História No Laws - Halloween Party

"Sei que às vezes podemos perder de vista a esperança
Eu sei que você não hesita muitas vezes, quando o faz, você cresce
Eu sei que a vida pode fazer você se perder como sua bússola quebrada
Um navio à deriva no mar, oh, estou apenas tentando ser sua corda... oh
E eu não acho que eles realmente sabem de todo resto
Todo dia é sexta-feira, então o seu calendário é irrelevante."
-- Atlantis, Bridgit Mendler

A atmosfera daquele galpão era pesada por conta de todas aquelas luzes púrpuras e entorpecentes, toda a névoa de maconha e o cheiro de outras drogas.
Mas para qualquer um que não estivesse chapado, aquele ambiente seria perturbador.
E graças a Josh, eu estava muito chapada.
Todos aqueles rostos escondidos por máscaras ou maquiavélico extravagantes faziam jus ao cenário obscuro. Os candelabros eram abóboras com os rostos moldados.
Caveiras e outras imagens psicodélicas também faziam parte da decoração da festa, espalhando-se por todas as paredes.
A festa não havia começado há muito tempo, mas os lábios de Josh estavam amargos como vodka pura. Ainda assim, eu não conseguia parar de beija-los.
Ele nos serviu outra rodada de cerveja. Depois tirou alguns cigarros de maconha do bolso. Mas eu queria me manter de pé para pelo menos falar com Aidan e parabenliza-lo pela festa.
"Tudo bem, vamos procurar aquele garoto travesso."
"Está falando do seu amigo?" indagou Josh. "Aquele que está beijando aquele cara?" Ele apontou, e meus olhos seguiram seu dedo até encontrarem Aidan entrelaçado a um cara alto e muito esbelto.
Ele tinha bom gosto, diferente de Emma. Lembro-me de ele sempre  conseguir os melhores namorados.
Emma e eu sempre tivemos inveja dele nesse quesito.
Josh e eu caminhamos ao seu encontro. Nossas mãos, entrelaçadas o tempo todo. Ele poderia estar tendo milhares de  sentimentos diferentes, mas parecia que eu estava apenas segurando alguém para me levar para casa a salvo.
Aidan arregalou os olhos assim que me viu.
"Você está maravilhosa, Alerquina!" Exclamou ele, tocando meus cabelos azuis e cor de rosa pintados temporariamente por tinta spray.
"Obrigada, Capitão América?"
"A Marvel é a melhor!"
"Nerd", digo, após um pigarro. "Não vai me apresentar seu amigo?"
"Este é Chandler. Chan, estes são Poly e Josh."
"É um prazer conhecê-los. E Poly, você é ainda mais  bonita do que o Aidan descreveu."
"Obrigada, Chandler", agradeço modestamente.
"Porque não vai pegar uma bebida, Chance?" Diz Aidan.
"Claro, querido. O que vão querer?"
"Qualquer coisa pra mim" murmuro.
"Pra mim também, menos cerveja."
    Chandler deu as costas e perdeu-se dentre toda aquela multidão e luzes, obviamente  rumando para a enorme mesa de bebidas. Eu ainda não conseguia acreditar como haviam conseguido todas aquelas bebidas apenas com alguns dólares de cada adolescente e tão pouco tempo.
"Parabéns pela festa, Aidan. Fizeram um trabalho incrível com o pouco tempo que tiveram."
"Agradeça ao time da escola, aos nerds, ao clube de debate e ao clube de matemática."
"Vou arranjar algum tempo pra agradecer a toda a escola."
    Ele ri.
"Mas parece que alguém não está se divertindo tanto assim..." Ele olha para Josh, que tecla algo no celular. "Josh, o que está achando da festa?" Pergunta Aidan.
"Ah, Legal. Poly, eu preciso ir lá fora fazer uma ligação."
"Tudo bem." Dou de ombros. "Me encontra aqui, beleza?"
    Ele assente, e então misutura-se à toda a multidão.
"Então, há quanto tempo está saindo com o Chan e por que não me contou?"
"Faz pouco mais de um mês. Eu iria contar, mas as coisas estão meio tensas desde que a Emma sumiu. Achei que fosse melhor deixar pra outro momento."
