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História Nicest Thing - Velha Roupa Colorida


Escrita por: vausemessy

Notas do Autor


E então, né? Que final de semana louco, minhas amigas! E mesmo no meio de toda essa loucura, episódios e spoilers, tirei um tempinho pra escrever, espero que vocês curtam <3

Capítulo 18 - Velha Roupa Colorida


Subindo o elevador, Alex lia as mensagens de Piper. Sua loira estava bem, recuperada do baque que sofrera, e ela havia sido grande parte dessa recuperação. Era gostoso ter alguém para dar atenção, cuidar, direcionar seus pensamentos. Antes de Piper, muito mais coisas ruins habitavam sua mente, pensamentos destrutivos, ansiedade, picos na depressão. Mas Piper, mesmo trazendo algumas preocupações que antes não existiam, também trouxe paz, entusiasmo, até certa paixão pela vida, coisa que há muito tempo a morena não experimentava. Ao chegar a seu andar, saiu do elevador com seu passo elegante, ouvindo o salto bater no chão de madeira, até chegar à porta do cliente do dia, já conhecido. Ao solicitar a entrada, fora recebida com uma surpresa: uma moça de cabelos castanhos, pouco mais baixa que ela, de pele bronzeada e um sorriso indecente do rosto. Não correspondeu o sorriso. Quem era aquela mulher?

- Desculpe, devo ter errado o quarto – disse conferindo a mensagem no celular.

- Acredito que não, querida, hoje o trabalho é por aqui mesmo – a moça sorriu e falou de modo sensual. Ela ainda não entendia. Onde estava seu cliente de baixa estatura, aparência comum, na casa dos 40? Logo sua dúvida fora sanada quando o homem apareceu atrás da moça, usando apenas uma samba canção e sorrindo, quase sem graça.

- Oh, Rachel – esse era um nome pelo qual muitos de seus clientes a conheciam – desculpe-me por não ter avisado, mas hoje nós teremos companhia – ele dizia como uma criança que aprontou falava, quase com medo, afinal conhecia as regras da morena.

Ela só revirou os olhos. Droga!

- Vamos conversar lá dentro – ordenou aos dois, também não podiam ficar plantados ali no corredor do hotel.

- Desculpe, querida, nada pessoal – deu um sorriso dissimulado para a garota e olhou para o homem – mas eu não faço programas com mulheres, e o meu amigo aqui sabe disso.

A moça ficou com uma expressão decepcionada e ao mesmo tempo desesperada e olhou para o homem. Ele olhava para Alex quase implorando.

- Rach, qual é? Hoje é meu aniversário, eu não mereço uma festinha? – Ele dizia e enlaçando pela cintura. Ela mantinha a pose intransigente.

- Bob, você conhece as minhas regras, por que não me perguntou antes? – Disse calma.

- Porque eu sabia que você não iria aceitar com facilidade, e estando aqui seria mais fácil... Poxa, só dessa vez, eu te dou um bônus alto, não se preocupe com isso – dizia baixinho perto de seu ouvido. – Olhe essa garota, não vai ser um sacrifício tão grande assim... – Disse olhando para a moça do outro lado da cama, ela observava os dois atenta para pegar algo da conversa, mas o homem cochichava.

Alex observou a moça, ela era bonita, como esperado, e para Alex não era sacrifício fazer aquilo, óbvio. Porém, dentre algumas das regras que ela tinha e que eram religiosamente passadas a todos os clientes, existia essa: ela não fazia programas com mulheres, casais, nem casos como aqueles, de outras moças que também eram prostitutas. Não foi sempre assim, ela já havia ido para a cama com mulheres, com casais, com mais de um casal, e foi em uma dessas que sua vida saíra dos trilhos de modo quase catastrófico. Agora, que ela podia se intitular uma prostituta de luxo, seus luxos incluíam poder recusar programas como aqueles. Às vezes, é claro, ela abria exceções, quando via que não passaria de uma transa rápida com mulheres que ela nunca mais veria. Mas, como já dito, eram exceções, e agora ela tinha um fator de peso para reforçar aquela exigência: Piper, que era, no momento, a única mulher que queria tocar e por quem queria ser tocada.

