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História Nicest Thing - Daniel na Cova dos Leões


Escrita por: vausemessy

Notas do Autor


É, eu avisei que iria demorar e demorei, eu sei. Faltou inspiração, depois faltou tempo, mas eu consegui! Como sempre, não está exatamente do jeito que eu queria, mas tentei fazer o melhor, espero que vocês gostem.
O próximo não deve demorar tanto quanto esse, então até o fim do ano deve sair, pelo menos, mais um capítulo.
Às novas leitoras: sejam bem vindas, espero que tenham curtido até aqui.

Capítulo 11 - Daniel na Cova dos Leões


- Mamãe, o que significa “incondicional”?

- Huum, incondicional significa algo que não depende de condição, meu amor, algo que acontece independente da maneira ou da circunstância.

A pequena a olhou com uma expressão pensativa. – Então o amor incondicional é o que acontece de qualquer jeito?

- Bom... Sim! – Piper riu olhando para a garotinha que a cada dia aparecia com uma nova pergunta desconcertante daquelas.

- De onde você tirou isso, meu anjo? – Piper, que estava recostada à cama, bateu no colchão para que a filha se juntasse a ela.

- De um desenho que eu estava assistindo – ela disse enquanto subia na cama e ficava encostada a mãe.

- E falava sobre amor incondicional? Que desenho é esse? – A loira perguntou, curiosa.

- A Princesinha Sofia! – Christine respondeu se abraçando com a mãe.

- Interessante... Quando nós vamos ver a Princesinha Sofia juntas? – Disse passando a mão nos cachinhos da filha.

- Pode ser depois? Eu estou com soninho agora... – Disse manhosa, colocando o rostinho quase encostado ao pescoço da mãe.

- Tudo bem, pode ser depois – deu um beijo na cabeça dela.

- Mamãe...

- Oi, bebê.

- Você ama alguém incon-dicional-mente? – Falou com um pouco de dificuldade em completar a palavra.

- Sim, uma pessoa – respondeu enquanto acariciava a pele macia na filha com a mão esquerda.

- Quem? – Voltou o olhar para a mãe, curiosa.

- Uma garotinha de seis anos que adora fazer perguntas – disse com um sorriso leve.

Christine riu, fechando os olhinhos cansados.

- E o papai?

Piper travou os movimentos.

- Eu amo o seu pai, mas amor incondicional é um sentimento que a gente só experimenta quando se é mãe – falou um pouco mais séria.

Christine ficou calada por um tempo, com certeza pensando em alguma boa resposta.

- Então a vovó te ama incondicionalmente? Ela só briga com você.

Piper riu. – A sua avó tem um jeito próprio de amar, meu bem.

- Eu vou ser mãe um dia – a pequena disse enquanto se aninhava ao corpo da mãe.

- Claro que vai, e espero que tenha uma filha igualzinha a você.

- Sim, uma filha muito boazinha e comportada.

Piper gargalhou e apertou a menor em um abraço, ela era o ser humano mais precioso de todo o mundo.

 

Christine pegou no sono quase imediatamente, já Piper ficou distraída, pensando – sua atividade favorita de uns tempos para cá. Era incrível como o seu castelinho de cristal havia se despedaçado completamente, nada parecia como antes, ao mesmo tempo em que uma certa morena lhe tirava o chão, parecia que, com ela, todas as cores eram mais avivadas, os gostos mais acentuados, as sensações mais a flor da pele. Não existia um minuto de seu dia no qual ela não estivesse presente, seja nos pensamentos bons, nos ruins, nos inapropriados...

Ela havia se sentido mal, muito mal desde o último encontro com Alex. Machuca-la nunca tinha sido a sua intenção, talvez ela não imaginasse o grau de envolvimento da mulher, também pudera, toda aquela capa de proteção era difícil de tirar. Alex não era óbvia, não era fácil e, ao mesmo tempo que isso a enlouquecia, também a encantava. Perdida em seus pensamentos, a loira ouviu o ruído da campanhinha. Levantou preguiçosa da cama e foi atender.

- Oi – falou sem muita empolgação.

