História No Ordinary Love - Reescrita - Pedro, o babaca

Nicholas | 16 anos

Rafael me contou como é a escola, como funciona o horário, o intervalo, as aulas e até sobre os alunos! Disse que a sala tem três grupinhos. Os meninos que estão sempre energizados na sala, sempre fazendo piadinhas e interagindo com todos da sala; com o Antônio, Andrew, Saphira, Arthur, Caio, Dara, Higor e Theodoro.

-Eles não param de falar, são engraçados, mas às vezes me dão no nervo. – disse, dando um sorrisinho no final.

-Também tem o grupinho do Brian, com a Mara e o Louie. Eles são metidinhos, arrogantes, gente que você não quer ter por perto, vai por mim. – Guilhermo disse, enquanto fazia carinho nos cabelos de Rafael, que estava com a cabeça no colo do outro.

-E o Christopher, Jolu...? – perguntei meio ansioso.

-Calma que eu chego lá – Rafael disse – agora vem o grupinho do Christopher, os babacas, como nós diríamos. Com o Gabriel, João Lucas, Pedro, Michael, Edward e Lokine. Antes de eles serem babacas, o Oliver andava com eles.

-E agora o nosso grupinho, eu, o Guilhermo, Philip, Oliver e o Augusto, que vive faltando. – revirou os olhos – E então? Quer ficar conosco?

-Claro! – concordei, dando um sorriso.

-Nico, me acompanha até o bebedouro? – Oliver chamou e eu me levantei, cedendo o pedido do garoto.

Quando chegamos lá, vi o garoto de vermelho, Philip. Estranho, se ele está no grupinho do Rafael, então por que não anda com o mesmo? Estava sozinho ao invés disso. Seu rosto azul se tornou amarelo assim que viu Oliver, mas logo perdeu toda sua cor mais uma vez, ainda quieto.

-Oliver, o que tem de errado com o Philip? – perguntei, abaixando as sobrancelhas.

-Philip? – engoliu a água – Ah, nós falamos sobre ele depois, pode ser?

-Certo... – respondi, mas aquilo me deixou pensativo. Qual o problema?

Christopher | 16 anos

Os meninos decidiram ir jogar futebol na quadra, uma vez que não temos nada para fazermos, então nos dividimos em dois times de três e começamos o jogo. O qual não durou muito, pois a inspetora de corredor veio nos dar bronca, dizendo que não era hora de jogar futebol, que tinham outras salas em aula e etc.

-Que babaca. – Gabriel debochou.

-Sim, mas acho nós obedecermos e ficarmos no nosso canto. – Edward disse, mas logo começou a rir e os meninos foram para perto da cantina e do refeitório, onde ninguém estaria no momento.

Ao chegarmos, eles se arrumaram para começar o jogo mais uma vez, mas minha atenção foi tirada pela visão de Nicholas, que estava ali por perto da cantina.

-Qual é, Chris? Vai jogar não? – Pedro me atormentou – Ah, é o garoto novo? Como vamos “brincar” com ele?

-Não, não sei. – respondi, ainda com a mente em outro planeta – podem jogar aí, acho que não vou jogar agora.

-Ok, então, esquisito. – Pedro rebateu e os meninos riram, me fazendo revirar os olhos. Sentei numa mesa ali perto e tentei assistir o jogo deles, porém minha mente se manteve muito distraída pensando em Nicholas.

Logo a inspetora nos achou novamente, dando bronca no Pedro e levando-o para a sala da diretora. Assim que ele voltou – demorando uns dez minutos – ele disse que havia levado uma pequena detenção de uma hora depois da aula de hoje.

-Vocês viram com quem o menino novo tem andado? – Pedro falou, assim que terminou de falar sobre sua detenção. – Vi agora quando estava saindo da sala da diretora, passando perto de mim.

-Oh, Deus... – Jolu colocou a mão sobre o rosto.

-Fala logo, Pedro. – mandei.

-Nossa, tá estressado? Ele está com o Oliver, – continuou, fazendo Edward revirar os olhos – Rafael e Guilhermo! – riu, seguido dos outros.

-Pedro, no que você está pensando? – imaginei o pior.

