História New Stage - That voice

Era incrível como a faculdade conseguia piorar e ficar ainda mais puxado, para Percy era ainda pior já que ele estava concluindo o curso.

Pelo que soubemos Annabeth teve o filho duas semanas depois da nossa “discussão”. De acordo com Piper era um menino lindo e saudável.

Agora um mês depois estávamos saindo da faculdade, Percy contava alegremente que tinha terminado seu ultimo trabalho e que estava aliviado de finalmente acabar a faculdade quando alguém se aproxima de nós nos fazendo parar e olhar.

Encarei o garoto loiro de olhos azuis escuro que olhava para Percy serio. Fiquei me perguntando quem era e se eu o conhecia já que ele parecia muito familiar.

- Percy. – o garoto falou com a voz rouca e Percy o encarou fechando a cara.

Uma tensão passou entre eles a qual eu não fui capaz de entender até Percy dizer:

- Luke. O que você quer?

Minha mente trabalhou rapidamente me fazendo entender que aquele era o ex da Annabeth, provavelmente pai do filho dela.

Ele se remexeu desconfortável trocando o peso dos pés e me olhou de relance, depois encarou Percy de novo.

- eu queria pedir desculpas a você. – o loiro disse nos surpreendendo. Percy o olhou confuso até ele continuar. – pelo que aconteceu com a Annabeth. Mesmo que minha palavra não vale muito agora, eu garanto que não sabia de nada sobre as loucuras dela.

Percy respirou fundo relaxando.

- não achei que soubesse. – disse em um suspiro. – como ele é? O bebê?

Luke deu um sorriso leve e sincero.

- lindo e saudável. – respondeu avoado e depois suspirou. – olha só cara, eu não sabia que aquela criança poderia ser minha, alias eu cheguei a questionar ela varias vezes sobre isso, mas...

- tudo bem Luke. O que importa agora é o futuro. – Percy disse o analisando.

- eu vou assumir, claro que vou. Vou cuidar dele quer ela queira ou não. – Luke respondeu firme e Percy assentiu. Os olhos dele foi para mim de novo e depois para Percy. – eu só vim para dizer isso mesmo. Sei o inferno que ela é capaz de fazer quando quer.

- é, nós também sabemos disso. – Percy disse pensativo.

Luke então me encarou, pela primeira vez seus olhos pararam em mim.

- Ouvi que você perdoou ela. – ele disse me analisando. Franzi o cenho sem entender e ele quase sorriu. – ela me contou. Foi bem legal da sua parte, mostrar a ela que as coisas não precisam ser assim.

- e não precisam. – falei pela primeira vez, mas senti minha voz sair estranha.

Luke sorriu com ironia.

- talvez. Ela é teimosa e desequilibrada, mas consegue ser uma boa pessoa. – ele a defendeu.

E você um bobo apaixonado. – pensei com sarcasmo.

- é bom ver que ela encontrou alguém que veja isso nela. – Percy disse fazendo Luke e eu o olhar. Ele sorria para Luke com compaixão. – não desejo mal nenhum a ela apesar de tudo, então... – ele colocou uma mão no ombro de Luke. – melhor que você cuide dela e do seu filho. – disse antes de se distanciar.

Luke o olhou por um momento e depois para mim que dei nos ombros pra ele antes de seguir Percy para fora da faculdade.

(...)

No caminho de volta ele estava quieto, pensativo. Não arrisquei dizer nada até chegarmos em casa.

- você está muito pensativo. – observei enquanto ele se jogava no sofá com um suspiro.

- estou cansado. Ainda tenho que trabalhar. – reclamou me fazendo rir e sentar ao seu lado empurrando sua perna.

- você reclama demais. – falei indiferente. O senti me olhar e quando me virei ele estava me encarando. – o que foi?

- é sexta. Vamos sair a noite. Não aguento mais estudar e trabalhar apenas. – disse como se fosse uma grande ideia.

- nada de baladas. – ressaltei.

Ele riu.

- nada de baladas Nico. Podemos chamar o Jay e a Piper para jantar fora. O que acha?

Pensei nisso por um momento.

- pode ser. – concordei por fim.

Ele deu um salto se levantando e me beijando rápido.

- ótimo, vou tomar um banho para ir trabalhar. – disse antes de sair em direção ao banheiro.

Respirei fundo e liguei a TV me deixando no sofá desleixado.

Enquanto eu assistia um filme sem graça eu celular tocou. O peguei preguiçoso e encarei a tela que marcava “numero privado ligando”. Franzi a testa, mas atendi mesmo assim.

- Alo? – falei desconfiado.

