História New World - Protection

"A muito tempo atrás, a vida na terra era totalmente diferente da que a nossa realidade de hoje" reviro os olhos com o assunto, toda semana ele fala sobre isso, deito minha cabeça na mesa e tento não dormir.

Sempre o mesmo assunto. A muito tempo atrás...

Todos nós já sabemos essa história e de qualquer maneira todos estão mortos, então para que isso vai servir no meu futuro?

Olho para Aria e como sempre ela esta concentrada, ela é simplesmente fascinada nas antigas histórias, mesmo já tendo as ouvido mais de um milhão de vezes.

Sinto alguém me cutucar e me viro vendo Hanna apontando para o canto da sala. Liam. Ele é um dos infectados da nossa turma, bom, literalmente o único já que os outros dois desistiram dessa aula. Tomás estava tacando bolinhas de tinta em sua camisa - antes - branca. Suspiro e me seguro para não fazer as bolinhas voltarem na cara do idiota.

Tento esquecer e volto a prestar atenção na aula.

"Uma molécula intimar é considerada extremamente rara, ela pode salvar de várias doenças, mas apenas infectados a possui"

"Para alguma você é útil aberração" Tomás diz para Liam fazendo todos começarem a rir, seguro a vontade de fazer meu discurso da paz e me afundo mais na cadeira.

"Cale-se senhor Sondre" diz Sr. Lux e volta a atenção para a explicação.

Me arrepio ao sentir a aflição de Liam, olho para ele e vejo que esta tentando parecer indiferente ao comentário de Tomás, mas consigo sentir que isso o atingiu, suspiro e tento afastar meu lado protetor.

Depois de algum tempo - um tempo bem demorado - o sino bate, suspiro e agradeço internamente por o próximo tempo ser livre, recolho minhas coisas e saio da sala sendo acompanhada das meninas.

"Não acertou a cabeça do Tomás, estou orgulhosa" Aria diz se sentando de baixo da arquibancada.

"Vontade não faltou" digo. Olho para Hanna que está perdida dentro de si, sigo seu olhar e vejo Liam sentado de baixo de uma árvore perto "você devia disfarçar melhor".

"Só estou olhando" resmunga.

"Claro" ironiza Aria.

"Calem a boca" diz se deitando no chão. "Ele é um infectado, até parece que euzinha teria algum enteresse nele".

Me deito também e fico olhando pros chicletes grudados embaixo da arquibancada.

"Seu aniversário tá chegando" diz Hanna.

"Eu sei" suspiro.

"Tia Lena ainda não mudou de ideia?" Pergunta Aria.

"Não" mamãe sempre dá festas grandes no meu aniversário para me exibir, a filha que se descobriu uma Sonk. ridículo.

"Fica tranquila, a gente te rouba no meio da festa" diz Hanna e sorrio.

"Vou agradecer eternamente"

"Posso fazer eles se baterem?" Hanna resmunga ao ver um dos jogadores tacando algum em Liam. "Juro que entro na mente dele rapidinho".

"Hanna gostando de alguém, nunca pensei que veria isso" Aria limpa uma lágrima imaginária fazendo Hanna revirar os olhos.

"Não estou gostando dele" rosnou "apenas não gosto de como tratam ele, até seres inúteis como infectados merecem sossego" ergo a sobrancelha e ela suspira "tá, e ele é bonitinho, mas só um pouco".

"Boninho? Sério?" Aria fez cara de tédio.

"Não tinha um termo mais broxante não?" pergunto. "Sabe, devia tentar se aproximar dele" digo.

"Não sei" mordeu o lábio apreensiva. "O que as pessoas pensariam?".

"A pior coisa que pode acontecer e ele te dar um fora ou ter namorada" Aria deu de ombros e concordo "E ninguém vai ser idiota o bastante pra tentar te zoar"

"Não sei" o sinal toca e nos levantamos limpando a roupa, pego minha bolsa e vamos para dentro da escola.

•~•

"Eu sou uma burblr, isso devia ser mais fácil" resmungou me fazendo rir. Aria com certeza é a única burblr que odeia química.

"Nem é tão difícil" pego os tubos a minha frente e misturo os dois dentro de um pote, coloco um pó vermelho e logo vira um tom violeta.

"Cala boca, você é uma Sonk, não tem o direito de dizer nada" reviro os olhos e fico calada.

Sonk. Apenas um nome idiota que deixa o ego de pessoas idiotas ainda maior.

Olho para o fim da sala e vejo o garoto de capuz fazendo as experiências, ele está sentado sozinho na bancada, como sempre. Nunca vi o rosto dele, apenas sei que também é um infectado.

"Desisto" bufa me fazendo rir. "Preciso fazer meu exame de novo, tenho minhas dúvidas em ser mesmo uma burblr".

"Talvez seja uma quin" digo.

