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História Nicest Thing - We're Going To Be Friends


Escrita por: vausemessy

Notas do Autor


Olá, meninasss! Meus amores, estou super feliz com os comentários na fic, feliz por vocês estarem gostando... Enfim, muito obrigada!
Queria agradecer à querida da Shay (também conhecida como Agente do FBI) por ter divulgado a fic e dar boas vindas a todas as meninas que vieram pra cá por indicação dela... Espero que vocês gostem! Ah, Shay, também tem uma ligação surpresa por aqui... fica ligada <3.
Enfim, esse capítulo não saiu muito bem como eu esperava, mas espero que vcs gostem!

Capítulo 6 - We're Going To Be Friends


 

Dor. Alex sentia muita dor na cabeça, ela tentava passar a mão no local, e aparentemente, não havia sangue. Seu corpo estava bem, tirando uma dorzinha concentrada no joelho, ela poderia levantar tranquilamente dali, não fosse a dor de cabeça terrível. Nem conseguia abrir os olhos, não tinha ideia do que estava acontecendo ao redor, só ouvia algumas vozes descompassadas, aquilo realmente não estava em seus planos.

Piper Chapman estava apavorada, essa era a palavra. Apavorada por atropelar uma pessoa e por essa pessoa ser, nada mais, nada menos, do que Alex Vause. Aquilo era uma peça que o destino estava pregando muito bem em sua vida, ela já começava a aceitar.

- Alex? – A loira ficou de joelhos no asfalto e tentou tirar as mãos da morena de cima do rosto.

Alex não achou a voz estranha, conhecia aquela voz de algum lugar, no momento não conseguiu lembrar de onde.

- Alex? Você consegue me ouvir? – Ela falava serenamente.

- Sim, só dói muito... A minha cabeça – A morena disse pausadamente.

- Ok. Você está bem?

- Sim – e então ela abriu os olhos e viu o par azulado a lhe olhar compenetrado. Sua cabeça doeu mais ainda. – Doutora? – Ela disse fechando os olhos novamente.

- Sim, Alex, sou eu, Piper.  Está tudo bem? Você consegue se mexer? – A loira era calma na abordagem.

- Sim, eu estou bem – a morena se esforçou para abrir os olhos e mantê-los abertos.

Piper tentou levantar a moça, mas ela estava meio tonta e não conseguia se equilibrar direito. Um homem, vendo a dificuldade das duas, as ajudou levando Alex para o banco do passageiro do carro da loira, a acomodando. Enquanto isso, Piper pegou a bolsa e os óculos da morena que estavam quebrados no chão.

- Alex? – Piper falou já do banco do motorista, colocando a bolsa no colo da outra. A morena estava com os olhos fechados.

- Sim? – Ainda parecia meio aérea.

- Eu vou te levar ao hospital, você precisa se manter acordada, tudo bem?

Alex alertou-se. – Eu estou bem, doutora, não preciso ir ao hospital.

- Alex, eu acabei de te atropelar.

- Mas não foi muito forte, eu estou bem, se você puder, só quero que me leve para casa, eu tenho remédios que irão resolver essa dor – ela disse com a mão na testa.

- Alex, seu joelho está machucado também.

A morena nem havia reparado naquilo, só então tirou a mão do rosto e olhou para a perna: a calça havia rasgado na região do joelho e havia uma quantidade de sangue até generosa por ali.

- Uau, isso vai deixar marca, certo? – Ela disse olhando para o machucado.

- Não parece tão profundo, acredito que não deixará marcas – a loira também analisou a região.

- Eu só preciso de um curativo nisso e pronto, tudo resolvido, a minha amiga pode fazer isso por mim.

- Alex, você precisa ir ao hospital. Você tem noção do que é o impacto de um carro batendo em você? – A loira já começava a se irritar.

- Você freou a tempo, Piper, eu estou bem, juro – ela disse olhando nos olhos da médica.

- Alex... Não acho confiável te deixar ir assim.

- Então você me deixa em casa e faz um curativo no meu joelho, pode ser? – Alex propôs, e logo após se arrependeu. Convidar a médica para ir a sua casa? Oi?

Piper também não gostou muito da ideia. – Eu tenho instrumentos de primeiros socorros no carro, nós podemos parar em algum lugar e eu faço isso, pode ser?

- Claro! – Alex concordou na hora.

- E a sua dor de cabeça?

- Já está passando – a morena mentiu.

- Jura?

- Sim – ela reafirmou e sorriu singelamente.

- Tudo bem, tem um café logo ali na próxima avenida, nós podemos parar lá, é calmo e espaçoso, e não se parece em nada com um hospital, que a senhorita aparenta não gostar nadinha – a loira fez a proposta olhando a mulher ao lado. Por que ela tinha que ser tão linda? Droga!

