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História Nicest Thing - The One That Got Away


Escrita por: vausemessy

Notas do Autor


Voltei, girls! Pois então, acho que esse capítulo não é o que a maioria esperava (eu em primeiro lugar), mas ele acabou ficando tão grande que eu decidi continuar essa história em outro capítulo. Eu espero (foco aqui) conseguir postar um pouco mais rápido que o normal, mas não garanto nada, pq a fadinha da inspiração está cada vez mais distante de mim. De qualquer jeito, tentarei não demorar uma eternidade. Beijão e... Boa leitura!

Capítulo 26 - The One That Got Away


As duas se olhavam profundamente, quase sem jeito. Alex, nervosa, trêmula, quase suando. Christine, por sua vez, quase não reparou o curioso nervosismo da mulher a sua frente por ficar alguns segundos analisando sua figura para lá de atraente.

- Você está bem? Parece nervosa – disse com um sorriso simpático ao soltar a mão de Alex.

- Eu... Eu estou – a morena sorriu sem graça, passando uma mão na cabeça. – Acredito que foi uma leve tontura, mas já estou melhor – falou, convincente.

- Vou pegar uma água para você – Christine falou antes que Alex pudesse impedi-la. Nesse momento, Alex aproveitou para reparar em mais detalhes. Christine era uma mulher bonita, devia ter cerca de 1,70m, olhos e cabelos castanhos, levemente ondulados, apresentava um corpo esguio, coberto por roupas formais, e tinha um sorriso maravilhoso, daqueles que iluminam qualquer pessoa e qualquer lugar. Por um momento, entendeu todo o encantamento de Piper.

- Aqui – a mulher voltou com o copo de água e colocou na mesa, perto dela. Alex tomou um gole e, a essa altura, já estava mais calma.

- E então, o que a traz aqui, Alex Vause? – Christine perguntou enquanto se sentava em sua cadeira, do outro lado da mesa.

- Eu preciso que você me ouça antes de me expulsar daqui – Alex disse de forma quase cômica e Christine fez uma careta ao ouvi-la.

- E porque eu faria isso? – Sorriu, sem entender o que estava acontecendo.

- Porque, talvez, você não queira ouvir o que eu tenho a dizer, mas é muito importante, seria muito bom se você pelo menos me ouvisse – respirou fundo, a mulher a olhava desconfiada. – Depois você pode me mandar embora.

- Olha, se você estiver falando de algum caso de estupro ou pedofi...

- Não – Alex a interrompeu, negando. – Não é nada disso. Eu não vim aqui em busca dos seus serviços – falou, percebendo a expressão cada vez mais confusa da advogada.

- Então, talvez não tenha sido apropriado você me procurar no meu local de trabalho – disse com firmeza. Alex ainda sentia seu olhar avaliativo sobre si, mas não sabia decifrar o que ela tanto avaliava.

- Eu sei, não é nada apropriado, mas foi a única forma que eu encontrei de chegar até você... – Sorriu brevemente e abaixou a cabeça.

- Eu te conheço de algum lugar, querida? – Christine perguntou.

- Não – ela respondeu rápido, levantando a cabeça novamente.

- E então?

- Você conhece... Alguém que eu conheço – disse com insegurança, e odiava aquilo.

- Eu não estou entendendo – Christine continuou. Apesar de confusa, não saia da pose.

- Eu vim aqui para falar com você sobre uma pessoa que é muito importante para mim e também já foi muito importante para você. Talvez eu não devesse estar fazendo isso, mas eu não poderia deixar de tentar – Alex disse com sinceridade, Christine ainda a olhava com firmeza.

- Quem? – Perguntou desconfiada, como se já soubesse de quem ela falava.

Alex hesitou por alguns segundos, ela estava apreensiva em relação à reação de Christine, mas também sabia que a estava deixando angustiada.

Piper – falou olhando em seus olhos. Pela primeira vez, viu o semblante da mulher embrandecer. Christine ficou sem falar por alguns segundos, e Alex sentiu seu rosto empalidecer.

- Está...

Christine a interrompeu com a mão, olhando para baixo. Alex respeitou seu pedido e calou-se.

- Você precisa ir embora, eu não quero ouvir nada que você tenha a dizer – Christine disse ainda sem olhá-la nos olhos.