Ela estava decidida, iria embora. Tentaria se desculpar com o cliente em outro dia, de outra forma.

- Eu posso tentar resolver essa situação? – A moça, agora com um tom de voz mais carinhoso, sem a capa da sensualidade, olhou nos olhos dos dois, enquanto segurou de leve no braço de Alex, sorrindo para ela e o homem que assentiu.

- Eu posso conversar um pouquinho a sós com ela? – Perguntou para o cliente. Alex se espantou com a proposta da moça, que solicitou-a que a acompanhasse até o banheiro.

Ao entrar no local espaçoso, Alex retirou o casaco que vestia e olhou para a mulher sem paciência. A moça vestia um robe cor de rosa e tinha os braços cruzados enquanto esperava Alex terminar de tirar a peça.

- Então?

- Rachel, ou seja lá qual for o seu nome, tem alguma coisa errada comigo? Algum problema? Por que você não quer fazer o programa? – A moça falava tranquila, sem tom ameaçador.

- Não é nada com você, é só que eu não curto envolver mulheres – colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e falou sem graça, não queria que a moça achasse que era algo pessoal.

- Mas o que é? Você não curte? Tem nojo? – Franziu o cenho.

Alex olhou para o lado e sorriu mordendo o lábio inferior.

- Se for isso – a moça continuou – a gente pode improvisar, você não precisa fazer nada, só... relaxe! – Sorriu.

- Querida, qual o seu nome?

- Pode me chamar de Alice.

- Certo. Alice, eu não sinto nojo de mulheres, acredite em mim – disse sarcástica. – O problema é que é uma regra que eu procuro seguir, eu não gosto de fazer programas com mulheres e abrir uma exceção aqui abre precedentes para outras e outras, entende? Não se preocupe, eu conversarei com um Bob e vocês fazem o que tem de ser feito, você ganha sua grana e pronto.

- Porra, não! Ele estava todo animado antes de você chegar, falando tudo o que queria fazer, falando o quanto você era gostosa e boa no que faz, ele vai querer me dispensar – ela aumentou o tom de voz.

- Querida, me desculpe! Mas para mim, não rola, não é culpa minha ele querer fazer surpresa com algo que ele já sabia que era ‘não’ para mim! – Rebateu.

A moça se aproximou um pouco dela. Alex cruzou os braços na frente do peito.

- Rachel... Eu não fazia programas há dois anos. Voltei há um mês, porque a minha mãe está em uma cama de hospital e eu tenho um filho de três anos de idade para alimentar e o salário de secretária não estava sustentando – suspirou. – Eu preciso dessa grana, os remédios estão acabando e eu não sei mais o que fazer! – A moça falava em tom desesperado. Alex xingou todos os palavrões que conhecia em sua mente, Alice parecia falar a verdade.

- E como eu vou saber se você não está contando isso para eu ficar com pena de você? – Falou de forma rude. Naquele meio, ser doce e simpática não era uma opção, mesmo em situações como aquela.

A moça virou e foi até uma bolsa que estava em cima da bancada de mármore da pia do banheiro, procurou algo e voltou com o celular em mãos. Ao liga-lo, virou a tela do aparelho para que Alex visse. A imagem mostrava uma mulher de mais ou menos 50 anos com um lenço na cabeça, aparência abatida, segurando um garotinho loiro de cabelos encaracolados nos braços.

- Droga! – Fechou o punho e bateu na parede, falando alto.

- Poxa, Rachel, vai ser rapidinho, faz isso por mim, por favor? Por uma parceira de profissão que está precisando muito disso agora! – A moça insistia.

- Certo – ela disse com os olhos fechados, sua pele já estava rubra de tamanha a irritação que sentia. Obviamente ela não iria deixar aquela moça na mão, Piper entenderia, ou ela esperava muito que ela entendesse. – Você tem pó?

- Não, não uso essas paradas desde que tive o meu filho – a moça respondeu guardando o celular.

Alex olhou para os lados, chateada e irritada, estar chapada faria com que ela fizesse aquilo mais relaxada, mas, tudo bem, isso seria decepcionar Piper mais uma vez.

