Sabe aquele momento em que você sabe que fez uma merda fenomenal e depois percebe, mas não dias ou horas depois, apenas segundos. O problema é que o que eu fiz... Quando percebi... Tem que ter um jeito.
Corri o mais rápido que pude até os cacos de minha lembrança e quando vi sabia que era irrecuperável. Como eu pude fazer isso? De onde me veio essa idéia de destruir os vestígios de meu amor? Por que eu queria destruir minhas lembranças de Judy?
Comecei a juntar os cacos de porcelana no chão de metal do navio, um por um eu os recolhi, mas sabia que não eram todos. Cortei minhas mãos mas consegui grande parte. Talvez quase tudo.
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_Abre a porta, Nick.- Falou Johnny. Ele me visita com frequência para ver meu estado físico/psicológico, creio que seja a pedido da psicóloga.
_Como vão as coisas?- Perguntei meio seco mas nada fora do comum.
_Bem... Ainda temos crimes mas estão ficando cada vez mais raros. O que é aquilo?- Ele perguntou olhando para os pedaços e uma parte, a base, já montada da xícara.
_Estou concertando uma idiotice que eu fiz.
_É aquela xícara? A de sua mesa?
_Sim.- Eu disse e baixei a cabeça.
_Quer ajuda para montar?
_Na verdade não, mas agradeço.
_Bom, você tem um belo trabalho a fazer e eu tenho que deixar o crime no zero, então até mais.
_Até mais.
Fechei a porta e continuei meu trabalho... Era simplesmente terrível. Eu não sou religioso, mas juro que pedi ajuda. Cada micro caco era terrívelmente complicado para encaixar em algum lugar, mas o resultado seria compensador. Fui formando a parte de trás que era de um branco liso e depois chegando próximo a foto. "Mel rceir" era o que havia se formado de "Melhor Parceiro". Provavelmente as outras partes viraram pó ou entraram em algum vão do navio e eu não achei. Mas o grande prêmio é a foto.
Parte por parte eu montei em um quebra-cabeça sem fim, mas faltava pouco. Consegui montar a parte em que havia eu e a ponta das orelhas de Judy... Quando fui pegar mais um pedaço para encaixar eu vi que não havia nada. Os cacos, as peças acabaram.
_Não, não, não não não não... Por favor, se você está aí, se tem alguém aí, me ajude. Traga-a de volta.- escorreram algumas lágrimas de meus olhos, mas não importava o quão puro fosse o meu pedido ou o quão grande fosse a minha dor, nada aconteceia.
Eu apenas a queria de volta e daria qualquer coisa, tudo por mais um segundo com ela.
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_Como vai, Nick?- me perguntou a doutora.
_Bem, mal... Não sei.
_A maior parte das vezes você diz que está bem, mas agora foi sincero. Estamos evoluindo. Mas o que te incomoda?
_Ela não estar aqui.
_Ouvi falar que você estava montando uma xícara quebrada... Conseguiu?
_Na verdade não.
_Tenho certeza que se você se esforçar você consegue.
_O problema não é esforço. Faltam partes.
_É realmente uma pena. Quer falar sobre isso?
_O que se tem para falar? Eu quero te-la de volta. Daria os céus e a terra por ela sem exitar.
_Mas?
_Não tem mas, é isso. Simplesmente isso.
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