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História Nicest Thing - Heart Of The House


Escrita por: vausemessy

Notas do Autor


Olá, meninas, queria agradecer pelos comentários e carinho no primeiro capítulo da fic, vcs são maravilhosas, espero continuar agradando com a minha historinha :)

Capítulo 2 - Heart Of The House


- Filhota, acorde, meu amor – a mulher passava a mão carinhosamente nos cabelos loiros encaracolados da garota.

- Não, mamãe, ainda está de noite – ela disse enquanto apertava os olhinhos.

- Não é noite, meu anjinho, já é hora de levantar e ir para a escola, ver seus amiguinhos... – ela insistia.

- Mas eu não quero! – A garota era obstinada.

- Ok, chega! – Ela se levantou, retirando a coberta de cima da menina – Ande, levante-se, você vai acabar chegando atrasada à escola e me deixando atrasada também. Por favor, meu amor.

- Por que crianças não podem estudar a noite, mamãe? – ela perguntou rabugenta, já se levantando da cama.

- Não é uma logística interessante, meu bem.

- O que é logística?

Ela parou na porta, passando as mãos nos cabelos e olhando com atenção à menina, que esperava uma resposta. – Filha, eu só preciso que você vá tomar um banho bem rápido, tudo bem?

- Você nunca responde o que eu pergunto, mamãe.

- Mais tarde, meu amor – ela gritou do corredor, já correndo para a cozinha, pois cada segundo de seu tempo era precioso.


 

Essa era parte da rotina comum da vida de Piper Chapman. Médica, mãe de uma garotinha de 6 anos chamada Christine e esposa do também médico Larry Bloom, com quem era casada há iguais seis anos. Piper tinha uma vida extremamente confortável financeiramente e vivia o sonho americano ao lado de sua perfeita família digna de comerciais de margarina – ou, pelo menos, era o que aparentava.

Apesar das brigas comuns a todos os casais que vivem juntos há um bom tempo, ela não tinha do que reclamar sobre o marido – e esperava que o sentimento fosse recíproco. Ele era um bom homem, um bom pai, bom marido, a respeitava e eles haviam conquistado bastante juntos. Os motivos que a levaram ao casamento ainda a perturbavam um pouco, e a cada dia ela se convencia de que a angústia nunca a abandonaria, mas ela vivia bem com aquilo. Ter uma vida corrida, uma filha e um marido para dar atenção afastava seus fantasmas, pelo menos nas horas anteriores a que ela iria deitar a cabeça no travesseiro. Aquela hora era fatal, e não havia distração que a desviasse de lidar com a dura realidade.

Porém, assim como as noites e seus fantasmas eram fatais, o dia a animava, trazendo consigo responsabilidades, novos dilemas, novos problemas e, também, novas alegrias, afinal, há sempre uma luz no fim do túnel e, muitas vezes, seu brilho vem dos lugares mais inesperados.

 

- Bom dia, amor – ela cumprimentou o homem que estava sentado à mesa, tomando uma xícara de café e lendo jornal, hábito que nunca havia conseguido largar.

- Bom dia, amor, você está tão linda hoje – ele sorriu.

- Bondade sua, querido – ela respondeu enquanto servia uma xícara. – A Chris estava impossível hoje, amanhã você irá acordá-la.

- Tudo bem, tentarei fazer um trato com ela.

- Nada de tratos, Larry, ela precisa acordar cedo e pronto, você não pode ficar comprando a menina.

- Amor, ela é um bebê ainda – ele disse sorrindo.

- Larry, eu nem vou responder isso. Só estou lhe avisando que amanhã é a sua vez.

- Tudo bem, esposinha mandona – beijou o rosto da esposa.

- Você já vai? – A loira perguntou enquanto preparava um pote de cereais com leite para a filha.

- Sim, já recebi chamado do hospital, preciso ir correndo.

- Tudo bem, boa sorte, querido – respondeu dando um selinho no homem que ia se retirando da cozinha.

- Eu te amo – ele parou na porta e disparou.

- Eu também – a loira respondeu dando um sorriso e fechando os olhos.

Aquela era uma frase difícil de ser dita. “Eu te amo”. Será? Sim, ela o amava. Amava o que tinha com ele, amava o Larry pai de sua filha, o Larry carinhoso e engraçado, o profissional responsável e respeitado que ele se tornara. Ela o amava, sim. Isso é amor, não é?

 

***

 

- Bom dia, doutora – a moça sorridente a cumprimentou.

- Bom dia, Morello. A primeira paciente já chegou?

- Já sim, dra., ela foi apenas buscar um café e disse que já volta – Morello, sua secretária e amiga, a respondeu.

