Paula >
Com o tecido úmido nas minhas mãos, novamente os levo até minhas bochechas, que de vez enquanto minhas lágrimas teimam e caem. Olho para o jovem ao meu lado, parece tão distante quanto eu. Nós nos tornamos desconhecidos, essa noticia me abalou também! Eu tenho somente 22 anos, quero viver mais de minha vida e não ficar presa a alguém que nem amo, esse possível bebê destruiria minha vida e imagino que de Lucas também, ele já parece péssimo, se eu e ele não tivéssemos estragado nossa amizade eu ainda teria coragem de perguntar o "por que" de seu estado emocional. Não seria só o bebê que está lhe causando dor.
Mas pensando bem, por que não?
- Você está bem? - Pergunto colocando o pano em um bolso da minha calça. Ele me olha com deboche e revira os olhos, pareço uma retardada perguntado ele deve imaginar.
- Se preocupando logo agora?
- Só acho. - Que deveríamos tentar não acabar com o ultimo fio de "amizade" que temos e queria me distrais um pouco antes de abrir esse maldito envelope, eu falaria isso para ele, mas me mostraria fraca demais. - Dane-se, abre essa merda.
- Hem, me desculpa, devemos passar por isso juntos, não foi só você que fez isso, fomos nos. - Respira fundo e volta a falar. - Estou estressado com, coisas de família, minha irmã e essas coisas.
- Eu... - Não sei o que falar, não sou boa em dar conselhos.
- Não precisa usar mascaras comigo, Paula. - Lucas, não me faça de iludida, eu já me machuquei muito com você.
Abaixo minha cabeça e suspiro, isso é uma loucura, um bebê? Eu cuidar de um bebê?! Eu rezo cada minuto que de negativo. Não quero acabar com a minha vida nem a do meu amigo, posso parecer uma vadia, mas me importo com o Lucas.
- Eu não queria... Não queria acabar assim. - Levanto minha cabeça e o admiro, ele é tão jovem, mas tão mais homem do que muitos que já me envolvi. - Nos somos jovens, devemos aproveitar mais. Me desculpa.
- Estamos juntos nessa, qualquer que seja o resultado, não se culpe sozinha, tudo bem? - Ele me pergunta. - Me responda Paula. - Tremo com sua voz autoritário e sussurro um "sim".
Vamos passar por isso juntos, mas são a mim que as pessoas vão reparar quando eu tiver um barrigão e juntas sussurrarem sobre mim, como fazem hoje em dia dizendo que não deveria desperdiçar meu rostinho bonito. A mim que vão apontar o dedo e falar "Não fechou as pernas" e vão olhar para o Lucas e só vão sussurrar o quanto ele está sendo cavalheiro por me ajudar e assumir o bebê.
É isso que vadias fazem, estragam suas vidas só para entreter, como eu.
Lucas >
Dou-lhe meu ultimo abraço e sigo para igreja. Passo por uma praça onde crianças pulam e correm até seus pais, isso parece um comercial de margarina, será que é assim? Assim que deve ser? Tento me imaginar neste lugar com a Paula, mas não consigo, em vez de vermelho vivo eu vejo raios de Sol.
Mas futuramente eu serei pai e não posso de forma alguma pensar em outra coisa. Devo ser mais responsável que o normal, devo, devo... Contar a minha família! Contar a minha família que logo estarei formando a minha própria família. E que infelizmente com alguém que nunca pensei estar em meu lado desta forma.
Coloco meu pé direito dentro da igreja e um calafrio percorre todo meu corpo. Como se eu não merece-se colocar meus pés neste lugar sagrado, qual o motivo do Matheus vir logo aqui? Dou mais um passo e fecho meus olhos, repetindo "Me desculpe por meus pecados" como se fosse um mantra que iria fazer com que torna-se eu entrar em um lugar santificado menos perturbador.
Abro meus olhos e me engasgo.
Isabela, minha sobrinha, está no inicio do altar com um vestido branco que vai até os joelhos e seus cabelos loiros soltos, de joelhos. E parece que ela percebe que alguém a observa, logo se vira fazendo a cruz e beijando sua mão logo depois. Mas quando nossos olhares se encontram eu não vejo nada além de decepção e dor.
Ela vem em minha direção e quando está bem próxima a mim eu a chamo em um sussurro que sai como um lamento, ela passa por meu lado sem dizer nada.
- Lucas! - Brota o Matheus com um short pastel e blusa de manga longa azul ao meu lado e me abraça.
Umas duas senhoras passam no nosso lado fazendo a cruz antes de saírem da igreja.
- Essas dai não aquentam o meu brilho. - Ele sussurra me levando até o bebedouro de lá. - Nossa você está tão acabadinho. Ah, verdade, me desculpa, qual foi o resultado? - Vira-se para o bebedouro e espero que retorne a me olhar novamente para responder.
- Vou me casar com a Paula. - Toda a água que estava na sua boca vai em direção a minha blusa branca que fica transparente e deixa a mostra toda minha barriga. - Porra Matheus!
- Porra falo eu! - Ele diz tampando a boca.
Mas antes de ferrar toda minha vida, eu tenho, não, eu DEVO me despedir decentemente da Isabela.
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