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História Nightmare (DL) - Extra Leo 2: Pelas ruas


Escrita por: MyLittlePsycho

Notas do Autor


Oi pessoal.
Mais um capítulo da infância do Leo, e mais um pouco de sofrimento.
Espero que gostem.

Boa leitura, até breve.

Capítulo 25 - Extra Leo 2: Pelas ruas


Fanfic / Fanfiction Nightmare (DL) - Extra Leo 2: Pelas ruas

Eu sou acordado pelo segurança da loja que me pede para deixar o local.

Já estava de noite e eu ainda estava molhado por causa da chuva. Tremia de frio. Deitei escondido embaixo de um carro estacionado na rua. Estava com medo de ser visto pela polícia e ser levado. Me encolhi tentando dormir novamente, mas a sensação de frio não me deixava descansar.

“O que eu faço agora? Pra onde eu vou? Será que eu devia ter aceitado a ajuda daquele estranho?”

Me sinto desconfortável, dolorido e com muito frio. Passo a noite toda pensando na minha vida e só consigo sentir cada vez mais raiva.

 

Passo os dias seguintes andando pelas ruas indo cada vez mais longe, depois de um tempo já não reconhecia nenhuma rua então provavelmente já tinha chego à cidade vizinha.

Furtei um mercado conseguindo alguns pacotes de bolacha. Também tive que revirar o lixo de algumas lanchonetes em busca de restos de comida.

Não conseguia dormir direito, sempre com medo.

No terceiro dia na nova cidade encontrei uma casa abandonada. Nela havia apenas um sofá rasgado, mas comparado com o chão frio aquilo era a melhor cama do mundo.

Passei a dormir ali durante a noite. De dia passava a maior parte do tempo tentando conseguir comida ou imaginando diversas maneiras de matar o meu pai. Eu ainda sentia tanta raiva, como eu gostaria de fazê-lo sofrer.

No quintal dessa casa o mato estava crescido e eu encontrava todo tipo de inseto. Eu passava várias horas “brincando” com eles. Eu os partia no meio, esmagava apenas parte do corpo ou os queimava usando o sol e uma lupa que eu furtei em uma loja de conveniência. Pra mim era estranhamente prazeroso observá-los agonizar. Era uma maneira de extravasar toda raiva que eu sentia, e eu gostava cada vez mais de fazer isso.

Um dia fui pego roubando o mercado e levei uma surra do segurança. Como vingança enchi o escapamento do seu carro com lama, furei os pneus com um prego e sujei todo o para brisa com insetos esmagados. Quando ele me viu passando pela rua na semana seguinte me agarrou pela camiseta e me arrastou até um beco. Me deu uma surra dez vezes pior que a anterior, me largando no chão. Comecei a ter que ir cada vez mais longe pra conseguir comida já que fiquei marcado na região.

Certo dia sou flagrado por uma mulher enquanto revirava o lixo de um restaurante. Achei que ia apanhar de novo e estava pronto pra correr, mas ela me chamou pra entrar na cozinha pelos fundos. Preparou um prato e me entregou.

Eu devorei tudo em poucos segundos. Há meses não comia uma refeição de verdade. Quando termino ela enche meu prato novamente.

-Você pode vir aqui pra pegar comida depois das dez. A comida que sobra costuma ser jogada fora, eu vou sempre separar algo pra você.

Eu agradeci muito sem graça. Nunca esperei receber ajuda de forma tão espontânea.

Eu comecei a ir no restaurante todos os dias e ficava escondido perto da porta dos fundos até ela aparecer. Ela sempre me recebia e me dava comida.

A mulher se chamava Lee Sunhee. Ela tentava conversar comigo e perguntava por que eu estava nas ruas, mas eu sempre respondia de forma evasiva. Dizia apenas que fui abandonado.

Ela queria me ajudar a encontrar uma família, me incentivou a procurar um abrigo para menores, mas eu não aceitei. Eu não quero ter que depender de ninguém.

Os dias passam e eu comecei a achar que as coisas iam melhorar. Até que uma noite o dono do restaurante se surpreende ao me ver na cozinha comendo.

