1. Spirit Fanfics >
  2. Nightmare (DL) >
  3. Extra Leo 3: Família Kim

História Nightmare (DL) - Extra Leo 3: Família Kim


Escrita por: MyLittlePsycho

Notas do Autor


Oi pessoal.
Vamos a mais um capítulo dessa vida conturbada do Leo?

Espero que gostem.
Boa leitura, até breve.

Capítulo 26 - Extra Leo 3: Família Kim


O dinheiro que eu ganhava na carpintaria mal dava pra comprar comida todos os dias e tudo o que eu tinha juntado acabou em poucos meses. Eu só conseguia pagar uma refeição decente três vezes na semana, nos outros dias eu me virava comendo pão e pedindo restos nas lanchonetes, como eu costumava fazer antes.

Tinha que me virar pra tomar banho de caneca com água gelada nos fundos da carpintaria.

Eu comecei a procurar outro emprego com um salario melhor, mas ninguém me aceitava por causa da minha idade e pela minha fama na região, já que eu tinha furtado diversas lojas e vários comerciantes sabiam que eu morava na rua.

Era meu aniversário de quinze anos. Mas eu não contei nem mesmo ao dono da carpintaria. Me senti solitário como nunca. Olhei para o céu e desejei com todas as minhas forças que algo de bom acontecesse na minha vida. Que alguém me ajudasse e me desse um emprego.

Resolvi pegar um ônibus e ir até a cidade vizinha pra ver se tinha mais sorte pra arrumar um trabalho. Pelo menos lá ninguém me reconheceria.

Ao chegar na cidade comecei a pedir trabalho em todos os comércios da região, mas todos me exigiam um currículo ou ao menos um documento pra provar que eu era maior de idade e logicamente eu não tinha nenhum dos dois.

Entrei numa loja de materiais de construção e o gerente me disse que estava precisando de alguém pra ajudar a descarregar o caminhão nas entregas. Eu estava mais forte desde que comecei a trabalhar na carpintaria e carregar peso não seria nenhum problema. Ele me olha desconfiado quando falo que tenho dezoito anos, mas acaba me aceitando já que não era um trabalho formal e eu ganharia por entrega.

No mesmo dia ele me mandou com o motorista entregar telhas e cimento. Era um trabalho pesado, mas eu ganharia em um dia mais do que uma semana toda na carpintaria. Ajudo em três entregas. No fim do dia voltamos à loja. O gerente já tinha ido embora, mas deixou o valor que eu deveria receber com o dono da loja. Eu preciso esperar ele sair pra me pagar.

Fico olhando as ferramentas distraído quando sinto alguém tocar o meu ombro e me viro bruscamente.

O homem fica me encarando por um tempo assustado.

-Leo?

Eu o olho intrigado. Esperando que diga mais alguma coisa. Tento lembrar de onde o conheço. Meu instinto me fala pra correr e já estava pronto pra isso quando ele sorri.

-Você não lembra de mim? Eu sou amigo da sua mãe, fui te buscar no hospital no dia que seu pai foi preso. Por onde você andou esse tempo todo? Eu te procurei por meses.

Eu não sabia o que responder, nunca pensei que o veria de novo.

-Com quem você está morando?

-Sozinho.

-Como pode morar sozinho sendo menor? Como tem se sustentado?

-Eu moro numa casa abandonada. Tenho um trabalho em uma carpintaria na minha cidade.

-Minha proposta de te ajudar ainda está de pé sabia? Você não quer morar comigo e minha família? Não te garanto uma vida de luxos, mas nunca vai te faltar o que comer e um teto pra dormir.

-Você nem me conhece direito, como pode querer me levar pra morar na sua casa?

-Eu sei que você sofreu muito e tem razões pra desconfiar de todos.  Mas quero te ajudar de verdade Leo. Quero que você tenha oportunidades na vida. Confio em você.

Eu gostaria de conseguir acreditar que alguém queria me ajudar sem pedir nada em troca, mas infelizmente eu deixei de confiar nas pessoas há muito tempo.

-Sua mãe me ligou ano passado e eu não tenho boas notícias, mas eu posso te contar tudo em casa. Você deve estar cansado e com fome. Pode jantar conosco e aproveitamos pra conversar, mas se depois não quiser ficar não tem problema. Você sempre vai ser livre pra ir se assim desejar.

Eu estava realmente com fome e acabo aceitando. Também estava imaginando que eu poderia aproveitar essa confiança que ele tinha em mim e pedir algum dinheiro “emprestado”. Ele sendo dono de uma loja devia ter bastante grana.

