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História Nicest Thing - I Can't Take My Eyes Of You


Escrita por: vausemessy

Notas do Autor


Hey, girls! Capítulo novinho saído na marra (rs) para vocês. Obrigada a todas que estão acompanhando :*

Capítulo 4 - I Can't Take My Eyes Of You


 

- Você quer tirar ou prefere que eu tire?

- Já que é meu, por pelo menos uma hora, eu quero ter o prazer de desembrulhar.

Sendo assim, o homem começou a despi-la lentamente, passando o rosto pelas partes da pele que iam ficando expostas. Ele tinha por volta de 60 anos, era mais baixo que ela, provavelmente fora um homem forte durante a vida adulta, mas agora os músculos já não eram tão aparentes. A barba a fazia sentir mais cócegas/nojo do que tesão. Na verdade, diferente do que imaginavam, sentir tesão não era algo comum na vida de Alex Vause, ela sabia, sim, fingir muito bem. Gemer, sussurrar, pedir para continuar, quando na verdade sua mente estava em casa, debaixo das cobertas assistindo Netflix ou jogando algum jogo de desafio com sua melhor amiga. Mas ela era muito boa, “acima da média”, o seu valor comprovava isso, e ela não brincava em serviço. Ela dava a eles o que eles queriam, e eles pagavam o preço que fosse para tê-la por uma hora ou mais, dependendo do acordo.

Ela gostava de vê-los percorrer em adoração todo o seu corpo, pensava no quanto eles se achavam poderosos, mas não resistiam a sua carne. Gostava de pensar que ali, muitos deles ficavam aos seus pés, como se não tivessem fortunas, poder, cargos importantes, ali ela os conhecia de verdade, eles prometiam-na o mundo, e ela virava o mundo deles. Só por ser mulher, só por ter nascido com aquele sexo, com aquelas curvas, e com aquele sorriso concedido pelo diabo.

Não havia preconceito com clientes mais velhos. Eles pagavam mais do que ela cobrava, tinham suas famílias estabelecidas e não se encantavam facilmente por ela. Durante aquela uma hora, sim, mas depois era cada um para o seu rumo, até a próxima vez. Além do mais, eles se cansavam rápido, então ela fazia o que deveria ser feito e depois ficava à disposição para conversar, jogar, fazer qualquer maluquice que eles pedissem. Eles adoravam conversar com a morena, ela era uma ouvinte excepcional, era divertida, inteligente, já havia lido de tudo e falava o que eles quisessem ouvir. No final, além do alto valor que sempre recebia, acabava recebendo mais, como se fosse uma espécie de bônus pelo “trabalho” de psicóloga.

O cliente do dia era um político, um senador republicano, ele usufruia dos serviços de Alex há alguns anos, e não abria mão dos encontros praticamente mensais. Alex era indiferente a ele, mas o fazia se sentir seu cliente mais especial, afinal proteção política e judicial era importante.

- Deus! – O homem clamava, se movimentando acima dela enquanto beijava seu pescoço.

- Não diga o nome dele em vão – ela respondeu, espalmando as mãos nas costas do homem e gemendo, fazendo-o acreditar que sentia tanto prazer quanto ele.

Então ele desabou em cima dela, respirando fundo e retirando-se de dentro da mulher.

Ela passou as mãos de leve pelas costas dele, sentindo alguns pelos, então o empurrou levemente para o lado. Assim que ele se acomodou, ela o observou: nu, ofegante, completamente nocauteado, enquanto ela permanecera impecável, do mesmo jeito que chegou ao local.

Sádica e provocante, ela perguntou:

- Você quer mais? – Disse enquanto colocava uma coxa por entre as pernas do homem. Ela sabia que ele não aguentava mais nada, mas não podia deixar de perguntar, só pela diversão pessoal, só para vê-lo com vontade, mas sem capacidade.

- Desculpe-me, meu bem, hoje não vai dar – ele respondeu ainda com os olhos fechados, passando a mão direita pela coxa dela.

E, assim, Alex passou o resto do período ouvindo sobre política, problemas pessoais e qualquer assunto desinteressante, pelo menos isso era mais fácil do que entregar-se, do que exercer seu principal ofício.

 

***

- Pipes?? – A amiga lhe chamou a atenção.

