História No Acorde do Amor - Ela está de volta...

Olhava pela janela do avião, observando as nuvens serenas que passavam pelo Bong-047. Não acreditava que depois de tanto tempo, estava voltando para sua terra natal, o Japão.

Iria rever seus amigos, inimigos, familiares e seu ex-namorado. Honestamente, essa era a parte que mais a deixava insegura. Seu ex idiota. Ok, ela não era uma beldade quando mais nova, porém, se não queria ficar com ela, era somente falar, poxa.

Ouviu a voz da aeromoça avisar que já iriam aterrissar, então prendeu o cinto de segurança com mais firmeza na cintura e se deixou levar pela sensação da descida. O frio na barriga a fazia sorrir e quase riu o primeiro impacto das rodas no chão da pista de pouso.

  - Bem vindos ao Japão e tenham um bom dia.

Soltou o cinto e saiu da aeronave com os fones de ouvido tocando The Piano Guys A Thousand Years . A alguns anos, chorava ouvindo o toque dessa música, mas já havia superado.

Fazia dois anos que estava nos Estados Unidos da América e admitia que não era a mesma menininha inocente de antes. Era estudiosa ? Sim, mas sabia como ser altamente rebelde quando preciso. Principalmente na presença dos seus dois melhores amigos, Kiba e Shino, mas essa é uma outra história.

Seguiu em passos lentos até a porta do aeroporto, vendo Ko, o motorista de sua família com uma placa onde estava escrito bem grande o nome da primogênita. Quase riu. Será que ele realmente achou que não iria reconhecê-lo ?

  - Achou mesmo que não iria te reconhecer ?

O homem sorriu para ela, ganhando um abraço caloroso em seguida. Ko, foi um tio babá na época que sua mãe faleceu, já que seu pai havia se distanciando das herdeiras Hyuuga.

  - Está muito bonita, senhorita. - Elogiou.

Há dois anos, ficaria vermelha como um tomate e ficaria gaguejando um “O-obrigada” que demoraria meia década para sair, mas agora somente sorriu e disse um confiante :

   - Eu sei que sou.

Entrou no carro para que seguisse para sua casa. Estava ansiosa para ver sua irmã mais nova e seu primo. Seu pai, bom, provavelmente nem estaria em casa. Nunca esteve.

Nem notou quando o veículo parou em frente à mansão Hyuuga. Caminhou até a porta abrindo a mesma, que sabia estar destrancada e entrou olhando em volta. Tudo, literalmente tudo, estava do jeito que lembrava.

  - Fico feliz que tenha chegado.

A voz baixa e inacreditavelmente calma de seu pai ecoou pela sala de estar. Virou-se para encará-la, já que o mesmo tinha o péssimo costume de chegar por trás das pessoas e sorriu levemente para ele, surpresa por vê-lo em casa, mas não deixaria que ele notasse.

  - Também estou feliz por ter voltado.

  - Como foi de viagem ? - Deu alguns passos em direção a filha.

  - Foi ótimo. Entediante, mas ótimo.

Pronto. Era só isso. Depois o assunto morria, ficavam se encarando por alguns torturantes segundos e depois ele fugia, dizendo que tinha trabalho a fazer. Mas não deixaria isso acontecer tão fácil.

  - Como foram as coisas aqui ? - Perguntou assim que o viu abrir a boca.

  - Foi meio estranho sem você aqui nos primeiros dias, mas depois de um tempo…

  - Se acostumaram. - Riu. - Bom, estou de volta e terão de se acostumar com a minha presença.

  - Não se preocupe com isso. - Ele veio até ela é pôs a mão em seu ombro. - Será sempre bem vinda. Somos sua família afinal.

Dito isso, saiu para o escritório. Para muitos aquele mero diálogo não quer dizer nada. Mas, quando você fica anos sem ter uma conversa decente com uma pessoa que mesmo sendo um pé no saco, é amada por você, é meio difícil.

Resolveu subir para seu quarto. Tinha que arrumar suas coisa do colégio e jogar seu antigo guarda-roupa fora. Bom, pelo menos as roupas que tem lá dentro.

Desde o segundo mês nos EUA, muitos de seus antigos hábitos mudará. Era difícil ficar corada, abaixar a cabeça e não ter o que responder. Aprenderá tudo isso quando foi passar as férias de verão no Brasil. Era um lugar lindo e as pessoas era sempre receptivas com visitantes.

Depois de arrumar seu, agora, maravilhoso quarto, sorriu e foi tomar um banho. Despiu-se das roupas que usava e se encarou no espelho. Há anos, veria uma criatura horrenda como reflexo, mas depois de tudo, tinha de admitir. Ela é uma capricorniana gostosa.