"Ia ser da hora ter aquelas presas" diz e seguro uma risada ao ver ela imitar um quin.

O sino bate e nos levantamos saindo da sala, paro no meu armário para deixar alguns livros e logo saímos da escola.

Assim que saímos vemos Hanna nos esperando encostada em uma árvore, vejo que ela tá olhando para Liam e me seguro para não fazer nem uma piadinha.

"Você tá patética assim" diz Aria e rio do pulo que Hanna dá.

"Ainda acho que você devia falar com ele" digo.

"Não vou falar com um infectado" resmunga.

"Não seja uma vadia nojenta" ralha Aria. Ouço algum suspiros e olho para trás vendo os Jogadores saindo da escola. Assim que Tomás nos ver sorri e começa a se aproximar, me coloco atrás de Aria e a abraço.

"Olá meninas" aceno com a cabeça e Aria faz o mesmo. "Hoje vai lançar um filme no espaço, quer ir comigo?" Pergunta para Hanna. Tomás sempre teve uma queda por Hanna, mas a mesma nunca mostrou interesse. Primeiro, porque Tom é um idiota, vivo discutindo com ele. Segundo, porque Tomás já transou com - quase - todas as meninas - e meninos - dessa escola.

"Hoje eu prometi que sairia com minha irmã, quem sabe na próxima" sorri falso. "Preciso ir, carona?" Pergunta para Aria, que concorda. "Prometo que na próxima eu vou Tom" da um beijo em sua bochecha e sai arrastando Aria, rio abafado e Tomás acena se afastando, abatido.

Me aproximo de algumas pessoas que estão sentadas em baixo de uma árvore e vejo que estão desenhando retratos um dos outros, fico olhando por alguns minutos. Uma menina se aproxima e falo algumas palavras com ela, mas logo me despeço dela e caminho rumo ao estacionamento, assim que chego perto do meu carro ouço algumas vozes, me escondo atrás da lata de lixo e vejo Tomás e seus idiotas seguidores rindo de alguém.


Vai pro carro.

Vai pro carro.

Vai pro carro.


Ignoro a vozinha e sigo até onde eles estão, assim que chego mais perto vejo que a pessoa de quem eles estão rindo é o garoto de capuz, da aula de química, que agora estava jogado no chão e sem o capuz, deixando seus cabelos loiros visíveis, assim que percebo que ele está machucado sinto meu corpo esquentar e ergo meu olhar para os idiotas parados á minha frente.

"Me diz um motivo bom o bastante para não acabar com todos, aqui mesmo ?" Pergunto tentando me manter calma.

Cadê meu lado da paz quando preciso.

"Vai embora e deixa que a gente cuida de tudo aqui Prior" Zack disse debochado.

Sinto meus olhos esquentaram e pelo modo como o medo tomou conta do rosto de todos tenho certeza que estão vermelhos, sempre ficam quando fico com raiva.

Apenas ergo minha mão e no mesmo segundo todos estão grudados na parede.

"Sabem que sou mais forte que qualquer babaca desse inferno então não me testem, porque posso acabar com vocês apenas estalando os dedos" digo e os solto fazendo-os cair no chão. "Vão embora daqui".

Respiro fundo me viro vendo o garoto de capuz sentando no chão de cabeça baixa, assim que paro em sua frente ele levanta a cabeça.

O garoto de capuz - agora com um rosto - se levanta e dá um passo para trás, me olhando apreensivo, depois de alguns segundos - quando constata  que eu realmente não vou o atacar - suspira e dá um passo para frente.

"Obrigado" diz baixinho, mesmo assim ainda pude notar um sotaque diferente.

"De nada" digo olhando em seus olhos azuis, apenas os azuis, nada de uma linha ao redor que muda de cor constantemente, incríveis e normais olhos azuis.

"Sou Beatrice, Beatrice Lancaster" digo.

"Niall Horan" disse tentando desviar o olhar ao perceber meu olhar fixo no seu. "Eu tenho que ir, obrigado de novo" disse se virando e indo em direção à uma moto.

Vou ate meu corro e o destravo entrando no mesmo.

"Niall Horan" murmuro. Afasto meus pensamentos e ligo meu carro indo para casa.


°*°


Niall. Niall. Niall. Esse nome ficou rondando minha cabeça a semana inteira, como um mosquito zunindo ao pé do meu ouvido, já avia se passado duas semana mas não consigo esquecer aqueles olhos azuis. Depois do dia no estacionamento não o vi mais, ele faltou a semana inteira e quando finalmente pensei que o veria novamente, ele simplesmente tinha trocado de aula, ele desistiu de química e passou para outra turma. Os rumores já tinham diminuído mas ainda assim muitos me julgavam com o olhar, Tomás e os outros espalharam sobre o meu ataque de proteção no estacionamento, inventaram sobre eu estar envolvida com um infectado, o rumor se espalhou rápido e não só pela escola.

