História No primeiro sorriso - Capítulo 3

Duas semanas depois..

E aqui estou de novo, presa no trânsito, com fome e cansaço. A única coisa que eu quero é um banho e uma camiseta larga e deitar na minha cama e dormir como se não houvesse amanhã. Mas não, estou indo encontrar o Keita e Hi Na para fazer um trabalho. O sinal abre, eu sinto um pouco de vergonha quando fico no sinal, porque o vidro do meu carro é transparente. Então, provavelmente todo mundo me ver cantando e jogando a cabeça quando toca um rock roll, na hora eu nem ligo. Porém, é bizarro você olhar pro lado é ter um cara de bunda  encarando você.

Eu marquei com eles num parque, agora não tem quase ninguém. Começa a tocar Thinkin Bout You do Frank Ocean, e vou ficar no carro só mais um pouquinho,  para escutar essa música. Me encosto na cadeira, e fecho os olhos e sinto o cansaço me dominar,  consigo forças e abro os olhos e fico observando um grupo de amigos passar. A música acaba, agora começa a tocar feels Like Trouble do Technicolors. Nisso me animo e pego o meu sapato de salto alto vermelho e calço. Desligo o carro, vou até o banco de trás pegar minha pasta de apostilas. Tranco o carro e vou até uma cadeira que tem uma mesa que fica do lado de uma quadra de basquete.

Me sento, me arrependo um pouco de ter escolhido um vestido estampando de manguá e salto ao invés do bom e velho all star. Mas enfim, agora tenho que atura. Pra mim sair um pouco do tédio pego o livro do Senhor dos Anéis, A Sociedade do Anel, um livro que eu nunca consigo terminar de ler,  e prometi pra mim mesma que eu ia termina de ler esse ano, pelo menos.

  -Oi – Me viro pra olhar quem me cumprimenta, me surpreendo por ver que é o cara que eu fiquei na balada a uns dias atrás. Ele senta do meu lado, está de calça de moletom preta, uma blusa branca enorme de baixo de um moletom de capuz  preto que tinha o símbolo de  paz e amor pela metade e um chapéu preto.

-Ooi – Digo um pouco tímida com a situação, nunca imaginei encontrar com ele de novo ou que ele fosse vim falar comigo.

-Parece que os nossos caminhos estão sempre se cruzando – Ele diz, e eu fico com uma interrogação na minha cabeça,  quando a gente se cruzou?  Será que eu estava sem óculos ? óbvio que eu estava sem óculos, eu só uso ele pra dirigir e assistir aula. Ou talvez eu estava com os meus amigos, quando eu estou com alguém nem reparo nas pessoas ao redor. É, deve ser isso.

-Você está sozinha ?- Ele me pergunta.

-É, sim. na verdade eu estou esperando uns amigos para gente fazer um trabalho. – digo tirando os meus óculos.

-Teria problema se eu te convidasse para tomar um café ? Eu vi uma cafeteria ali e acho que ela é boa.. – Ele diz olhando pro chão, mas quando chega na parte do ‘boa’ ela me olha.

-É, pode ser. – Digo. Ele me ajuda com a pasta e vamos caminhando.

-A cafeteria é muito longe ou da pra gente ir andando? - Pergunto.

-Da pra ir andando é bem ali, olha – ele diz apontando para o local e consigo ver mesas do lado de fora.

-Você espera eu levar essa pasta pro meu carro ? - Pergunto. Não to afim de ficar com um monte de tralha lá.

-Claro, onde está o seu carro ? - Ele me pergunta.

-Acho que é esse que está aí atrás de você – Digo apontando para o Sedan prateado atrás dele. Ele ri e sai do caminho para mim abrir porta, coloco a pasta lá dentro e pego só a minha carteira e o celular e tranco o carro. Caminhamos em silêncio, e eu me pergunto por que eu aceitei. Sobre o que a gente vai conversar ?