Alex sorriu. – Seria ótimo.

Então as duas seguiram para o local, a dor ainda era latente na cabeça de Alex, mas ela não gostava ir ao hospital de maneira alguma, só ia quando extremamente necessário. Piper estava nervosa, mas ao mesmo tempo, um sentimento de excitação e alegra pairava em seu corpo. Era interessante o que a presença daquela mulher lhe causava.

- Alex...

- Hum – a morena apenas gemeu em resposta.

- Você precisa se manter acordada, querida, não é bom sentir essa sonolência depois de levar uma pancada na cabeça.

- Desculpe – ela abriu os olhos e tentou se concentrar na rua a frente, mas parecia que a claridade piorava o quadro, e a falta dos óculos também não ajudava.

- Não precisa se desculpar, só se mantenha acordada – a loira a analisou. Definitivamente a levaria ao hospital, só iria preparar o território antes.

Chegando ao local, Piper desceu do carro, buscou a maleta de primeiros socorros e pediu que Alex a esperasse, pois a ajudaria. Ao tirar a morena do local, segurou firme no braço dela, a apoiando, e assim seguiram para o interior da cafeteria. Ao entrar, Piper escolheu uma mesa reservada, ajudou a morena a se sentar e se sentou logo à frente.

- Alex, você está muito tonta, nós precisaremos ir ao hospital.

- Eu estou bem! – A morena insistiu. Piper a analisou, ela tinha os olhar meio abatido e se esforçava para se manter acordada.

- Vamos ver esse ferimento na sua perna – mudou de assunto e se dirigiu em direção à Alex, ajoelhando-se a sua frente e a pedindo para se virar.

- Eu vou lavar as mãos, já volto – a loira disse após dar uma olhada no local.

Alex pensou que seria uma ótima oportunidade para fugir, não queria que a loira a tocasse, de jeito nenhum, deveria ter ligado para Nicky e resolvido esse problema, mas estava difícil pensar em qualquer coisa...

- Pronto – Piper voltou à posição. – Eu vou ter que rasgar mais um pouco a sua calça, tudo bem?

- Não – Alex respondeu rápido.

- Não?

- É que eu gosto muito dessa calça, não queria rasga-la ainda mais – Alex disse fazendo careta.

- Então...

- Eu tiro.

- Oi? – Piper apavorou.

- Nós podemos fazer isso no banheiro, vamos – a morena falou no impulso. Que diabos ela estava fazendo?

E, assim, as duas seguiram ao banheiro, uma mais nervosa que a outra.

Ao entrar, Alex jogou a bolsa no chão e já começou a abrir a calça, Piper desviou o olhar, não era o momento de pecar.

- Ai – a morena reclamou ao sentir o jeans arrastar no machucado.

- O que foi? – Piper destinou a atenção à moça.

- É que doeu para descer a calça... – Alex disse se sentando com dificuldade na tampa do vaso sanitário. Ela vestia uma blusa relativamente comprida, então não houve muita exposição.

- Eu vou limpar com álcool, então vai arder um pouquinho, ok? – A loira disse se ajoelhando, tentando se concentrar no machucado e não nas pernas nuas a sua frente.

- Ok – Alex disse apreensiva, tanto pela dor, quanto pelo contato. – Ai! – Ela gritou. – Porra, isso dói de verdade.

- Você está muito grandinha para esse tipo de reclamação, Vause – a loira sorriu. Alex se esqueceu da dor por um segundo ao ver aquele sorriso.

- Tá doendo de verdade, até esqueci da cabeça – ela disse olhando para o serviço que a médica fazia em sua perna. Ela era concentrada e delicada, e aquelas características pareciam a acompanhar sempre.

- Sua perna dói? Digo, você sente dores musculares? – A loira olhou para cima enquanto terminava o curativo, e encontrou uma Alex Vause cochilando encostada na parede. A cena era bonitinha e aquecera o coração da loira por alguns segundos, mas também era perigosa.

- Alex? – Ela chamou baixinho. – Alex... – disse passando a mão levemente no rosto da morena, e aquilo fora maravilhoso e eletrizante.

- Oi... – Ela despertou. – Desculpe-me, acho que eu cochilei.

- O seu curativo está pronto, e agora nós vamos ao hospital.

- O que? – A morena aterrorizou-se.

- Essa sonolência não é normal, você vai ter que fazer uma tomografia, eu não me perdoaria se algo grave ocorresse a você.

- Não, por favor! – A morena pedia com os olhos atentos.