Mamãe ficou furiosa quando descobriu, fiquei horas e horas escultando de como eu a tinha envergonhado na frente das amigas, principalmente na frente de Joana, mãe de Tomás. Papai apenas disse que estava orgulhoso por eu ter protegido uma pessoa indefesa, o que foi mais um motivo para mamãe explodir, ela literalmente reclamou a semana inteira e so parou quando concordei em ir ao um clube com ela.

Como sempre para me mostrar como um troféu, uma filha Sonk, assim como o marido. Nos dias de hoje, três Sonk's so nascem a cada dez anos. O que é mais um motivo para ela se gabar.

"Não olhe para eles, vai acabar igual" murmurou mamãe ao meu lado.

"Olhar uma pessoa não te faz ser igual a ela" murmuro de volta.

Volto minha atenção para as crianças brincando ao redor do lago e seguro um sorriso ao ver uma correndo de uma borboleta.

"Não são pessoas" murmurou de novo.

"Só porque são infectados não quer dizer que não pessoas" reviro meus olhos "E pare de murmurar, suas amigas nojentas não vão ouvir" digo.

"Não fale assim" murmurou novamente. olho para Margo vendo a mesma entediada.

"Por que não vai brincar Margo?" Pergunto e vejo ela sorri já se levantando.

"Nem pensar" rosnou mamãe "Não quero você perto daqueles seres" suspiro e Margo para de sorrir se sentando novamente. "Já basta sua irmã ter defendido um infectado, já criou rumores demais, ainda não sei porque esses seres desprezíveis podem entrar aqui". Me levanto e pego a mão de Margo a puxando para longe daquela mesa deixando mamãe resmungando irritada.

Me sento perto de um canteiro de flores e mando Margo ir brincar junto às outras crianças, com certeza vou ouvir mamãe reclamando mais tarde, mas não consigo passar nem um segundo a mais perto dela e de suas amigas irritantes, e com certeza Margo também não.

Sinto meu celular vibrar e o pego vendo uma mensagem de Hanna.

"Como está a doce tortura ?"

Sorrio e respondo.

"ME TIRA DAQUI."

Guardo meu celular de volta e vejo Margo brincando com uma outra menininha no balanço. Sorrio para a cena e olho ao redor, todas as crianças brincando juntas, sem se importar se mais tarde vão se descobrir infectados ou não. Apenas crianças inocentes, sem preconceito e ego inflamado.

Olho para onde mamãe está sentada e a vejo conversando com suas amigas, reviro os olhos ao perceber que uma está mostrando suas jóias, todas são do mesmo jeito, a maioria casadas com Ghost, Rider e Sonk, que tem filhos para ensinar a ser nariz empinado e vem a clubes para se gabar com suas jóias e status.

Por isso que não gosto de vim aqui.

Sinto alguém se sentar ao meu lado e me viro vendo um garotinho loiro, ele olha para mim sorrindo e paraliso ao ver seu olhos azuis. Azuis como de Niall. Ele é muito parecido com Niall.

"O-oi" diz com a voz enrolada e sorrio para a fofura a minha frente.

"Olá, como é seu nome?" Pergunto.

"Théo" responde sorrindo mas logo fica sério, ele chega mais perto olhando meu rosto e logo arregala os olhos deixando as duas bolinhas azuis mais visíveis.

"O que foi?" fico confusa com sua reação.

"Vovó me disse para não conversar com pessoas de olho branco" diz sussurrando.

Assim que abro a boca para responder uma mulher loira aparece olhando aliviada para o garotinho, mas logo o alívio em seu rosto some ao me ver.

"O que eu disse sobre se afastar sem me avisar ?" Perguntou ao loirinho, sem tirar os olhos de mim.

"Desculpa vovó" diz fazendo biquinho e sorrio automaticamente para a cena. "Mas eu queria uma flor pra dar para a mamãe".

"Sou Beatrice" digo com a mão estendida em sua direção. Ela me olha com o cenho franzido mas logo aceita o comprimento.

"Maura" diz ainda me olhando receosa.

"Ele é lindo" digo olhando para Théo, que agora esta distraído olhando para as flores do canteiro, olho para ela novamente e vejo que ainda me olha receosa. "Não se preocupe, não vou o machucar" sinto ela soltar a respiração e pela primeira vez sorrir olhando para o loirinho. Ela se aproxima e se senta ao lado dele.

"Desculpa minha reação, normalmente não somos recebidos assim por... por vocês" diz.

Fico olhando para serzinho a minha frente e não consigo parar de sorrir, ele é muito parecido com Niall.

"Mãe achou o Théo? Procurei ele por todo canto" Niall diz aparecendo pelo mesmo lugar que Maura chegou. Ele parece afoito e quando me vê arregala os olhos.