- Eu não sei quais os seus motivos para se recusar a deitar com mulheres – Alice voltou a se aproximar – mas eu respeito. Só que agora a gente precisa fazer isso, hum? – Chegou mais perto. – Vamos fazer com que seja legal, gostoso. – Apoiou as mãos timidamente em sua cintura. – Quando ele disse que você era gostosa, eu não esperava tudo isso – a mulher sorriu sacana, falando pertinho do ouvido de Alex, apertando mais a cintura e ‘mordendo’ o lóbulo com os lábios. A morena fechou os olhos e arrepiou.

- E então, vamos? – Lhe deu um selinho e a puxou pela mão.

- Calma aí, garota – seu tom de voz rouco e já levemente excitado ecoou.

- O que?

- Sexo é teatro, você tem que fazer um bom espetáculo para os seus clientes – ela disse antes de começar a se despir. Tirou a blusa de alça, a calça colada e manteve só a lingerie. Alice a observava surpresa.

- Tire essa coisa – apontou para o robe. A moça foi rápida e se livrou dele também. Alex foi em sua direção, encostou o corpo ao da mulher e lhe deu um beijo rápido. – Isso vai ser por você e em consideração a situação que você está passando, eu quero que você me dê notícias de como estão as coisas depois... – Dizia com a testa colada à da moça. Ela assentiu, respirando fundo. – Agora, eu quero que você se esqueça de tudo isso, porque a gente vai se divertir, e você tem a obrigação de fazer isso valer a pena para mim – beijou a moça de novo, sendo retribuída. O beijo era gostoso, erótico, tinha adrenalina, mas nada comparado aos que ela trocava com certa loira.

As duas se separaram, vermelhas e ofegantes, e Alex sabia que já havia assumido sua outra faceta, aquela que enlouquecia qualquer um que passasse por sua frente.

- Vamos – sorriu para Alice.

Ao saírem do quarto, Bob, o cliente, esperava deitado na cama, entediado. Logo se sentou e abriu um sorriso ao ver as duas mulheres trajando lingeries, com os cabelos desalinhados e os rostos vermelhos.

- Vocês estavam brincando sem mim? – Perguntou sorrindo.

- A Alice é muito boa em convencer – disse subindo na cama, sentando de frente no colo do homem. – Não é, Ali? – A moça ficou em pé ao seu lado na cama, e as duas trocaram um beijo rápido, Bob ficou eufórico só em ver. – A gente brincou um pouquinho, mas agora a festa é sua – sorriu sacana.

A partir dali, Rachel, ou qualquer outro nome que ela inventava, entrou em ação. Não era outra pessoa, era só outra face, outro lado, uma outra perspectiva, e naquelas, nem Piper e nem uma das pessoas que ela amava existiam.

 

***

- A Alex está parecendo distante hoje, tem alguma coisa estranha – Piper dizia olhando para a tela do celular enquanto almoçava ao lado de Polly.

- Bom, ela tem te apoiado por todos esses dias, deixe a garota respirar.

- Você acha que eu sufoco a Alex? – Alertou-se, olhando para a amiga.

- Eu não disse isso, Piper. É só que às vezes as pessoas precisam de um tempo... – Polly respondeu.

- Não sei, hoje de manhã ela estava completamente normal, talvez tenha acontecido alguma coisa.

- Então pergunte, oras. Talvez a garota esteja ocupada e não pode responder bem agora.

Piper pensou por alguns instantes. Fazia sentido, e ela preferia não pensar com o que Alex poderia estar ocupada.

- Ela tem sido tão fofa e carinhosa comigo, você tem razão, ela precisa respirar! – Deixou o aparelho de lado e voltou à refeição.

- Olá, garotas – Larry cumprimentou as duas, dando um beijo no topo da cabeça de Polly e um selinho em Piper, que temeu que ele tivesse ouvido algo da conversa.

- Acabei de demitir o Dr. Simon, foi difícil, mas o hospital tem um nome e precisa de profissionais qualificados, eu não posso deixar esse tipo de furo passar – disse após se sentar frente às duas.

- Você realmente achou necessário, Larry? – Piper questionou.

- Claro, amor, você mesma conversou com ele e disse que ele foi irresponsável em fazer o que fez!