- Por favor, isso é muito importante para mim. Não é por ela, é por mim – Alex insistiu. Se fosse embora agora, não teria coragem de voltar.

- Não tem nada que você tenha a falar que me interesse, eu não quero ouvir nada sobre essa mulher – Christine a olhou novamente, Alex conseguiu ver seus olhos marejados.

- Christine, eu sei tudo o que aconteceu entre vocês duas, e eu não ouvi uma versão criada por ela tentando se vitimizar, ela me contou as coisas como foram. Eu não estou aqui para reviver nada, eu só quero entender... – A morena continuou.

- Se você já sabe de tudo, não tem mais nada a ser falado. Por favor, eu preciso que você se retire agora – voltou com sua firmeza usual.

Alex percebeu que seria impossível qualquer diálogo, Christine estava irredutível e visivelmente irritada. Imaginando que aquilo deveria ser doloroso para ela, decidiu respeitar sua vontade e deixar a sala. Olhou-a por alguns instantes e assentiu, levantando-se da cadeira. Não falou nada, apenas segurou a bolsa que carregava e dirigiu-se à porta.

- O que você é dela? – Ouviu a mulher perguntar quando já estava prestes a se retirar.

Virou-se devagar e a olhou, ela parecia curiosa.

- Acho que eu poderia dizer “amante” – respondeu. – Eu poderia mentir para você, mas não vou fazer isso.

Christine riu e balançou a cabeça em negação. – Isso não me surpreende nem um pouco.

Alex permaneceu parada.

- Você ainda quer que eu vá embora?

Christine a olhou por alguns instantes.

- Não.

Alex ficou surpresa, ainda sem saber o que fazer ou falar.

- Sente-se, por favor – Christine pediu. Assim ela o fez.

- E então, o que você tem a dizer? – A mulher lhe perguntou, depois do silêncio que se instalara na sala.

- Desculpe – Alex disse em meio a um sorriso sem graça. – Isso tudo me deixou meio nervosa, eu nem sei por onde começar – passou a mão no cabelo.

- Como você foi se envolver com ela? – Christine perguntou.

- Essa é uma pergunta complicada – Alex sorriu, sem graça. – Eu não sei se cabe eu falar sobre mim e ela nesse momento, não foi exatamente por isso que eu vim – tentou explicar-se, olhando timidamente nos olhos da mulher.

- E foi por que, então?

- Eu não sei – sorriu singelamente. – Eu queria te conhecer. A forma como ela falou de você foi muito forte, muito intensa, eu não pude conter a curiosidade – disse com sinceridade. Christine se desfez, parcialmente, da armadura que havia criado.

- Por que ela te contou sobre mim? – Apoiou os cotovelos na mesa e perguntou à Alex.

- Eu não sei dizer direito... Acho que ela pensou que seria importante que eu soubesse, e realmente foi.

- Ela ainda é casada com ele? – Perguntou sem olhar para Alex, a morena percebeu seu incômodo ao falar daquilo.

- Sim – respondeu baixinho.

- Por que você está fazendo isso? – Christine perguntou, agora, olhando em seus olhos.

Alex ficou calada, olhando em seus olhos.

- Porque existe uma grande possibilidade de que eu a ame – disse com dificuldade. Christine assentiu.

- Heterossexuais... – Disse se ajeitando na cadeira. Alex sorriu.

- Ela não é hetero. Se é, finge muito bem – brincou.

Christine a observou, novamente, Alex estava começando a ficar sem graça.

- Isso é tão a cara dela – disse como se estivesse falando consigo.

- Isso? O que?

- Você – foi suscinta.

Alex fez uma careta.

- Mulheres como você sempre chamaram a atenção dela. Lindas, charmosas, exuberantes... A Piper é muito vaidosa, e isso inclui os objetos de desejo dela – falou como se fosse uma expert no assunto “Piper”.

Alex não focou nos elogios, pensou se aquilo era uma verdade ou não. Talvez fosse.

- Você ainda tem raiva dela?

- Não – respondeu pensativa. – Eu tenho pena da Piper, ela é uma pessoa tão influenciável que deixa que os outros decidam até a felicidade dela.

- Sentir pena é pior do que sentir raiva – Alex rebateu.