-Acalme-se, Senhor Christopher... – ele zombou de mim, fazendo um tom dramático – Eu não vou matar ninguém! – riu.

Não sei como me sinto exatamente com essa história, tem me dado dor de cabeça, para ser honesto. Nunca quis essa história de ser “fodões”. Só por que nós jogamos futebol? O Pedro é maluco. E idiota. O menino que entrou na sala no segundo semestre do ano passado teve que mudar de escola por causa das brincadeiras de mau gosto do Pedro. Mas parece que eu preciso seguir essa linha, ou então eu não sou mais legal, de acordo com eles. Não concordo. Eles gostam de uma coisa enquanto eu gosto de outra, às vezes nem sei mais por que ando com eles. Conheço Pedro faz muito tempo, sim, porém eu não posso o deixar controlar minha vida. Agora estou mais confuso ainda. Pensar em tantas possibilidades dá dor de cabeça. Penso em Nicholas. Quero conhecê-lo, não tive a oportunidade de conhecer o menino novato do ano passado antes que ele fosse embora da escola. Sinto-me culpado por “acompanhar” o que os meninos fizeram. E me senti mais culpado ainda quando meu melhor amigo me disse que eu estava sendo um idiota por não apoiar ele. Brigamos feio durante as férias, quase nem aproveitei o período fora da escola com esse garoto falando na minha cabeça. Já entendi, Pedro. Só para que ele não pegue no meu pé, ficarei quieto quando ele fizer algo e só concordarei. Mas não sei por quanto tempo vai permanecer desse jeito.

Oliver | 16 anos

-E então, meu tio se trancou no quarto chorando por não ter pavê na noite de Natal! – Nicholas riu, terminando de contar sua história, fazendo nós todos rir. Logo fomos interrompidos por Philip.

-Ei, Oliver, posso falar com você? – pediu e eu assenti, seguindo-o em seguida. Ele nos levou até perto da escadaria e estava com receio de falar, mas respirou fundo – Você está... Bravo comigo ou algo do tipo?

-Philip... É claro que não, não seja bobo. – respondi, abaixando as sobrancelhas.

-Você se afastou, parece não querer mais saber de mim, tão frio para mim.

-Mas Philip, que história é essa? Você sabe que eu me “afastei” pelo seu bem. Pelo nosso bem. – coloquei minha mão sobre seu ombro.

-Nunca imaginei que algo tão ruim seria para o meu bem... – suspirou e então saiu de perto, deixando-me ir até os meninos. Nicholas me encara, confuso. Com isso, o sinal bateu.

Animo-me, História é uma das minhas matérias favoritas. Fomos para a sala e logo o professor entrou, se introduzindo aos alunos conhecidos e então notou a presença de Nicholas, fazendo ele se apresentar para a sala. Faz um comentário engraçado e a sala reage bem, posso até ver Christopher encarando Nicholas. Estou com medo de que ele faça alguma merda para o menino novo, seria ridículo. Mas até agora ele não disse nada nem agiu diferente, tenho medo mais ainda dele estar planejando algo totalmente diferente e horrível. Tudo bem, aquele grupinho só começou a agir como cuzões da metade do ano passado até agora. Foi aí que eu tive que me separar de Philip. Antes de chegar à sala, passamos no banheiro e lá contei para Nicholas o que aconteceu com Philip. Sua história é tão triste; perdeu os pais e veio para essa cidade com os tios que sempre o tratavam mal. Conheci ele ainda com dez anos e ano passado, ainda no começo, começamos a namorar. Mas durou pouco, uma vez que nos separamos por causa da babaquice do grupinho do Pedro. Digo Pedro, pois o Christopher não entrou de cabeça nessa ideia, para falar a verdade. Penso muito em Philip, nas canções que cantávamos e as que eu cantava para que ele ficasse bem.

Luzes te guiarão para a casa

E incendiarão seus ossos

E eu tentarei te consertar.

E às vezes eu penso, por que teve que acabar? Não sei se fiz mesmo a coisa certa. Sei que fiz o garoto sofrer e isso tem me feito sofrer também. Eu gosto muito dele, mas eu não quero exatamente voltar com o mesmo. Quero que ele me perdoe, não quero que ele seja esse menino azul que se veste de vermelho para se disfarçar.