"Aidan, eu também quero muito que a encontrem. Mas a Emma, onde quer que ela esteja, gostaria que continuássemos com nossas vidas."
"Eu sei. É só... É difícil se superar."
    Seguro sua mão.
"Algum dia chegará o desfecho desta história. Espero que o destino não nos sacaneie."
"Eu também."
      Chandler irrompe com as nossas bebidas.
"Poly, eu trouxe licor de menta pra você. Espero que não se importe."
"Não, imagina. Licor está bom. Obrigada, Chandler."
    O copo descartavel de 500 mlm era pouco para minha sede de álcool. Talvez eu precisasse da garrafa toda. Ou talvez de algo mais pesado.
"Garotos, eu acho que vou ao banheiro banheiro e depois procurar por Josh. Ele está demorando. Divirtam-se."
     Passei espremida entre as costas de duas garotas. E não foi diferente pelo resto do caminho. O banheiro improvisado do galpão  fedia a vômito e urina mesmo a vários metros de distância. A fila estava quilométrica, também.
Decidi poupar-me da espera e do constrangimento. Fui direto à procura de Josh.
Alguém havia esquecido uma pílula na mesa das bebidas. Tomei-a com a vodka, e corri para a saída do galpão com a garganta queimando.
A rua estava deserta. Havia tornado-se um estacionamento improvisado. O carro de Josh estava do lado oposto do galpão. Mas ele, não.
Numa vista longínqua, luzes do que parecia ser um bar, brilhavam. Decidi ir até lá, após ligar para Josh várias vezes, é cair na caixa postal.
Era realmente longe, mas não tanto quanto minha casa.
Eu precisava encontrar Josh.
Era uma das manhã e eu começava a sentir frio. Aquela fantasia era fina e curta  demais.
Senti calafrios ao ultrapassar algumas casas cujas luzes se encontravam todas apagadas.
Famílias felizes deveriam viver ali. Aquele bairro era de padrão médio. As casas, grandes e confortáveis. Contudo, algumas ruas já não eram tão bem iluminadas quanto as outras.
Eu estava começando a ficar assustada. Uma garota irrompeu na rua escura. Comecei a andar mas rápido para alcança-la. Se ela fosse de perto, talvez soubesse algum caminho mais rápido para o bar.
Quase tive um ataque cardíaco quando a garota olhou para mim. Aqueles olhos familiares, aquele rosto tão amigável que eu havia esperado tanto para ver.
"Emma, o que está fazendo aqui?"
     Ela me respondeu com um sorriso de orelha a orelha. Seu sorriso lindo de felicidade. Ela estava feliz, vestida com um vestido preto de festa. Os cabelos arrumados, os lábios pintados de roxo.
"Para onde você vai? Eu estou numa festa. Por que não vem comigo?"
     Ela apenas sorria. Nenhuma palavra saía de seus lábios cor de uva.
Eu não conseguia entender por que ela não  estava falando comigo. Mas aos poucos sua imagem se dissipou como uma nuvem, e então percebi que havia sido apenas uma miragem.
Emma não estava ali.
"Emma!!!" As lágrimas saem junto com o grito. 
Eu não estava bem melhor do que antes.  Eu ainda sentia sua falta do mesmo jeito. Talvez um pouco mais depois de sua falsa aparição. Aquela miragem me fez perceber o quanto a vontade de recuperar minha amiga crescia.
"Emma, eu prometo que irei me encontra-la. Eu prometo."
"Poly, com quem está falando?"
"Josh? Onde você estava?"
"Eu estava lá dentro. Voltei pra procurar você, e o Aidan disse que havia ido ao banheiro. Você está bem?"
"Sim, estou." Minto eu. Minha cabeça começava a girar.
Josh põe o braço em volta do meu ombro. Seguro sua mão com a minha, gélida.
"Poly, tem certeza que está bem?"
       Ele me olha nos olhos, mas minha visão já está muito embassada.
"O que você tomou?"
"Uma... pílula... É... Por que não voltamos para para a fes..."