- Oi? – A loira respondeu.

- Tá tudo bem com você? Parece que está no mundo da lua.

Piper estava almoçando com a melhor amiga, Polly, em um dos restaurantes do hospital. O dia estava sendo atarefado e não daria tempo para de ir para casa, algo que ela sempre lamentava, pois gostava de estar todo o tempo possível com a filha, e o marido. Como fora impossível, fazia a refeição com a amiga de anos, grande parceira e confidente, também médica – e ginecologista – no hospital.

- Está tudo bem, é só o cansaço.

- Sem essa, Piper, eu te conheço.

Ouvindo isso, a loira abaixou a cabeça, olhando as mãos que estavam no colo. Uma semana. Esse era o tempo passado desde a consulta avassaladora da morena de olhos verdes que estava tirando o seu sono. Aquilo era uma loucura, uma insanidade. Como era possível ver alguém uma vez na vida e não conseguir tirar a pessoa do pensamento? Ela se lembrava de cada detalhe, do cheiro, do sorriso tímido e dos olhos. Estes eram a sua maior fraqueza, ela não os esqueceria em cem anos.

- Polly, eu posso te fazer uma pergunta? – Ela perguntou, ainda com a cabeça baixa.

- Claro, meu bem – a amiga interrompeu o manejo dos talheres e colocou-se pronta a ouvi-la.

- Você... Você já sentiu algo estranho durante uma consulta?

- Eu não estou entendendo, Piper – ela franziu o cenho.

- Enquanto você tocava alguma paciente, você já sentiu... – Ela parou a frase nesse ponto.

- Senti o que? Nojo? Pena? Medo?

- Não, Polly... – Ela balançou a cabeça negativamente.

- O que? Excitação? – Ela arregalou os olhos. – Isso aconteceu com você, Pipes?

- Não! – Olhou diretamente para a amiga.

- Aconteceu sim! – Polly sorriu. – Desculpa, amiga, mas isso é tão inusitado que eu não consigo ficar séria.

- Eu não confirmei, Polly, é só uma situação hipotética.

- Você está perguntando se eu, hipoteticamente, já senti tesão por alguma paciente? Não, Piper, eu sou hetero. – A médica recostou-se na cadeira, bebendo um gole de água em uma pose de superioridade.

- Polly, você é louca, eu nunca disse que senti tesão por alguma paciente – Piper respondeu irritada.

- Não precisa nem falar, meu amor, essa sua irritação já entrega tudo.

A loira olhou para o lado, séria, quase lacrimejando, mordendo o lábio.

- Piper, qual é? Você tá assim toda mal e aérea por causa disso? Você não é a primeira, e provavelmente nem será a última a sentir isso. Tente esquecer, invente algum motivo para não atender mais a dita cuja e continue vivendo, não é o fim do mundo.

- Eu não faço isso, Polly, não tem porque eu deixar de atender essa mulher. Já não basta a minha falta de ética profissional, eu ainda vou piorar tudo?

- Piper, você é a profissional mais dedicada e ética que eu conheço, eu tenho certeza que isso não aconteceu intencionalmente!

- Polly, – a loira passou as mãos pelos cabelos – eu não estou conseguindo viver, eu não paro de pensar nisso por um segundo. Eu sou uma pessoa horrível!

- Você não consegue parar de pensar em que? Na situação ou na mulher?

Piper a olhou atentamente. Aquela era uma ótima questão, a questão que ela havia ignorado durante toda a semana. Eram as palavras que seu interior gritava e ela se esforçava para desprezar.

- Na situação, claro – ela disse, tentando convencer a amiga e a si mesma.

- Como ela é?

- O que?

- Essa mulher que ressuscitou o seu lesbianismo.

- Polly, por que você não me leva a sério?

- Eu estou curiosa, Piper! – Exaltou-se. – Daria tudo para ver essa mulher.

- Ótimo, então arranjaremos um jeito de transferi-la a você – Piper sorriu.

- Eu... Eu não acho isso uma boa ideia.

- E por que não?

- Sei lá, olhe o jeito que ela lhe deixou, eu não quero ficar assim.

- Tá com medo, hetero? – A loira sorriu sarcástica.

- Só não quero problemas – deu uma garfada na salada que acompanhava a quiche em seu prato.

