentos todos na mesa me encaram.

- O Nico sabe quem é? – diz Poseidon.

- Ele sabe sim, mais do que todo mundo – diz ele me encarando. Estava totalmente perdido naqueles olhos que não conseguia evitar meu nervosismo e os batimentos do meu coração acelerados – Mas ainda não quero contar quem é, quem sabe outro dia.

Com aquilo consigo aliviar um pouco meu corpo. Olho ao redor para ver a reação de todos e conseguia visualizar Sally sorrindo para mim de um jeito desconfiado e do meu lado Reyna segurando uma risada.

Como ela podia querer rir naquele momento?

Eu quero que esse feriado acabe logo.

(...)

Depois da ceia todos ficaram na sala conversando coisas aleatórias até o sono vir e cada um ir para o seu quarto.

Como já esperava por causa daquele dia caótico, estava sem sono e fui até a cozinha para tomar um pouco de água e aproveitar o silêncio da casa.

Aquelas palavras do Percy ainda martelava na minha cabeça “Eu amo ele mais do que tudo”. Por que você fazia isso comigo? Não cansava de mexer com os meus sentimentos? Era tão difícil me esquecer e ficar longe de mim?

Percy, eu já sofri demais por causa disso... Não me faça voltar para tudo isso.

Meus pensamentos são interrompidos com uma presença na cozinha. Era ele de novo.

Estava me perseguindo ou o que?

- Só vim pegar um pouco de água – diz ele indo até a geladeira, parecia ter lido os meus pensamentos.

Quero perguntar a ele o motivo daquilo tudo, da sua vinda, daquelas palavras antes da meia noite e do jantar.

- Por que você falou aquilo? – digo por fim.

- Sobre eu ser gay? Cansei de esconder as coisas das pessoas que eu amo Nico. Fiz isso uma vez e acabei perdendo tudo – diz ele direto.

Droga... Ele tem que parar com isso.

- E também queria que você ouvisse tudo aquilo. Eu ainda te amo Nico e nada vai me fazer mudar de ideia ou desistir. Vou provar que eu sou inocente nisso tudo. Eu não engravidei ela Nico, e eu jamais te trairia daquele jeito. Pode não acreditar agora, mas vou lutar até ao fim por você até me dizer, do fundo do coração, que quer que eu suma da sua frente – diz ele se aproximando de mim.

Por sorte estava de costas para ele, era mais fácil não encarar seu rosto.

- Eu te amo Nico. Senti muito a sua falta... – diz ele muito perto de mim. Podia sentir a sua respiração em meu pescoço, mas logo se afastar – Boa noite.

Ele agora saia da cozinha e subia as escadas.

Após isso consigo relaxar meu corpo e soltar o ar que segurava.

Que os deuses me ajudem nesse fim de ano.