- Olha, eu tirei um tempo precioso do meu dia para vir te ver, não vai nem fingir que tá feliz? Se fosse a Alex... – Polly já adentrou o apartamento falando alto e reclamando, como era típico.

- Não fala o nome dela! – Piper a repreendeu e Polly a mostrou o dedo do meio.

- Você tá melhor? – A amiga lhe perguntou, sentando-se ao seu lado no sofá.

- Sim, só me sinto meio fraca agora – ela disse passando a mão no rosto.

- O que aconteceu, Piper? Eu te conheço quase a vida toda e sempre foi muito raro você ficar doente.

- Talvez seja isso, eu também tenho o direito de ficar doente e ser cuidada um pouco – piscou para Polly.

- Hum hum – Polly vocalizou, balançando a cabeça, fazendo um negativo – isso é por causa dela – foi direta.

- O que? Agora tudo que acontece na minha vida é em função da Alex? – Cochichou, irritada.

- Piper, você vem passando por uma série de momentos estressantes no último mês, o seu corpo reagiu a isso, é normal! – Polly explicou. – Teve alguma alteração nos seus exames?

- Não... – Piper respondeu deitando a cabeça no braço, apoiada no sofá.

- Tá comendo direito?

- Mais ou menos – Polly a reprovou com o olhar. – Eu não sinto fome, Pol!

- Mas eu sei de algo, ou melhor, alguém que abriria o seu apetite bem rapidinho...

Piper a fuzilou com o olhar.

- Fala sério, P, você precisa resolver essa situação, é isso que te deixa doente!

- Eu vou resolver – disse olhando para baixo.

- Vai mesmo? – Polly a acompanhou.

- Sim, eu não posso fazer isso com ela...

- Então você vai desistir? Vai dispensar ela? – Polly perguntou atenta.

- Eu prefiro te dar essa resposta depois de conversar com ela – a loira respondeu a olhando nos olhos.

- Ok... – Polly balançou a cabeça e pegou na mão da amiga. – Eu sei que você vai tomar a decisão certa.

 

***

 

- Como assim a sua mulher beijou outra e você não se importa? – Larry perguntou surpreso.

- Ela teve vontade, era algo que ela nunca tinha feito... – Pete respondeu enquanto os dois se sentavam à mesa.

- E se fosse um homem?

- Ela já beijou vários homens – Pete disse como se fosse óbvio.

- Não sei, cara... – Larry recostou-se à cadeira e balançou a cabeça. – Eu não iria gostar se a Piper chegasse em casa me contando algo do tipo.

- No seu caso, eu também acho que não iria gostar, afinal a minha mulher não teve uma juventude lésbica – ele sorriu para o amigo, dando uma piscadinha enquanto iniciava a refeição.

Larry ficou vermelho.

- Isso faz muito tempo – disse sério.

- Eu sei, mas ela já sabe o que é bom, nunca se sabe quando elas vão cansar ou não, tentar novos caminhos... Ou voltar ao que eram antes...

O marido de Piper já estava nervoso.

- Eu tô brincando, Larry – Pete disse, rindo. – A Piper deve ser a mulher mais fiel a tudo que faz na vida, ela jamais te trairia.

- Na verdade, ela está bem estranha ultimamente...

- Estranha como?

- Não sei... – Ele falava pensativo enquanto mexia na comida. – Meio distante, sabe? A minha relação com a Piper sempre foi aberta ao diálogo, nós conversamos sobre absolutamente tudo e agora ela simplesmente ficou esquisita e não se abre comigo – ele disse num tom baixo, não queria chamar muita atenção, já que estavam no hospital.

- E o que você acha que pode ser?

- Eu não faço ideia! Toda vez que eu pergunto, ela fica na defensiva, falta me bater!

- Mulheres são seres estranhos, Larry, deve ser algum problema que ela mesma inventou e quer lidar sozinha, logo isso passa.

- Eu espero, esse não é o momento para viver uma crise no meu casamento – disse olhando para o lado.

- Fala sério, Larry, você e a Piper nasceram um para o outro – Pete respondeu, acompanhando o olhar do amigo.

- É... – Larry respondeu meio distante, ainda olhando para o lado.

- Larry, você tá secando a enfermeira?

- O que? Não! – Voltou a atenção a Pete.