- Pol, eu não sei mais o que fazer, isso está me consumindo.

- Você contou ao Larry?

- Claro que não! Ele enlouquece se souber disso – ela falou baixo, como se alguém pudesse as ouvir.

- Amiga, eu não sei mais como lhe aconselhar. Já disse que você deveria inventar uma desculpa e dispensar essa mulher, se você não quer fazer isso, deve ser porque gostou do que viu... Ou sentiu.

- Polly, eu só acho antiprofissional fazer isso, essa mulher não tem culpa da minha cabeça fodida.

- Piper, você tem que parar de se culpar por acontecimentos que não estão sob seu controle. Aconteceu, sabe? Eu sei que você jamais faria algo para abusar ou constranger qualquer paciente, ou qualquer pessoa no mundo. Pare de se culpar e lide com isso. Não sei... Deixe-a voltar para outra consulta e talvez você perceba que isso tudo é coisa da sua cabeça – a amiga a consolou.

- E se não for? – A loira perguntou com os olhos cheios de lágrimas.

- Piper, deixe de ser louca! Se não foi algo de momento, foi o que? Amor à primeira vista? Você está levando isso muito a sério – a médica continuou com a refeição.

A loira respirou fundo, totalmente sem apetite e imersa em sua própria confusão mental.

 

***

 

 

Ao chegar a seu apartamento, Alex colocou as chaves e a bolsa em cima de uma mesa lateral que havia na sala, não ouvindo nada além do silêncio tranquilizador.

- Nicky? – A morena chamou pela amiga, ficando sem resposta.

Sendo assim, encaminhou-se a cozinha, preparando um lanche rápido, enquanto ouvia uma playlist de classic rock, sentindo a serenidade do final da tarde a lhe agraciar. Após terminar o lanche, dirigiu-se ao quarto para trocar de roupas, queria sair e aproveitar o clima ameno que fazia. Estranhando o desaparecimento da amiga, que nunca saia sem lhe dizer aonde ia, resolveu chama-la novamente.

- Nicky? Você está aqui? – Perguntou enquanto já retirava a blusa. Após terminar o ato, ouviu algum barulho vindo do quarto da loira, então abriu a porta sem cerimônias, já que as duas tinham extrema intimidade.

Ao adentrar o local – usando uma calça e um sutiã, já que havia retirado a blusa – deu de cara com a loira na cama, nua, junto a outra moça desconhecida. Sentiu os olhos da amiga lhe fuzilarem e ficou sem ação, não conseguia nem se mover.

-Oi – disse assustada.

- Oi – a moça lhe respondeu, se cobrindo com o lençol.

- Vause, saia daqui agora, eu vou dar na sua cara! – Nicky gritou.

- Desculpa, eu só... – Apontou com o dedo para fora do quarto, ainda sem mover o corpo do lugar. – Eu vim avisar que vou sair de novo – disse rapidamente.

- Vai pro inferno, Alex! – A loira disse enquanto jogava um travesseiro na amiga, que finalmente conseguiu sair do lugar e deixar o cômodo. Ao seguir para o próprio quarto, Alex sorriu, pensando na vida divertida e despreocupada – na medida do possível – que a amiga levava, e se sentiu feliz, ao saber que a loira conseguira seguir em frente com a sua vida, mesmo depois de tudo.

 

***

 

- Mamãe, você prometeu que iria me levar ao parque hoje! A mãe da Isabela também vai, por favor!!

- Ok, Christine, tudo bem, não precisa gritar! – A loira disse pegando a mochila da menina que lhe implorava pelo passeio.

- Ebaaa, eu posso ir no carro com a Isa?

- Onde está a mãe dela?

- Ali – a garota apontou para um carro que estava do outro lado da rua, onde a mãe da amiga da filha estava acenando com a mão.

- Tudo bem, pode ir com ela, nos encontraremos na tenda de sorvete que fica pouco antes de entrar no parque, certo?

- Sim, mamãe, eu preciso ir – e então saiu correndo junto à amiguinha de encontro ao carro.