- Nós temos que ir, Alex, me desculpe por tudo isso...  Mas eu sou médica, seria uma irresponsabilidade sem tamanho não lhe levar ao hospital agora – a loira aparentava frustração e Alex percebera.

- Tudo bem – ela resolveu facilitar o processo.

Assim, Alex se vestiu novamente e as duas seguiram de volta ao carro, dispensando o garçom que as olhou de modo desconfiado, depois de todo o tempo despendido no banheiro. Durante o caminho, Piper retirou assunto de todos os lugares de onde poderia, falou amenidades sobre o trânsito e o clima e falou sobre Christine, principalmente, tudo para manter a morena acordada. Aquele alvoroço habitual ao contato entre as duas ainda estava lá, mas agora a preocupação também tomava a cabeça da loira.

- (...) e aí você acredita que ela jogou tinta no coleguinha? – Enquanto a loira falava, o celular de Alex tocou.

- Só um momento, Piper. – Ela dizia enquanto pegava o aparelho. – Oi, Danny... Então... Aconteceu uma coisa que você não vai acreditar.

(...)

- Eu sei que você estava esperando, meu bem, mas eu fui atropelada.

(...)

Piper atentou-se à ligação.

- É sério! A pessoa que me atropelou está me levando ao hospital neste momento, mesmo que eu não ache necessário porque não foi tão forte... – Ela dizia provocante, olhando para Piper, que apenas retirou os olhos do trânsito para lhe olhar com reprovação.

- Não precisa ir me ver, eu estou bem.

(...)

- Também estou com saudades, mas eu prometo que irei recompensar cada minuto – ela dizia em um tom sussurrante e sexy. Piper ficou irritada, será que ela não poderia ser mais sutil?

(...)

- Tudo bem, amanhã mesmo eu já devo estar pronta para você. – (...) – Tchau, também te amo, seu idiota. – E terminou a ligação rindo.

- Desculpe, Piper, era... – ela parou para pensar, talvez aquilo chocasse a doutora... E ela queria fazê-lo. – Era um cliente barra amigo – ela disse olhando para a mulher que dirigia.

- Tudo bem, não se desculpe, Vause – a loira respondeu sem tirar os olhos do caminho.

- Eu preciso fumar, tudo bem? – A morena perguntou, mexendo na bolsa.

-Você precisa? Mesmo?

- Sim, preciso – Alex disse séria, sua voz parecera ainda mais grave.

- Ok, vá em frente – Piper respondeu. Naquele ponto, por algum motivo desconhecido, as duas pareciam querer se alfinetar, se desafiar...

Quando Alex acendeu o cigarro, Piper tentou se concentrar no caminho à frente, mas a imagem da morena ao seu lado com o rosto virado para a rua e o cigarro entre os dedos era... Tentadora. A loira se perdera na cena por alguns segundos até uma buzina lhe tirar do transe.

- Gosta do que vê? – A morena perguntou antes de tragar.

- Da rua? É o meu caminho habitual, acho que gosto, sim.

Alex a encarou. – Você é sempre nervosa assim?

- Desculpe? – Piper respondeu admirada.

- Nada – Alex deu uma risada fraca e voltou a tragar seu cigarro.

E então as duas seguiram o resto do caminho caladas.

 

Ao chegar ao hospital, Piper ajudou a morena a entrar no pronto-socorro e logo conseguiu encaminhamento para que a tomografia do crânio fosse logo realizada, também solicitou uma radiografia do corpo inteiro, por via das dúvidas.

- A gente só vai ter que esperar uns minutinhos, já falei com um colega e você vai ser prioridade.

- Eu já estou bem, Piper.

- Desculpa, Alex, mas eu preciso de laudos, de confirmações, depois deixo você se livrar de mim.

- Eu não quero me livrar de você – Alex disse divertida, com aquele sorriso...

- Eu sei que você quer.

- Alex Vause – a morena foi chamada.

Alex realizou todos os exames, sempre com expressão entediada, com cara de quem iria fugir dali a qualquer momento. Piper achava engraçado, ela era uma mulher de pose altiva, por vezes até séria, mas era só observar um pouco, trocar algumas palavras para perceber que ali havia uma menina, alguém que usava o escudo da aparência para esconder fraquezas, dores... Também pudera, não deveria ser fácil levar uma vida daquelas, como a maioria das pessoas achavam. A loira tinha cada vez mais curiosidade acerca daquela mulher, queria lhe perguntar tudo que se passava em sua cabeça até zerar todas as dúvidas, mas o que restava era observá-la e, para ser sincera, também existia uma excitação mórbida em tentar desvendá-la.

 

- Então, Alexandra Vause...

- Alex, por favor, doutor – a morena pediu com um sorriso forçado.

