História Night Changes - Norminah - Primeiro Capítulo

 DINAH'S POINT OF VIEW

        Miami, Flórida - 9 de Abril de 2016

   Era manhã de uma segunda-feira, pior dia da semana, e para melhorar eu estava com uma ressaca avassaladora.

Eu não sei porque ainda insisto em acompanhar a Camila nessas saídas noturnas, se a única coisa que eu encontro lá são mulheres e homens interessados na minha fortuna. Eu sempre acabava trazendo uma dessas mulheres para casa, as expulsava quando me sentia satisfeita e no outro dia acordava me sentindo totalmente destruída. Era sempre assim.

Eu estava na minha sala, meus cotovelos apoiavam o peso da minha cabeça que estava sendo pressionada por minhas mãos enquanto eu amaldiçoava todos por me sentir tão incompreendida.

             :-Cheechee, ainda com dor de cabeça? -Indagou a Camila, enquanto se dirigia até a minha mesa 

:-Sim. Eu acho que dessa vez é sério, vai explodir. -Permaneci imóvel e pude ouvir sua risadinha.

  :-Pare de drama, Chee. Vamos almoçar e eu te levo na sua casa depois. -Ouvir aquilo foi como musica para meus ouvidos.

  :-Tudo bem, vamos.

 
                      
                [...]

   
                :-Eu estou com fome, Chee. O que tem aí pra comer?

  :-Wow! -Fiz uma falsa expressão de surpresa- É realmente surpreendente ouvir você dizer que está com fome. Até porque acabamos de chegar de um restaurante.

  :-Urgh! -Pude vê-la revirar os olhos. -Estou em fase de crescimento, Jane. -Não pude deixar de rir.

  :-Tudo bem, Chancho. Fique à vontade para pedir algo, a Anny deve estar por aqui ainda. -Girei em meus calcanhares e caminhei até as escadas. -Eu já volto! Vou tomar banho.

Subi as escadas sem olhar para trás e pude ouvi-la murmurar algo que não fui capaz de identificar. A dor de cabeça havia diminuído, mas eu estava exausta.

Tomei um banho demorado e relaxante, vesti roupas confortáveis e voltei para a sala.

                :-E então, Chan? Já comeu toda minha comida? -Perguntei em tom de deboche.

  :-Ha! Muito engraçado, Jane. -Mostrou-me a língua e eu ri baixinho.

  :-Você é tão madura, Karla. -Debochei novamente e sorri vitoriosa quando a vi bufar.

  :-Olha, eu adoraria permanecer aqui ouvindo suas gracinhas, mas eu não sou dona da Hansen's Fashion. Maior linha de lojas de roupa do continente. -Sorriu sem mostrar os dentes e deu de ombros.

  :-Ah, claro! Porque esta sou eu. -Sorri convencida e minha amiga mostrou-me novamente a língua. -Até mais, Cabello!

  :-Tchauzinho, senhorita Hansen! -Ela gritou prestes a abrir a porta e eu notei a irônia em sua voz. Apenas ri baixinho e esperei que ela fechasse a porta.

           Depois que minha melhor amiga favorita se foi, apenas me restaram duas opções. Ver um filme e dormir ou dormir e depois ver um filme. Optei por tentar ver um filme antes. Escolhi um filme qualquer na netflix e me encolhi no sofá para ficar numa posição mais confortável. 

Eu realmente estava estava distráida com o filme, mas o cansaço da noite passada começou a pesar sobre minhas pálpebras que já não conseguiam se manterem abertas. De repente tudo ficou escuro.

  :-Do que você está falando? -A encarei com atenção, eu podia sentir meu coração bater descompassado e minha respiração estava falha.

  :-Estou dizendo que precisamos nos afastar, Dinah. Não dá mais! Será que você não entende?

  :-M-mas...-Tentei segurar o choro e respirei fundo.- Está dizendo que vai me deixar?

  :-Sim, é exatamente isso que estou dizendo! Finalmente entendeu. -Percebi a menina à minha frente revirar os olhos e bufar. Ela estava irreconhecível.

  :-Nós não podemos... Eu não consigo ficar sem você, meu amor! Não faça isso, por favor. -Eu já não me preocupava mais em demonstrar o quão frágil eu estava diante aquela situação. 

  :-Não, Dinah! -Ela falava meu nome com frieza, e eu não estava entendendo nada daquilo. -Por favor, entenda! E-eu não amo mais você. -Ela desviou seus olhos dos meus e pigarreou. -Você está sendo inconveniente.

  :-Não pode ser... E-eu não consigo entender...-Eu tentava pensar em algo. Será que eu a havia magoado? -Eu machuquei você, amor? -Indaguei baixinho, com a voz trêmula. Quase inaudível. -Pude vê-la engolir em seco.

  :-Não torne tudo mais difícil, Dinah. Eu estou te pedindo para me deixar em paz, se ama apenas faça isso! -A encarei atônita, tentei dizer algo mas foi em vão, então apenas concordei com a cabeça. 

  Pude vê-la sussurrar um 'eu te amo' e soluçar baixinho antes de me dar as costas e ir embora para sempre. Ela havia me deixado mesmo e eu estava atordoada demais para ter qualquer tipo de reação.