- Pare de procurar é meu ultimo e único aviso. – a voz grossa soou do outro lado da linha desligando logo após.

Meu coração parou. Mantive o celular no ouvido chocado demais pra conseguir me mexer.

Aquela voz...

Mil lembranças passaram pela minha mente, mil vezes a qual eu ouvi aquela voz seja pessoalmente ou em alucinações.

Eu esperei muito tempo para ouvir aquela voz de novo e no fim era isso que ele tinha a me dizer? Pra mim parar de procurar por ele?

Sinto muito pai, mas isso é exatamente o que eu não vou fazer.

- Nico? – a voz de Percy me trouxe de volta.

Quando é que ele chegou ali?

Ele me olhava com a testa franzida a minha frente e eu percebi que ainda segurava o telefone contra o ouvido, ouvindo apenas o silencio que ele deixou ao desligar.

Isso combinava com ele, silencio era tudo que ele havia me deixado além da dor e perda.

- você está bem? Quem é? – Percy pegou o celular da minha mão e olhou para a tela apagada o que só o fez ressaltar sua careta confusa. – Nico você está bem? Me conte o que aconteceu?

Percy se sentou ao meu lado e eu me lembrei de respirar e me mover.

- “Pare de procurar é meu ultimo e único aviso.” – falei contando e ao mesmo tempo me lembrando de digerir aquelas palavras.

- quem disse isso? – ele continuava confusa.

Respirei fundo e mesmo assim minha voz saiu falhada.

- Hades.

Os olhos de Percy se abriram ligeiramente em surpresa e sua boca formou uma linha rígida antes dele falar.

- tem certeza que era ele?

- absoluta. Eu jamais esqueceria aquela voz. – afirmei, mas não soou firme pelo meu estado de nervoso.

Percy suspirou, parecia tão abatido quanto eu.

- isso não é nada bom Nico. Nada bom. – murmurou mais para si mesmo antes de me encarar fixamente. – como ele conseguiu seu numero? Como sabe que você está procurando?

Balancei a cabeça.

- eu não sei. – respondi sincero. Peguei meu celular da mão dele e encarei o lembrete da ligação com o registro de “numero privado” em mina lista de chamas. – porque ele me ligaria? Porque não e deixar pensar que ele está morto?

Percy apertou os lábios de novo.

- isso é muito estranho, mas talvez ele tenha algum informante por perto, alguém eu saiba que você sabe que ele está vivo. Acho que ele não quer ser encontrado porque se você encontrar ele...

- outras pessoas também vão. Bandidos ou policia, ele está ferrado do mesmo jeito. – completei em um pensamento alto.

Percy segurou minha mão com doçura.

- vou ligar pro Jason ficar com você. Hoje ele trabalhou de manhã então terá tempo. – disse preocupado e eu assenti. – Nico, você deveria falar com a Hazel sobre isso.

Assenti novamente respirando fundo, ainda estava descoordenado.

- eu sei, tem razão... eu vou falar. – falei em um suspiro confuso.

Percy me puxou para si em um abraço reconfortante que me fez por alguns segundos esquecer do resto do mundo. Ele beijou minha cabeça.

- vai ficar tudo bem. – garantiu e ficamos em silencio por um momento até ele falar de novo. – Nico, não é melhor dar um tempo com isso? Quero dizer, agora ele sabe que você está procurando, ele pode fugir de novo seja la onde esteja ou se pensar que paramos de procurar, talvez ele fique onde está.

Fechei os olhos assimilando o que ele estava dizendo.

- não posso. – disse por fim. – não posso parar agora Percy. Eu preciso disso, preciso encontra-lo e olhar nos olhos dele e... – não consegui terminar a frase.

Sua voz grossa e rouca como a minha só que mais envelhecida pairava em minha mente com aquelas palavras “Pare de procurar é meu ultimo e único aviso”.

Não conseguia decidir se ele realmente queria que eu parasse de procurar ou se queria me incentivar a isso. Qualquer um que não quer ser achado não da sinal de vida, e agora eu sei. Eu sei que ele esta vivo e nada vai me fazer desistir.

Percy beijou minha cabeça de novo.

- eu estou com você Nico, para tudo entendeu? Se você precisa disso faremos isso, mas... estou preocupado, parece perigoso. – falou me fazendo afastar dele e olha-lo.

Percy tinha os olhos verdes distantes como se estivesse em outro mundo, ele sorriu amarelo para mim.

- eu sei que sim. Obrigado. – foi só o que fui capaz de dizer antes de beija-lo e fugir por algum tempo da minha louca realidade.