- Ok, Alex, os exames mostram que está tudo bem, apesar do impacto. Talvez você sinta algumas dores posteriormente, mas não tem nada de errado nem com o corpo, nem com a cabeça.

- Pete, mas e as dores que ela está sentindo? – Piper, que acompanhava a morena na consulta, perguntou.

- Isso é normal, Pipes, o impacto foi forte. É bom que ela evite dormir pelo menos nas próximas duas horas, mas não há nenhuma alteração aí por dentro – o médico sorriu para Alex.

- Então nós podemos ir? – Alex questionou, animada.

- Não, querida, eu vou querer que você fique em observação aqui no hospital por algumas horinhas, vou lhe prescrever um remédio para a dor de cabeça e esperar que ele faça efeito.

- É sério?

- Sim, Alex, isso é necessário, eu preciso verificar que você não vai mais ter efeitos tipo enjoo e vômitos, mas vai passar rápido, até o fim do dia você está liberada.

- Não tem nada que eu possa fazer para não precisar ficar?

- Não, querida, me desculpe. A enfermeira já vem lhe buscar.

- Pete, eu quero um quarto separado para ela, por favor – Piper se pronunciou. Já que havia causado todo aquele transtorno, pelo menos faria com que a morena se sentisse confortável.

- Claro, Pipes.

 

Com isso, as duas seguiram para o quarto do hospital sob reclamações de Alex Vause, que achava tudo aquilo completamente desnecessário, Piper já tinha se acostumado a ouvir os lamentos e agora só achava engraçado, a morena irritada ficava hilária e Piper se divertia ao ver aquilo. Na acomodação, Alex teve que tomar alguns comprimidos, a loira anunciou que ficaria ali até o fim do período, mesmo sob os protestos da outra.

- Piper, você pode pegar a minha bolsa, por favor? Preciso fazer uma ligação – a morena disse já acomodada na cama.

- Claro.

- Nicky – Alex disse ao telefone. – Então, eu fui atropelada.

(...)

- Pare de gritar no meu ouvido! Já está tudo bem.

(...)

- Não precisa vir pra cá, eu já estou acompanhada.

(...)

- Sim, a pessoa que me atropelou está aqui comigo – ela disse dando um sorriso sincero à Piper. A loira a achou ainda mais linda.

(...)

- Não se preocupe, bebê, ela vai me levar em casa... – (...) – Ok, beijos, te amo.

 

Piper queria perguntar quem era ao telefone, mas achou que seria invasiva, então ficou em silêncio, e a morena a seguiu no ato.

E, novamente, o celular de Alex Vause tocou.

- Alô?

- Alex? Alex Vause?

- Sim, sou eu.

- Certo. Preciso que venha para a base AGORA.

- Desculpe, quem está falando?

- Você é a Alex certa? Agente do FBI...?

- Eu posso ser o que você quiser, meu bem – ela disse o mais sexy que pôde. – Mas, se estiver falando sério, eu não sou agente do FBI.

- E você é o que?

- Você é da polícia?

- Sim!

Alex desligou o telefone o mais rapidamente possível e Piper ficou com uma expressão de dúvida.

- Foi engano – Alex disse e Piper só assentiu.

Depois de alguns minutos, Piper percebeu que cochilara na cadeira, ela não sabia por quanto tempo, mas sabia que havia sido pouco. Olhando para a paciente, viu que ela também não estava acordada, então decidiu chama-la.

- Alex...

Nada.

- Alex – aumentou um pouco o tom de voz.

- Alex... – A loira levantou e encostou a mão de leve no braço da morena e, ainda assim, nada. Ela parecia dormir profundamente, e aquilo não era recomendável.

- Alex... – Dessa vez, disse rápido e passou a mão mais firmemente no braço de Alex, por cima da tatuagem, sentindo a pele quente e macia. Fechou os olhos com a sensação do toque. A morena trazia uma expressão de serenidade admirável, e Piper sentiu que poderia ficar ali, a olhando dormir com toda aquela calma. Mas, além de ser uma insanidade, também não era nada saudável, então apertou o braço da morena mais fortemente e a chamou com a voz firme.

- Alex!

- Oi! – A morena despertou exaltada.

- Você precisa se manter acordada, querida – Piper disse ainda de pé ao lado da maca.

- Desculpe.

- Sua cabeça ainda dói? Eu posso chamar o Pete.

- Não, Piper, eu dormi porque estava entediada, minha cabeça está ótima – ela disse com a voz rouca, olhando nos olhos da loira que estava próxima a ela, próxima até demais...

- Uau, quanta sinceridade – Piper sorriu e voltou ao lugar. – O que você quer que eu faça para te entreter?