- Odeio deixar paciente esperando, mas hoje a Chris me atrasou toda, ainda tive que conversar com a professora dela na escola. Preciso ter uma conversa séria com aquela mocinha – a loira disse ligando o computador e prendendo os cabelos em um pequeno nó.

- Não fale assim da Chris, Piper, ela é uma menina adorável, você que pega pesado com ela, já lhe disse.

- Meu bem, você não convive com aquele furacãozinho para saber o que eu passo todos os dias. Você acredita que ela jogou tinta no rosto de um coleguinha que disse que o cabelo da amiguinha dela era feio? – Ela perguntou em tom de descrença.

A amiga deu uma gargalhada. – Isso é a cara da Chris, aposto que esse coleguinha foi bem mal educado.

- Tenho que admitir que no fundo, eu gostei. O garoto falou isso porque a amiguinha dela é negra e tem cabelos crespos, então ela não pensou duas vezes e jogou o tinha nas mãos, nele. Eu só preciso agradecer que não era uma tesoura.

- Essa mocinha é uma justiceira, parece alguém que conheci há alguns anos.

A loira voltou seus olhos azuis em direção à amiga, soltando um sorriso sem graça.

- Agora a justiceira precisa atender uma paciente que deve estar em cólicas lá fora. Você pode chama-la, por favor, meu bem?

- Claro, chefinha – e assim deixou a sala, deixando para trás uma Piper com um sorriso bobo no rosto ao lembrar da filha e dela mesma, alguns anos antes.

 

Piper trabalhava no mesmo hospital que o marido, que pertencia à família dos pais de Larry. Ela não havia entrado ali por indicação ou porque fazia parte da família que comandava o local, mas era uma das mais competentes ginecologistas/obstetras do Estado. Havia se formado em uma das melhores universidades do país e feito inúmeras especializações. Seu trabalho era sua paixão, ela realmente amava o que fazia, tanto a parte de cuidar da saúde de inúmeras mulheres, quanto a de trazer novas vidas ao mundo. Desde o começo, na escolha da medicina, seu objetivo era ajudar o próximo, sentir-se conectada às pessoas de alguma forma que as ajudasse e fizesse se sentirem melhor. E ela conseguira êxito, todas as pacientes eram completamente apaixonadas por seu trabalho, sua dedicação para tratar cada uma, ouvi-las e a paciência em lidar com as grávidas mais malucas e sentimentais do perímetro.

 

***

 

- Então, Alice, primeiramente, você está de parabéns por ter me procurado – Piper dizia para a garota sentada a sua frente.

- Foi difícil, mas eu consegui, acredito que você é a mulher mais disputada da cidade, mas eu precisava dos conselhos da melhor – a jovem concluiu com um sorriso.

A loira deu um sorriso sincero e ficou vermelha. Mesmo depois de anos, elogios ainda a deixavam tímida.

- Alice, antes da conversa de médica para paciente, eu preciso assumir um papel de mãe – ela parou. – Ok, no máximo irmã mais velha! – A garota riu. – Olha, você tem 16 anos, uma vida inteira pela frente, não tem namorado ou namorada, pelo que me contou, e está apenas se prevenindo caso venha a ter a primeira relação sexual. Eu quero que você entenda que não existe hora certa, lugar certo, idade mais adequada, é claro, desde que você tenha uma idade minimamente aceitável e faça isso com total consentimento. Eu não quero que você se sinta pressionada porque as suas amigas estão passando por isso, ou porque algum garoto ou garota acha que é o momento para você. Só você sabe o momento, e eu não quero que você pense que eu estou te pedindo para esperar. Se você sair daqui e encontrar alguém que você sinta que tenha muita vontade de fazer, faça. Se isso for demorar dez anos, que seja. Eu só quero que você entenda que o momento certo é o que você sentir vontade, com quem você sentir vontade e se você quiser fazer, até porque, que eu saiba, não é obrigatório também. – Piper Chapman terminou com um sorriso satisfeito.

- Uau, isso é incrível, eu nunca havia pensado assim. E também é incrível que você não especifique gêneros, porque eu não sou, mas tenho várias amigas lésbicas que já passaram por situações constrangedoras por conta disso.

- Meu bem, eu estou aqui para atender a todos os tipos de mulheres, eu não posso fechar a minha mente e achar que todas as mulheres do mundo têm relações sexuais com homens, porque isso não é uma verdade, então meu dever é fazer com que todas vocês se sintam confortáveis.

- Você é incrível, sabia? Eu realmente queria que você fosse minha irmã mais velha.

- Infelizmente ninguém teve essa sorte, meu anjo, agora levante-se que iremos para a parte constrangedora enquanto falaremos sobre os cuidados que você deverá tomar no seu grande momento – a loira disse se levantando da cadeira e seguindo até a parte mais escondida do consultório, onde realizava os exames de rotina em suas pacientes.