- Pipes, o Larry tem razão. Ele fez o que fez para não perder essa maldita viagem, e você acabou perdendo uma paciente por conta da incompetência dele! – Alterou-se.

- Obrigada, Polly! – Larry disse.

- Ok, eu sei que é o certo, mas ele vai continuar por aí, provavelmente vai trabalhar em outros hospitais e fazer a mesma coisa! Isso me preocupa, ele ainda é um médico supostamente capacitado e apto para exercer a profissão – disse meio irritada.

- Olha, Pipes, uma demissão em um currículo de um médico é algo grave, além disso, todos irão querer saber o motivo pelo qual ele foi demitido, acredito que ele vai ter que se esforçar muito para ser aceito como médico titular novamente – Larry explicou.

Piper fez uma careta. – Tudo nessa situação me deixa triste. É triste perder uma paciente e um colega de trabalho nessa situação. Eu não quero mais falar disso, ok? – Olhou para os dois.

- Ok – os dois responderam.

O celular de Piper ecoou, era Alex, ela ficou nervosa e rapidamente pediu licença para atender à ligação, deixando para trás um Larry desconfiado.

- Pol, eu posso te fazer uma pergunta? – Dirigiu-se à mulher a sua frente.

- Claro, Larry, só não sei se sou capaz de responder – sorriu sem graça, ela sabia muito bem qual era a pergunta.

- Você sabe se tem algo acontecendo com a Piper? Digo, você percebeu alguma mudança nela de uns tempos para cá? – Perguntou curioso. Polly quis sair correndo, não era fácil responder àquilo.

- Não, Larry, comigo ela está normal, como sempre foi – franziu o cenho. – Porquê da pergunta?

- Eu não sei, estou sentindo ela meio distante, sabe? Ela sempre teve uns períodos meio estranhos, mas era só esperar passar e pronto, agora não, é como se essa fase distante fosse permanente, às vezes eu sinto que ela está presente só em corpo, a mente está em outro lugar, bem distante... – Dizia reflexivo. Polly sentiu pena do homem, por mais que Piper fosse sua melhor amiga e confidente há anos, Larry também era um bom amigo, e ela sentia muito por tudo aquilo que estava acontecendo no casamento dos dois.

- Bom, Larry, eu realmente não sei te dizer o motivo disso, talvez a Pipes só esteja cansada, você conhece ela, pode ser qualquer coisa – sorriu.

- É, pode ser qualquer coisa. Eu tenho medo de tentar começar uma conversa e acabar a magoando – passou a mão pelo rosto, sem graça.

- Você não tem que ter medo da sua mulher, Larry, uma conversa sempre pode ajudar a resolver as coisas – sugeriu.

- Você tem razão, Pol, obrigada pelo conselho – disse se levantando. – Avise a Pipes que precisei ir logo, ok? – Lhe deu um beijo na testa e Polly assentiu, se sentindo péssima por ter que mentir.

- Eu disse que tinha algo acontecendo! – Piper anunciou ao voltar para a mesa.

- Shh, espere um pouco – colocou as mãos para cima para que Piper parasse de falar.

- O que? – A loira perguntou confusa.

- Seu marido acaba de me perguntar se eu percebi alguma mudança em você de uns tempos para cá – disse olhando nos olhos de Piper.

- E o que você respondeu? – Piper desviou o olhar.

- Respondi que não. Que era impressão dele – suspirou. – Pipes, eu não quero te pressionar nem nada, mas você sabe que tem uma situação a resolver, não sabe? E que é algo que só cabe a você? – Inquiriu à amiga.

- Eu sei, Pol, eu sei! É só que... É tão difícil! Eu não estou pronta para isso, entende? – Cochichou, adquirindo uma expressão preocupada.

- Eu sei, mas é melhor você começar a se preparar, você tem uma bomba nas mãos que vai explodir a qualquer momento.

- Oh, Deus... Por que as coisas tem que ser assim? – A loira apoiou os braços na mesa e deitou a cabeça por ali.

- Porque você é fodida da cabeça, amiga, só por isso – Polly sorriu e Piper fez uma careta para ela. – E então, qual o problema com a sua gata?