- Eu espero que essa desconfiança da Pipes não seja uma projeção sua, você sabe que eu acabo com você – Pete sorriu e voltou a comer, deixando um Larry desconcertado a sua frente.

 

***

Alex havia chegado do cinema. Sozinha. Era um hábito comum, ela gostava de sair, ver as pessoas, observar os pequenos detalhes de tudo que a rodeava. Diferente do que a maioria das pessoas que saem sozinhas procuram – conectar-se a si mesmo – Alex fazia aquilo para se distrair, para se desconectar de sua mente que trabalhava a todo vapor, a todo momento, para envolver-se com a rotina das outras pessoas e se esquecer da sua, para fingir, por alguns momentos, que vivia uma vida normal, igual a todo mundo. Geralmente funcionava, seu espírito juvenil era facilmente entretido, empolgado e curioso às novidades, e ela sabia que era aquilo que a mantinha viva todos os dias.

- Estou de saída – foi a primeira coisa que ouviu ao entrar em casa.

- Nicky, por que você nunca para em casa? Eu sempre tenho que dar satisfações, mas nunca sei onde você está, com quem, que horas volta... Eu acho que mereço alguma consideração, não? – disse enquanto jogava a bolsa no sofá e se jogava ao lado.

- Você é a criança aqui. Você dá satisfações, não eu – Nicky disse enquanto mexia no cabelo em frente ao espelho.

- Ridícula – Alex disse enquanto conferia o celular. Desde o último encontro com Piper, aquele era um hábito que havia se tornado recorrente.

- Larga esse celular, Alex! – Nicky gritou, batendo as mãos nas pernas.

- Desculpa! – A morena soltou o aparelho.

- Por que você não liga pra ela?

- Por que é ela quem me deve uma resposta!

- E se ela nunca responder?

Alex olhou para a amiga e, logo após, abaixou o olhar.

- Al, já tem mais de uma semana e ela não deu sinal... Eu não sei o que vai acontecer, mas você deveria estar preparada para tudo – disse se sentando ao sofá e segurando a mão de Alex.

- Eu estou preparada – Alex respondeu baixinho.

- Não está...

- É melhor você ir. Deve estar atrasada para sei lá o que você vai fazer – Alex levantou o rosto e riu sem graça.

- Tem certeza? Eu posso cancelar – Nicky passou a mão no rosto da morena.

- Tenho! Eu vou tomar um banho, talvez tirar um cochilo depois, qualquer coisa...

- Não vai dormir agora, Alex, depois você não consegue dormir a noite e fica enchendo o meu saco! – Nicky levantou-se.

- Agora sim eu vejo a minha velha amiga – Alex riu e Nicky fez uma careta.

- Tô indo. Se cuida, eu te amo, mas não muito – Nicky disse pegando a bolsa e saindo.

Alex ficou no sofá por alguns minutos, pensando. Talvez Piper nunca respondesse, talvez aquela rua escura tenha sido o último local em que as duas estariam juntas. Talvez ela nunca mais visse os olhos grandes, azuis e suplicantes da loira. Aquilo apertava seu coração. Sentindo um arrepio lhe percorrer o corpo todo, resolveu levantar. Dirigiu-se ao banheiro e começou a tirar as roupas, calmamente, peça por peça. A relação da morena com o próprio corpo não era amigável, alguns lhe diziam que ela era a mulher mais bonita de todo o mundo, mas era difícil encontrar beleza em um lugar onde ela via tanta sujeira. Às vezes, sentia todas as mãos que já haviam passado por ali, as desejadas e as indesejadas, as mais calmas e as mais agressivas... Ela sentia que cada parte de seu corpo possuía memória, e olhar-se no espelho era algo que trazia todas elas a tona. Saindo do transe, quando já estava prestes a ligar o chuveiro, ouviu a campanhinha tocar. Ela revirou os olhos, com certeza era Nicky, sempre deixando algo para trás.

Vestiu um robe de seda azul marinho que estava no banheiro e saiu xingando enquanto amarrava o laço na cintura.

- Que droga, Nicky, se eu já tivesse começado o banho, você ia esperar até eu terminar! – Reclamava enquanto abria a porta. Ao abrir completamente, sentiu o coração saindo pela boca.

