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História Nictofilia - Recensere


Escrita por: Earth_Gravity

Capítulo 2 - Recensere


Fanfic / Fanfiction Nictofilia - Recensere

​Nictofilia

Capitulo 2 - Mudanças

Minha cabeça girava, ouvia vozes confusas e diferentes. Tentei me concentrar unicamente na voz doce e suave de Loretta, ela falava suave como sempre, mas com um toque de irritação nela.

 — Você é doido ou o quê? Nem ela aguenta tanto miasma concentrado! — Reclamou com alguém.

 Uma súbita dor de cabeça me atingiu, cada palavra valia como um trovão em um dia chuvoso, estrondoso e agoniante. Quis colocar as mãos nos ouvidos, mas não conseguia mexer as mãos.

 — Eu sei. Mas você me irritou! Você sabe muito bem que se eu me irritar eu não me seguro! — Outra voz invadiu os meus pensamentos.

 A mesma coisa, as pontadas só aumentaram. Minha mente estava uma bagunça e com tanto barulho, não conseguia me concentrar.  Tudo doía, principalmente minha cabeça e meus braços, parecia que eu tinha sido atropelada.

 Reuni forças e me levantei, ainda meio zonza, dando de cara com um borrão, ao que parecia ser Loretta do meu lado direito. Foquei a visão e a vi com um sorriso no rosto e com as mãos na minha barriga. Olhei para o local, onde saia uma luz branca. Estranhei, arregalando os olhos.

 — Então, precisamos conversar. — Ela disse tirando as mãos da minha barriga.

 Olhei ao redor e vejo que estou na minha casa, deitada na minha cama. Como eu cheguei aqui?

 — Como...? — Perguntei vagamente, com a cabeça doendo.

 — Bom... — Olhou ao redor e suspirou. — Park ChanYeol, você deve aparecer agora. A merda já tá feita.

 — ChanYeol... — Sussurrei sem entender, quem é ChanYeol?

 O ruivo aparece ao meu lado esquerdo, reprimo o grito de susto e o encaro assustada. Então o nome dele é ChanYeol? Nem cheguei perto, a maioria dos nomes que eu pensava começava com D ou J. Quis rir, mas me segurei. Somente meu sorriso de lado prevaleceu. Olhei para as minhas mãos, ainda com o sorriso.

 — Nossa, ela é assustadora quando quer. — Loretta comentou me olhando, tirei o sorriso do rosto e a olhei.

 — Desculpe. — Suspirei, estava com dificuldade para respirar. — Será que você pode... — Apontei para as minhas costelas, onde doía.

 — Ah, sim. — A luz branca voltou e preencheu a palma das suas mãos, ela colocou no local onde eu apontei.

 Um formigamento preencheu os meus tecidos, fazendo cócegas. Senti toda a dor sumir e meus pulmões conseguirem expandir com a minha caixa torácica.

 — Obrigado. — Agradeci.

 — Você até que tem um bom controle, se fosse outra pessoa sairia correndo. Você reagiu bem. — Ela sorriu.

 — Me ensinaram a manter a calma. — Dei de ombros.

 — Será que vocês poderiam parar de conversar como se eu não estivesse aqui? — ChanYeol disse entre dentes.

 O olhei, diretamente em seus olhos, depois de anos. A velha escuridão ainda estava lá, mas com um brilho diferente. As velhas roupas pretas e o cabelo ruivo chamavam a minha atenção. Um arrepio percorreu todo o meu corpo quando ele retribuiu o olhar.

 Algo dentro de mim despertou, dando-me náuseas, não sei explicar bem o quê. Meu rosto se contorceu em uma careta e eu coloquei a mão na barriga, curvando-me para frente.

 — É impressão minha ou ele te faz mal? — Ela senta ao meu lado e me abraça de lado.

 Sinto-me um pouco incomodada, só que ela não parece perceber.

 — É impressão minha ou você é invasiva? — Devolveu ChanYeol com sarcasmo.

 — Er... Será que dá pra me explicar? — Falei com receio, eles discutiam como dois alfas, podia-se ver faíscas irradiando seus olhares.

 Eu estava com medo deles.