- É o que eu consigo sentir – as duas ficaram em silêncio novamente.

- Vocês estão juntas há quanto tempo? – Christine retomou.

- Alguns meses – Alex respondeu. – Mas as coisas tem sido bem intensas, é difícil explicar o que nós temos.

- Você parece ser uma boa pessoa, Alex, talvez não tenha dimensão de onde está se metendo – disse com certa amargura.

- Eu tenho dimensão. Eu não acho que a história vá se repetir. São pessoas diferentes, situações diferentes, histórias diferentes... Já se passou muito tempo – Alex falou, perdendo a timidez.

- Olha, Alex, eu não sei o que falar para você – disse juntando as mãos. – Você veio aqui no meu local de trabalho me trazer uma das memórias mais doloridas que eu tenho, não me disse exatamente o que espera que eu fale, se quer um conselho... Eu não sei o que te dizer – falou, sincera.

Alex sentiu-se envergonhada. Realmente não sabia o que havia ido procurar ali.

- Acho que eu vim, de alguma forma, esperando que você pudesse me reconfortar um pouco. Mesmo sabendo da forma como você se sente sobre ela, você é provavelmente a única que a conhece de uma forma parecida com a que eu conheço, e eu sei que ela não é uma pessoa horrível, ela só é indecisa, perdida... Mas isso não é tudo o que ela é – sentia as batidas nervosas de seu coração enquanto falava.

Christine a olhava com certa ternura, como se sentisse tudo o que ela falava.

- Não é, Alex, isso não é tudo o que ela é – falou calma. – A Piper foi o amor da minha vida, é claro que não existem só coisas ruins sobre ela – agora Alex sentia que as duas estavam no mesmo patamar. – Nós tivemos uma história antes de tudo acabar como acabou. Nós fizemos coisas boas e bonitas uma pela outra.

- Eu sinto muito por tudo o que aconteceu – Alex disse olhando para baixo.

Christine falou, depois de alguns segundos.

- Por alguns dias... Depois que acabou de vez, eu achei que fosse morrer – disse distante. – Eu acordava à noite – quando conseguia dormir – sentindo o cheiro dela, sentindo o toque, e eu acordava desesperada, gritando até, achando que ela logo chegaria – mexeu em uma caneta que estava em cima da mesa. – Por muito tempo eu não consegui me relacionar, me envolver de qualquer forma que fosse com outra pessoa, o que também não seria justo com elas. Foi muito difícil – olhou para Alex – e eu não desejo isso para ninguém.

Alex prestava atenção em cada palavra.

- Ela se arrepende muito de tudo isso, Christine – falou de forma cuidadosa.

- Eu não me importo – respondeu rápido.

- Você não tem vontade de vê-la, saber como ela está, como as coisas ficaram para ela? – Insistiu.

- Não – falou e pausou por segundos. – A minha vida está maravilhosa no momento, eu estou muito feliz, não existe mais lugar para ela e para todo esse drama, isso é passado.

- Você tem alguém? – Sabia que a pergunta era invasiva mas não se conteve.

Christine a olhou desconfiada, mas acabou respondendo.

- Sim, nós não somos casadas mas moramos juntas há um tempo. Eu a amo, ela é tudo o que eu poderia desejar em uma pessoa – disse com firmeza, mas sem excitação aparente.

- Eu fico feliz por você, de verdade – Alex sorriu brevemente. – Eu não sei dizer se a Piper ama o Larry, se ela me ama, isso nunca foi verbalizado. Mas, eu sei que ela amou você, muito, da forma mais pura e bonita que existe, e é por isso que eu estou aqui.

- Eu não duvido do amor que ela sentiu por mim, o que eu sei é que ela não lutou nem um pouco por ele – cortou Alex novamente. – Você não se sente mal por saber de tudo isso?

- Eu não sei como me sentir – passou a mão nos cabelos. – Eu me sinto feliz por saber que ela se sente confortável para se abrir comigo, contar os medos e os erros que ela já cometeu, mas, ao mesmo tempo, me apavora saber de tudo isso... Eu gosto de Piper de verdade, eu consigo imaginar uma vida com ela, mas eu não faço ideia se ela também pensa isso ou se eu sou só um passatempo para a vida heterossexual e sem graça que ela teve nos últimos anos – pausou, sem olhar para a mulher que a observava com atenção. – Depois que ela me contou sobre isso, eu fiquei pensando se ela não me vê como uma segunda versão sua, como uma forma de relembrar o que vocês viveram, enquanto eu estou aqui me entregando para viver algo único e inédito. Eu tenho dúvidas, muitas! Há dias eu não durmo direito pensando em tudo isso – sua voz estava mais grave, demonstrando o nervosismo.