 

 

O relógio marcava 5:30pm, o clima estava agradável e o Central Park, surpreendentemente cheio, por se tratar de um dia de semana. Piper gostava muito de passar por ali nos fins de tarde que tinha algum tempo livre, gostava de ir sozinha ou com a filha, que amava o lugar e gostava de explorar cada cantinho, sempre descobrindo algo novo. Ao chegar primeiro no local, dirigiu-se ao ponto de encontro e aguardou pela chegada das outras, enquanto tomava um sorvete.

- MAMÃE! – Ouviu o grito inconfundível da filha.

- Não precisa gritar, bebê.

- Desculpe, mamãe, eu e a Isa vamos dar uma volta.

- Dar uma volta? – Colocou uma mão na cintura.

- Sim, é aqui pertinho, por favor, mamãe!

- Ok, mas não quero vocês indo para muito longe, tudo bem? Eu e a mamãe da Isa estaremos aqui, nesse banco – apontou para um banco que ficava perto da tenda de sorvete. – Vocês não vão querer um?

- Agora não, mamãe, tchau! – E saiu arrastando a garotinha ao seu lado.

Sendo assim, Piper sentou-se ao banco junto à mãe de Isabela, enquanto tomavam um sorvete, conversaram sobre amenidades, a rotina das meninas, trabalho, e qualquer assunto que não fosse muito íntimo. Passados trinta minutos, a mulher disse que precisaria ir embora, então as duas decidiram ir atrás das garotas.

- Isa? Cadê a Chris? – Piper perguntou assim que viu a garotinha negra correr na direção da mãe.

- Ela está sentada naquele banco conversando com uma moça – apontou para um banco há uns 50 metros de distância do ponto onde estavam. Piper viu Christine sentada ao banco, ao lado de uma moça com um coque no alto da cabeça e roupas próprias para exercícios físicos.

- Deus, a Christine é impossível, irei buscá-la – e assim se despediu das duas que já iriam embora.

Ao se aproximar, riu da facilidade da filha em fazer amizade com qualquer pessoa de qualquer idade, não havia limites para a simpatia da garotinha loira de cabelos levemente cacheados. Ela conquistava a todos com seu jeitinho autossuficiente e o vocabulário enriquecido – para alguém que tinha apenas seis anos de idade.

- Filha? – Chamou carinhosamente, chegando por trás do banco onde a filha mantinha uma conversa animada com uma mulher desconhecida.

Nesse momento, a filha e a mulher retornaram os olhares para a loira, e seu coração quase parou. Era ela. A responsável por suas noites mal dormidas, a ladra de sua sanidade mental e de sua paz.

 

- Olá, doutora.

Piper sentiu suas pernas virarem gelatina.

- Oi – ela respondeu em um tom baixo.

- Você conhece a minha mamãe?

- Sim, meu bem, ela é minha médica – a morena respondeu sorrindo.

- Que legal! A minha mãe é a melhor médica do mundo.

- Eu concordo – Alex disse. Enquanto isso, Piper olhava para as duas completamente paralisada.

- Chris, nós precisamos ir embora, a Isa já foi.

- Mas, mamãe, a gente ficou tão pouquinho! Por que você não senta aqui com a tia Alex enquanto eu vou brincar com aqueles meninos ali? – Apontou para um grupo de garotinhos que brincavam com uma bola. – A tia Alex é muito legal, e olha como ela é linda, mamãe. Eu disse que ela poderia ser modelo!

Piper ainda não conseguia se mover, só olhava a cena completamente estática. Aquilo era impossível, não era viável que sua filha encontrasse aquela mulher ali, no Central Park lotado. Que karma era esse?

- Venha, mamãe, sente-se aqui – puxou Piper pelo braço, a sentando no banco ao lado da morena. – Eu já volto, tudo bem? Fica aí.

Ela não conseguia responder, só se sentou e balançou a cabeça levemente, totalmente aérea.

- A sua filha é um encanto, Dra. Chapman.

A voz rouca da mulher a despertou.

- Ela... Ela é impossível, me desculpe se ela a houver importunado.

- Imagina... Eu estava correndo e acabei tropeçando nela, então ela foi logo puxando assunto e aqui estamos – ela disse olhando para a loira, que parecia incomodada.

- Vocês se machucaram? – ela perguntou, alarmada.

- Não se preocupe, está tudo bem.

- Eu... Eu vou busca-la para irmos embora – disse olhando para a mulher, ela parecia ainda mais bonita hoje.