 — Desculpa. — A grega falou, meu 'amigo' só deu ombros. — Resumindo, eu sou uma híbrida de demônio e anjo, ele é um demônio e você é uma caçadora.

 — Isso realmente é bem resumido. — O ruivo destacou a palavra.

 Ainda estava confusa.

 — Espera, vamos por partes. Até a parte do anjo e demônio eu entendi, mas a onde eu entro nessa história como caçadora? — Arqueei uma sobrancelha confusa.

 — Ela não sabe, ainda não completou dezesseis anos. — ChanYeol cruzou os braços.

 — Se eu sou uma caçadora, o que eu mato?

 — Ele. — Apontou para o ruivo, sem se livrar de mim dos seus braços.

 Oi?

 — Você realmente é a rainha das explicações. — Disse ele com desdém.

 — Obrigada. — Sorriu sarcástica. — Bom, se resolvam. — Levantou.

 — Não faça isso! — Ele gruniu.

 Loretta sorriu e fez uma continência para ele, sumindo logo em seguida. Olhei admirada para a habilidade dela, me concentrando depois na figura completamente irritada ao meu lado.

 — Ainda estou esperando minha explicação. — Cruzei os braços.

 Ainda estava com medo, mas não ficaria de boca fechada quando visse as coisas mais estranhas da minha vida. Demônios, anjos, caçadores... Não estava entendendo nada.

 ChanYeol suspirou fundo e se sentou ao meu lado na minha cama. Ele me olhou diferente das outras vezes, não estava sorrindo como nas outras vezes, estava sereno. Parecia que um peso tinha saído das suas costas. Colocou a mão no meu rosto, fazendo carinho na minha bochecha. Fechei os olhos, aquela sensação era ótima.

 — Hana, você é especial. Sua família descende de um dos mais antigos clãs de caçadores de todo o mundo. Tecnicamente, vocês caçam todas as criaturas que fazem mal a humanidade, sejam elas de qual espécie for. Mas você irá entender isso depois. — Ele me explicou.

 Estava difícil prestar atenção com ele fazendo carinho na minha bochecha e usando aquele tom rouco pertencente a si. Entretanto, entendi tudo, bom, quase tudo.

 — E o que aconteceu comigo? Porque eu parei aqui? — Abri os olhos lentamente o encarando, a sensação de vomitar passou, mas parecia que eu ia passar mal a qualquer hora.

 — Digamos que eu acabei liberando muito miasma e isso te fez mal. Sinto muito. — Vi um brilho estranho em seus olhos, não soube identificar muito bem o que era.

 — Porque somente eu pude vê-lo por todos esses anos? Porque nunca falou comigo? — Eis as perguntas da minha vida, ela são dolorosas. Minha voz estava embargada, eu queria chorar.

 Sempre me perguntei o que ele fazia ali. Qual era o sentido de tudo aquilo. Já tinha passado da fase de ter amigos imaginários, era isso o que as pessoas achavam quando eu era criança. Eu falava sobre um ruivo que me seguia para todos os lugres. Todos diziam que era um amigo imaginário, em casos mais extremos, riam de mim por achar que eu tinha esse amigo. Sofri, e muito por causa dele, fui ao psicólogo, quase tomei remédio por isso. Recordar disso não é nada bom, meus olhos estão ficando húmidos rapidamente. Eu mereço uma resposta!

 — Eu não podia falar com você, e eu queria que somente você me visse. — Continuou com o carinho. — Sei que você passou por muita coisa, desculpe por tudo. — Ele me puxou para mais perto e me abraçou.

 A reação foi quase imediata, passei meus braços por sua cintura. Rendi-me as lágrimas, soltei alguns soluços baixos, enquanto a apertava ainda mais. Ele tinha um cheiro que não soube definir muito bem, parecia enxofre misturado com orvalho. Era estranho, mas bom.

 — Ah Hana, você nem imagina o quanto eu esperei por esse abraço. — Apertou ainda mais meu corpo contra o seu.

