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História No game, no life. - The things you do


Escrita por: Luna_Moon

Notas do Autor


Boa noite meus amores ♥

Capítulo 33 - The things you do


07 de Agosto de 2017. Stratford, Inglaterra.

 

Sakura pov’s

 

Mal havia descido do carro quando as portas da Mansão foram abertas para mim. Assim que subi as escadas com Midnight ao meu lado percebi que Shizune estava apreensiva, e assim como ela, eu também sabia que o motivo da minha convocação aqui não era para tomar chá e comer bolachas recheadas.

- Já faz alguns meses. – Tsunade disse assim que entrei na sala de reuniões me deparando com alguns dos meus antigos professores.

- Sim. – Concordei e permaneci em pé, mesmo depois da porta atrás de mim ser fechada. – E então?

- Serei direta Sakura, e estamos preocupados com você e com a discrição do grupo. – Disse Tsunade me fazendo levantar a sobrancelha para si. – Você precisa desacelerar um pouco ou também acabara sendo morta.

- Hum? – Perguntei enquanto entortava a cabeça e olhava diretamente em seus olhos. – Vocês me treinam para realizar minhas missões sem hesitar, para garantir o sucesso da corporação e da segurança publica mundial, porque querem que eu pegue mais leve agora?

- Sakura o que você está fazendo não é justiça, é vingança. – Disse um dos meus professores de línguas estrangeiras.

- E qual a diferença? Eles devem morrer de um jeito ou de outro. – Respondi e nesse exato momento Tsunade fechou a cara para mim e outros ficaram boquiabertos.

- A questão é que você não está os eliminando de forma limpa e o menos indolor possível. – Interferiu meu professor de tiro ao alvo. – A equipe de limpeza esta horrorizada com a cena que você deixa para trás, você e esse seu lobo estão brincando com as vitimas.

- Vitimas? – Ecoei o que ele disse com escárnio. – As pessoas que vocês chamam de “vítimas” não tiveram compaixão também contra os inocentes que eles abusaram, roubaram, machucaram e mataram.

- Queremos o seu bem Sakura. – Disse Tsunade depois de um tempo, colocando um fim nos murmúrios que ecoavam pela sala. – Kakashi passou uma ordem expressa para que a gente consiga fazer você desacelerar antes que o inevitável aconteça.

Depois daquela ridícula reunião sai da mansão e desci a colina. Irritada esperei que caminhar pudesse me fazer esfriar um pouco e me tirar essa sensação de estar sufocando no seco. E mesmo não tendo um caminho definido não me surpreendi quando cheguei naquele lugar, o único lugar daquela colina que apesar de estar coberta pelas copas das árvores o sol ainda conseguia se sobressair pelas folhas e iluminar aquele lugar, e lá do meio, as lápides de Steve e Sasori reluziam com o os raios de sol que se chocavam contra o mármore e o concreto.

- Eai meninos, já faz um tempinho que estive aqui desde a última vez. – Comecei enquanto me aproximava com Mid logo do meu lado. – Desculpa vir aqui sem trazer nada e não ficar por muito tempo, mas gostaria de dizer que Sue esta cada vez mais parecida com você Steve, sua filha realmente se assemelha a você de corpo e espirito, lamento, mas você vai ter que aprender a lidar com seu ciúme quando ela crescer e virar uma linda mulher. – Falei e ri. - E Sasori, eu estou bem, estou seguindo em frente a minha maneira, mesmo tendo certeza que de onde você estiver nesse momento palavrões e ameaças é o que você mais deve estar proferindo contra mim. – Disse e ri novamente. – Bom, isso é tudo. Eu, Nina, Mid e Sue estamos bem e fortes, e continuaremos a seguir em frente, até uma próxima vez rapazes, descansem bem.

Assim que me levantei e virei para trás encontrei com Markias encostado contra uma das árvores e silenciosamente me aproximei de si. O senhor tinha um sorriso tímido no rosto e os olhos cansados.

- Eles vão te impedir de todos os jeitos para você não se envolver mais com os Visards, eles vão mandar outros agentes para realizar esse serviço no seu lugar. – Ele disse e mesmo aquela não sendo uma pergunta acabei assentindo e abaixando a cabeça, só voltando a reergue-la quando ele tocou em meu ombro. – Eu tenho como te ajudar, mas você precisa realizar algo primeiro, uma coisa que tenho certeza que você já sabe, vamos fazer isso como se fosse apenas mais um treino, okay?

E eu sabia, de uma forma ou de outra eu sabia do que ele estava falando. Com o coração afundando ainda mais dentro do meu peito não concordei e também não recusei. Eu já sabia que este dia iria chegar, sabia que esse era o acordo, e portanto, sabia que este treino seria o mais difícil de todos.