- Eu não sou a pessoa com quem você tem que conversar, Alex – Christine tentou reconforta-la. – Eu não sei o que vocês têm, como funciona o relacionamento de vocês... Tudo o que eu posso te dizer é baseado na minha experiência, que eu posso te dizer que não foi nada boa – gesticulou com as mãos.

Alex a olhou com os olhos brilhantes, prestes a chorar.

- Se você quer que eu fale o que eu realmente penso, eu te aconselho a fugir o mais rápido possível! Você está sendo amante de uma mulher que não teve coragem de assumir um relacionamento com uma pessoa que ela namorou abertamente por anos! – Exaltou-se.

Alex chateou-se, não com Christine, mas por ouvir aquilo e pensar que tinha seu fundo de verdade.

- Por outro lado, eu não posso opinar em algo que mal sei o que é. Talvez, o que ela sinta por você seja mais forte do que ela sentiu por mim e faça ela ter coragem – falou mais calma.

Alex a observou em meio às lágrimas. Talvez aquilo fosse verdade, talvez ela devesse acreditar no sentimento que Piper tinha por ela.

- Eu não vou desistir da Piper, eu acredito nas pessoas e, o que eu quero com ela, é diferente do que você queria – disse, recompondo-se. – Além disso, eu acho que as pessoas merecem uma segunda chance.

- A decisão é sua, Alex.

- Obrigada por isso – a morena sorriu, terminando de secar as lágrimas que insistiam em molhar seu rosto.

Christine a olhou com compaixão, Alex era mais frágil do que ela havia imaginado.

- Ela vai saber que você esteve aqui? – Perguntou sem tentar demonstrar muita curiosidade.

- Sim – assentiu. – Eu não minto para ela, e olha que isso evitaria muitas discussões – falou mais descontraída. – Eu acredito que ela não vá gostar nada disso, mas era preciso.

- Eu espero que dê tudo certo entre vocês, de verdade. Não tenho mais ressentimentos, agora é só uma página distante da minha vida. Ainda dói voltar lá, mas ficou no passado – disse, reflexiva.

- Eu posso te pedir uma coisa? – Alex tomou coragem para falar. Christine a olhou desconfiada, como se já soubesse o que era. Ela era muito rápida e inteligente.

- Não – foi a única coisa que disse.

- Ela precisa disso e eu também, por favor – pediu novamente.

- Mas eu não preciso, eu não preciso reabrir essa ferida. É tudo que eu não preciso na minha vida, nesse momento.

- Só um dia, só uma conversa, mesmo que você não fale nada! Só para ela poder falar, te pedir perdão, se livrar dessa culpa! – Falava em desespero.

- Eu não estou interessada em perdoar a Piper. Me desculpe, Alex – sua postura era intransigente.

Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto já avermelhado de Alex.

- Sabe, eu senti, de alguma forma, que tudo isso ainda segura a Piper em vários sentidos, que é como um fantasma que ainda assombra ela, e poder se sentir perdoada faria com que ela pudesse seguir em frente sem o peso dessa culpa! – Parou por um instante. Christine a observava atenta, sem esboçar reações. – Pelo que ela me falou de você, eu percebi que você é uma pessoa boa, uma pessoa que sabe perdoar e recomeçar, e só por isso eu achei que valeria a pena vir aqui, caso contrário, eu jamais tentaria – terminou com dificuldade, em meio às lágrimas.

- Alex... – Christine, em um ato que surpreendeu Alex, segurou em sua mão, por cima da mesa. – Você pelo menos sabe se ela aceitaria isso? Me parece que você está em uma tentativa desesperada de consertar toda essa bagunça para ela, enquanto ela nem te pediu e nem tem certeza se realmente quer isso – dizia com uma voz calma e doce que não parecia em nada com a que Alex havia ouvido na maior parte da conversa.