Alex sorriu. Piper ficou sem graça.

- Fale-me sobre você.

- Ok! – Aquilo era perigoso... – O que você quer saber?

- Há quanto tempo é casada? – A morena perguntou interessada.

- Seis anos, a mesma idade da Christine.

- Casou grávida? – Alex foi sincera e direta.

- Sim, Alex, eu me casei grávida – Piper respondeu tão direta quanto.

- O que ele faz?

- Ele também é médico, cardiologista, filho do dono desse hospital.

- Uau, doutora – Alex sorriu.

- O que mais quer saber?

- O médico que me atendeu é seu amigo?

- Sim, é marido da minha melhor amiga, que também é médica aqui.

- Ok... Você conhece outras pessoas fora desse meio? – Alex perguntou divertida.

Aquela era uma boa pergunta, Piper realmente não conhecia muitas outras pessoas fora do contexto médico. Onde sua vida social tinha ido parar?

- Claro que conheço, Alex – mentiu.

- Não me convenceu muito, acho que deveríamos ser amigas.

- Amigas? – Piper perguntou mexendo no cabelo, admirada.

- Sim, acho que o destino está tentando nos dizer algo. Em menos de duas semanas nós já temos boas histórias para contar, além disso, eu seria a sua amiga fora do hospital, te garanto que seria divertido – Alex dizia divertida e sincera, ela gostava da presença da loira, isso era um fato.

Piper sorriu com o raciocínio da morena, ela realmente tinha razão. – Bom, isso é uma verdade. Mas já que vamos ser amigas, me fale sobre você.

- Estava morrendo de vontade de chegar logo a essa parte, não é, doutora? – Alex perguntou em tom descontraído.

- Não... Quero fazer algumas perguntas, assim como você me fez.

- Vá em frente.

- Você tem namorado?

A morena riu, ela sabia que essa seria a primeira pergunta. – Não. Pessoas que fazem o que eu faço não namoram, algumas se iludem, mas nunca deu e nunca dará certo.

- E você sente falta disso?

- Eu não sei, Piper, dizem que a gente não sente falta do que nunca teve, não é? – A morena respondeu de cabeça baixa mexendo nos dedos, e logo depois subiu o olhar para a loira.

- Desculpe perguntar isso, acho que você já entendeu que eu sou um desastre da sensibilidade – Piper respondeu, sem graça.

- Piper, eu já lhe disse que você se desculpa demais. Eu não estou chateada, você pode perguntar o que quiser.

A loira a encarou. – Você trabalha para alguém?

Alex sorriu. – Não, Piper, eu trabalho por conta própria, nada de bordéis, casas de show e coisas do tipo.

- Não é perigoso?

- Não, eu tenho quem me proteja, mas é algo raramente necessário.

- Eu não pude deixar de ouvir a sua conversa no carro, mais cedo. Você é amiga dos seus clientes? – Piper perguntou apreensiva, mas já que a morena havia dado permissão, ia fazer valer a pena.

- Da minoria. Aquele é um caso especial, mas geralmente não há esse tipo de relação, eu não gosto, e muito menos eles, não fica bem para homens como eles, ter amizade com mulheres como eu – a morena falou calma, e a loira sentiu raiva e vontade de abraça-la ao mesmo tempo.

Nesse momento, o celular de Piper tocou.

- Oi, Larry. Desculpe por não ter ligado, você nem acredita no que aconteceu.

(...)

- Como já sabe?

(...)

- O Pete é um filho da puta de um fofoqueiro – a loira disse irritada e Alex admirou-se.

(...)

- Ok, Larry, você acha mesmo que eu preciso ouvir sermão agora? Eu vou desligar!

(...)

- Tudo bem... Você vai ter que buscar a Chris hoje, se for impossível, ligarei para a Taystee, ela vai dar um jeito.

(...)

- Não, Larry, estarei em casa antes da noite, não se preocupe. – (...) – Beijos, eu também te amo...

 

- O meu marido já sabia que eu te atropelei, olha que ótimo – a loira disse irônica, guardando o celular na bolsa.

- Bom, você foi poupada de dar a notícia.

- Ele vai me encher o saco por causa disso – Piper disse fechando os olhos e encostando na cadeira. Alex riu ao ver o nervosismo da loira, ela estava começando a gostar de vê-la assim.

- Piper, você parece estar cansada. Sabe, pode ir embora, eu ligo para a Nicky vir me buscar.

- Quem é Nicky?

- Minha namorada – Alex disse séria.

- Mentira, você disse que não se envolve com ninguém – Piper respondeu a encarando com os olhos semicerrados.

- Eu não disse isso – A morena continuou séria.