[...]

 

03 de Setembro de 2020. Tóquio, Japão.

 

Sakura pov’s

 

Finalmente o dia havia chegado e com isso o sentimento de nervosismo também. Sasuke estava certo sobre nesse exato momento o alto escalão já ter a noção de que durante a “festa” deles haverá agentes infiltrados, um homem e uma mulher, e foi exatamente sob esse ultimo detalhe que ele disse que montei todo meu plano de ação. Um plano que um de nós não sairia muito feliz.

- O centro é um lugar perigoso, qualquer pessoa transeunte é um inimigo em potencial, então quando cada um concluir sua parte da missão vamos nos encontrar aqui no parque, lá perto daquelas duas árvores, okay? – Disse enquanto gesticulava para o local onde havia vários turistas rodeando as duas árvores mais famosas do Japão.

- Okay, e qual é o plano exatamente? – Ele perguntou pela milésima vez.

- Quando eu voltar para o quarto do hotel eu te conto, preciso ir em um lugar antes, comprar tudo que precisamos. – Disse e então dei o endereço do hotel em sua mão junto com o dinheiro do táxi e sem me despedir me afastei de si, atravessando a rua e seguindo o fluxo da multidão rumo ao coração de Tóquio.

Por alguma razão eu tinha um frio no estômago a cada momento em que pensava sobre essa missão. Sabia que talvez fosse loucura deixar o moreno participar de uma missão desse porte quando ele até então só tinha alguns meses de treinamento e participação de duas missões. Andando pelo shopping parei rapidamente na vitrine de jogos quando duas crianças pararam em uma máquina eletrônica para tentar a sorte e ganhar bilhete de jogos e foi ali que decidi tomar uma atitude madura e resolver se Sasuke faria ou não parte dessa missão.

- Ei garoto. – Disse o chamando em sua língua materna, a mesma língua que papai trabalhou duro para me ensinar. – Jogue pedra, papel e tesoura comigo. – E mesmo sem entender o menino se aproximou.

Se eu ganhar, Sasuke esta fora da missão. Se eu perder, Sasuke participa da missão.

Me preparando, contamos até três e cada um mostrou a mão, e eu havia perdido. Joguei quatro vezes com ele, e todas as quatro eu perdi. Suspirando dei uma nota para si, para ele continuar jogando e continuei a seguir meu rumo, me perguntando se a minha sorte para jogos era tão ruim assim ou se aquilo deveria ser algo que chamam de destino.

 

***

 

Quando abri a porta do quarto Sasuke estava sem camisa enquanto polia nossas armas. Seu cabelo estava caído sobre seu rosto, mostrando o quanto ele estava absorto em pensamentos. Me aproximando de si coloquei as sacolas de compra sobre a cama e tirei a pistola de sua mão e só então ele percebeu que havia outra pessoa no quarto junto consigo.

- Como iremos matar todos? – Perguntou com um olhar vago.

- Não iremos mata-los, infelizmente não teríamos a mínima chance caso começássemos um ataque.

- Missão de infiltração então? – Perguntou e logo assenti. – E como você pretende fazer isso?

- Com o equipamento certo. – Respondi dando um tapinha na sacola de papelão ao seu lado sorrindo de forma marota para si, fazendo-o franzir as sobrancelhas e abrir a boca já em protesto. – Mas antes de você me xingar, espere eu terminar de lhe contar o todo plano e os detalhes. Combinado?

- Combinado. – Respondeu ele depois de um tempo.

 

***

 

- Vamos logo. – O chamei enquanto segurava a barra do meu vestido e do seu.

- Eu não consigo. – Ele disse ao segurar minha mão, chamando minha atenção e nos obrigando a parar no meio fio. – Isso não vai dar certo, pelo amor de Deus, da onde você teve a ideia que isso iria funcionar?

- Se você não se esforçar e se portar como uma mulher isso não vai dar certo mesmo. – Reclamei.

- Eu não sou uma mulher caralho. – Rebateu enquanto puxava seu vestido para cima e tirava o cabelo de sua boca.

- Verônica, já estamos conversamos sobre isso há cinco horas e meia. – Disse e ele rosnou.

- Eu vou me vingar, pode ter certeza disso. – Ele disse e então passou a andar em minha frente, e com esforço segurei meu sorriso e minha vontade de dar risada ao vê-lo se equilibrando no salto para parecer o mais natural possível.

Dentro do prédio pegamos elevadores separados e finalmente demos início à missão. Como líderes de grupos diferentes nós teoricamente não nos conhecíamos e isso excluía qualquer chance de sermos suspeitos, não éramos mais um homem e uma mulher e também não estávamos juntos, tudo que precisávamos agora era seguir cada um com seu plano e sairmos daqui de fininho, da mesma forma que entramos.