Entrou no box, deixando a água cair sobre seus cabelos azulados, enquanto suspirava pelo toque quente e suaves das gotículas de H2O, que relaxou seus músculos tensos. Tinha aula amanhã. Claro. Adiou tanto a volta para casa que nem teria tempo de fazer um tour pela cidade.

  - Ah, que se foda ! - Disse na língua brasileira.

Foda-se ! A solução para todos os problemas de sua vida em aspectos amorosos e sociais. Não queria ter de encarar os assuntos pendentes que deixou aqui. Devia ter ficado onde estava, mas de qualquer modo, teria de voltar algum dia mesmo.

Saiu do banheiro enrolada em uma toalha roxa e optou por colocar sua linda camisola de seda que ganhará de Adrien e ler um bom livro, já que começou a chover durante seu banho.

Deitou na cama e se cobriu até a cintura. Esticou o braço, apanhando seu livro favorito. Cinqüenta Tons de cinza. Perdera as contas de quantas vezes já releu a trilogia. Mesmo com as críticas. Esse era um livro que necessita de pessoas dispostas a mergulhar na história. Por fim, acabou dormindo com o exemplar sobre a barriga.

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O despertador tocava incessantemente no criado mudo. A morena que mantinha os olhos fechados, simplesmente deslizou o dedo sobre a tela, levantando em seguida.

  - Ai, que saco… - Murmurou.

Foi até o banheiro, iniciando sua higiene pessoal e colocando o uniforme do famoso colégio Konoha High School. Se olhou no espelho e sorriu. A camisa social demarcava todas as suas curvas bem feitas e deixando o busto ainda mais avantajado. As pernas fortes estavam quase completamente a mostra pela saia xadrez.

  - Eu quero, eu posso, eu consigo. - Recitou seu mantra lentamente.

Se virou, saindo do quarto e indo para garagem. Ainda bem que mandará sua moto primeiro. Odiava depender de motorista para levá-la em algum lugar. Colocou a roupa de motoqueira e subiu na R1 Vermelha que havia ganhado no seu aniversário de dezessete anos. Presente do seu antigo chefe.

Acelerou ouvindo o delicioso ronco do motor potente e saiu em direção ao colégio. Não tinha nem tomado café. Costume dos EUA. Quando você está atrasada, minha querida, saia correndo e chegue logo. Mesmo assim, pontualidade não era uma virtude estadunidense.

Deixou a moto no estacionamento da escola e entrou correndo pelos corredores tão conhecidos e só parou em frente a sala do 3°C. Puxou o ar para dentro de seus pulmões e bateu na porta, ouvindo um entre do professor Kakashi. Riu ao ver que estava mais atrasada que ele é abriu a porta, se encostando no batente da mesma de braços cruzados.

  - Kakashi-Sensei…  

Deixou sua voz ecoar pelo local, enquanto olhava para cada rosto familiar ali.

  - Ainda cabe mais uma aqui dentro ?

  - Senhorita Hyuuga. Está atrasada.

  - O sujo falando do mal lavado. - Riu breve, sem sair da posição.

  - Entre, por favor. Acredito que gostaria de se reapresentar a turma.

A mesma obedeceu e se encostou na mesa do professor. As expressões de surpresa somente a deixava mais satisfeita.

  - Todos já me conhecem. Sou Hinata, tenho 18 aninhos e acabo de chegar dos Estados Unidos. Nada demais.

Sorriu debochada para seus antigos “amigos” e ajeitou a mochila sobre os ombros.

  - Ótimo. Pode se sentar perto de Sasuke, por favor.

Assentiu e foi até a carteira vazia, e acomodou-se ali. Sakura e Ino a olhava, esperando que a Hyuuga às cumprimentasse. Percebeu também o olhar de Naruto sobre si, então o encarou.

  - Perdeu alguma coisa aqui ?

As orbes azuis se arregalaram e a morena reprimiu um sorriso vitorioso.

  - Se não, para de me secar. Estou sem garrafinha de água.

  - Senhorita Hyuuga, como está prestando muita atenção, qual foi a pior tragédia que ocorreu em Hiroshima ?

  - A explosão de um míssil nuclear em 1945.

O professor voltou a ler o texto e a morena voltou sua atenção para Kakashi. Que se foda o loiro idiota. Havia voltado para terminar o ensino médio e fazer sua sonhada faculdade de ciências tecnológicas.

Depois de duas aulas de História com Kakashi e uma de Química com Deidara, havia chegado a hora do intervalo, que durava uma hora e meia. A Hyuuga continuava sem fome alguma e amaldiçoava o fuso horário.

  - Hinata ?

Ergue o olhar para quem chamava por si e visualizou a cabeleireira rosa da amiga Sakura Haruno. Uma garota inteligente, forte e totalmente apaixonada por Sasuke Uchiha.