Apenas me permitir cair de joelhos no chão e chorar como um bebê enquanto via o meu grande amor sair caminhando para fora de minha vida. Minha vida estava arruinada e eu queria morrer.

  : -NÃO! -Gritei o mais alto que pude e levantei de supetão, respirando ofegante e com suor escorrendo da minha testa. Foi então que notei, eu estava tendo um pesadelo com ela novamente.

Voltei a sentar no sofá e enterrei minha cabeça em minhas mãos que estavam apoiadas sobre minhas coxas. Eu podia sentir meu coração bater à ponto de rasgar meu peito e sair pulando por aí.

Eu estava assustada e nervosa, estava angustiada e despedaçada. Era sempre assim quando essas lembranças vinham à tona.

               NORMANI'S POINT OF VIEW

       
       New Orleans, Louisiana - 9 de Abril de 2016

   Eu estava prestes a embarcar em avião com destino à Miami, e eu estava nervosa. Eu estava muito nervosa e com medo do que pudesse encontrar por lá.

Aquele lugar me trouxera muitas lembranças, e eu não tinha certeza se estava pronta para voltar lá e encarar meus medos. Eu estava com  muito medo.

Pude ouvir uma voz eletrônica anunciar a última chamada do vôo para Miami, respirei fundo e fiz uma prece silenciosa enquanto caminhava para embarcar.

                                                 [...]

Aquela brisa no ínicio da noite, a rua movimentada e o barulho de buzinas. Eu sentia falta de tudo aquilo, e eu sentia falta de Miami. Eu sentia falta dela.

Eu estava dentro de um táxi rumo ao hotel onde eu ficaria hospedada. Enquanto não chegava, eu olhava pela janela e memórias bombardeavam minha mente.

 FLASHBACK ON

Ela sorria tão largo que eu temia que sua boca pudesse rasgar a qualquer momento, mas eu estava tão hipnotizada que mal piscava os olhos. Quem me dera poder falar.

Aquela garota havia se tornado tão importante para mim com tanta rapidez que eu não fui capaz de entender o que se passava. Eu estava perdidamente apaixonada pela garota mais linda de toda Miami, a minha garota.

           :-Manibear, você está bem? -Ela já havia parado de correr de mim e agora segurava meu rosto com as duas mãos. Seu cenho estava franzido, e ela demonstrava preocupação.

  :-Er... Sim, eu estou. -Eu não conseguia desviar meus olhos dos lábios dela- Você é tão linda que eu fiquei hipnotizada, boo. -Ela corou imediatamente, e sua expressão mudou de preocupada para aliviada.

  :-Você também é muito linda, meu amor...-Ela ainda segurava meu rosto entre as mãos, enquanto me olhava com ternura. Então eu apenas sorri.

  Continuei encarando aqueles lábios carnudos e bem desenhados, eles estavam cobertos por um brilho labial. Aquilo só a tornava mais irresistível.

Eu perdi a linha de raciocínio quando senti seus lábios úmidos e macios se chocarem com os meus. Eu apenas abracei o pescoço da minha garota enquanto sentia uma de suas mãos percorrerem minhas costas e outra apertava minha cintura.

Eu era incapaz de definir o que eu sentia sempre que tinhamos um tempo apenas para nós e o nosso amor, e nada mais. Ela me fazia tão bem.

  :-Eu amo você, bae. -Ouvi seu sussurro entre o beijo e não pude deixar de sorrir.

  :-Eu amo você, boo. -Pude ouvir sua risadinha gostosa antes de juntar nossos lábios novamente, e arfei.

  Dessa vez nós nos beijávamos com urgência, nossos quadris estavam encaixados e eu pressionava seu corpo contra o muro de uma casa qualquer, no meio da rua.

 Senti sua respiração ficar pesada e bater em meu rosto, seu coração estava acelerado e batia violentamente contra meu peito. Eu podia jurar que eu não estava muito diferente. Era sempre assim quando nos beijávamos, intenso.

Eu já me encontrava fraca em seus braços e a cada suspiro que eu dava, ela me puxava mais de encontro à seu corpo.

Uma de suas mãos sedenta driblou com facilidade o tecido fino da blusa que eu usava, ela íniciou uma sessão de arranhões leves em meu abdomen que se contraía a cada toque seu, e eu deixei um gemido escapar.

  :-Boo, nós estamos na rua! Não podemos. -Eu disse entre suspiros, minha voz estava rouca e minha calcinha se encontrava vergonhosamente molhada.

  :-Ahh...-Gemeu frustrada e eu sorri quando vi um bico se formar em seus lábios.

  :-Não faça esse bico, boo. -Prendi seu lábio inferior entre meus dentes e soltei aos poucos.

  Ela sorriu e arqueou sua sobrancelha esquerda perfeitamente desenhada, e eu senti meu coração dar um salto dentro do meu peito.

      FLASHBACK OFF

 Fui puxada para longe de meus devaneios quando ouvi a voz do taxista me chamando, olhei novamente pela janela e vi que já estávamos em frente ao hotel.

Eu suspirei e desci do táxi, paguei a corrida e caminhei puxando minha mala para dentro daquele prédio.