Tomando uma taça de vinho enquanto conversava com um grupo misto, esperei pacientemente o local se encher, sempre atenta a todas as pessoas novas que passavam pela porta de entrada. Há algumas horas mais cedo eu tinha vindo aqui para realizar reconhecimento do local, tirando novamente proveito da equipe de decoração ao me misturar com a equipe, e como resultado plantar duas mudas de roupa para que se algo desse completamente errado e passássemos a ser suspeitos então que trocássemos de roupa e déssemos o fora o mais rápido possível.

Sutilmente, fingindo ajeitar a máscara, olhei para o local onde Sasuke estava e assim como eu ele conversava com um grupo de pessoas. Conforme o tempo passava o fluxo de pessoas que chegavam diminuíam consideravelmente e lá pelas 22hrs um homem tomou o microfone e chamou a atenção dos convidados informando que a mesa de buffet já estava pronta e que podíamos nos servir e foi nesse momento que as coisas começaram a fluir conforme o esperado.

Do outro lado do salão havia três pessoas reunidas e cercadas por outras cinco pessoas que pelo porte mesmo disfarçados eram claramente seguranças. Eram dois homens e uma mulher. Mesmo de máscara era fácil notar os sorrisos ardilosos em seus lábios, e sem precisar de outra confirmação, eu sabia que eles eram do Alto Escalão.

- Também penso igual. – Ouvi uma voz estranha atrás de mim e quando me virei vi que era Sasuke.

- Achou mais alguma coisa de significância? – Perguntei em tom casual, sorrindo ao fingir que tínhamos uma conversa divertida e aleatória exatamente como ele.

- Tem um homem de terno preto fosco. Acho que ele é um dos chefões.

- Acha? – Ecoei.

- Sim, o terno era claramente de alguém que tinha poder.

- Tsc, deixa eu adivinhar, intuição feminina? – Perguntei e então me arrependi ao ver que ele fechou o maxilar no mesmo instante para não me xingar. – Desculpa foi mais forte que eu. – Disse, porém ele apenas me ignorou e voltou a se misturar com a multidão, e eu aproveitei para me aproximar daquelas três pessoas, e na sorte tentar escutar alguma coisa.

Foram necessários alguns minutinhos de cumprimento para pessoas aleatórias até que enfim eu conseguisse me aproximar cerca de quinze passos dos meus alvos. Logicamente minha presença não passou despercebida em nenhum instante e os seguranças disfarçados logo passaram a me olhar com mais frequência. Para disfarçar, agarrei mais uma taça de vinho e caminhei até o pilar mais próximo deles e me virei de cosas como se prestasse atenção nos demais convidados, e ficando a aproximadamente oito passos de distância e foi ali que eu consegui ouvir partes da conversa.

- Eu entendo que precisamos agir, mas não consigo compreender o por que de estarmos fazendo uma festinha, devíamos é atacar logo de uma vez. – Destacou um dos homens. – Eu fui contra isso, o melhor seria nos separar e cada um abranger um grupo pequeno de líderes.

- E você acha que é seguro o alto escalão ir receber os líderes menores? – Perguntou a mulher.

- Somos os menores dentro do alto escalão, não adianta ficar reclamando agora, sabemos que isso, esta festa, é apenas uma entrada, vocês sabem qual é o objetivo disso, eu não preciso repetir novamente. – Disse o segundo homem do grupo, o homem que dentre eles era o que mais tinha poder. E quando ele voltou a falar, notei que sua voz parecia mais alta e um pouco mais rouca. - Malditos Anbus, mal sabem eles que um dia eles brincam de caçadores, mas no outro logo eles serão nossa caça, e este dia começou hoje. Aproveitem a festa, que eu vou começar a aproveitar ela também.

Sentindo minha pele se arrepiar dos pés a cabeça ao perceber que havia alguém atrás de mim, e foi ali que eu percebi que minha máscara estava prestes a cair e que aquela festa não era um confraternização e sim uma armadilha, e como idiota eu cai como um coelho diretamente nas mãos do inimigo.

Controlando minha respiração e meus batimentos, coloquei a melhor cara de “estou me divertindo” e sorri ainda mais quando ele me virou. Seu sorriso parecia amistoso, mas sabia que por baixo, um sorriso diabólico se escondia. Sentindo que aquele era meu toque de retirada dali, foquei no garçom que estava com a bandeja de champanhe e marchei até si, pegando uma taça e indo para o outro lado do salão e fingindo pegar meu batom dentro da bolsa para retocar a maquiagem e então sumi para dentro do banheiro.