Piper levantou a cabeça. – Ela disse que tinha uma coisa importante para me contar... – Falou desanimada.

- E você acha que é algo sério?

- Bom, ela disse que é importante e que precisa ser falado pessoalmente, então eu estou preocupada – olhou para os lados. – Ela disse que não está me largando ou usando drogas, então eu acho que posso aguentar – confessou.

- Você sabe que vai ter muitas coisas que você vai precisar aguentar ao estar com a Alex, não sabe?

- Eu sei – endureceu a postura. – Eu sei e nós conversamos sobre isso, eu confio nela.

- Ótimo – Polly falou desconfiada. – Mas talvez seria bom guardar algum espaço nessa cabecinha para outra pessoa que não tem peitos e uma vagina mas também gosta muito de você – sugeriu.

Piper a olhou como uma criança perdida e novamente escondeu o rosto ao deitar a cabeça na mesa.

***

Esperando a chegada de Piper, Alex terminava de fazer uma maquiagem leve. Às vezes, ao esperar por Piper, se sentia como uma adolescente no primeiro encontro, como se fosse ver a loira pela primeira vez. Quase sempre era assim, e a cada dia ela tinha mais certeza do que sentia e, não só isso, mas permitia sentir mais, queria sentir mais. Sorria sozinha ao lembrar dos momentos que tinha com Piper, a loira era engraçada, espirituosa, inteligente e sabia como ninguém tornar uma situação tensa ou engraçada em algo sexy. Grande qualidade. Quando dizia que nenhuma outra mulher lhe chamava a atenção, não estava mentindo, não havia espaço para outras em sua mente, e esperava que Piper entendesse quando contasse o que aconteceu.

Ao ouvir a campainha, achou estranho. Havia combinado com Piper que deixaria a chave perto de um vaso de plantas ao lado da porta do apartamento, caso a loira chegasse antes. Enfim, talvez ela tivesse esquecido, o que não era incomum. Usava apenas uma lingerie e buscou o robe para abrir a porta. Antes mesmo de abrir, colocou um sorriso no rosto, que logo se desfez ao ver a figura do outro lado de sua porta.

- O que você quer? – Foi curta e grossa.

A mulher apenas sorriu e percorreu o olhar por todo o seu corpo.

- Você não precisa perguntar isso. Sempre sabe o que eu quero – sorriu, mordendo o lábio inferior.

- Eu não tenho nada para falar com você. Vá embora – manteve-se firme.

- Oh, Alex, eu não lhe ensinei as coisas assim, você precisa ser mais educada – deu um passo a frente, ameaçando entrar no apartamento.

- Eu não lhe convidei para entrar. Vá embora, eu estou ocupada.

- Eu preciso conversar com você. É sério, Alex – a mulher falou com firmeza.

A morena fechou os olhos e fez uma careta, abrindo espaço para que a loira passasse.

- Seja rápida, eu tenho um compromisso – falou ríspida.

- Cliente? – A mulher que analisava todo o apartamento lhe perguntou.

- Não interessa.

- Por que você está fazendo isso, Al? Faz tanto tempo... – Aproximou-se de Alex que ainda estava de pé perto da porta.

- É melhor você ficar longe de mim, eu não pensaria duas vezes e acabar com essa sua cara cínica e mentirosa – rebateu.

A mulher sorriu. – Você sabe que fica muito gostosa quando fica brava desse jeito, não é? – Continuou próxima. – Minha mente está borbulhando nesse momento pensando em todas as coisas que eu queria fazer com você – disse com aquela voz maldita, a mesma que infernizou os pesadelos de Alex durante tanto tempo.

- Saia de perto de mim! – Gritou e se afastou, indo para o outro lado da sala.

- Al, eu só quero conversar, saber como você está, você sabe que eu me preocupo...

- Não! Você não se preocupa. Você sabe que eu estou bem e quer acabar com o pouco de paz que eu consegui conquistar na vida, é isso que você quer! – Disse ressentida. A mulher olhou em seus olhos e desviou o olhar.