Silêncio.

- Mas é brincadeira. Nicky é a minha melhor amiga, quem marcou a minha consulta com você, ela mora comigo e nós somos como uma família, cuidamos uma da outra.

- Ela também é...?

- Não, Pipes, a Nicky não é prostituta. Ah, e você pode falar essa palavra – Alex disse a encarando com uma expressão sarcástica.

- Enfim, bom saber, mas eu não vou embora, vamos ficar pelo tempo determinado pelo Pete e depois a levarei em casa.

- Você é implacável, loirinha – Alex disse com um sorriso no canto da boca.

- Você ainda não viu nada – Piper respondeu a encarando. Elas adoravam fazer aquilo.

E então elas ficaram conversando, conhecendo mais sobre as vidas tão diferentes que levavam, até que ouviram uma batida na porta.

- Eu vou ver quem é – a loira se levantou.

- Polly? – Perguntou surpresa  ao abrir a porta.

- O Pete me disse que você tinha atropelado alguém. Enlouqueceu, Piper? – A amiga foi disparando.

- Eu estava morrendo de dor de cabeça, ok? Além do mais, eu consegui frear a tempo e o impacto não foi forte, ela está bem.

- Ela não quis te matar?

- Na verdade, acho que ela vem tentando fazer isso há algumas semanas...

- Como assim?

- Eu atropelei Ela! Aquela mulher, a minha paciente...

- Não...

- Sim... – A loira disse balançando a cabeça, com os olhos arregalados.

- Ela tá aí dentro? Porra, me deixa ver!

- Pare de xingar dentro do hospital!

- Vá se foder, Piper! – E abriu a porta.

- Oi, eu sou a Polly... Amiga da Piper... Vim ver como ela estava – Polly disse sorrindo, na maior cara de pau.

- Oi, Polly – Alex disse meio assustada, mas também sorrindo.

- É... Melhoras! Eu preciso voltar ao trabalho.

- Ok – Alex respondeu sem entender direito, e Piper fechou a porta, ficando do lado de fora.

- Caralho, Piper, que gostosa!

- Polly! Tenha modos! – Piper disse, chocada.

- Amiga, to falando sério! Quando uma mulher é gostosa, eu reconheço, e essa daí é muito gostosa, e olha que acabou de ser atropelada.

- Você não está ajudando, Polly!

- Como está o clima aí? Vocês já quase transaram? – Polly perguntou com um sorriso enorme.

- Eu vou entrar de novo, e você vá embora, não sou obrigada a ouvir esse tipo de coisa no dia de hoje – Piper disse exacerbada.

- Para, amiga! – Polly a segurou pelo braço. – Só estou tentando descontrair. Como ela está? Eu não acredito que você tinha Nova York inteira para atropelar e acabou passando por cima dela.

- Ela está bem, louca para ir embora.

- E você? O clima pesado por aí?

- Não muito, ela disse que nós devemos ser amigas, já que claramente o destino está tentando nos unir.

- Vocês nunca seriam amigas – Polly disse sorrindo.

- Por que não?

- Porque vocês querem se comer. Bom, pelo menos você quer.

- Polly, você se ouvindo? Você lembra que eu sou casada? Com o Larry? Que também é seu amigo? – Piper perguntava, abismada com o que a amiga falava.

- Ah, Piper, para! Se você quisesse ter um caso com uma mulher, eu te apoiaria na hora, ainda mais com uma gostosa dessas.

- Tchau, Polly. – E então a loira fechou a porta na cara da amiga, a deixando do outro lado rindo da irritação da loira.

 

- Desculpe, Alex, essa é a Polly, minha melhor amiga, e ela é louca – a loira disse se explicando.

- Não se preocupe, eu entendo sobre melhores amigas loucas.

- Você está cansada, não é? Eu vou falar com o Pete.

- Obrigada, Pipes – a loira adorava a ouvir lhe chamando pelo apelido, parecia que a própria o havia inventado.

Então, Piper voltou com o médico. Ele fez alguns testes rápidos com a morena, de atenção e coordenação, e pelo visto, tudo estava na mais perfeita ordem, então a prescreveu remédios para dor e finalmente, a liberou.

Ao sair, Piper insistiu em comprar todos os remédios, afinal se sentia em dívida com a morena, achou que não fazia mais que sua obrigação, e seguiu para leva-la em casa. Alex sentia algumas dores musculares, nada grave, mas as vezes murmurava algo mal-humorado. O clima estava bem melhor, Piper ainda se sentia tensa, claro, Alex também, mas aquela tarde juntas elucidou muitas questões  e as concedeu um espaço para o possível nascimento de uma amizade. Elas definitivamente não iriam mais se evitar, não sabendo que o destino trataria de colocar algo pior que um atropelamento por ali.