 

***

 

Os sons de buzina se repetiam, eram irritantes e, quem quer que os estivesse disparando, com certeza achava que isso resolveria o problema do trânsito horrível da cidade de Nova York. Ela apoiava os braços e a cabeça no volante, aumentava o som do carro, revirava os olhos, tentava abstrair, mas era impossível. Até então, era suportável, mas o carro atrás do seu também entrou na onda das buzinas. Não, não era possível. O que havia acontecido naquele dia? Era uma conspiração contra ela? Será que as divindades não entendiam que ela tinha uma menina de 6 anos muito reclamona e questionadora para buscar na escola? O que diabos estava acontecendo com a sua rotina normal?

- Você vê algum jeito no qual eu possa sair daqui, meu querido? Porque, se você visualizar, por favor, me deixe ciente, pois eu necessito sair desse inferno o mais rápido possível! – Ela gritou com a cabeça para fora da janela do carro.

- É só para ver se o movimento acelera, loirinha – o homem deu um sorriso sarcástico e cheio segundas intenções para ela.

- Se você apertar a porra dessa buzina mais uma vez, o seu carro irá acidentalmente bater no meu, e você sabe que quem está atrás sempre paga pelo prejuízo, então eu seguraria essa mão bem longe desse volante – ela gritava, vermelha, com alguns fios de cabelo caindo sobre o rosto.

- O que tem de linda, tem de chata, hein? – O homem reclamou.

Ela voltou todo o corpo para dentro do carro, colocou apenas a mão para fora, deu dedo ao homem e depois fechou a janela, tentando recobrar a paciência, que era a última virtude que a habitava naquele momento.

 

***


 

- Piper, você não pode brigar com homens na rua assim, é perigoso.

- Perigoso é eu perder a minha sanidade, Larry – respondeu ao marido, enquanto sentavam-se à mesa para o jantar, junto à filha.

- A mamãe disse que nenhum homem pode gritar com uma mulher.

- Mas ele não estava gritando, meu amor – o pai lhe explicou.

- Buzina é a mesma coisa, não é, mamãe?

- Sim, meu amor, praticamente – encarou Larry.

- Eu já terminei, posso me retirar?

- Claro, meu bem, escove esses dentinhos que agorinha a mamãe passa no quarto para conferir e te dar um beijo.

- Não demore – deu um beijo e um abraço no pai.

- Não irei, mandona.

Ao terminarem o jantar, Piper Chapman e o esposo retiravam as louças e talheres de cima mesa de madeira maciça, que combinava com o resto da decoração da casa. Diferente do que se esperava de um casal de médicos, o apartamento tinha um arranjo moderno e descolado – ainda fruto do início do casamento, quando os dois eram bastante jovens – e exibia cores, fotografias e quadros de amigos, artistas contemporâneos e, é claro, os muitos desenhos da filha.

- Ei, estressadinha, que tal perder um pouco da sanidade hoje? – O homem a abraçou por trás, dando um beijo em sua nuca.

- Tem certeza? – Ela disse fechando os olhos.

- Sim, acho que já está na hora da Chris ter um irmãozinho – ele sussurrou.

- O QUE? – A loira largou o prato que estava em sua mão, na pia. – Tá falando sério, Larry?

- Não, bobinha, só queria te ver assim, agora estressadinha e assustadinha – sorriu.

- Eu te mato – ela disse séria.

- Então vou esperar pela minha morte lá no quarto.

- De jeito nenhum – ela afinou o tom de voz – vai me ajudar com essa bagunça aqui, anda.

- Como eu consigo sobreviver a uma mulher e uma filha tão mandonas?

- Você é bem recompensado – deu um sorriso singelo ao homem.

- Isso eu não posso negar.

E assim terminava mais um dia na vida tranquila e previsível de Piper Chapman, e isso não significava, para ela, sinônimo de tédio ou infelicidade. Uma aventura não cairia mal, ela sentia que seu espírito aventureiro nunca havia morrido por completo, mas como uma vida tão preenchida e distante das novidades poderia lhe proporcionar aquilo? O que restava era entregar-se ao conhecido e esperar as surpresas que o destino lhe traria, ou não.

 


Notas Finais


Bom, eu acho importante referenciar as inspirações que me levam a escrever, e quero informa-las que a personagem da Piper foi inspirada em uma personagem de um filme chamado "Chloe, o Preço da Traição", interpretada pela Julianne Moore (<3). Quem já viu ou vai ver o filme: não se preocupem, os fatos daqui não se relacionam em nada com os do filme, só achei importante falar isso a vcs, mesmo.

Muito obrigada por tudo!


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