- Eu quero ajudar ela! Ela já me ajudou tantas vezes, já cuidou de mim, eu queria poder fazer algo por ela – ainda chorava.

- Você só pode ajudar quem quer ser ajudado, talvez ela não queira.

- E se ela quiser? Pelo menos eu tentei fazer alguma coisa! – Falava como uma criança teimosa. – Você também não tem vontade de acabar com isso de vez? De se libertar dessa raiva? Dessa mágoa? O perdão é uma via de mão dupla.

- Não tente me persuadir, Alex – soltou a mão da morena.

- Eu só quero que você reflita e pense um pouco sobre isso, por favor – implorou, olhando nos olhos da mulher.

Christine a olhou por alguns segundos e logo desviou o olhar, parecendo impaciente.

- Eu vou fazer isso por você, porque você está tentando fazer as coisas direito. Da sua maneira, mas está tentando. Saiba que isso é um sacrifício, é algo que pode reabrir feridas que já estavam fechadas – dizia com seriedade.

- Estar fechada não significa estar cicatrizada, e é isso o que eu espero para vocês duas – disse sincera.

- Eu ainda preciso pensar nisso, não é um sim – Christine a advertiu. Ela apenas assentiu. – Isso é loucura, eu estou reabrindo o meu passado por causa de uma pessoa que eu mal conheço. Na verdade, que eu nem conheço – sorriu balançando a cabeça. – O que você faz da vida, Alex?

A morena gelou. Algumas vezes, sentia vergonha de falar sobre o assunto, essa era uma delas.

- Você não quer realmente saber... – Disse sem graça.

Christine estranhou. O que de tão diferente aquela mulher poderia fazer da vida?

- Você não faz nada ilegal, certo? Isso seria ainda mais a cara da Piper – descontraiu.

Alex sorriu. – Bom, depende do ponto de vista – falou sério, mas de forma que deixasse a interpretação ambígua.

- Ok, vamos deixar isso para lá – Christine falou, preocupada com o que poderia ser aquilo. – Eu prometo pensar no que você me pediu – sorriu. Alex abriu outro sorriso de volta.

- Sabe, mesmo que a sua resposta seja negativa, eu não me arrependo de ter vindo te conhecer. Eu vou pensar com cuidado em tudo o que foi falado aqui, e eu agradeço os seus conselhos.

- Desculpa se eu fui muito dura em algum momento, é que ainda é doloroso para mim falar sobre isso, eu não quero que a história se repita com você – disse olhando nos olhos de Alex. A morena assentiu e sorriu.

- Bom, acho que já tomei muito do seu tempo – Alex levantou-se da cadeira. – Obrigada por não ter me expulsado – bateu a palma da mão na coxa.

Christine também se levantou e foi em sua direção. – Você é uma pessoa muito corajosa e sincera. Se não der certo com a Piper, eu espero que você encontre alguém a sua altura... Tudo isso que você está tentando fazer é muito digno e bonito – esboçou um sorriso enquanto falava apoiada na mesa.

Alex, sem jeito, foi em sua direção para cumprimenta-la, Christine sorriu e lhe deu um abraço de verdade. – Eu também vou pensar nisso tudo com cuidado, não se preocupe. – Alex apenas assentiu e deixou o escritório, apesar de tudo, sentindo-se mais leve do que quando havia ali entrado.

***

 

Alex sorria sentindo os beijos empolgados que a loira distribuía por todo o seu rosto. Após o clima estranho e todas as confissões vindas de Piper, as duas haviam ficado alguns dias sem se ver, principalmente por causa da agenda cheia de Piper, e agora haviam se encontrado, cheias de saudade. Alex ainda não havia comentado nada sobre o encontro com Christine, tinha medo da reação que Piper poderia ter, que com certeza, pelo menos no começo, não seria positiva.

- Eu não sabia que era possível sentir tanta saudade de alguém dessa forma! – Piper dizia entre os beijos que dava no rosto, no colo, e na parte dos seios que era exposta pela blusa, sem dar oportunidade da morena retribuí-los.

- Pipes, está fazendo cosquinha – Alex sorria enquanto Piper não lhe dava ouvidos. – Ei, eu quero um beijo de verdade, vem aqui – reclamou.