Ele começa a me perguntar um monte de coisas curioso sobre como eu tinha conseguido me virar por tanto tempo sozinho. Mas ele perguntava com interesse e não com desconfiança e isso começou a me desarmar. Apesar de minhas respostas serem breves, depois de uns minutos nesse interrogatório ele se dá por satisfeito e liga pra esposa pra avisar que iria me levar pra casa deles.

Depois de um bom tempo no telefone o senhor Kim volta e entramos no carro.  Ao chegar na casa deles sou recebido por sua esposa que me olha  sorridente e me abraça apesar de eu estar todo sujo e suado pelo trabalho pesado. Ela me serve a janta e eu como com vontade até não caber mais nada. Depois peço pra tomar um banho. Ela me traz algumas roupas que ficam um pouco grandes, pois pertenciam ao senhor Kim.

Não esperava ser tratado tão bem por essas pessoas que mal me conheciam direito e minha vontade de pegar uma grana e dar no pé começa a diminuir. Talvez eu devesse mesmo aceitar ficar ali.

Eu só não gostava da sensação de estar em dívida ou de ser dependente e não ia me permitir me apegar de novo a alguém.

Sou apresentado ao filho deles Ravi. Parecia ter uns dez anos. Ele me olha meio assustado e eu não me esforcei nem um pouco pra ser agradável. Pra dizer a verdade no fundo achei divertido o fato dele ter medo de mim.

Depois o senhor Kim me pede pra sentar no sofá e se senta na poltrona ao meu lado.

-Como eu disse antes sua mãe me ligou há um tempo atrás. –Ele suspira e olha pro chão por um tempo antes de voltar a falar. –Ela me falou que sua irmã tinha fugido de casa pra morar com o namorado e voltou poucos meses depois grávida. O namorado a abandonou. Ela teve uma gravidez de alto risco e depois do parto não resistiu e veio a falecer. Eu sinto muito.

Eu não sabia o que dizer. Não conseguia derramar uma lágrima apesar de sentir meu coração se apertar no peito. Minha irmã era a única pessoa que eu podia chamar de família. Apesar da distância eu a queria bem afinal ela não tinha culpa de tudo o que nossos pais fizeram.

Se eu pensava que não tinha como eu me tornar mais frio, depois de receber essa notícia descobri que estava errado.

-Seu sobrinho sobreviveu e sua mãe tem cuidado dele desde então, ele vai completar um aninho em agosto.

-Não chame aquela mulher de minha mãe. Ela não é nada minha. Agora que minha irmã morreu, eu não tenho mais nenhum parente.

-Eu entendo Leo. Realmente o que eles fizeram não tem desculpa. Mas agora você tem a nossa família. Pode contar comigo e com minha esposa pra tudo o que precisar. Nós nunca vamos te deixar sozinho.

Eu queria acreditar em tais palavras, mas a vida me fez ver que jamais deveria confiar em ninguém além de mim mesmo. Por mais que eles fossem amigáveis e estivessem me ajudando aparentemente de bom grado eu não via a hora de me tornar maior de idade e poder tomar conta da minha própria vida sem depender de ninguém.

Aceitei ficar na casa por um tempo com a promessa que me deixariam ir embora na hora que quisesse. Eu aprendi a ser livre e odiava ter que obedecer regras. A única condição que o senhor Kim não abria mão era de que eu voltasse a estudar.

No dia seguinte ele me leva pra renovar meus documentos e pedir a minha guarda judicialmente. Toda papelada ainda estava com ele desde aquela época.

Depois de toda documentação estar pronta fomos à escola pra me matricular. Eu já estava alguns anos atrasado e não podia entrar na turma normal então me colocaram em um curso supletivo noturno.

A maioria dos alunos no meu curso já eram adultos. Eu era o único adolescente na turma e tive dificuldade em fazer amizades, mas um homem chamado Siwon se aproximou de mim desde o primeiro dia. Parecia ter uns trinta anos. Ele me ajudava nas matérias que eu não entendia direito e foi ganhando minha confiança. Depois de um certo tempo nos tornamos amigos.

 Eu queria continuar a trabalhar na loja do senhor Kim. Ele me dizia que eu só devia estudar, mas eu me sentia em dívida.

Apesar de todos me tratarem bem eu não conseguia me sentir á vontade naquela casa. Aquele não era o meu lar, me sentia como um verdadeiro intruso naquela família. Principalmente quando via a senhora Kim abraçando o filho. Ela vivia me abraçando também, mas eu gostaria que a minha própria mãe um dia tivesse me abraçado daquela forma. Não podia evitar sentir certa inveja.