  - Hello Sakura, how are you ? - A rosada riu.

  - Para de zoar, sua vaca. - Se jogou na morena, a abraçando. - Podia ter ligado, sabia ?

  - É claro que sabia. Eu tenho celular, dinheiro e meu QI é altíssimo, chiclete.

  - ENTÃO POR QUÊ VOCÊ DESAPARECEU SUA, VACA ANELADA ? - Gritou.

  - Calma ai, testuda. Primeiramente, a vida é minha, o celular é meu e eu ligo para quem eu quiser quando eu quiser. Segundo, eu não fui para o outro lado do mundo para fazer contato, rosinha.

  - Eu sei, mas todo mundo ficou preocupado. Você não avisou ninguém e o Naru… - Sua boca foi tampada pela mão da morena.

  - Você realmente acredita que aquele projeto de loiro ficou com saudade ? - Perguntou. - Ah, vai a merda, Haruno.

  - Hina, estou falando sério. Ele quase pirou quando soube. - Disse firme.

  - Sakura, eu não estou nem aí se ele pirou, ou se riu quando fui embora. Já acabou e não quero mais nada com ele.

  - Sabe que ele não vai te deixar em paz até falar com você sobre o assunto, né ?

Sakura olhava diretamente para os olhos perolados e notou quando um brilho sombrio passou por eles.

  - Vou fazer questão de afastá-lo de mim. Não vou ser o brinquedinho dele novamente, Sakura. Cansei disso.

  - Tarde demais. Tô saindo.

Hinata olhou para o loiro que mantinha as duas mãos no bolso, enquanto Sakura corria para longe dali. Que amiga em ?

  - Oi.

A morena quase riu daquilo. Depois de dois anos, era isso que ele tinha para dizer ?

  - O que você quer ? - Disse ríspida.

  - Só conversar.

  - Com a “Nerd esquisitoide” ? - O olhou fingindo surpresa. - Não deve ser um engano. A Shion fica ali.

Apontou para a loira e se ajeitou para olhar o céu, porém o loiro também fez o mesmo.

  - Não quero que alimente sentimentos ruins sobre mim, Hinata. - Se deitou ao lado dela. - Não vou mascarar meus erros com você, nem dar desculpas por ter feito o que fiz. Só quero que me perdoe e me deixe recomeçar com você.

  - Não quero “recomeçar” nada com você.

  - Prefere ficar com ódio de mim para o resto da vida ?

Nenhum dos dois se fitava. Mantinham o olhar no céu, que naquele momento estava tão azul e sem nuvens.

  - Não tenho ódio de você. Só não quero que fique perto. Eu mudei e…

  - Não para mim. - Viraram o rosto um para o outro. - Continua a mesma aos meus olhos.

  - Outro motivo para não me querer por perto, Sr. Popular.

  - Não ligo mais para isso. Perdi pessoas preciosas com meu antigo comportamento. Estou apenas consertando o que posso consertar.

  - Acabei de dizer a Sakura que te afastaria de mim.

  - Esqueça. Eu vou sempre estar aqui. - Sorriu de leve para ela. - Somos terra e ar…

  - O deserto e o mar… - Cantou junto a ele.

  - E eu não mudaria nada em você. - Disseram juntos.

Esse era o detalhe que faltava nessa história. Durante o namoro, ambos escreviam músicas juntos e se divertiam, até o dia que o loiro começou a se envolver mais com outro grupo de amigos e deixaram de lado, até o dia que anunciou para todos que era “apenas” uma aposta. Mas não haviam esquecido.

  - Temos que criar um ritmo para essa música, né ? - O Uzumaki perguntou sorrindo.

  - NARU-KUN, ACHEI VOCÊ !!

Os dois se levantaram num salto ao ver a loira parada de braços cruzados e sustentando uma pose orgulhosa.

  - Shion, aconteceu alguma coisa ? - Perguntou o Uzumaki desanimado.

  - Eu vou indo. Até mais, Naruto, Shion.

A Hyuuga se virou para sair, mas foi segurada pela loira.

  - Ainda não. Temos que acertar algumas coisas. - Disse séria.

  - Se for as regras de distância, não se preocupe. Não quero ficar perto dele.

  - Ótimo, porque ele já fez a escolha dele a dois anos. E eu fui a escolhida, não você. - Falou com desdém. - Pode ter arrumado o cabelo e estar se maquiando, meu bem, mas nunca chegará aos meus pés.

  - A última coisa que eu quero é chegar até você e sabe por que ? - Encarou a loira friamente - Porque pessoas como você me dão nojo. Para mim você não passa de um escárnio, que atrapalha a vida alheia.