- Calma, deixa ela brincar com os meninos, eles parecem ter gostado dela – a morena disse olhando na direção do grupinho de crianças, no qual Christine se divertia com alguns garotos.

Piper olhou e a filha realmente parecia se divertir, então ela resolveu acatar o pedido da morena e continuar ali por mais um tempo. Se já estava no inferno, que abraçasse o capeta.

Enquanto isso, a morena a observava. Ela era realmente linda, ainda mais com o sol do fim da tarde a iluminando. Poderia passar horas a olhando ali, naquela posição. Não entendia o que havia naquela mulher que lhe trazia tanta paz.

- Tudo bem, ainda posso esperar mais um pouco. Você costuma vir aqui, Alex? – Perguntou, virando-se para a morena.

- Uau, não achei que lembraria o meu nome.

- Eu sei o nome de todas as minhas pacientes.

- Duvido – Alex arqueou as sobrancelhas.

- Ok, mas sei de 90 por cento.

Alex riu, e Piper sentiu seus órgãos todos se revirarem dentro de si.

- Eu venho sempre aqui, doutora, prefiro correr ao ar livre do que em uma esteira.

- Isso é ótimo, Alex.

- E você? Costuma vir? – A morena cruzou as pernas e apoiou o rosto em uma das mãos.

- Sim, a Chris... Adora – ela respondeu lentamente, atenta aos movimentos da mulher.

- Ela é uma garotinha adorável, eu mal acreditei que alguém daquele tamanho pudesse falar tanto.

Piper riu, essa era uma verdade. – Imagine lidar com isso diariamente.

- Deve ser uma aventura – então Alex pensou no quão divertido deveria ser conviver com aquela garotinha e em toda a leveza que parecia circundar a vida daquela mulher. Tudo tão diferente de sua realidade.

- É sim. E você, já pensou em ter filhos? – A loira fez a pergunta e se arrependeu na mesma hora. Que tipo de pergunta insensível era aquela para uma mulher com aquele estilo de vida?

- Não, Piper. Esse tipo de pensamento não faz parte da minha vida – ela sorriu sem graça e a loira se sentiu a pior pessoa do mundo.

- Desculpa, Alex. Eu não pensei antes de falar.

- Não precisa pensar, querida.

Então as duas se encararam, captando cada detalhe uma da outra.

- Desculpe, eu vou tirar esse casaco por que já estou morrendo de calor – a morena disse já retirando o casaco de zíper, revelando uma blusa preta colada que mostrava a alça do sutiã e os seios volumosos.

- Tudo bem – Piper respondeu atenta a cada movimento e acabou sentindo calor também quando a morena terminou.

- Sabe, a maioria das pessoas comuns que falam comigo, sabendo o que eu faço, ficam cheias de receio sobre o que vão falar para não parecerem ignorantes ou preconceituosas, mas eu não gosto disso, eu sou uma pessoa normal ou, pelo menos, tento ser.

- Eu entendo. Desculpe por isso, a Chris tem a quem puxar na impulsividade para falar.

- Não peça desculpas, Chapman, eu não sou de vidro, não irei quebrar – a morena disse olhando para o horizonte, enquanto a loira a fitava.

- Ok, eu não sei o que falar. Realmente preciso ir.

- A minha presença te perturba, doutora? – Alex Vause perguntou, com um sorriso irônico, ainda olhando para o outro lado.

WTF? Que porra de pergunta era aquela? Ainda bem que Piper estava sentada, pois ela cairia durinha ali.

- Como?

Alex riu, o nervosismo da mulher era evidente, ela havia virado para o outro lado e fazia aquilo para encobrir o próprio nervosismo. A famosa projeção.

- Você parece nervosa e não tirou os olhos de mim por um minuto.

Piper ficou calada. Por que ela estava sendo tão direta? O que ela havia feito de errado para ser tão castigada daquela forma?

- Eu estou te olhando porque estou conversando com você, Alex.

A morena voltou os olhos para ela. – Tudo bem, boa resposta.

- É a única possível – a loira respondeu firme.

- Desculpe-me, Piper, às vezes eu também falo sem pensar – e terminou a frase com um sorriso no rosto.