Suspirando agradeci por estar ali sozinha e então retirei a máscara e fitei meu reflexo. Por fora eu era apenas mais um rosto maquiado em meio a tantos outros, mas por dentro eu estava cansada. Durante esse tempo eu não havia dormido direito e também não havia me alimentado direito, isso tudo era apenas uma consequência do nervosismo junto com a pressão psicológica de ter uma vida em minhas mãos em uma missão dessa magnitude. Ainda apoiada na pia, ouvi o trinco da porta e então comecei a retocar minha maquiagem.

- Olá senhorita, como você está? – Perguntou o segundo homem de minutos atrás.

- Estou bem senhor. E com você? – O respondi enquanto voltava a me apoiar na pia de maneira casual para lhe encarar.

- Melhor impossível.  – Falou e então me olhou dos pés a cabeça. – Em outras ocasiões eu até poderia te chamar para sair.

- E o que tem impede? – Perguntei de volta, sabendo que provavelmente eu não iria gostar da resposta.

- Seu emprego. – Ele disse olhando profundamente nos meus olhos. – Você pode enganar todos aqui dentro, menos eu.

- Do que você esta falando? – Disse tentando me fazer de santa enquanto ele se aproximava de mim, me prendendo entre seu corpo e a bancada da pia.

- Eu estava no La Poche quando você e o outro agente se infiltraram e atacaram meu subordinado. – Ele disse. – É difícil esquecer um belo rosto, você pode até trocar a cor do cabelo, mas os seus olhos, seus lábios e sua feição mesmo com máscara elas ainda chamam a atenção.

- Você esta me confundindo com outra pessoa. Se alguém entrar aqui e lhe escutar falando essas coisas, eu posso morrer por causa disso.

- Fique tranquila. – Ele disse tocando meu braço com as pontas dos dedos. – Meus homens não deixaram ninguém entrar aqui. – E o toque suave em meu braço se tornou eu um aperto em meu pescoço. – Onde esta o rapaz?

- Bem longe daqui. – Disse e então com a mão livre acertei um golpe na região do seu coração. A falta de ar e a dor o fizeram cair de joelhos. Com pressa peguei sua gravata com ambas as mãos e com toda a força apertei seu pescoço, dando joelhadas em suas costas, principalmente na região do pulmão para que ele perdesse logo o ar e finalmente sufocasse. Ele até tentou lutar, arranhando minhas mãos ao tentar afastá-las do seu pescoço, porém os golpes nas costas diminuiu todo seu tempo de ação e em questão de um minuto e meio ele já estava roxo e inerte no piso do banheiro.

Sem perder tempo, o arrastei para dentro de uma das cabines, o sentando no vaso. Com pressa tirei os sapatos e subi na pia, usando o salto para soltar a beirada da saída de ventilação e então com esforço, usei tudo de mim para conseguir içar meu corpo para cima. E quando finalmente consegui, respirando pela boca estiquei a mão pela saída de ar e voltei a fechar a tampa.

Caçando a lanterna que havia deixado aqui horas antes, agradeci aos céus por ter me ajudado com este Plano B. Lutando dessa vez contra o tempo, arranquei de dentro da sacolinha de mercado o demaquilante e tirei minha maquiagem.

- Droga, droga, droga... – Repeti incontáveis vezes isso na minha mente enquanto tirava o disfarce. Segurando a lanterna na boca procurei a sacola com meu nome e a empurrei mais para frente antes de tirar a peruca, reprendendo meus cabelos o mais forte possível antes de dentro daquele cubículo me contorcer para fora do vestido. Apenas de calcinha rastejei pela ventilação até parar na próxima saída de ar. Quando tive a certeza absoluta que não estava ouvindo nenhuma voz, nem mesmo uma respiração usei o cabo da lanterna para golpear e abrir a tampa da saída de ar.

Colocando apenas a cabeça pelo lado de fora, tive a total certeza que não havia ninguém ali, chequei quatro vezes antes de deslizar pelo buraco com a sacola presa com força entre os dedos. Com um pulinho, fechei a tampa e simplesmente deslizei para dentro de uma das cabines, sentindo meu coração martelar pelo corpo inteiro enquanto vestia primeiro as calças e os sapatos sociais. Usando a bandagem para prender os seios, rezei com todas as forças que o barulho que estava vindo do banheiro feminino fosse alucinação minha.

- Procurem! – Gritou uma voz masculina. Tremendo, me apressei para fechar os botões da blusa social e vestir o terno. – Ela não deve ter ido longe, procurem seus inúteis. – Disse a mesma voz, do lado de fora do banheiro masculino, porém eu a ouvia como se estivesse dizendo diretamente em meu ouvido.