-Quem é você moleque? Como conseguiu entrar aqui?

Ele parecia furioso, eu já tinha largado o prato e estava correndo pra porta quando trombo com a senhora Lee. Ela me segura e passa o braço ao redor dos meus ombros.

-Calma, fui eu que o deixei entrar. Ele estava com fome e revirando o lixo. Achei que não faria mal lhe dar um pouco de comida, afinal vamos jogar tudo fora.

-Você podia ter dado a comida e mandado ele vazar. Como tem coragem de colocar um trombadinha aqui dentro? Vou revista-lo pra ver se não roubou nada.

Ele fala me puxando pra fora com violência e começando a tirar meu casaco. Revirou os bolsos do casaco e jogou no chão. Verificou os bolsos da minha calça e me mandou tirar os sapatos.

-Ele é um bom garoto, estava apenas com fome. Não faça nada com ele.

-Vaza daqui garoto, se não quiser apanhar. Se eu pegar você aqui de novo chamo a polícia.

Eu corri levando os sapatos na mão.

Não quis voltar ali por um tempo, com medo de encontra-lo de novo. Mas era cada vez mais difícil arranjar comida e algumas semanas depois eu estava lá novamente. Esperei até ela sair para jogar o lixo e a chamei discretamente.

-Onde você esteve? Fiquei preocupada.

-Ele está aqui?

-Não se preocupe, ele não vem hoje. Venha comer.

A sigo até a cozinha ainda um pouco receoso.

-Você está tão magro. Onde você arrumou esses ferimentos todos? E esse olho roxo?

Eu não respondo. Não posso dizer que fui pego roubando. Ela confia em mim e se souber que eu tenho roubado pra comer com certeza ia me tratar diferente.

Depois que eu acabo de comer ela me trás um pano com gelo pra segurar sobre o hematoma e cuida do corte em meu rosto.

-Você devia ouvir meus conselhos e procurar um abrigo. É muito perigoso ficar vagando pelas ruas. Você ainda tem a vida toda pela frente, tem que estudar e tentar tomar um rumo.

Eu apenas concordo com a cabeça. Que perspectiva de vida alguém como eu pode ter? Eu apenas lutava todos os dias pra sobreviver. Os meus planos para o futuro eram sempre de como eu faria pra comer no dia seguinte. Não tinha como pensar em nada além disso.

No outro dia me escondo de novo e espero ela sair pra chama-la, mas ela me ignora. Acho que o patrão devia estar lá. Vejo que deixou cair um papel perto da lixeira antes de voltar pra cozinha.

Tinha um endereço e um horário no papel.

Eu conhecia a rua, pois era perto de onde eu morava. Estava marcado oito horas da manhã.

Apareço na casa no horário indicado e toco a campainha. A senhora Lee me atende com um sorriso no rosto.

-Que bom que veio meu filho. Pode entrar.

Eu entro na cozinha e ela já me serve um pedaço de bolo.

-Vou esquentar sua comida vá se servindo enquanto isso, só não coma o bolo todo.

-Obrigado.

Depois de comer o bolo e mais a refeição fico em silêncio apenas observando ela sair e voltar pra cozinha. Quando nota que eu acabei de comer, me entrega um sabonete e um pente.

-Agora você vai tomar um banho. O banheiro é a última porta do corredor. Já deixei uma toalha e roupas limpas pra você. Trate de se lavar bem e use o xampu que está na janela. Não saia desse banheiro até estar completamente limpo ou vai ter que tomar dois banhos, entendeu?

Apesar de parecer um sermão, ela falava de uma maneira doce. Nunca imaginei que alguém um dia se preocuparia comigo.

Eu apenas concordei e fui até o banheiro.

Há muito tempo eu não tomava um banho de verdade. Que sensação maravilhosa sentir a água quente caindo sobre os ombros. Lavei os cabelos duas vezes esfregando bem o couro cabeludo, havia tantos nós que era difícil de passar o pente. Me esfreguei com o sabonete por um longo tempo.

Depois do banho me seco e visto as roupas que estão no banheiro. São exatamente do meu tamanho.