 

A reação de Piper foi a mesma, uma Alex com a maquiagem meio borrada e um robe escuro e brilhante cobrindo o corpo esguio era uma imagem perturbadora. Até os olhares se encontrarem, elas percorriam as extensões uma da outra, com medo de chegar até o ponto principal.

Ao chegar, encararam-se por alguns instantes. Alex segurava as emoções que queriam transbordar. Ela chegou a pensar, verdadeiramente, que Piper não voltaria. Já estava preparada para se recuperar e seguir em frente, mas aquilo a desconcertou. Ela tinha se preparado para o não. E o sim? O que ela faria caso Piper dissesse... Sim?

Piper abriu a boca para dizer alguma coisa, foi quando Alex se pronunciou primeiro:

- Des...culpe, eu... – Balbuciou.

- Não. É que... – Piper respondeu movimentando as mãos. A situação era um pouco constrangedora.

- Entre... – Alex abriu passagem para que a loira entrasse.

Piper entrou, cada passo parecia decisivo, entrar naquele lugar tinha um certo simbolismo, uma melancolia. As duas se olharam novamente, elas conversavam com o olhar, contavam as vontades, os medos e os anseios.

- Alex

- Piper – elas falaram ao mesmo tempo. Alex riu, a tensão ali poderia ser cortada com uma faca. – Olha, nós já temos uma certa intimidade, eu acho que isso não é necessário.

- Certo – Piper afirmou – eu acho que devo uma resposta a você.

Alex a olhou, o medo tomou conta de todo o seu ser, qualquer resposta que saísse da boca de Piper a impactaria.

- Sim – respondeu meio sem graça. Não parecia, nem de longe, a mulher desafiadora que encurralou Piper naquele carro.

- Alex... – Ela se dirigiu ao sofá e se sentou. Alex finalmente a analisou por inteira: ela estava ainda mais linda. Uma calça branca um pouco folgada e uma camisa social da mesma cor, em um tecido quase transparente com detalhes em dourado compunha o look. Seus cabelos estavam impecavelmente lisos e a maquiagem marcava os olhos penetrantes. Ela estava mais bonita do que o normal, Alex poderia até dizer que ela tinha se arrumado especialmente para a ocasião, mas não iria ser precipitada.

- Você já me conhece. Você sabe como é a minha vida, a minha rotina, já deve ter percebido que eu sou uma pessoa um pouco indecisa, mas talvez você ainda não saiba que eu não sou de deixar nada inacabado – Alex a olhava atentamente – o que aconteceu entre a gente foi algo que me abalou muito, você revirou a minha vida a ponto de eu não poder controlar os meus sentidos. Isso nunca tinha me acontecido antes. Essa atração, esse desejo... Tudo que diz respeito a você me faz ir do céu ao inferno. Eu não sei definir o que é, mas já me consumiu e... – Ela finalmente parou e respirou.

Alex estava atônita, cada palavra que Piper pronunciava era um choque em sua pele.

- Eu... Não sei o que dizer – ela disse com a expressão ainda chocada, de pé encostada a uma pequena estante com fotos.

- Não precisa dizer nada. Eu era quem te devia isso – Piper disse olhando em outra direção, passando as mãos uma na outra.

- Me desculpa por ter feito isso na sua vida...

- E por que você está assumindo que eu não gostei? – Piper a olhou e sorriu.

Alex quis chorar, aquela situação era demais para ela.

- Alex, há muitos anos eu não experimento nada como o que eu tenho vivido agora, parece que depois de muito tempo, eu voltei a me sentir viva de verdade.

Alex dirigiu-se ao sofá e se sentou perto de Piper.

- Você precisa ser mais clara – disse olhando nos olhos da loira.

- Alex... – ela se ajeitou, ficando de frente para a morena – essa é a coisa mais errada que eu já fiz na minha vida. Eu tenho uma família constituída, eu tenho um marido que eu nunca pensei em largar, uma filha... Você entende?

- Eu nunca te pediria para desistir da sua vida por minha causa – Alex disse séria.

- E você acha que saberia viver com isso? – Piper segurou em suas mãos e perguntou.