Penteando a peruca com os dedos, fiz o meu melhor para que ficasse o mais apresentável possível. Por fim, apenas peguei a pouca maquiagem que precisava e dei o meu melhor para adicionar alguns traços masculinos em meu rosto.

- Ela não deve ter conseguido fugir, olhem por tudo!

E no mesmo instante ouvi a porta do banheiro masculino se abrir. Sentindo meu sangue parar de fluir, escondi as coisas atrás da privada a medida que as portas das cabines do lado eram abertas com brusquidão. E quando a porta da cabine ao lado bateu contra a parede divisória, apertei a descarga e abri a porta da minha cabine, saindo de lá enquanto fingia arrumar a camisa para dentro da calça.

- Se eu fosse você não usava essa cabine amigo. – Disse enquanto dava um tapinha na barriga e passava uma água nas mãos.

- Você viu alguma mulher aqui dentro? – Ele perguntou e me entortei a cabeça como se não tivesse entendido o que ele havia falado. – Alguma mulher entrou aqui?

- Se entrou espero que ela não tenha ouvido eu me espremer na privada. – Disse enquanto escarrava na pia. – Mas falando bem a verdade você foi o único que vi entrar.

- Merda. – Ele disse e então saiu como um raio pela porta.

Suspirando pesadamente, agradeci a todos os deuses que pudesse me ouvir. Finalmente saindo do banheiro, encontrei metade das pessoas andando de um lado para outro, enquanto outros permaneciam parados observando tudo e a todos, e foi nesse momento que percebi que todos já receberam a notícia da morte que causei.

Era irrevogável dizer que dos que restavam no salão só estavam aqui porque eram estrangeiros em um lugar desconhecido, e dentre essas pessoas passei a procurar desesperadamente uma cabeça loira e quando tive a certeza de que Sasuke não estava ali foi que eu sai do salão de festa, mas não antes sem dar uma boa olhada em todas as pessoas que ficaram para trás e foi olhando de rosto em rosto que meus olhos se encontraram com os de uma mulher aparentemente loira, elegante em seu vestido com detalhes dourado, e então finalmente fui embora.

 

***

 

Já eram quase uma e meia da manhã, cinquenta minutos desde eu havia saído do Palladium Street e desde então Sasuke não havia dado nenhum sinal de notícia. Não era possível ele ter se atrasado para chegar até aqui, ele deveria ter saído antes que eu, ele já deveria estar aqui. Sentindo que podia muito bem ter um colapso me escorei entre as árvores de Jasmin e Cerejeira e abracei meus joelhos.

- Se Sasuke por alguma razão foi pego enquanto eu estava escondida, significa que agora, ele...ele... – Disse em voz alta para mim mesma, e inevitavelmente minha mente me levou até a noite onde Sasori foi capturado. - Isso não pode estar acontecendo de novo, Deus por favor não permita isso. – E então eu rezei, e implorei para que dessa vez qualquer divindade tivesse compaixão e atendesse meu pedido.

 

Sasuke pov’s

 

Era castigo, isso com toda certeza era algum tipo de castigo divino por todos os pecados que eu cometi e viria a cometer. Eu me sentia tão envergonhado e humilhado, que praticamente minha vontade era de me jogar na frente de algum carro ou do alto daquele prédio.

Assumindo a identidade de Verônica, uma mulher russa loira de 25 anos, precisei usar todas minhas reservas de paciência para conseguir lidar com os olhares atravessados e curiosos que vinham tanto de homens quanto de mulheres. Não era impossível de não entender os olhares que recebia, não quando havia uma loira onde de salto tem mais de 1,90m de altura, e eu sabia que muitos se perguntavam se eu realmente seria uma “mulher” ou se eu era um homem, então por causa disso eu simplesmente não conseguia trabalhar, não conseguia fazer nada sem chamar atenção daqueles a minha volta.

Minha locomoção era resumida em quatro passos minúsculos a cada quinze minutos, esperando quando seria a queda inevitável, se ela seria por torcer o pé ou se minhas pernas parariam de funcionar por não conseguirem mais sustentar meu peso. Dentre essas duas opção a que eu mais acreditava era na segunda, porque se tinha um lugar que eu nunca havia sentido tanta dor, nem quando passei dias treinando incessantemente, esse lugar era nas batatas da perna.

Sentindo que meus músculos pareciam estar sendo rasgados lentamente a cada minuto que passava em pé, procurei uma cadeira e finalmente me sentei. Sorrindo para todos que olhavam para mim ao conversar. Me sentindo grato, evitei suspirar em alivio quando o jantar foi anunciado e todos terem ido se servir me deixando pela primeira vez sozinho. Até este momento eu não havia me encontrado com Sakura e quando a encontrei percebi que ela observava sutilmente um grupo de três pessoas, pessoas que apenas se julgando pelo forma como agiam, sabíamos que pertenciam ao Alto Escalão dos Visards. Me levantando, contive um grunhido de dor e me esforcei para caminhar até a rosada que no momento estava morena.