Chegando ao prédio, Piper resolveu subir junto à morena, já que ela sentia dores no corpo e estava sem os óculos ou lentes. Alex estava cansada e com dores no corpo inteiro, precisava urgentemente de um banho e uma cama. Piper também estava bastante cansada, mas queria garantir o conforto da morena para se sentir tranquila. Chegando ao apartamento, Alex chamou por Nicky, mas a loira não respondeu.

- Bom, acho que ela saiu, mas deve ser algo rápido, então se você quiser... – Alex disse já se sentando ao sofá, desanimada e dolorida.

- Por que você tem um quadro enorme da Madonna na sua sala? – A loira perguntou olhando para o quadro com uma foto em preto e branco da cantora, sem nem prestar atenção no que Alex havia dito.

- Porque ela é a minha musa inspiradora – Alex respondeu sorrindo, também olhando para o quadro.

- Eu prefiro a Cher – Piper disse séria.

Alex também a olhou séria, tudo bem que a Cher também era maravilhosa, mas qual o motivo daquela afirmação? Ela queria guerra?

- Desculpe-me? – Alex indignou-se.

- Eu to brincando – Piper sorriu para ela. Alex quis lhe bater e lhe beijar... Oi? Não, Alex, não...

- Que bom, doutora, porque essa amizade já iria começar bem conturbada.

- Você tem que saber lidar com opiniões contrárias, Al – Piper a chamou pelo apelido pela primeira vez.

- Eu sei lidar muito bem, mas isso não é opinião, é consenso – a morena disse fechando os olhos, ela realmente estava muito cansada.

- Alex, já está na hora de tomar o remédio para a dor de cabeça novamente, irei pegar um copo d’água para você, tudo bem? – A loira disse já se dirigindo à cozinha, que fazia divisão com a sala. Ela observou todo o apartamento, era bem localizado, bem equipado, a decoração de ótimo gosto. Imaginou se ele era mesmo da morena ou era aluguel, de algum cliente ou algo do tipo... Imaginou que ela fosse uma dessas garotas caras. As curiosidades sobre a vida da nova amiga não cessavam, mas ela teria calma, ou pareceria uma metralhadora de perguntas.

- Está aqui – disse entregando o copo com água e o comprimido à Alex.

- Obrigada – a morena respondeu e tomou o medicamento.

- Bom, parece a minha enfermeira ainda vai demorar, então vou ficar aqui fingindo estar viva enquanto ela não chega – ela disse rindo. – Vou te dispensar, Pipes, você deve estar tão cansada quanto eu.

- Alex, você precisa de repouso de verdade, eu lhe ajudo a ir para o quarto.

- É que eu preciso tomar um banho, e realmente está difícil para ficar de pé, meu joelho está latejando.

- Essa dor vai sumir, Al, eu prometo, me desculpe por isso – Piper disse, culpada.

- Piper, não fica assim, acidentes acontecem, eu sei que você não me atropelou por querer. Tecnicamente, nem foi bem um atropelamento...

- Foi desatenção, Alex. Eu lhe ajudo a tomar banho já que a sua amiga não está aqui, é o mínimo que eu posso fazer – a loira se propôs temerosa, esperando muito que Alex recusasse.

Alex ficou surpresa com a proposta, ela não havia pensado naquilo e, impulsivamente, como sempre, respondeu:

- Ok. Vamos lá.

Piper entrou em pânico e ficou paralisada.

- Piper? – A morena lhe chamou atenção.

- Cla... Claro, vamos lá – gaguejou.

Sendo assim, Piper apoiou a morena e as duas seguiram ao banheiro. O local era espaçoso e estava bem limpo, Alex logo se sentou e foi retirando a blusa, internamente ela estava adorando aquela situação. Preferia não pensar nas consequências, a tensão sexual existia, ela só queria confirmar suas suspeitas, e o nervosismo da loira era a primeira confirmação.

Piper estava imóvel assistindo Alex retirar as peças de roupa, na verdade, a peça, já que ela só havia tirado a blusa. Tentou não atentar-se aos seios cobertos por um sutiã preto simples, mas era impossível, eles pareciam ser a única coisa visível no momento.

- Piper?

- Oi?

- no mundo da lua? Já lhe chamei três vezes – Alex disse divertida. Ela sabia muito bem para onde Piper olhava.

- Desculpe, acho que estou tão cansada que dormi em pé – disfarçou.

- Você pode me ajudar a tirar a calça? É que minhas costas estão meio doloridas... – Isso era verdade.

- Si... Sim!