Sinto meu corpo formigar com sua presença, fico olhando em seus olhos e so desvio quando o mesmo olha para sua mãe, ao meu lado. Sinto meus olhos penicarem e logo sei que mudaram de cor, tanto pelo incômodo quando pela reação de Maura ao notar. Desvio meu olhar deles e olho para o canteiro, tentando controlar o formigamento em meu corpo.

"Ele estava o tempo inteiro aqui querido" responde Maura. Olho para o loirinho e vejo o sorriso rasgar seu rosto quando vê Niall.

"Titio" diz descendo do banco e correndo em direção ao Niall.

"Oi campeão" o pega no colo. "Oi" diz em minha direção, o que só faz o formigamento aumentar. Aceno com a cabeça em comprimento e vejo a confusão no rosto de Maura.

Sinto que alguém correr em nossa direção e logo vejo Margo. Ela sorri para os três ao meu lado e diz que mamãe está nos chamando para ir embora, me despeço deles e arrasto Margo - que não queria largar Théo - comigo.

Assim que chego perto da mesa onde mamãe está se despedindo de suas amigas, sinto os olhares julgadores em mim. Seguro a vontade de revirar os olhos e olho para trás vendo que Niall já saiu de onde os deixei.

Sigo mamãe até o carro a ouvindo reclamar sobre meu comportamento na frente de suas amigas, entro dentro do carro e ligo o som afim de abafar sua voz, o que não funciona muito porque ela desliga assim que entra.

"Por que seus olhos estão lilás? " Margo pergunta e olho no espelho vendo o lilás quase indo embora deixando o branco junto ao castanho novamente. Dou de ombros e logo mamãe começa a falar.


▪~▪



"Eu falei com ele" diz Hanna se sentando ao lado de Aria.

"Com quem?" Pergunto dando uma mordida no meu hambúrguer.

"Liam" responde. Um sorriso aparece no rosto de Aria e nós duas olhamos para Hanna esperando que ela continue. "Ele tava na biblioteca e me sentei na mesma mesa que ele porque não tinha outra desocupada, ele me pediu uma folha emprestada, percebi que ele estava receoso mas depois conversamos normal, ele é tão fofo" deitou a cabeça na mesa sorrindo pro nada. Troco um sorriso malicioso com Aria e Hanna olha estranho para nós. "O que estão aprontando?" Pergunta.

"Nada" Aria dá de ombros. "Você gosta dele" diz.

"Não gosto não" diz se sentando normal.

"Gosta sim" digo. "ta na cara" dou mais uma mordida no meu hambúrguer.

"Ele é um infectado, então não, não gosto dele"

"Desculpa, só ouvi blábláblá, nada mais" Aria diz mexendo a mão e Hanna bate em seu braço.

Olho para a entrada do refeitório e vejo Horan entrando junto a Liam, pelo que vi nos últimos dias eles são bem amigos. O acompanho com o olhar até ele se servir e se sentar à algumas mesas de distância, todos começaram a soltar piadinhas e tento não ter um ataque de proteção como no estacionamento.

"Vai acabar furando o copo" Aria diz, então percebo que estou com as unhas cravadas no copo.

"O lado ruim de ser sonk, você quer proteger todos" resmungo.

"Não acha que teve um inprint, acha?" Hanna pergunta e logo nego.

"Eu sentiria" respondo. Ela concorda e nos levantamos, olho para Niall antes de sair e vejo que o mesmo também está me olhando.

Afasto o formigamento no meu corpo e ando em direção à próxima aula. Hanna resmunga e Aria gargalha fazendo-a bater em sua cabeça. Tomás está encostado em seu armário com uma flor branca entre seus dedos, começo a rir mas logo prendo a risada ao ver o olhar dela em mim.

"Ele nunca desiste" suspira e coloca um sorriso falso no rosto. "Vamos lá"

"Hanna" abre um sorriso radiante ao vê-la.

"Aria e Tris também" completa Aria. Ele olha para nos e sorri de lado. Ele se aproxima e coloca a flor atrás de sua orelha, dando um beijo em sua bochecha logo em seguida, seria um gesto adorável, se não viesse de Tomás.

"Achei que ficaria melhor em você" sorri novamente. Aria faz gesto de nojo e prendo a risada ao notar o sorriso amarelo no rosto de Hanna. "Preciso ir pro treino, te vejo depois" da um beijo em sua bochecha novamente e acena para Aria me ignorando completamente.

"Foi bom ver você também" grito acenando. "Vocês são tão adoráveis juntos que me dá enjoo" faço gesto de vômito e Aria gargalha, apenas deixando Hanna mais irritada.

"Vai defender aqueles seres estúpidos e me deixa em paz" saí andando e a seguimos falando sobre Tomás a deixando mais irritada.