Piper se ajeitou, montada em sua cintura, e iniciou um beijo calmo e lento, dando oportunidade para as duas sentirem os lábios saudosos uma da outra. Logo apimentaram o beijo, como era de costume, transformando o gesto em uma pequena luta por dominação em que nenhuma das duas estava disposta a vencer. Piper aproveitou para explorar o corpo abaixo do seu com as mãos, parando nos seios volumosos que se excitavam com o seu toque. Sem parar o beijo, desceu as mãos para a barra da blusa que Alex usava e começou a retira-la, a morena sorriu entre o beijo e deixou que Piper o fizesse. A peça foi parar longe, Piper voltou a beija-la e logo desceu os beijos novamente, parando entre os seios da morena e segurando-os com as duas mãos por cima do sutiã.

- Eles estão tão lindos – murmurou e beijou a parte exposta de cada um. Alex sorriu e passou a mão em seus cabelos loiros.

- Eu adoro quando você fica assim, toda sapeca, cheia de tesão – passou a mão em seu rosto e recebeu uma mordidinha.

- Eu estava ficando louca, isso é sério – disse olhando Alex por baixo com seus olhos azuis.

- As marcas de mordida nas minhas bochechas e no meu colo não negam isso – disse olhando para a região que estava avermelhada devido aos “carinhos” de Piper.

- Vão ficar bem piores se você reclamar – disse antes de dar mais uma mordida em seu seio direito por cima do sutiã. Alex se remexeu por baixo dela, sentindo dor e tesão.

- Pipes... – gemeu. Piper voltou a beija-la, segurando em seu rosto. Alex retirava os cabelos loiros que insistiam em atrapalha-las mas, apesar da excitação e da vontade de matar a saudade que acometia as duas, não conseguia parar de pensar no assunto delicado que estava pendente.

- O que está acontecendo? – Piper perguntou, ainda entre o beijo, sentindo que Alex estava distante.

- Nós precisamos conversar – falou baixinho. Piper a olhou e saiu de cima dela, sentando-se ao seu lado.

- Sobre o que, agora? O que você fez? Ou o que eu fiz? – Perguntou, impaciente.

- Você não fez nada – Alex apenas a olhou, ainda deitada.

- Ah, não, Alex, eu não acredito nisso. De novo? – Perguntou, chateada.

- O que? – Alex perguntou, confusa. – Não! – Exclamou quando entendeu o que Piper havia pensado. – Não é nada disso, Pipes... – Também se sentou.

- O que houve?

Alex a olhou, percebendo seu olhar ansioso. Não poderia enrolar muito.

- Depois de tudo aquilo que você me falou, a história com a Christine e tudo mais, eu não consegui parar de pensar em tudo isso, passei noites sem dormir, pensando, tentando encaixar as coisas na minha cabeça...

- Eu sabia que não era uma boa ideia te falar isso, você já deve estar pensando que eu vou fazer a mesma coisa, que a história vai se repetir... – Piper dizia irritada.

- E não foi para isso que você me contou? Eu lembro bem de você falar que eu precisava saber quem você era, que essa história poderia mudar o que a gente tinha – Alex rebateu.

- E mudou? – Piper perguntou no mesmo instante.

- Eu não sei – Alex olhou para baixo. – Ainda não consegui chegar a nenhuma conclusão.

- Alex, eu não sei quantas vezes vou precisar falar isso, mas eu estou tentando, eu estou tentando de verdade, com todas as minhas forças. Eu gosto muito de você, acho que você não tem dimensão disso, ou talvez não acredite, mas eu sei e eu acredito no que sinto – disse olhando firmemente para Alex.

- Desculpa – Alex disse baixinho. – Eu sei que eu duvido, muitas vezes, do que você fala, mas eu consigo sentir, e isso é o que me mantem aqui, do seu lado – segurou na mão de Piper.

- Você tem que acreditar em mim, mesmo que eu não seja uma pessoa confiável... Nem eu mesma acredito, mas se você acreditar, para mim já basta – disse movendo o polegar enquanto segurava na mão da morena.

- Eu fiz uma coisa... – Alex disse sem olhar para Piper.

- O que?

Alex a olhou, Piper começou a ficar preocupada.

- Promete que não vai ficar com raiva? – Pediu.