Saio do banheiro e ando pela casa procurando pela senhora Lee. Encontro-a na cozinha. Ela me entrega um cortador de unhas e me pede pra sentar em uma cadeira na varanda.

Enquanto eu aparava as unhas ela cortou meu cabelo que já estava na altura dos ombros. Me olhei no espelho e notei como aquilo fez diferença. Ela também me olhava muito feliz.

-Olha Leo, eu sou uma pessoa pobre e não tenho condições de cuidar de mais um adolescente. Senão eu juro que trazia você pra morar comigo.

-A senhora já fez muito por mim. Sou muito grato.

-Volte aqui amanhã no mesmo horário. Pelo menos posso continuar a te dar a comida que trago do restaurante e você pode tomar banho. Também vou te dar as roupas que meu filho não usa mais.

-Obrigado.

Pela primeira vez eu fui tratado com carinho por alguém. A senhora Lee demonstrou preocupação comigo e disse que queria cuidar de mim, isso aqueceu meu coração. Apesar de mal nos conhecermos eu me apeguei a ela.

 

Comecei a me sentir humano novamente. Ao andar pelas ruas não era mais encarado com desprezo. Quando você anda fedido e esfarrapado as pessoas te tratam como um lixo, você quase começa a pensar que é invisível. Ou te ignoram ou te olham com nojo.

Eu nunca me importei com o que pensavam sobre mim, mas ser desprezado é algo dolorido mesmo que você se acostume com isso.

Depois desse dia eu tive vontade de ter uma vida novamente. Começo a procurar por um emprego. Um homem dono de uma carpintaria me aceita como seu auxiliar sem nem perguntar minha idade. Apesar de ter apenas quatorze anos eu sempre fui alto pra minha idade aparentando ser mais velho.

No fim eu acabo fazendo de tudo um pouco na carpintaria principalmente carregar coisas pesadas. O dono era bem velho e não tinha mais tanta força por isso aceitou meu serviço com tanta facilidade.

O salário é bem baixo então continuo dormindo na mesma casa abandonada. Junto todo dinheiro embaixo do sofá velho torcendo pra ninguém nunca entrar ali.

Continuo indo na casa da senhora Lee pra comer. Ganhei mais roupas e passei a tomar banho lá quase todos os dias. Pelo menos agora eu não parecia mais um “trombadinha”, como o dono do restaurante costumava me chamar.

Um dia quando estou saindo do banho dou de cara com o filho da senhora Lee. Ele era um pouco mais velho que eu.

-Então você é o pé rapado que minha mãe resolveu cuidar? Qual seu nome?

-Me chamo Leo.

-Espero que não tenha tocado em nada que me pertence com essas mãos imundas. E nem pense em chegar perto do meu quarto, ouviu?

Eu apenas viro as costas e saio andando. Ele agarra meu braço e me empurra contra a parede.

-Além de ser mendigo ainda é mal educado?

Sem pensar duas vezes dou um soco na cara dele que cai no chão tamanha a força do golpe.

A senhora Lee chega bem nessa hora e me olha abismada.

-Eu não acredito no que estou vendo. Eu te trago na minha casa, confiando em sua inocência e você agride meu filho?

-Desculpe, mas foi ele que me provocou.

-Mentira. Eu peguei ele mexendo na sua bolsa e tirando o dinheiro. Disse que se ele não devolvesse eu contaria pra senhora e ele me agrediu.

Ela logicamente acreditou na palavra do filho e me expulsou da sua casa dizendo que não voltasse lá e também não a procurasse no restaurante.

Voltei pra minha “casa” e sentei no sofá. Pela primeira vez desde que eu vim morar na rua eu chorei.


Notas Finais


O homem que tentou ajudar o Leo no capítulo anterior era sim o pai do Ravi e ele vai aparecer de novo no próximo capítulo.
Lembrando que o Leo foi adotado pelos pais do Ravi aos quinze anos então ele passou um longo tempo morando na rua.

Me digam o que estão achando.
Obrigada por ler.
Até a próxima. Bjs <3


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