Ela se aproximou da morena que apoiou um braço em volta de seu pescoço, então as duas desceram a calça juntas e Alex a soltou.

- Nota mental: não usar mais calças tão apertadas – Alex quis descontrair um pouco o clima pesadíssimo que se instalara ali.

Alex Vause estava usando calcinha e sutiã, e Piper não conseguia tirar os olhos dela. O ambiente ficou quente e a morena pensou em voltar atrás na decisão.

- Piper, eu acho que consigo fazer isso sozinha, não precisa me segurar...

- Eu acho que você não consegue... – Piper disse a olhando dos pés à cabeça.

Alex tentou levantar, e conseguiu, ficar em pé sem fazer nada era tranquilo, mas quando foi andar para entrar no box...

- Ai, merda! – Xingou e Piper correu para ajuda-la.

- Eu disse... – a advertiu.

- Eu só achei que podia – a morena disse triste. – Você pode desabotoar o meu sutiã? O fecho é atrás, eu não vou dar conta...

- Claro... – Piper concordou e ficou atrás da mulher, na hora de tocar no tecido, sua mão passou pelas costas da morena e aquela sensação de choque da primeira vez se repetiu. Ok, ela estava em pânico e precisava ir embora dali. Agora.

- Alex? – Uma voz diferente soou no momento que a loira desabotoou o sutiã de Alex.

- NICKY! – Alex gritou, aliviada. – Aqui no banheiro!

Então a loira chegou seguiu ao cômodo falando alto. – Porra, Alex, quem foi a otária que te... – Ficou sem palavras ao ver a amiga seminua junto a uma mulher no banheiro.

- Uau! Desculpe, eu...

- Tudo bem, Nicky, eu já estou de saída – Piper soltou rapidamente o sutiã de Alex e seguiu em direção à saída do banheiro.

- Desculpe, eu não imaginei que a Alex estava acompanhada.

- Essa é a Piper, Nicky – Alex a introduziu enquanto segurava o sutiã solto nos seios.

- Olá, Piper, desculpe pelo palavrão... – Nicky disse sem graça.

- Tudo bem, eu fui uma otária mesmo – riu sem graça.

- Pipes, não liga, a Nicky fala sem pensar, eu te disse que entendia sobre amigas loucas – Alex tentou contornar a situação.

- Tudo bem, não foi nada. Agora que você está acompanhada, eu já posso ir embora... Ah, não se preocupe que amanhã mesmo eu dou um jeito de trazer óculos novinhos para você.

- Não precisa, Piper, eu tenho vários aqui.

- Eu faço questão. Então... Tchau, Nicky. Tchau, Alex, peço desculpas mil vezes por tudo isso.

- Não peça, eu irei lhe ligar, quero ver a Chris novamente – Alex disse sorrindo.

- Claro... Mas você tem o meu número? Eu só lembro de ter pego o seu.

- Sim, a Chris me ligou e eu o gravei no meu celular.

Nicky olhava a conversa toda parecendo que as duas mulheres falavam grego.

- Claro que a Christine te ligou – Piper riu e passou a mão pelo cabelo.

- Piper, desculpe por ter aparecido no seu caminho assim – Alex disse aquilo de forma literal e conotativa, e a loira entendeu muito bem.

- Eu realmente preciso ir, não precisa abrir a porta para mim, Nicky, cuide da Alex. Tchau! – A loira disse as palavras como um foguete e saiu literalmente correndo do apartamento.

As duas se olharam sem entender muito bem.

- Você quer me falar por que estava seminua no banheiro com a mulher que te atropelou?

- Ela é a Piper, Nicky. A minha médica, a mulher do parque...

- Puta que pariu, não...

- Sim, Nicky, eu te conto tudo enquanto você me ajuda nesse banho, pelo amor de deus, parece que não querem deixar eu me limpar!

- Calma, gatinha, não fui eu quem te atropelou, foi a loirinha gostosa ali – Nicky disse ajudando Alex a retirar as últimas peças. – Agora eu entendo porque você estava toda mexida assim... Até eu, , Al?

- Nicky, eu quero lhe pedir encarecidamente que você cale a porra da boca por dez minutos, depois eu te conto tudo sobre a minha nova amiga.

- Amiga? Não fode, Alex, eu sou sua amiga, essa mulher quer trepar com você até não ter mais forças... Ok, eu também quero isso, mas acha que eu não eu percebi o climinha aqui?

Alex sorriu sentindo a água quente embalar seu corpo. Mais um dia que não parecia real, mais um dia que Piper Chapman lhe tirava a paz, e ela estava começando a gostar disso.

 


Notas Finais


E aí, galera? Que tal essa amizade?


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