- Você acha que saberia viver comigo, Piper? Você já parou para pensar realmente no que eu sou? – Ela falava firme, mas prestes a desmoronar a qualquer momento.

Ela não havia feito isso. Desde que conhecera Alex, pensar no efeito que ela causava em sua vida tomava todo o seu tempo. Pensar em Alex individualmente, enquanto garota de programa era algo que ela não havia feito verdadeiramente.

Ao ver a expressão confusa de Piper, Alex retirou as mãos do laço com as dela, já esperando a típica resposta.

- Al, para dizer a verdade, não, eu nunca tinha parado para pensar nisso, porque, sinceramente, esse é o aspecto que menos me importa sobre você. Eu não sei... Eu só acho que você é muito mais do que o que você faz – Piper disse com a sua voz suave e calma.

A morena ficou surpresa, aquela resposta não parecia nada com o que ela esperava, na verdade, era uma das coisas mais bonitas que já tinha ouvido. Ela não resistiu e se aproximou de Piper, segurou seu rosto com as mãos e lhe deu um selinho demorado.

Piper sentia sua alma sair do corpo, parecia que o toque daquela mulher nunca deixaria de ser único, irresistível e perfeito.

- E então? – Alex grudou a testa na dela e perguntou.

Piper respirou fundo.

- É provável que eu esteja cometendo o pior erro da minha vida mas, se eu não fizesse, eu sei que também seria um erro irreparável – disse cochichando com os olhos fechados, enquanto passava uma mão pelo rosto macio de Alex.

- Isso é um sim? – Alex sorriu.

- Isso – deu ênfase no pronome – é um sim – disse antes de avançar nos lábios de Alex.

A morena sorriu entre o beijo, enquanto a loira, beirando o desespero, devorava seus lábios. Piper praticamente montou em cima de Alex, beijando a boca com a qual ela sonhava quase todos os dias. Era loucura, ela sabia, mas a sensação de estar ali, sentindo seu corpo colado ao daquela mulher, era impossível de resistir. Que os deuses e a família a perdoassem mas, aquele pecado, ela iria cometer.

 

As duas se deitaram no sofá, Piper ficava por cima de Alex, aproveitando o beijo que parecia ter um gosto diferente agora, ainda melhor. Alex não podia conter a alegria. Aquela seria uma relação difícil, mas nada nunca havia sido fácil em sua vida. Agora, pelo menos, ela se sentia feliz. Piper dominava o beijo e ela gostava daquilo, se sentir sob o domínio de alguém que ela desejava e sabia que sentia desejo por ela, independente de transações financeiras, era maravilhoso.

Piper enfiava os dedos nos cabelos de Alex, segurando e puxando levemente, enquanto a morena passava as mãos por suas costas. Elas estavam excitadas, é claro, mas naquele momento, simplesmente sentir o beijo e o contato dos corpos parecia suficiente.

Ao pararem para respirar, Piper deu selinhos rápidos na boca vermelha da morena, completando com as bochechas e o pescoço. Alex suspirou e respirou fundo, com os olhos fechados, enquanto Piper deitou-se com metade do corpo em cima do seu.

Elas ficaram caladas por alguns bons minutos, Alex passava os dedos pelos cabelos de Piper – que estava com a cabeça deitada em seu braço – e Piper aspirava o cheiro bom do pescoço de Alex, sentindo uma paz indescritível.

- Você está muito bonita hoje – Alex disse com a voz calma.

Piper riu e lhe deu um beijinho no pescoço. – Obrigada.

- Desculpa aparecer assim, eu estava prestes a tomar banho quando você chegou.

- Eu não me importo, você é linda de qualquer jeito – Piper respondeu enquanto apertava a cintura da morena.

- Isso não é verdade...

- É sim! – A apertou mais ainda e lhe mordeu o pescoço.

- Ai! – Alex se remexeu. – Então você gosta de morder? – Disse olhando para Piper.

- Não todo mundo – disse com um olhar sugestivo.

Alex a olhou por algum tempo, depois propôs: – vem cá! – Disse já se levantando.

