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História No balanço da vida - Uma longa história - Capítulo 2


Escrita por: MGHill

Notas do Autor


O flashback será indicado em itálico.
No Brasil nossa legislação prevê a possibilidade de aborto em caso de estupro, além de outras medidas para proteção à mulher! Aproveitem o capítulo!
Atenção: Este material é ficcional, qualquer semelhança com a realidade é obra e arte do acaso. Não discuto temas polêmicos, obrigada!

Capítulo 2 - Uma longa história - Capítulo 2


"Nunca se esquecem as lições aprendidas na dor." Provérbio africano

Retomando o balançar iniciou seu lânguido monólogo...

-Estava saindo da aula de dança, devia ser por volta das 22 horas, resolvi não pegar o táxi porque iria passar na lavanderia a duas quadras do estúdio, então pensei: “Vou caminhando, aproveito que a noite está fresca, passo na lavanderia, e dali pego o táxi!”.

Spencer enquanto ouvia o relato da jovem começou a observa-la em silêncio. Os cabelos negros completamente cacheados iam e vinham suavemente de acordo com o embalo, os lábios que formavam um coração adorável. Sua pele adquirira um tom pálido devido ao luar, e o ar enquanto ela falava se condensava indicando que a temperatura estava começando a diminuir.

-Caminhei por uns 200 metros e do nada aparece um cara com uma arma apontada para mim e falou baixinho e com um sorriso malicioso no rosto: “Vem comigo docinho... A gente vai se divertir bastante!” Spencer, aquilo foi o suficiente para que eu morresse por dentro...

-Naquela hora, eu só... Só... Humpf...

- Tudo bem, se for difícil para você não precisa continuar... O desfecho daquele relato era claro na mente em sua mente. Depois de trabalhar com tantos casos, era praticamente impossível não acessar todas as estatísticas sobre violência contra mulheres no país e os possíveis resultados para as vítimas. Se ela estava viva, os possíveis desfechos, em nenhuma das hipóteses era realmente agradável.

-Não, Spencer, eu quero contar, faz bem para mim... Se você não quiser... Antes que pudesse completar a frase Spencer completou apressadamente:

- Não quero forçar você a reviver algo que ruim, se você realmente quiser continuar falando, estou aqui para ouvir.

Ela se surpreendeu com o tom sério de sua voz, mas o que mais lhe chamou a atenção foi o fato de ter conseguido ter um diálogo verdadeiro com o homem. Contendo o misto de espanto e alegria declarou:

-Tudo bem então, mas agora vou contar até o final, senão vai ficar muito tarde e acredito que nós dois tenhamos de trabalhar amanhã cedo!

Novamente, naquela noite, um riso melodioso podia ser ouvido por qualquer um que passasse por ali, no entanto, desta vez se originava do rapaz.

- Você está certa, mas mesmo assim continue, eu adoraria ouvir o que você tem a dizer, não que esteja curioso, longe disso, mas é que...

- Tudo bem Spencer, prometo a você que isso nunca passou pela minha cabeça! Mas sabe o que me deixa perplexa? É que consegui fazer nada! Não gritei, não corri, não chorei, não desmaiei... Só deixei que o filho da mãe me conduzisse. Ele apertou tão forte meu braço que fiquei com o hematoma por semanas, me fazendo lembrar o que havia me acontecido àquela noite todos os dias...

- Ele me levou para um beco, eu estava andando na frente e ele me deu uma coronhada na nuca... Depois disso não me recordo quase de nada, só sei que apaguei, e quando acordei estava no hospital. De acordo com os policiais e os médicos, eu fiquei 2 dias nas mãos do cara e ele fez coisas inenarráveis... Foram as piores 48 horas da minha vida, mas prefiro não entrar nos detalhes sórdidos da coisa entende? - Ele prontamente balançou a cabeça, estimulando-a a prosseguir com a narrativa.

Quando ele terminou injetou algo no meu braço e novamente apaguei, só sei que passei um bom tempo até ser encontrada por um morador de rua próxima à uma ponte, e mais 12 horas desacordada no hospital sem identificação alguma, até que meus pais conseguiram me localizar.

Depois que acordei, eles haviam feito vários exames, mas não iniciaram a profilaxia contra DST’s porque não era “conclusivo” para um estupro! Meu pai ficou muito irritado com aquilo, mas depois que acordei e contei o que havia acontecido comigo, corrigiram o erro, mas já era muito tarde para iniciar as medidas contraceptivas.

Uma semana depois repeti uma bateria de exames e descobri que estava grávida do filha da puta! Oops desculpa! - Uma risadinha escapou dos lábios de Spencer, pela segunda vez – Você deveria rir mais, sabia? - Eu deveria rir mais? - Sim, mas continuando, os médicos me deram a opção de abortar, mas eu não iria fazer isso, primeiro a criança não tinha culpa do pai que ela tinha, segundo eu poderia coloca-la para adoção, eu sei que seriam nove meses de “sofrimento”, mas para quem já está na merda, o que é um peido?

- Eles conseguiram prender o cara que fez isso com você? Era nítida em sua voz a raiva e a frustração, pois por mais que eles trabalhassem mais monstros surgiam para machucar as pessoas indefesas, parecendo que tudo que fazia era em vão, e a cada dia perdia-se o sentido.

- Sim, ele foi preso, graças à Deus e ao trabalho eficiente da polícia, mas morreu dentro do presídio antes mesmo do Trevor nascer, alguma coisa relacionada com acerto de contas... Não gosto de assassinos, sabe? Mas até que gostaria de mandar um presentinho para o cara que fez um grande favor para humanidade! Irônico, não?

- É compreensível na realidade... 

- Minha psicóloga disse o mesmo, precisei durante toda a gestação fazer acompanhamento psicológico para levar minha escolha até o final, mas em nenhum momento julguei as outras mulheres que optaram pelo aborto, pelo contrário em casos assim cada uma tem que julgar seu próprio estado e escolher qual é a melhor solução para si.  Essa foi minha decisão, ao contrário de todos que estavam comigo, mas mesmo assim recebi apoio e isso foi fundamental para que conseguisse chegar bem até o dia do parto.

Quando o bebê nasceu, estava pronta para manda-lo para adoção, mas quando peguei o menino no colo, não resisti, sabia que ele tinha que ser meu para sempre! Foi uma surpresa para todos, e era impossível não amar aquela coisinha pequenininha com um sorriso banguela mais linda do mundo!

Ao dizer aquelas palavras, parou o balanço novamente, e permitiu-se secar as lágrimas que teimosamente escorriam pelo seu rosto. Suspirante sorriu e continuou.

- Trevor, esteve aqui comigo, até três anos de idade... Aos dois anos descobrimos que ele tinha uma forma rara de leucemia. Conseguimos trata-lo, mas depois de seis meses ele teve uma recidiva. Ele lutou bravamente, mas nos deixou... Hoje completa 2 anos que eu devolvi meu filho para o céu, como aqui era o lugar favorito dele, eu venho aqui para pensar e me divertir, assim como ele fazia... É minha forma de homenagear meu filho... Mas e você, Spencer? Por que veio ao parque esta noite?  

 


Notas Finais


Bom, é isso! Espero que tenham gostado. Estou aberta a críticas e sugestões! Fiquem à vontade! Se encontrarem algum erro, por favor me corrijam! Até o próximo capítulo!

Nota: Esse capítulo é o que cito como contendo cenas de estupro.


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