História Night Changes - Norminah - Vigés. Primeiro Capítulo

                 DINAH'S POINT OF VIEW

         Miami, Flórida -19 de Agosto de 2016

Mais uma vez me remexi na minha cama enrolada dos pés à cabeça no meu edredom, mas dessa vez não foi por falta de roupas e sim por conta do frio insuportável que eu estava sentindo. Eu estava completamente encharcada de suor, mas tremia de frio. Levantei da cama incontáveis vezes para tomar banho, mas meu corpo continuava transpirando sem cessar.

Ainda era madrugada mas eu não conseguia pregar os olhos por mais de alguns segundos, e nem conseguia sair de casa e ir pra uma boate pois eu também sentia dores por todo o meu corpo. Pensei em ligar para Camila ou Demi, mas era muito tarde e eu não queria as incomodar. Esperaria até amanhecer para ver se eu ficaria melhor, caso contrário eu pediria para que Suzan, empregada da família, ligasse para minhas amigas.

     […]

Depois de tomar outro banho eu me vesti com uma calça e casaco de moletom com um pouco de dificuldade e me arrastei até a cozinha onde Demi e Camila ajudavam Suzan a fazer algo para comermos.

:— Se sente melhor, Cheechee? -Camila veio na minha direção assim que percebeu minha presença, e me ajudou a sentar a mesa.

:—Eu ainda sinto muito frio e dores no corpo, mas a dor de cabeça diminuiu. -Suspirei alto, me sentindo esgotada. —Obrigada! –Sorri com sinceridade.

Demi terminou de colocar o café da manhã sobre a mesa e se juntou a nós. Foi preciso que as meninas me servissem pois eu mal tinha forças para manusear os talheres. Mesmo nessas condições eu iria para a empresa, eu não podia ficar em casa. Tudo que eu menos queria era ficar em casa sozinha.

Com muito custo terminei de comer uma das duas panquecas que estavam no meu prato e tomei o líquido laranja que ainda restava no meu copo. Ajudei a tirar a louça suja e colocar na pia para que a Suzan lavasse depois.

:—Eu tenho certeza que você está assim porque não se aguenta de saudades da Normani... -Camila falou, fazendo com que eu ficasse alguns segundos processando aquela informação. —Você só vai se dar mal se continuar sendo essa cabeça dura e arrogante que você está sendo, China. -A olhei incrédula.

:—Isso não faz sentido, Camila... Primeiramente porque eu não lembraria da existência de Normani se você não a mencionasse, e segundo porque saudade não deixa ninguém de cama.

:—Deixa sim... -Demi começou, chamando minha atenção. —Uma vez eu fiquei doente porque a Miley estava no Texas visitando a família. Dá um aperto no coração só de pensar... Foram os piores meses da minha vida! -Neguei com a cabeça sem conseguir acreditar que minhas duas melhores amigas estavam contra mim, e soltei um longo suspiro.

:—Vamos para a empresa? -Mudei de assunto tentando parecer animada e dei o melhor sorriso que eu poderia naquele momento. A verdade é que eu sentia falta da Mani sim, mas não suportaria levar outro toco como aquele no shopping. Eu estava bêbada mas eu não me esqueceria daquilo nem em cem anos!

:—Nem pensar... Nós vamos e você fica! -Camila se pronunciou primeiro, fazendo-me resmungar insatisfeita. Eu iria de uma forma ou de outra forma!

:—Por favor, Chancho! Eu já me sinto melhor e... Eu só não quero ficar em casa sozinha, ok? -Fiz biquinho tentando comover a Latina.

:—Camila, ela não uma criança! Deixe-a ir... Assim é melhor porque ela vai estar perto de você e eu me sentirei menos preocupada. -Demi interveio. Sorri agradecida para a mesma que rapidamente retribuiu com uma piscadela.

:—Argh! Tudo bem... Vocês vai com a gente mas eu vou ficar controlando seus passos, ouviu bem? -Assenti prontamente sem conseguir deixar de sorrir. —Agora vá se trocar, doentinha! Demi e eu estaremos esperando-a no carro. -A fuzilei com o olhar e estreitei os olhos na direção da mais baixa, ela sorriu cinicamente dando de ombros e eu bufei subindo as escadas. Não a desafiaria pois não queria que ela mudasse de ideia.

    […]

Eu estava completamente ansiosa e por esse motivo não conseguia ficar sentada, então cá estava eu perambulando pelo espaço da minha própria sala enquanto tentava resistir a tentação de seguir meu coração. O coração pode ser o órgão mais importante para a sobrevivência de um ser vivo, no entanto ele costumava ser traiçoeiro. O coração sempre nos levava a fazer coisas que não devíamos apenas porque ele não pensa, ele age com o lado emocional e não racional.