- Isso não é verdade! Você sabe que eu te amo – Alex arqueou as sobrancelhas em reprovação. – E é por isso que eu faço as coisas erradas, porque eu te amo tanto que não consigo controlar as minhas atitudes! – A mulher dizia à beira do choro.

- Cala a porra dessa boca! – Alex gritou. – Você não ama ninguém além de você mesma e do dinheiro que você tem, ou tinha, sei lá, eu não me importo!

- Alex! – Aproximou-se novamente da morena, quase encostando seu corpo ao dela. – Você sabe que isso não é verdade, pelo amor de deus, eu preciso de você! – Falava em desespero.

- Você não precisa de mim ou de ninguém, você sabe muito bem como viver sozinha com o seu ego – dizia olhando para a mulher quase com asco, apesar de seus sentimentos por ela envolverem tantas outras coisas.

- Não – a loira respondeu chorando. Aquele, geralmente, era o momento em que Alex cedia às suas investidas.

- Vá embora. Eu não quero mais brigar ou sentir ódio de você, só me deixe em paz – afastou-se e abaixou a cabeça.

- Al, por favor. Eu estou com tantas saudades, preciso tanto de você – a abraçou pelas costas.

- Tire as mãos de mim – Alex ordenou, sem tocar na mulher. Não foi atendida.

- Jen, por favor, eu estou tentando ser educada – disse com calma.

- Só hoje, depois eu vou embora, eu prometo – lhe apertou ainda mais. Alex retirou as mãos ao redor de sua cintura e andou pela sala.

- Não – respondeu firme e direta.

- Você não sente mais tesão por mim? Nada? – Jennifer perguntou com a voz chorosa.

- Eu sinto. Eu sinto nojo, ódio, raiva, rancor, e todas as coisas parecidas com isso – disse também à beira de uma crise de nervos. Sentia a pele esquentar e as lágrimas teimando e escorrer.

- Você não sente – a mulher aproximou-se novamente e encostou-a na parede. As duas tinham quase a mesma altura e Alex não tinha forças naquele momento. – Você sabe que isso é mentira. Eu sei que é mentira – dizia frente a frente a ela. – Quando você fica toda vermelhinha assim é tão lindo, eu nunca sabia se você estava só nervosa ou excitada – sussurrou no ouvido da morena e depositou um beijo em seu pescoço.

- Cala a boca! – Alex disse alto e pausadamente enquanto empurrou a mulher. – Você nunca mais vai me tocar, nunca mais, só se eu estiver morta – apontou o dedo para o rosto de Jennifer.

- Você tem outra pessoa, não tem? – A loira cerrou os olhos e perguntou.

- Nada que diz respeito a mim te interessa – Alex respondeu rude.

- É cliente? Quem é? O que ela fez de tão bom para te deixar assim? – Perguntou debochada.

- Ela gosta de mim, de um jeito que ninguém nunca gostou – Alex soltou, provocativa, atiçando a ira da mulher.

- Quem é essazinha? O que ela faz? Ela sabe que você é uma prostituta que vende o seu corpo para qualquer um que tenha dinheiro? Hum? – Acurralou Alex novamente, dessa vez a morena não pode evitar de deixar as lágrimas escorrerem.

- Ela sabe tudo sobre mim e não se importa com nada disso, porque ela é diferente de você, porque ela é muito melhor do que você – disse secando as lágrimas e encarando a mulher a sua frente que parecia que iria entrar em combustão a qualquer momento.

As duas ficaram em silêncio por um momento, trocando olhares de ódio. Alex se surpreendia, aquela era provavelmente a primeira vez que ela conseguia se manter firme frente à Jennifer Handler.

O silêncio e a tensão eram tão cortantes que Alex não percebeu quando a porta fora aberta revelando a imagem de uma outra loira que carregava uma expressão magoada, nunca antes vista pela morena. 

 

No presente a mente, o corpo é diferente
E o passado é uma roupa que não nos serve mais
Belchior - Velha Roupa Colorida


Notas Finais


Girls, novamente não corrigi o capítulo, espero que não encontrem erros muito grotescos.
Ah, e não poderia deixar de homenagear o mestre Belchior no dia de hoje <3 (meninas que gostam de Belchior me add)

Beijossssssss eu amo vauseman mais do que nunca.


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