- Também penso igual. – Disse logo atrás de si.

- Achou mais alguma coisa de significância? – Ela perguntou em tom casual como se estivéssemos nos conhecendo ao ter uma conversa agradável e até divertida a olhos de terceiros.

- Tem um homem de terno preto fosco. Acho que ele é um dos chefões. – Disse me lembrando de um dos homens que vieram conversar comigo, no entanto ele foi o único que se pronunciou, me confirmando que os outros homens que o acompanhava era seus seguranças ou subordinados.

- Acha? – Perguntou ela.

- Sim, o terno era claramente de alguém que tinha poder. – Falei este detalhe, preferindo não entrar no assunto dos seguranças e o porque eu achava que eram seguranças.

- Tsc, deixa eu adivinhas, intuição feminina? – Ela perguntou com um sorrisinho maroto, me fazendo trincar o maxilar de raiva ao ver que ela ainda arrumava uma maneira de vir me zombar. – Desculpa foi mais forte que eu. – Completou enquanto parava de sorrir, no entanto apenas ignorei ela e o pedido de desculpa e voltei a me misturar com a multidão.

O resto da noite estava tranquilo, eu não havia me encontrado mais com a Sakura e não havia encontrado nenhum outro suspeito em potencial. Eu não havia notado quando as coisas começaram a ficar estranhas até que realmente tudo aconteceu. De um momento para outro homens começaram a correr de um lugar para outro, como se procurasse algo ou alguém, e então foi anunciado que um homem chamado Erick fora assassinado por uma agente da CORPU’s no banheiro feminino.

Eu nem precisei prestar atenção no resto para saber que a mulher em questão que estavam procurando era a Sakura. Fingindo choque como todos os demais, esperei o momento certo para dar o fora dali como havíamos combinado, porém todas as saídas foram bloqueadas até a procura por ela se encerrar. Puxando a manga do vestido para cima, olhei discretamente o relógio e fiquei aguardando até as portas de saída se abrirem, coisa que eu sabia que não demoraria muito, uma vez que muitos estavam berrando para quererem sair e salvar suas vidas de um possível ataque surpresa caso o espião já tivesse escapado e ido buscar reforços.

Quinze minutos depois, as portas de saída se abriram, e exatamente como gado fugindo do abatedouro, uma fila se fez para que todos passassem pela porta. Eu era uma das pessoas misturadas ali ao meio levado cotoveladas na barriga e empurrão nas costas.

- A culpa não foi do acidente, olhe as câmeras de segurança. – Ouvi uma voz, quase como se estivesse falando comigo, olhando para os lados acabei encontrando um par de olhos azuis me encarando. – Não confie em ninguém. – Disse a mulher loira no vestido dourado e da mesma forma que ela apareceu ela também sumiu por entre a multidão.

Confuso, a ignorei e segui em frente, com toda certeza ela havia me confundido com algum dos seus subordinados. Dando aleluia por finalmente sair daquele salão, quase dei risada ao ver as pessoas se espremendo dentro dos dois elevadores principais, só segurei minha risada para não chamar atenção quando aguardei o elevador de serviço subir até o último andar e sozinho desci até o estacionamento onde utilizaria a saída lateral para finalmente escapar desse lugar e me encontrar com a Haruno no parque atrás da árvore de cerejeira e de jasmin prateado.

Quando as portas se abriram eu esperava não encontrar ninguém naquele local, no entanto havia quatro homens de terno próximo a uma das colunas que continham a identificação do estacionamento. Fingindo não ter visto eles ou a forma como me olharam segui em frente como em direção à saída, tudo que eu precisava era que nenhum deles falasse comigo, porém esses filhos da puta tinham que falar, respirando profundamente para não xingar, deixei com que assobiassem para mim quando passei próximo a eles.

- Ei gata, de onde você é? – Perguntou um. – Sabe falar inglês certo?

- Me deixem em paz. – Disse baixo, enquanto tentava andar mais rápido como uma garota faz ao pressentir perigo, porém como uma última pegadinha do universo, o salto resolveu se mostrar mole sob meu pé direito provando que a queda e a sensação de torcer o pé realmente era dolorosa ainda mais sob sons de risos. – Se machucou boneca?

- Estou bem. – Falei ao afastar suas mãos de minha cintura.

- Entra no carro que eu te levo. – Ele disse com segundas intenções nem um pouco disfarçadas ao me olhar mais de perto enquanto mascava o chiclete ruidosamente.