Piper a acompanhou, Alex a puxou pela mão e a levou para o quarto. Aquele quarto não lhe trazia lembranças muito boas, mas agora seria diferente, ela seria diferente.

Alex a sentou na cama, depois se agachou e lhe retirou os saltos. Piper achou aquela atitude a coisa mais linda, Alex tinha uma delicadeza singular, e tudo que ela fazia a encantava. Quando terminou, empurrou Piper para que se deitasse e ficou por cima dela. A olhou, analisou seu rosto avermelhado, seu olhar excitado e nervoso e a beijou novamente. As duas línguas dançavam, conectavam-se e misturava os sentimentos de cada uma. A boca carnuda de Alex e os lábios mais singelos de Piper pareciam feitos sob medida um para o outro, Alex deu uma mordidinha no lábio inferior de Piper e a loira lhe sugou o mesmo em retribuição.

- Por que é tão bom fazer isso? – Piper perguntou.

- Eu não sei – Alex lhe beijou mais uma vez e saiu de cima dela, deitando-se ao seu lado.

As duas ficaram de lado na cama, olhando para os rostos quentes e curiosos.

Elas conversaram sobre banalidades, trocaram beijos rápidos, tocaram os rostos uma da outra, como se estivessem se descobrindo pela primeira vez.

- Como você conseguiu uma folga em uma tarde de um dia da semana? – Alex questionou.

- Bom... – Piper hesitou antes de falar – Eu estou de atestado.

- O que? – Alex alarmou-se. – Você está doente? – Sentou-se na cama.

- Eu tive uma dessas viroses, nada demais, estou bem melhor agora – Piper a acalmou.

- Mas o que aconteceu? – A morena ainda estava preocupada.

- Eu não sei, a Polly disse que foi por sua causa – riu descontraída.

Alex arregalou os olhos verdes, a ideia de ver Piper doente por sua culpa não era nada agradável.

Piper riu, a cara de desespero de Alex era hilária – e linda.

- Ei – Piper se sentou – eu estou brincando com você, não precisa ficar assim – disse dando um beijo na bochecha de Alex.

- Piper, me desculpa, eu não sou sempre assim, eu juro, eu sou uma pessoa muito mais fácil do que aparento e...

- Shh – Piper colocou o dedo na boca da morena – já passou, eu estou bem, estou aqui com você... Infelizmente eu não posso ficar muito tempo, então nós temos que aproveitar cada segundo – disse sorrindo.

- Ok – Alex disse olhando para baixo, ainda se sentia culpada.

- Vem cá – Piper lhe puxou pela cintura, até Alex ficar mais ou menos acomodada em seu colo. – Está tudo bem, ok? – Colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha. – Dessa vez, eu não quero ir embora.

Alex a encarou e sorriu. – Eu sei.

- Eu quero te levar em um lugar – Piper disse mais séria.

- Que lugar?

- Não sei ainda, nós podemos marcar um jantar, algo do tipo, como um encontro... – disse enquanto enrolava uma mecha do cabelo da morena.

- Você quer um encontro, doutora? – Alex sorriu.

- Sim, nós precisamos nos conhecer melhor, estabelecer alguns acordos... Certo? – Franziu a testa.

- Certo – Alex disse movimentando a cabeça. Ela não se lembrava muito bem de ter tido algum encontro como aquele.

- Agora, você precisa me responder uma pergunta muito importante.

- O que? – Alex perguntou curiosa.

- O que você está vestindo por debaixo desse robe? – Disse olhando para a peça e passando as mãos pelos braços da morena.

Alex gargalhou.

- Eu achei que era uma pergunta séria, Piper!

- Mas é séria – a loira respondeu com uma expressão tranquila.

- Bom, por que você mesma não descobre? – Disse pegando as mãos de Piper e levando até o nó que fechava a peça.

Piper iria descobrir, não só isso, mas muito mais. 

 

Aquele gosto amargo do teu corpo
Ficou na minha boca por mais tempo
De amargo, então, salgado ficou doce
Assim que o teu cheiro forte e lento
Fez casa nos meus braços
E ainda leve e forte, cego e tenso
Fez saber
Que ainda era muito
E muito pouco

Legião Urbana - Daniel na Cova dos Leões


Notas Finais


<3


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