Meu cérebro me dizia que eu não deveria fazer o que eu estava pensando pois poderia me arrepender, e eu com certeza não queria isso. Eu não queria ser mais uma fraca que seguiu o coração e se deu mal no final. Eu não era uma mulher como qualquer outra. Eu era Dinah Jane!

Sem poder mais esperar, abri a porta da minha sala com brutalidade pois eu estava com pressa. Eu não poderia pensar nem mais um pouco ou mudaria de ideia.

:—Lauren, você pode vir até minha sala, por favor? -A morena estava distraída, digitando algo no computador mas ergueu a cabeça para me fitar. Sua expressão era de confusão, mas ela rapidamente assentiu e se levantou.

Não esperei por ela. Eu apenas a chamei e já estava voltando para minha a passos largos e audíveis. O barulho daquele salto já estava me irritando!

:—Aconteceu algo? -A morena de olhos verdes analisou minha expressão e fez uma careta, como se tivesse visto algo que não gostou.

:—Eu preciso que você me faça um favor, Lauren... -Ela não disse nada, então continuei. —Preciso que leve Normani até o bar de uma amiga minha às noves horas dessa noite! -Seu rosto se contorceu em uma careta, dessa vez um misto de confusão e surpresa.

:—Desculpe, Dinah... Mas por que eu deveria fazer isso? -Cruzou os braços abaixo dos seios e me encarou desafiadora.

:—Porque eu estou mandando! -A morena arqueou as sobrancelhas no mesmo instante. —Huh, er... Pedindo.

:—Não é o bastante, Dinah! Eu não vou te ajudar a se aproximar da Normani para depois vê-la se machucar novamente. -Ela gesticulava enquanto falava. Seu tom de voz era firme.

:—Lauren, eu sou sua chefe e essa é uma ordem! -No instante seguinte eu estava me arrependendo por ter dito aquilo. Lauren riu sem humor, negando com a cabeça.

:—Cuidar da sua vida amorosa não está incluída na minha lista de obrigações como sua secretária, Dinah. -Seu rosto não tinha expressão, mas seu tom de voz denunciava que ela estava se controlando para não ser rude. —Normani é minha melhor amiga e é meu dever cuidar dela, e é isso que eu farei a qualquer custo! Fique a vontade se quiser me demitir.

:—N-não... Não estou tentando te chantagear, Lauren! -Engoli em seco. Eu sei que o que fiz foi errado mas ela estava sendo muito radical. Camila não poderia nem sonhar que eu estava pressionando a namorada dela, então resolvi apelar para o lado sensato.

A Latina nada disse, apenas ficou me olhando agora com os braços dependurados de cada lado de seu corpo. Respirei fundo e ajeitei os fios de cabelo que estavam caindo sobre meu rosto, para que ficassem devidamente alinhados.

:—Por favor, Lauren... Eu não me daria esse trabalho se fosse apenas por diversão! -Disse como se fosse óbvio. —Eu só preciso dessa chance... Eu preciso da Normani. -Ela simplesmente assentiu sem dizer mais nada e fez menção de sair da minha sala. —Peça para que Camila venha até minha sala!

Dito isso a mulher de cabelos pretos e pele alva se retirou dali e fechando a porta. Agora eu estava mais calma pois algo me dizia que tudo daria certo, mas eu nem sequer sabia o que fazer ainda.

:—Mandou me chamar, Jane? -A voz doce da minha amiga soou, anulando quaisquer pensamentos.—Vejo que está melhor!

:—Sim, Karla... Eu estou muito bem, mas preciso da sua ajuda com uma coisa... -Camila fez um som nasal, indicando que eu deveria prosseguir. —Eu quero reconquistar a Normani e preciso de um plano... -Sorriu amplamente, incapaz de esconder sua satisfação.

:—Hm, eu acho que você deveria cantar já que foi assim que você a afastou, então tentar trazê-la de volta. Além do mais, você canta muito bem. -Meneei a cabeça positivamente. Aquela não era uma má ideia!

:—Eu acho que posso fazer isso... Então consiga músicos e os intime a estarem lá antes das oito. Não quero nem pensar em falhas, certo?

:—Okay, estressadinha... Mas só tem um problema! -Arqueei um pouco a cabeça para o lado, questionadora. —Que música você vai cantar? Precisamos de uma música, afinal vocês precisam ensaiar. -Gemi totalmente desapontada e bati na minha própria testa.

:—Droga, eu não consigo pensar em nenhuma... -Pensei um pouco e sorri largo com a resposta que consegui. —Consiga um piano em vez de músicos e deixe que eu cuido do restante... –Sorri confiante.