Piper semicerrou os olhos. Aquilo era muito suspeito.

- Não prometo, Alex. O que você fez?

- Eu procurei uma pessoa – Alex disse tentando não olhar diretamente para a loira.

- Procurou uma pessoa? – Piper fez uma careta. – Que pessoa? Procurou para que?

- Para falar sobre as coisas que você me falou. Eu não me contive, eu precisava disso – olhou para ela.

Piper ainda não havia entendido.

- Quem você procurou?

Alex a olhou, analisando sua feição já impaciente. De qualquer forma, não poderia esconder aquilo.

- Christine – falou sem olhá-la, novamente. A única coisa que sentiu foi a mão de Piper se recolher do toque que conectava as duas.

- Desculpe. Você pode repetir? A-Acho que não ouvi direito – Alex observou-a de relance, ela havia endurecido a postura e parecia incrédula.

- Eu procurei a Christine, Piper. Eu sei que isso foi errado e invasivo, mas eu precisava. Toda essa história mexeu muito comigo – tentava se explicar, enquanto Piper parecia totalmente perdida, sem saber o que fazer ou falar.

- Mexeu com você, Alex? Essa era a minha história, uma pessoa que fez parte do MEU passado! Você não tinha o direito de fazer isso – disse com uma expressão decepcionada.

- Eu sei, Piper, eu sei disso, mas... Foi um impulso, eu precisava! Eu nunca pude conhecer muito de você. Quando você me contou isso, foi como se uma nova porta se abrisse – dizia tentando controlar as lágrimas.

- Você não precisa de outra pessoa além de mim para me conhecer, Alex! – Dizia com revolta. – Eu sabia que você não confiava em mim, mas isso foi além da conta – passou as mãos no cabelo e abaixou a cabeça. Alex chegou mais perto dela e passou a mão em seu braço, de leve. Piper logo repeliu o movimento.

- Não encosta em mim! – Gritou. – Alex... – disse enquanto de afastava. – Eu não consigo olhar para você! – Dizia muito irritada, Alex nunca a havia visto daquela forma. – Eu vou embora – levantou-se e pegou o casaco que havia ficado em uma poltrona.

- Piper, não! – Alex rapidamente levantou. – Por favor, ouve o que eu tenho a dizer, eu juro que não fiz isso com a intenção de te magoar ou me meter em uma história que não é minha! – Pedia, desesperada. – Não fique com raiva de mim, por favor, Pipes – dizia já entre lágrimas.

- Por que você fez isso, Alex? Por que? – Perguntou, sentida.

- Porque eu queria entender tudo isso, eu não me contive! Ela foi uma pessoa tão importante para você, eu achei que...

- Achou o que, Alex? Que vocês seriam amigas? Que você poderia ir chorar para ela toda vez que a gente brigasse?

- Piper, não! – Disse irritada. – Eu fui atrás dela por você, porque você pareceu tão machucada e arrependida, que eu achei que você merecia uma segunda chance.

- Alex, isso não cabe a você. Você não podia ter feito isso, é a MINHA vida – disse agora mais séria.

- Mas eu me preocupo com a sua vida. Eu sou parte da sua vida, ou não? – Alex tentava dizer qualquer coisa que fizesse sentido.

- Não tente virar isso contra mim, você sabe que está errada – Piper manteve a firmeza.

- Eu posso estar errada, mas as minhas intenções foram as melhores, eu posso te garantir isso, eu nunca faria nada que pudesse te machucar, te atrapalhar de alguma forma, você sabe disso – começou a chorar novamente.

- Alex, eu não me meti na sua vida quando você teve o seu problema com a Jennifer, não cabe a mim querer consertar todas as coisas!

- Talvez teria sido melhor se você tivesse se metido, se você tivesse mostrado que se importava, que estava disposta a me ajudar – Alex rebateu, andando pelo quarto enquanto não conseguia cessar o choro.

- Alex, nós já conversamos milhares de vezes sobre isso, não tente me fazer de vilã nessa história – Piper perdia, cada vez mais, a paciência.

- Eu não quero fazer isso, eu só quero que você entenda que eu fiz isso pensando em você!

- Em mim? O que poderia acontecer de bom para mim com você indo procurar a Christine? – Perguntou com incredulidade.