 E eu para ouvir a sua voz. Pensei, torcendo veementemente para que ele não soubesse ler pensamentos. Não me importava se ele era demônio, anjo, lobisomem ou seja lá o que exista nesse mundo, ele sempre será a pessoa que velou pela minha vida, esteve comigo em todos os momentos. Não me abandonou quando todos estavam de costas para mim. Uma coisa eu tinha certeza, ChanYeol não estava ali por qualquer coisa. Tinha um propósito, um objetivo que me envolvia de alguma forma.

 — Acho melhor você dormir e descansar um pouco, ainda é de tarde, mas ainda está fraca. — Acabou meus cabelos negros e depositou um beijo no topo da minha cabeça.

 Concordei ainda com a cabeça em seu abdômen. Soltei-me dele e o encarei.

 — Você não vai embora né? — Sequei as lágrimas, tentando controlar a minha voz.

 — Não. Prometo que de agora em diante não vou te deixar. — Beijou a minha testa e assim que terminou, colou nossas testas.

 Nossas respirações se misturaram, meu coração começou a bombear muito mais sangue, e isso estava me preocupando. Nossos narizes roçaram, ChanYeol se aproximou mais e mais, tendo como foco os meus lábios.

 Será que...

 Por um momento, parece que ele recuperou a consciência e se afastou rapidamente de mim. Eu tentava controlar minha respiração e tentava, ao menos, colocar minha cabeça no lugar.

 — Vá dormir. — E voltou com aquela personalidade fria e costumeira. Os seus olhos perderam aquele brilho e voltaram a ser opacos e mergulhados na escuridão. Sua voz estava mais rouca que da última vez.

 Fiz o que ele mandou, sentido o cansaço se instalar nos meus tecidos. Cada célula do meu corpo implorava por descanso.

 Então me rendi a minha amada escuridão.

[…]

 Acorde. A voz dele ressoou na minha mente.

 Abri os olhos e levantei rapidamente. Olhei em volta e percebi ser de manhã. Eu dormi por tanto tempo assim? Senti que faltava algo. Olhei de novo, percebendo o que faltava.

 — ChanYeol... — Sussurrei quando percebi que ele não estava aqui.

 Lágrimas vieram aos meus olhos, ele prometeu. Ele prometeu que não iria me deixar! Senti algo percorrer pela minha bochecha, nem precisei pensar muito para saber o que era.

 Fiz toda a minha rotina normalmente. Um sentimento de solidão me preencheu, era estranho sem ele. ChanYeol era presente e ao mesmo tempo ausente na minha rotina e vida, talvez aquela aura negra dele preenchesse o vazio que é meu dia a dia.

 Cheguei na sala e sentei no meu lugar. Parei e pensei na minha vida, acho que me tornei muito dependente do ChanYeol, mas isso é bom ou ruim? Nos separamos por apenas algumas horas e o sentimento de culpa está rasgando o meu peito, quase como uma dor insuportável.

 Senti a aura iluminada e boa de Loretta ao meu lado, me pergunto se todos os anjos tem essa áurea. Mas levando em conta a parte demônio dela, ela não devia ter essa áurea sombria também?

 A porta se abre e o professor passa por ela. Ele senta e todos os alunos se calam.

 — Bom dia alunos, hoje temos mais um aluno novo na sala. — Ele diz e a porta abre.

 — Olá, sou Park ChanYeol. Espero que possamos nos dar bem. — Ele sorri do seu modo misterioso e faz uma reverência.

 Ouvi o suspiro de muitas meninas da sala. Idiotas, nunca gostei delas mesmo. Acho que fiquei com uma careta de desgosto.

 — Isso está ficando cada vez mais interessante. — Loretta sorri, me observando e o observando.

 O professor mandou-o sentar atrás de mim, numa cadeira que quem sentava nela tinha faltado.

 Pude ouvir sua voz na minha mente de novo.

 Sentiu a minha falta?  Nem mesmo virei a cabeça para saber que ele estava com aquele sorrisinho que me irrita.

 Revirei os olhos e resolvi deixa-lo sem resposta.

 É melhor você ter muita paciência hoje, por que eu acho que irão acontecer muitas coisas. Loretta diz na minha mente.

 Viro para ela, que está prestando a atenção na aula.

 Balanço a cabeça negativamente e faço o mesmo que ela.


Notas Finais


Então, o que estão achando?


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