Era tarde demais. Meu corpo por pouco não veio ao chão, eu senti as mãos firmes de Joshua me trazendo para os seus braços, as pessoas gritando e a música tão distantes... Tudo começou a ficar dez vezes mais alto e eu perdia a consciência do que sequer eu estava fazendo ali... eu precisava encontrar...


*  *  *


Algumas batidas de pálpebras e uma pequena e fosca luz invadiu minha embassada visão. Franzi o cenho não reconhecendo aqueles lençóis ou aquele quarto que parecia ser o mais impecável que eu sonhei um dia botar os pés. 
Me sentei lentamente sobre a enorme king size de lençóis branco pastel e travesseiros aos montes, aquele aconchegante edredom... o que diabos? Eu morri? Uma overdose me trouxe ao paraíso... é a única explicação plausível no momento. 
Olhei para o lindo criado mudo de madeira pura, escura e polida. Onde o abajur descansava sobre. Então ainda era noite...Sua escuridão entrava pela janela e dominava grande parte do quarto. Havia um pequeno despertador ao lado da luminária de detalhes dourados e pano e porcelana desenhada, um porta retratos virado para baixo, minha enorme curiosidade gritou na parte de trás da minha cabeça, me fazendo morder o lábio. 
Virei o objeto, seu vidro caindo aos pedaços sobre a madeira negra, encontrei uma foto de um senhor e dois jovens...apertei os olhos e limpei o pó acumulado na imagem. Meus olhos quase saltaram pra fora da órbita e eu senti meu coração dar um soco no meu estômago. Eram Mark e Josh... e provavelmente o pai de Mark... oh meu deus!
Olhei em volta mais uma vez e pousei o olhar na antiga foto mais uma vez. Eles estavam segurando lindos discos de vinil, Mark não parecia o psicopata que é hoje. Uma pequena parte dentro de mim se sentiu tocada por isso. Mas eu estava gelada demais para deixar esse sentimento crescer, aos poucos a chama se apagou e eu me senti entorpecida mais uma vez. 
A porta se abriu calma porém rapidamente, revelando um Josh ligeiramente surpreso e cansado. Ele segurava um copo d'água e um comprimido em cada mão. Só então percebi que meu semblante era de pura amargura e raiva...
Coloquei o porta retratos de volta no lugar e deixei minhas mãos caírem entre minhas pernas cobertas pelo cobertor de cor escura e encarei Josh mordendo a parte interna de minha bochecha. 
"Por que me trouxe aqui?" Perguntei de forma calma, quieta e ácida. Ele se sentou na beirada da cama e me estendeu o copo e o remédio, só então eu me dei conta da torturante enxaqueca que eu sentia. Tomei a pílula sem questionar e coloquei o copo no criado mudo ao meu lado. 
"Está segura aqui." Ele disse e eu franzi o cenho soltando um riso em zombação. 
"Eu estaria melhor na rua, estirada no asfalto." Falei cruzando os braços e desviando o olhar, virei o rosto e balancei a cabeça, ele não podia estar falando sério. Minha cabeça parecia que ia explodir e virar festim.
Ele abaixou a cabeça e suspirou. Franzi o cenho levemente irritada e voltei meu olhar para ele.
"Você só pode estar tirando com a minha cara, né?" Perguntei sentindo meu coração acelerar e o sangue ferver. "Quer dizer, o que porra significa tudo isso?! Eu estou segura aqui? Como Joshua?" Me inclinei e fiz uma pequena pausa, vi seus lábios se separando, prontos para dizer algo que só me deixaria mais confusa e irritada. "Vai me manter presa aqui também?! O velhote vai ajudar a cobrir, não é? Onde vão enterrar meu corpo? Que tal no jardim ou quem sabe jogar meus pedacinhos no rio?!" Eu estava gritando agora, batendo o punho contra o colchão, ajoelhada na frente do mais velho. "Me diga, Josh! Foi isso que o Mark fez com a Emma não foi?!"
Nossos rostos estavam tão próximos, eu podia quase sentir sua respiração tocar minha pele e seu hálito de álcool e cannabis preencher minhas narinas. Nossos olhos se encontraram e ele tinha névoa no olhar, uma fumaça amarga e triste como a que preenchia meu coração. 
Ele segurou minha nuca de forma bruta e carinhosa ao mesmo tempo, juntando nossos lábios. Ele me empurrou contra a cama sem interromper o beijo, suas mãos ágeis tiraram o cobertor de cima de meu corpo e ele se encaixou entre minhas pernas, beijando e chupando meu pescoço.
"J-Josh?!" Murmurei entre gemidos sentindo seus lábios descendo pelo meu decote. Em tão pouco tempo já estávamos nus em busca de cada vez mais prazer.
O suor escorria por nossa pele enquanto ele se movimentava, sim, minha mente ficará nublada e nós gememos em uníssono quando viemos ao ápice. Seu corpo pesou sobre o meu e eu o abracei ofegante. 
Meus olhos vidrados no teto escuro, minha mente aos poucos voltando à realidade. Eu precisava fazer algo... eu iria encontrar Emma sozinha. 
Meus olhos se fecharam lentamente e eu deixei meu corpo descansar ao lado de Josh no seu abraço. Lembro de sentir seus dedos em meus cabelos, então tudo apagou novamente.