- Vai se foder cara. – Disse normalmente, parando de fingir uma voz de garota e o olhando diretamente nos olhos, sem esconder minha irritação.

- Puta que pariu! Você ia comer um homem. – Gritou um dos homens que estavam em seu circulo arrancando risadas escandalosas dos outros.

- Seu travesti do inferno, vou te ensinar uma lição para você nunca mais brincar de se vestir de mulher, espero que sua bunda aguente minha raiva.

Eu até queria evitar lutar e ir embora, mas sabia que isso não ia acontecer desde o momento em que os encontrei ao sair do elevador. Se eu estivesse vestido de homem então talvez eles teriam vindo um de cada vez, mas por alguma razão, por serem covardes ou caras metidos a machões os quatro vieram de uma vez. O primeiro golpe foi fácil de desviar, contra atacando para acabar aquilo de uma vez por todas, o primeiro que eu acertei fiz questão de atingir a região entre os olhos e o topo do nariz, uma região que doía como um inferno e tirava sangue e lágrimas no mesmo instante ao quebrar o nariz.

Os outros três ao me atacarem ao mesmo tempo, sabiam que meu ponto fraco era o salto alto. Com um chute atrás do joelho voltei a me desequilibrar e cai sobre eles, jogando o sapato para longe, senti a peruca ser puxada pelo infeliz que achou que era cabelo de verdade e saltando sobre si o levei ao chão e passei a desferir socos contra si até alguém puxar a barra do vestido com força e me afastar.

O gosto ferroso de sangue invadiu minha boca com força quando uma bicuda acertou meu supercilio. Levemente zonzo e completamente furioso rasguei o vestido longo o transformando em um vestido curto e então passei a lutar sério ao agarrar a gravata do mais próximo e o girar até ele bater contra o pilar de concreto ganhando tempo até avançar contra o último e lhe chutar o estômago com toda a força que tinha.

- Caras como vocês gostam de assediar e bater em mulheres ou homossexuais, tenho certeza que eu não fui o primeiro. – Disse ao me aproximar do mesmo homem que falou comigo quando passei por eles. – Vocês só não esperavam que um dia alguma vítima pudesse vir a revidar.

- Vai para o inferno. – Ele disse cuspindo em mim, e em raiva agarrei seu pescoço e o empurrei contra o concreto, arrancando o lenço do seu terno e limpando o sangue que escorria pelo meu rosto antes de limpar o local onde ele cuspiu.

- Se eu descobrir ou ver vocês fazendo isso de novo, eu vou matar vocês. – Disse me aproximando do seu rosto, o olhando diretamente nos olhos, e então o apaguei, garantindo que quando ele acordasse e olhasse o olho roxo bônus que deixei, ele se lembrasse de mim e da minha promessa.

Cansado e com dor, retirei os sapatos dele e o vesti. A peruca eu até tinha o conhecimento que ela parecia um ninho de passarinho e que estava torta, porém mesmo que tentasse nunca que eu conseguiria ajeitar ela então apenas liguei o foda-se e sai daquele prédio, caminhando apressadamente até a rua lateral onde me levava até a avenida de trás e lá chamei um táxi. Assim que o senhor encostou o táxi e eu entrei procurei pelo dinheiro e pelo endereço no fundo falso do vestido e só então lembrei que ele havia ficado na barra onde o vestido foi rasgado. Gritando palavrões mentalmente, pedi desculpas e sai do táxi.

Voltar para o prédio e pegar aquilo que havia deixado para trás esta completamente fora da possibilidade. Agora lá estava eu, perdido, cansado e atrasado. Sakura iria me matar quando eu a encontrasse. Sem nenhuma sombra de dúvida ela iria gritar comigo enquanto usava algumas de suas promessas de violência caso eu provocasse Midnight ou entrasse no seu quarto.

Suspirando olhei o relógio e vi que era uma hora da manhã quando finalmente cheguei ao parque. Me sentindo apenas o bagaço, comecei a me preparar psicologicamente pelos sermões quando avistei as duas árvores e já comecei a me justificar no momento em que pulei as cercas.

- Eu sei que estou muito atrasado, mas tenho minhas justificativas, então antes de você me bater e gritar me deixe... – Parei de falar quando dei a volta por trás das arvores e encontrei Sakura sentada no chão com a cabeça entre os joelhos e as mãos sob a cabeça. Quando ela notou minha presença e olhou para o lado, seu rosto estava pálido e cansado.

- Você... – Ela começou enquanto se levantava e me preparei para os palavrões. – Está vivo. – Ela disse então muito diferente do que eu estava esperando ela me abraçou apertado, colando seu corpo contra o meu, apertando meus ombros e meus braços como se realmente quisesse se certificar de que eu respirava e estava ali. – Eu achei que te descobriram e te pegaram. – Ela disse ao se afastar um pouco para olhar meu rosto. – Eles te machucaram, você está sangrando.