E dito isso, saiu, deixando os dois surpresos com sua resposta dura e impassível. Hinata não se daria o luxo de meter a mão na cara daquela vadia. Quebrar sua unha linda por raiva dela, era algo fora de cogitação para si própria. Mas tinha que agradecer a ela. Não podia acreditar que estava mesmo cedendo para Naruto.

Tinha que se manter afastada dele e de confusão. Simples e fácil. E com esse pensamento voltou para a sala, colocando os fones de ouvido e se deixando levar pela batida de Usher - Trading Places.

  - Eai, como foi ?

Abriu os olhos, vendo Sakura mirando seus olhos com atenção.

  - Não poderia ter sido pior. - Disse e sorriu para ela. - E eu quero que você pare de ajudá-lo a chegar à mim.

  - Mas eu não…

  - Sakura, eu sei que está e quero que pare. Ele é seu amigo, porém não quero mais me envolver com ele para me machucar de novo. Entendeu ? - A rosada assentiu.

Mas era mentira. Sakura entendia perfeitamente, mas sabia da mudança do loiro. Sabia que mesmo tendo suas dificuldades, se esforçava nos estudo, que se afastou dos antigos amigos e passou a ficar mais com Sasuke e Gaara, consequentemente, voltando a ficar mais próximo de Ino e da rosada.

E o principal, sabia que aquela aposta de “Namorar com a Nerd”, não fôra totalmente encenação da parte dele. Tinha sentimento ali. O próprio Naruto já confessará para eles. Se apaixonou por Hinata, no momento que cantou com ela.

  - Hina, só de uma chance a ele. Ele mudou, sei que mudou.

  - Saky… -Se levantou e tocou o ombro dela, mantendo o olhar firme. - Que se dane a mudança dele, porque sou Eu quem não ama mais.

A Haruno paralisou, e tenta desesperadamente encontrar um rastro de mentira nos olhos perolados, mas não tinha nada ali, além de frieza. Ficou assim por alguns segundos, até a Hyuuga sair novamente da sala.

  - Que merda, Naruto. - Disse baixo.

Odiava. Simplesmente odiava ter que dizer aquilo para ele.

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O loiro suspirou se sentando num banco que havia por perto, suspirando pesadamente. Elevou o olhar para a Sakura que tinha acabado de lhe contar sobre a conversa que teve com a morena.

Sabia que tinha errado, falhado, pisado na bola ou qualquer outra expressão, mas não faria de novo. E o pior. Temia que ela já estivesse apaixonada por outro, pois se acontecesse, não poderia impedir a felicidade dela.

Se levantou para sair daquele lugar e pensar um pouco. A Haruno não o impediu, nem disse nada. Caminhou devagar até o teto da escola. Gostava de lá. Tinha ótimas lembranças do ambiente, pois quando podia, levava Hinata para olhar o pôr do sol e depois a prensava na parede para beijá-la. Ah, só Deus sabia como estava louco para beijar aquela boca de novo…

  - Hinata ? - A morena se virou para ele, levemente assustada.

  - Naruto ? O que veio fazer aqui ?

  - Gosto de ver o sol se pondo. Acho que ainda se lembra disso, certo ?

  - Achei que fosse mentira, como tudo que já disse para mim.

O Uzumaki notou ela erguendo muralhas com aquelas palavras afiadas, mas o que lhe doía, era ver o temor dentro das lindas orbes.

  - Eu não menti sobre nada com você. Te enganei com um falso namoro sim, mas não menti sobre o resto. Você é a pessoa que mais me conhece.

  - Tanto faz. - Dá de ombros. - Não me importo mais.

  - Sinto sua falta, Hina…

  - Quando vai para de mentir pra si mesmo ? Pôde ter enganado a Sakura com esse papo, mas não cola comigo, Uzumaki.

  - Pare de fazer muros, Hinata. - Se aproximou dela.

  - Pare de tentar brincar comigo, Naruto ! - Diz alto. - Eu só quero terminar esse ano e sumir de novo.

  - Por que fugir, se sabe que não adianta ?

  - Não estou fugindo, porque eu não sinto nada por você.

Ambos estavam a centímetros um do outro. A respiração acelerou sem consentimento. E a lembrança dos beijos já trocados ali, fez a morena vacilar e o loiro percebeu. Se aproximou mais de forma cautelosa, mas não adiantou. Hinata se afastou.

  - Me dê uma chance, Hina.

  - Vai pegar a Shion que você ganha mais. - Passa por ele para sair dali.

  - Não é ela que eu quero. - A segura, olhando fixamente para ela.

  - Problema seu. - Puxa o braço e sai.

Deixou que a morena fosse e sorriu. Ainda tinha esperança. Mesmo que só um pouquinho, mexia com ela. Só precisava esperar a hora certa.