- Você me disse que queria poder pedir perdão a ela, queria poder seguir em frente sem esse peso, e foi nisso que eu pensei quando a procurei – Alex abaixou o tom, tentando se explicar.

- Você foi pedir para a Christine me perdoar? – Sorriu nervosamente, sem acreditar no que ouvia.

- Não, Piper. Eu fui conversar com ela, e acabei pedindo para ela pensar nisso, em talvez ver você, falar com você.

- Você perdeu completamente a noção das coisas, Alex! Isso não cabia a você! Você sabe se eu queria isso? – Colocou o dedo no peito.

- Foi o que você disse, Piper! Que esperava que um dia pudesse receber o perdão dela! – Alex não conseguia se controlar. O medo de perder Piper devido a seu ato impulsivo lhe aterrorizava.

- Eu dizer isso não te dava o direito de procurar essa mulher, Alex! – Piper disse sentida, rompendo em lágrimas.

- Me desculpa – Alex falou. – Eu não queria te magoar, eu achei que talvez isso pudesse te dar coragem, que isso pudesse ajudar você a falar, a se libertar. Eu não queria te deixar assim – Alex disse tentando se acalmar, seu rosto estava vermelho e coberto em lágrimas.

- Eu preciso ir embora, Alex, eu não vou conseguir ficar com você hoje – Piper disse passando a mão na cabeça, sua irritação era palpável.

- Me desculpa, por favor. Vamos esquecer tudo isso, enterrar essa história, por favor – a morena implorava.

- Eu preciso pensar, Alex, eu tenho que ir embora – disse mais calma, pegando a bolsa e calçando os sapatos.

- Pipes, você está nervosa, não é bom dirigir assim.

- Eu estou bem – disse, parando por um momento e colocando a mão na cabeça.

- Eu posso te ligar ou mandar mensagem? – Alex pediu com cuidado.

- Não – Piper respondeu a olhou. – Eu falo com você – disse secamente.

Alex não conseguia parar de chorar, sua visão já estava embaçada.

- Me desculpa – disse olhando nos olhos de Piper. A loira conseguia sentir sua dor, mas estava irritada demais para sequer pensar em perdoa-la.

Piper saiu do quarto, pensativa, e Alex a acompanhou. Quando estava chegando na porta da sala, parou por um momento. Alex gelou.

- O que ela disse? – Perguntou sem olhar para trás.

Alex surpreendeu-se, achou que Piper não se interessaria pelo conteúdo da conversa.

- Ela não me respondeu no dia. Só depois me ligou e disse que estava disposta a conversar com você. Mas, não se preocupe, eu falei para ela que provavelmente você não ia querer fazer isso – Alex falava, tentando tomar cuidado com cada palavra. Viu que ela assentiu quando terminou.

- Eu... Eu preciso ir – falou rápido e saiu pela porta, deixando para trás uma morena em completo desespero.

 

Enquanto dirigia, não conseguiu controlar as lágrimas. Não sabia nem por onde começar a analisar toda aquela situação. Não sabia se queria matar Alex ou se admirava a sua coragem em procurar Christine e conseguir que ela fizesse algo que ela mesma quis por tanto tempo.

Ao chegar em casa, sozinha, chorou ainda mais, mas tentou manter a calma, coisa que era difícil quando se tratava de ressuscitar toda uma história que ainda trazia tanta dor.

À noite, depois de cuidar e ouvir sua Christine, conversar com Larry e fingir que estava tudo na mais perfeita ordem, pegou o celular antes de dormir para ver as horas. Havia uma mensagem de Alex. Não era um pedido de desculpa, um “boa noite” ou nada disso. Eram dois números. Um com a descrição “Christine” e o outro com “Christine Escritório”. Fechou os olhos e balançou a cabeça, sentindo raiva por Alex insistir naquilo. Sem pensar muito, apagou as mensagens. Não achava seguro ter aqueles números tão por perto. Largando o celular, tentou dormir, por mais que soubesse que aquela seria mais uma noite de sono perdida por conta de Alex Vause.  

 

In another life I would be your girl
We'd keep all our promises 
Be us against the world
In another I would make you stay
So I don't have to say you were
The one that got away
Katy Perry - The One That Got Away


Notas Finais


<3


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