Com isso, as duas ficaram fitando-se mutualmente, em uma batalha de olhares. Verde no azul, azul no verde. Elas se esforçavam para nem piscar.

- Mamãe, eu quero ir embora ver o papai! – A loira deu graças a deus pela chegada da filha e a morena logo alarmou-se, “papai”, então a doutora era casada.

- Claro, meu amor, eu já ia lhe chamar.

- Você pegou o número da tia Alex? Eu quero ver ela de novo, ela disse que me traria aqui no parque sempre que eu quisesse.

- Christine! Você não pode ficar se oferecendo assim para as pessoas. Meu deus, que vergonha.

- Não se preocupe, Piper, eu falei sério, posso trazer minha nova amiguinha sem problemas – Alex disse pegando a garotinha no colo, que logo se agarrou à ela.

Piper quase derreteu ao ver a cena, Alex parecia sincera no que disse e a filha realmente havia gostado da moça.

- Imagina, Alex, ela vai querer te fazer de escrava, você não tem noção do problema em que se meteria.

- Me arranja uma caneta?

A loira não entendeu muito bem, mas acabou pegando a caneta dentro da bolsa. Enquanto isso, Alex colocou Christine no chão, logo pegou a caneta e puxou a mão da médica para perto de si.

- Esse é o meu número – ela dizia enquanto anotava o número na mão da loira que quase desmaiou com o ato, ela até pensou em puxar a mão, mas isso seria muito rude e inexplicável. – A Chris pode me ligar sempre que quiser, se eu estiver disponível, não é problema algum sair com ela.

Enquanto isso, Piper olhava os detalhes do perfil da moça: os cabelos levemente molhados marcando o pescoço branquinho, um brinco pequeno e delicado e a boca carnuda que se movia enquanto ela escrevia os números. A loira entrou em estado de transe, sentindo aquela mulher tão perto de si. Ela ainda tinha o mesmo cheiro de flores e um sorriso que trazia paz e excitação ao mesmo tempo.

Alex fez aquilo de propósito, óbvio. Era a única maneira de tocar e se aproximar da loira. Acabou sorrindo ao percebê-la trêmula com o toque e se segurou para não passar a mesma sensação, pronunciando os números para não se entregar no incômodo do silêncio. Sentiu a respiração da mulher pesada perto de seu pescoço e arrepiou, terminando logo a escrita.

- Pronto, aí está o meu número pessoal, a Chris pode me ligar quando quiser, será um prazer – ela sorriu para a filha e para a mãe.

- Eba, mamãe, a tia Alex é a melhor! Depois eu vou levar ela na tenda do sorvete, ela vai adorar!

- Vamos ver, meu bem – a loira disse ainda em transe. – Agora vamos, seu pai já deve ter chegado em casa.

- Ok. Tchau, tia Alex, amanhã eu vou te ligar – a menina disse abraçando a mulher.

- Tudo bem, meu anjo, estarei esperando – ela se abaixou e retribuiu o abraço.

- Tchau, Alex – Piper disse rapidamente, querendo fugir dali.

- Tchau, doutora – a morena a segurou pelo braço e deu-lhe um beijo na bochecha, perto do ouvido. A loira foi obrigada a fechar os olhos para manter a compostura. – Não precisa ter medo, eu não sou uma má influência para a sua filha – disse baixinho.

- Eu não pensei nisso. Agora preciso ir, de verdade.

- Ok, bye – a morena disse baixinho, em tom melancólico.

- Bye – e assim, puxou a filha pelo braço, deixando a morena para trás. Ela sentia que poderia explodir a qualquer momento, só precisava ir para casa tomar um banho e esquecer aquele dia memorável, e esperar nunca mais ter que ver aquela mulher novamente.

Alex, por sua vez, tentava entender as próprias ações quando estava perto da médica. Por que ela simplesmente não deixava isso de lado e fugia, como sempre fizera? Que tipo de atração era aquela que lhe fazia se aproximar cada vez mais de algo que era claramente um problema? Com esses pensamentos, resolveu ir embora para casa, tentando encontrar alguma paz que já não lhe habitava há uma semana. 


Notas Finais


Por hoje é isso. Gente, o que vocês estão achando da história? Eu preciso sabeeer hahahaha.
Bjs e até a próxima :*


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