História Nightlife - Prólogo

POV Aileen

Demitida.

De novo.

Era o meu oitavo emprego em seis meses.

Motivo? Muitas faltas, como sempre.

“Você é uma ótima funcionária, mas não posso empregar alguém que mais falta ao serviço do que trabalha.”

Eu já estava acostumada com variações dessa fala. Toda vez era exatamente a mesma coisa, eu arrumava um bom emprego, tudo parecia que iria melhorar, então eu me via indo por água abaixo de novo. Não era fácil ser mãe solteira de um garotinho de cinco anos. Noah passava a manhã inteira na escolinha, porém à tarde precisava ir para casa e eu não tinha com quem deixá-lo. Às vezes eu conseguia com que Holley, uma vizinha, ficasse com ele enquanto eu trabalhava, mas não era sempre, então eu simplesmente não voltava para o serviço depois do almoço.

Todos os meus patrões até então haviam sido compreensivos até certo ponto, mas apesar de entenderem minha situação, eles tinham razão em me demitir. Não dá para manter uma funcionária que não pode trabalhar.

Mas aquela foi a primeira vez que eu chorei após ser demitida. Naquela manhã eu tinha recebido um aviso: se eu não pagasse todos os aluguéis atrasados em trinta dias, seria despejada. Eu e meu filho iríamos para a rua. E nós não tínhamos para onde ir. Eram quatro meses atrasados, eu não sabia o que iria fazer. Tinha pouco tempo e muito dinheiro para arrumar, eu estava contando com meu salário para pagar pelo menos um mês e conseguir mais tempo, mas agora eu estava realmente sem saída.

Eu sequer tinha alguém para pedir ajuda. Toda a minha família tinha me dado as costas há cinco anos quando eu apareci grávida no começo do último ano do colegial. Eles me expulsaram de casa, meu namorado se recusou a ficar comigo e assumir a criança, então eu não tinha mais ninguém. A família de uma amiga, Porsha, me acolheu por alguns meses, mas só até que eu tivesse o bebê e encontrasse outro lugar para ficar, até porque ela mesma logo sairia de casa para começar a faculdade em Harvard.

Harvard.

Eu também havia sido aceita lá. Porsha e eu tínhamos feito milhares de planos, porém foi tudo arrancado de mim. Grávida, trabalhei e estudei durante todo o meu último ano na escola, juntei todo o meu salário e quando já estava com Noah nos braços, aluguei o apartamento em que estava morando atualmente. Eu me virei entre altos e baixos durante todos aqueles cinco anos. Era uma luta diária, mas a alegria que Noah me dava me ajudava a seguir em frente. Apesar de todo o pesadelo, eu podia dizer que havia me tornado uma boa mãe. Noah havia sido um acidente, porém era minha maior alegria e eu não me arrependia de ter seguido em frente com a gravidez. Se dependesse dos meus pais, eu teria abortado.

Eu estava sentada no banco de uma pracinha perto do meu ex emprego quando tudo aconteceu.

Um homem alto, moreno e forte se aproximou de mim, sentando-se ao meu lado enquanto eu chorava com as mãos no rosto. Quando notei que ele me encarava, ergui a cabeça para encará-lo também.

— Algum problema aqui? — arqueei a sobrancelha, secando as lágrimas com as costas da mão.

— Acho que quem está com problemas é você — ele abriu um sorriso esperto.

Eu tinha que admitir, o homem era bastante bonito.

— Isso não é da sua conta — revirei os olhos, levantando-me e começando a andar.

Mas ele segurou meu pulso, fazendo-me parar.

— Tudo bem, me desculpe por isso — ele disse, parando em minha frente enquanto me soltava. — Deixe-me apresentar. Sou Pierre Tyree, estava te observando de longe e fiquei muito interessado no seu perfil.

— Perfil? — franzi a testa, não entendendo do que ele estava falando.

— Ok, essa é a hora que todas se assustam — ele riu, balançando levemente a cabeça. — Eu sou dono de uma boate e estou precisando de novas dançarinas. Acho que os meus clientes gostariam muito de alguém como você.

— Boate? Dança? Do que você está falando?

— Eu não vou te enganar, moça. Minha boate não é o tipo de lugar que uma mulher decente, como você parece ser, gostaria de trabalhar. Mas eu pago muito bem pelo serviço.

— Um lugar sujo regado a bebidas, drogas e sexo? — revirei os olhos, com nojo daquilo.

— Não é exatamente assim — Pierre sorriu. — O lugar é muito bem cuidado e tem bastante qualidade. Bebidas, drogas e sexo são inevitáveis, mas nenhuma das minhas dançarinas é obrigada a fazer alguma coisa. Sexo rende altas gorjetas, mas você não precisa fazer se não quiser.

— Isso é ridículo — balancei a cabeça, furiosa. — Eu não acredito que você está mesmo oferecendo isso para alguém que nem conhece! Eu não sou uma prostituta!

— Mas pode ser uma dançarina — ele abriu um sorriso tranquilo. — Mas tudo bem, eu não posso te obrigar a nada. Fique com o meu cartão, se precisar é só ligar.

Então Pierre tirou um cartão de seu bolso, colocando na minha mão.

Eu poderia ter recusado, mas não o fiz.

— Foi um prazer te conhecer, moça.

E ele deu as costas, saindo dali andando tranquilamente, como se nada tivesse acontecido.

Fiquei parada por alguns minutos, encarando o cartão enquanto pensava na proposta.

Talvez não fosse tão ruim assim.

Suspirei, apertando os olhos e balançando a cabeça. Guardei o cartão no bolso da calça jeans, então segui para casa.

Eu não sabia dizer se deveria ter jogado o cartão fora ou não, mas de uma coisa eu tinha certeza: minha vida nunca mais seria a mesma depois daquela tarde.