- Eu estou bem, te explico tudo no hotel. – Disse devagar e piscando algumas vezes, tentando acreditar se aquilo estava acontecendo mesmo e se aquela era realmente a Sakura e por isso tirei sua peruca e soltei seus cabelos, confirmando realmente que Sakura se escondia por baixo daquele disfarce de homem.

- Nunca mais faça isso. – Ela começou a falar e talvez por impressão minha seus olhos começaram a ficar mais brilhantes. – Eu nunca mais quero viver a dor de ter um amigo e parceiro de equipe pego e morto. – Suas mãos deslizavam pelo meu rosto, e seu rosto transmitia dor, ao me olhar profundamente nos olhos. Sem qualquer reação apenas a mantive presa entre meus braços, a segurando em um abraço inesperado, porém confortável. E nesse momento tive a impressão que as arvores do nosso lado dançavam em harmonia com a brisa do vento, espalhando flores por todo o local. – Eles realmente machucaram você, nunca mais deixem alguém te machucar. – Disse ela por fim, me abraçando uma última vez, e quando seu rosto voltou a se separar e nossos olhos se encontraram ela acariciou minha bochecha e a partir desse ponto não sei dizer ao certo o que se passou na minha cabeça ao vê-la sob as copas de cerejeira, mas um segundo depois nossas bocas se encontraram com força. Um beijo muito diferente daquele que eu a dei em nossa primeira missão. Ansioso, pedi passagem para a língua e assim que ela cedeu e nossas línguas se encontraram não tivemos pressa em explorar a boca um do outro, memorizando aquele momento por saber que talvez aquilo nunca mais voltasse a se repetir. E quando nenhum de nós aguentava mais a falta de ar interrompemos o beijo e nos separamos.

- Talvez se nós dois não estivéssemos no meio de uma missão e a situação fosse outra, provavelmente eu iria te escorar entre essas árvores e te faria minha até a última folha cair. – Disse para si e só nesse momento ela percebeu que minha masculinidade estava dura contra seu quadril e que eu me controlava para não dar um passo maior que esse. Certo de que dessa vez iria levar pelo menos um tapa, voltei a me surpreender quando vi seu sorriso indecifrável acompanhado de um tapinha em meu ombro.

Sem dizer mais nada um para o outro, ela pediu um táxi e então voltamos para o hotel. Com apenas um band-aid sobre meu machucado, nenhum de nós ousou lidar com nada a respeito dessa missão ou o que acabara de acontecer entre nós pelo resto da noite, e mesmo sem dizer nada, sabíamos que teríamos que conversar no dia seguinte sobre tudo que aconteceu, pelo menos na teoria. Ao contrário de Sakura eu não tinha muito o que perder, e pelo bem da equipe não saberia dizer se o correto seria tocar nesse assunto ou esquecer que isso aconteceu um dia, e independentemente da resposta, isso era algo que eu deveria esperar Sakura dar o primeiro passo, uma vez que nesse exato momento a rosada tinha suas próprias batalhas internas para enfrentar.

 

 


Notas Finais


Oiii gente, acho que muitos de vocês já estão off e resolvi postar agora porque não teria tempo amanhã ><

Antes de falar sobre o capitulo vou comentar sobre a "votação" que pedi no cap passado, praticamente deu empate entre as pessoas que querem duas vezes na semana e quem quer apenas no domingo, da mesma forma que teve pessoas que pediram para eu postar conforme meu tempo livre. E pensando bem acho que vou postar conforme terei tempo livre mesmo, dessa forma pode ser que tenha um cap por semana (que ai fica aos domingos mesmo), pode ser que tenha dois, ou quem sabe três...
Enfim, vamos ver o que o futuro vai me deixar fazer hahaha

Sobre o cap, espero que tenham gostado.
Esse é um dos maiores capitulos que escrevi até hoje na minha vida como "escritora", e eu avisei que estava levando a sério sobre diminuir o numero de capitulo e aumentar cada capitulo, tanto que esta vindo por ai capitulos com 6, 5, 4 (...) mil palavras pela frente, então espero que tenha fica bom/interessante, e que a leitura não tenha ficado morbida, e se ficou POR FAVOR ME AVISE que irei procurar corrigir isso.

Por enquanto acho que é isso, obrigada pessoal por todo o apoio.

Alias,
EU AINDA VOU RESPONDER OS COMENTÁRIOS. Muito obrigada por todos eles, realmente cada um me anima e me da forças para continuar.

VOCÊS SÃO A RAZÃO PARA TUDO ISSO ♥


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