História Nights spiritual summer - Demónios têm sentimentos...

- Ei…

- Sim?...

- Sem ser a perda do teu irmão, qual a maior dor que achas que já passas-te?...

- Perda de outra pessoa em outras circunstâncias… pergunta inesperada.

- Podes explicar-me essa perda?....

- Nath... passa-se algo?

- Apenas estou a sentir uma dor de uma perda...

- Entendo… sabes é complicado te explicar. Como sabes eu tenho tanto uma vida de Avatar, como uma vida normal no meu mundo digamos… Lá as pessoas também são bem cruéis, ás vezes até acho que nós os “monstros” sabemos lidar muito melhor com sentimentos do que eles.

- Acho que entendi que algum Humano te magoou seriamente.

- Bem não foi bem assim. Nenhum chegou a magoar-me muito… agora vá, conta lá o que se passa.

- Á algum tempo atras eu conheci uma pessoa… que eu não a amava… mas ela ensinou-me a ama-la… e quando eu a amava mais que nunca e lhe dava tudo essa pessoa começou a ver em mim apenas erros e erros, a descarregar em mim toda a frustração dela e finalmente acabou comigo e com os meus sentimentos… dando-me uma dor imensa…

- Entendo.

Eu abracei Nathaniel e senti as lagrimas dele a descerem pelos meus ombros. Sinceramente eu não saberia o que dizer-lhe, então simplesmente limitei-me a abraça-lo até ele acalmar-se.

No fundo eu entendia aquela dor mas de um jeito bastante diferente, mas mesmo assim não tinha um conselho para lhe dar.

- Desculpa por este momento…

- Tudo bem. Estas melhor?

- Sim… eu acho que eu vou descansar um pouco.

- Ok fica bem.

Despedi-me de Nathaniel e fui andando e pensando em tudo e mais alguma coisa. Realmente estes mundos todos em que eu vivo e estas aventuras todas que eu tenho, são uma completa fantasia para outras pessoas normais. E cada vez que eu reparava lá estava eu a pensar na confusão da mesma coisa.

- Então, no que estas a pensar para estares tão seria?

- Shizuo ola…em nada… simplesmente estou numa confusão de pensamentos…

- Entendo. Ei os teus olhos parecem estar muito mais claros desde a ultima vez que eu te vi

- Isso acontece, um dia te explico melhor. Bem o que te trouxe aqui?

- O teu amigo parece estar mal não é?

- Sim…. Como sabes?...

- Sou vidente. Acho que era melhor o deixares estar.

- Sim eu o deixo estar a pensar. Mas também não o posso abandonar agora.

- E porque não podes?

- Porque não o quero ver mal, ele no fundo é o meu melhor amigo.

- Não entendo essa bondade toda. Tu também sofreste e ele nunca te ajudou. Porque o ajudas?

- Como assim? Ele nunca teve culpa nenhuma do que se passava comigo. Eu também nunca lhe contei nada. O que se passa contigo?

- Já devias saber eu sou um demónio.

- E eu também mas não é por isso que vou deixar uma pessoa tão inocente sofrer.

Eu e Shizuo encaramo-nos por um bom tempo. Não parecia nada ele mesmo que eu ainda não o conhecesse muito bem. Não disse mais nada pois receava a resposta dele, então esperei que ele me dirige-se a palavra.

- Desculpa as vezes torno-me frio.

- Isso não é ser frio muito menos ser um demónio… apenas foste um tanto parvo. E se queres que te diga, se sabes mesmo o que é sentir dor deverias procurar tentar não a causar nos outros. Vingares-te e descarregar em pessoas que não têm a mínima culpa…

- Bem até que podes ter razão…. Mas mudando de assunto, o Verão está quase a chegar…

- Sim, bem luta não é a minha especialidade mas por agora não quero pensar nisso… ainda pretendo ter tempo para pensar em tudo.

- Realmente pareces estar bem confusa. Se eu poder ajudar…´

- Pensava que não querias ajudar ninguém…

- Tu és diferente… meu demónio…

Depois daquela conversa com o Shizuo eu estava certa que precisava de ter cuidado com ele.

Voltei para o mundo normal e, mal cheguei lá senti uma leve mão sobre a minha cabeça.

Entusiasmada pois eu já sabia quem era disse num tom de voz doce:

- Olá Korra.

- Olá pequenina. Á quanto tempo… estas enorme

Korra estava com uma cara muito seria e se dirigia a mim com um olhar fixo. Como sempre as palavras dela eram longas e claras, “ Minha pequena sei que tu já deves saber o que se passa pois sei que já te contaram. Desculpa não te ter contactado antes peço perdão… apenas te queria avisar que sei que vais conseguir e essa confusão toda que podes estar a sentir vai passar tem a certeza.”

Depois destas palavras Korra desapareceu do nada deixando-me meio atordoada. Eu não sabia já nem o que pensar e enquanto eu ficava paralisada nos meus pensamentos, senti umas pequenas unhas passando pelas minhas costas e dando-me arrepios, depois com cabelo branco a esvoaçar no ar entendi de quem se tratava. Ele pegou-me no colo e eu ia adormecendo enquanto ouvia as longas palavras de Shizuo.

“ Tinhas razão no que disseste a pouco… eu sempre fui frio com toda a gente e nunca me importei com quase ninguém… As únicas pessoas que eu chegava a importar-me partiam ou por eu ser assim frio com elas, ou por também se fartarem e até mesmo porque eu as deixava de lado para tudo. E tu realmente fizeste-me ver isso, ver o quanto injusto eu fui e o quanto estou arrependido…”

As lagrimas de Shizuo escorriam pelo seu rosto e caiam no meu fazendo com que e também começasse a chorar. Limpei as suas lagrimas com a minha mão e enquanto adormecia eu apenas dizia-lhe:

- Até já… meu demónio

- Até já criatura que eu me esforçarei e darei a vida em qualquer momento…

Com estas palavras de boa noite e com as ultimas forças que ainda me restavam eu pensava seriamente o que era o Shizuo e o que eu sentia por ele. Afinal eu confiava nele e esperava que ele não me magoa-se…