:—Como vou conseguir um piano de uma hora pra outra, Dinah? -Camila gesticulava com as mãos. 

:—Não sei, Camila... Dê seu jeito, mas não me desaponte! -Disse simplesmente, sorrindo da melhor forma que eu pude.

:—Sim, senhora! –Não pude deixar de revirar os olhos com aquilo. —Mas alguma coisa? -Neguei com a cabeça. Minha amiga girou em seus calcanhares e andou até a porta.

:—Chancho? -Me olhou por cima do ombro. —Eu estou indo ensaiar em casa agora mesmo... Não se esqueça do piano, huh? Eu preciso que isso funcione! -A Latina assentiu, sorrindo de canto.

           NORMANI'S POINT OF VIEW

  Miami, Florida -19 de Agosto de 2016

Depois de terminar meu expediente na Mitchell's Empire eu estava esperando minha carona para voltar pra casa. Zendaya me ligara mais cedo dizendo que estava sentindo saudades, que queria me ver e teria que ser hoje mesmo. Não pude negar afinal eu também sentia falta dela, nós só nos víamos nos finais de semana no máximo.

Lauren havia me ligado mais cedo dizendo que eu precisava estar na casa dela cedo pois ela tinha algo importante para falar comigo e eu estava me corroendo de curiosidade pois as chances de algo ter acontecido com a Dinah eram grandes. Ally e Lauren sempre me contavam os vexames que a Polinésia vinha dando ultimamente. Mas eu preferi não saber dos detalhes para não ficar me sentindo pior ainda.

Saí de meus devaneios com o barulho irritante de buzina. Zendaya estava buzinando insistentemente causando reclamações das pessoas que passavam na rua.

:— Zen, eu já ouvi! -Gritei para que ela ouvisse, mas ela estava ocupada demais discutindo com um homem rechonchudo que aparentemente tinha lá seus quarenta e poucos anos e protestava sobre o barulho da buzina. —Moço, me desculpe... A culpa foi toda minha. Ela só estava tentando chamar minha atenção!

:— E a senhorita por acaso é surda? -Arqueei as sobrancelhas para a ousadia daquele indivíduo. —Eu tenho certeza que todo mundo aqui ouviu sua amiga buzinar, menos você.

:—E o esse assunto por acaso lhe diz respeito, meu senhor? -Retruquei. Zendaya gritou me incentivando a continuar. —Quem está incomodando aqui agora o senhor, por favor me dê licença.-Fiz sinal para que ele saísse do meu caminho e ele nada disse. Entrei no carro e logo depois coloquei o cinto de segurança.

:—Isso mesmo, Mani! -Zendaya estendeu a mão direita para um highfive, ri baixinho fazendo o mesmo. —Esse senhor está nervosinho demais sem motivo nenhum... Eu hein! -O homem nos olhava com cara de poucos amigos, mas bufou e saiu cuspindo fogo. Zendaya e eu comemoramos e rimos da situação.

[…]

Zendaya estacionou o carro em frente a casa de Lauren e eu saí do carro sem dar nem um tchau pois minha amiga provavelmente estava raivosa pela minha demora. Eu não esperava que Zendaya fosse me levar para tomar um sorvete e que íamos ficar conversando coisas banais por quase três horas.

:—Normani, graças a Deus! -Ally me recebeu com um abraço apertado assim que entre pela porta. —Onde você estava? Por que demorou tanto hoje?

:— Zendaya foi me buscar depois do trabalho e nós ficamos jogando conversa fora... Eu nem demorei tanto, Ally!

:—Você podia ter ligado pra avisar ou simplesmente ter atendido minhas ligações, Normani Kordei! -Essa foi a vez de Lauren se aproximar, e como previsto ela estava com uma carranca.

:—Eu não estou entendendo... Eu costumo chegar tarde e vocês não controlam meu horário. -Franzi o cenho e pendi um pouco a cabeça para o lado, confusa. —O que houve?

:— O problema é que eu pedi para que você chegasse cedo, Normani! Esse é o problema! -Lauren bufou impaciente e negou com a cabeça. Fitei Ally, em busca de uma resposta.

:—Mani, era de suma importância que você chegasse cedo hoje... Nós avisamos! -Eu tinha certeza que nesse momento minha expressão facial estava engraçada.

:— Vocês podem por favor parar de me dar sermão e falar logo o que é tão importante?

:—Nós não temos tempo, Mani! -Ally sorriu fraco. —Vá se arrumar e fique bem bonita, nós vamos sair essa noite! -Ally me empurrou pelos ombros escada acima.

[…]