Ravi sempre evitava ficar sozinho no mesmo ambiente que eu e quando ficava eu aproveitava pra aumentar ainda mais seu medo. Adorava a sensação de me sentir superior a alguém já que a minha vida toda eu fui tratado com desprezo por todos ao meu redor.

O que eu fazia não passavam de coisas bobas como tirar algo das suas mãos e manter fora de seu alcance já que era bem mais baixo que eu. Ou fuzilá-lo com os olhos e ameaçar correr atrás dele quando fazia muito barulho. Mas já era o suficiente pra que ele me odiasse.

Eu continuo com meu passatempo de matar insetos, mas tento disfarçar guardando os bichinhos em potes pra dizer que apenas os colecionava. Agora que eu tinha mais recursos podia explorar mais maneiras de me divertir com eles. Passava horas brincando com eles antes de finalmente jogá-los em um vidro com álcool. Eu gostava de vê-los se contorcendo e tentando escapar desesperadamente sem nem saber o que estava acontecendo.

Sempre fazia isso no quarto pra que os adultos não vissem, mas não me importava quando Ravi me observava horrorizado. Na verdade eu me divertia mais ainda quando sabia que ele estava olhando.

A família Kim possuía um gato. Eu tentei me aproximar dele, mas por alguma razão ele me odiava. Toda vez que tentava pegá-lo ele corria pro colo de Ravi e isso começou a me irritar.

Se tem uma coisa que eu aprendi a odiar é a sensação de ser desprezado. Eu comecei a nutrir certo ódio pelo gato e Ravi sempre ficava por perto com ele no colo, parecia querer me provocar. Eu também odiava meu “irmão”. Ele tinha tudo o que desejava e ainda assim reclamava de tudo. Ele não sabia valorizar o amor que recebia dos pais, era um verdadeiro moleque mimado.

Um dia a família foi visitar a irmã do senhor Kim que estava doente e eu acabei ficando sozinho em casa. Eu estava novamente brincando com meus insetos quando o gato entra no quarto e tenta pegar um dos meus besouros de cima da mesa. Eu aproveito sua distração e o agarro pelo pescoço. Ele me arranha e tenta me morder, mas eu não o solto. Consigo coloca-lo dentro de uma fronha e amarrar a ponta pra que não fugisse.

Imagino mil maneiras de me livrar do gato. Coloco uma das minhas ideias em prática e ouço os gritos de desespero do bichano. Meu coração estava acelerado. Eu me sentia um doente, sabia que aquilo não era normal, mas não conseguia evitar sentir prazer naquela adrenalina. Eu também estava ansioso pra ver a cara do Ravi quando descobrisse o que eu fiz com seu amado gatinho.

Eu me livro do corpo do gato e de todas as coisas que usei. Cuido dos ferimentos em minhas mãos e coloco luvas sem dedos. Ninguém iria desconfiar já que eu tinha mesmo o costume de usá-las.

Quando chega Ravi já procura pelo gato pela casa toda e fica nervoso por não encontra-lo. O senhor Kim fala que ele deve ter saído pra dar uma volta e logo retornaria, mas isso não parece consola-lo e ele sai pela rua perguntando aos vizinhos se tinham visto o gato.

Depois de uma semana ele finalmente para de procurar. Eu espero mais alguns dias pra finalmente revelar que fui eu que sumi com ele. Eu estava adorando vê-lo daquele jeito. Como uma coisa tão pequena podia lhe causar tanto sofrimento? Eu queria que sofresse ainda mais. Ravi não sabe nem de longe o que é dor de verdade.

Quando conto a ele fico satisfeito com seu choque e desespero. Ele conta tudo ao pai, mas eu já estava preparado pra isso. Já sabia como me fazer de coitadinho há muito tempo. Isso sempre funcionava com o senhor e a senhora Kim.

Ravi passou a me evitar ainda mais e pude sentir que além da raiva ele sentia medo e era exatamente isso que eu gostava.


Notas Finais


***Lembrando que sou absolutamente contra o mau trato a animais.***
Apesar de Leo já ter esse comportamento cruel (pobre Snow), ele também aprendeu a dissimular muito bem e se fazia de vítima quando Ravi tentava o acusar de algo.
Como Ravi era mesmo um garoto mimado, os pais dele achavam que as acusações não passavam de invenção motivada por ciúme.

Ainda rola a adolescência no próximo capítulo. E só na vida adulta ele vai conhecer o Hakyeon.
No Pov do Hakyeon eles se conheceram nessa época, mas pro Leo foi totalmente indiferente te-lo visto criança.

Até a próxima. Bjs. <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...