-Borá ficar numa mesa lá dentro – ele diz. Nós entramos no local, um pouco pequeno mas bem aconchegante na cores mostarda e marrom. Sentamos numa mesa um pouco escondida. Pegamos o cardápio, é bem baratinho. Enquanto fico pensando no que escolher para acompanhar o café o cara da balada me faz uma pergunta.

-Você gosta de café ? Eu te chamei e nem perguntei se você gosta – Ele diz.

-Na verdade, eu amo café. – nesse momento um garçom que parecia estudante que trabalha meio-período pergunta se já sabemos o que queremos pedir.

Eu peço um café preto com açúcar e só, ele pede um café com leite e um Donald.

-Tem certeza que você só vai querer café ?Preto ? - Ele me pergunta.

-Sim, é como eu gosto. E eu nem estou com fome, só preciso de café mesmo – Digo, o que não era mentira. Sou uma viciada assumida em café, e gosto dele preto e quente feito na hora.

-Posso saber o seu nome ? - Eu pergunto a ele, to curiosa para saber. 

-Kwon. Kwon Ji Yong – Ele diz me olhando.

- O Meu é Marina, mas pode me chamar de Mari. Prazer em te conhecer – Digo estendendo a minha  mão com um sorriso. Ele aperta a minha mão e balança. Nesse momento nosso pedido chega.

-Então, onde nossos caminhos se cruzaram que eu não percebi – digo, olhando pra ele que esta mordendo o seu Donald.

-Essa é a quarta vez que eu vejo você, depois daquela festa – Ele diz agora levando o café até a sua boca.

- Quarta vez ? - Digo surpresa.

-Sim, a primeira foi num semáforo. O sinal estava fechado, acho que você estava caminhando, porque você estava com roupa de academia. Você estava com aquele seu amigo, que eu meio que conheci na balada.- ele disse se referindo ao Keita. Eu caminho de vez em quando, quando a preguiça, cansaço e trabalhos deixam. O Keita sempre topa quando eu chamo ele pra ir caminhar comigo, o que é ótimo, porque eu tenho certeza que se ele não topasse eu ia desanimar e ficar em casa vendo série.   

-E a segunda ? - Pergunto e bebo meu café que está quente e queima um pouco a minha língua.

- A Segunda foi no trânsito também. Fiquei quase meia hora do lado do seu carro. Demorei um pouco pra te reconhecer, você estava de óculos e coque. Nesse dia eu até pensei em abaixar o vidro e te chamar, mas. Apareceu uma amiga sua e você chamou ela. Então, eu desistir.

-Hum.. O trânsito é horrível aqui, ainda mais umas cinco da tarde. – Digo. Só eu sei o tanto de remédio para dor de cabeça eu já tomei por ficar horas nesses engarrafamentos. 

- A terceira vez foi numa praça, você estava deitada no chão com os seus amigos e hoje.  Como nossa despedida foi muito rápida e  a gente nem falou os nossos nomes, achei que nunca mais fosse te ver de novo. E você estava ali, do outro lado da rua. Achei que deveria dar um ‘oi’.

-Verdade, você deveria ter abaixado o vidro- Digo. Seria divertido encontrar ele assim. Meu celular começa a tocar, quando olho na tela é a Hi Na. Eu nem preciso atender, eles com certeza já estão lá me esperando.

-Eu preciso ir – Digo a ele.

-Tudo bem –ele diz com um sorriso franco.

-A gente deveria repetir isso de novo – Digo – Você se importa de a gente troca números e manter contato ou você vai espera outro engarrafamento ? - Nós dois rimos.

-Claro – Ji Yong diz, tirando o celular do bolso. Ele me dá o aparelho dele e eu dou o meu a ele. Digito o meu número e o meu nome e devolvo a ele.

-Vou espera uma mensagem sua – Digo a ele.

Na hora meu celular brilha e vibra com o aviso de nova mensagem. Uma mensagem dele.

-Pronto -  Ele diz.

Começo a rir da atitude dele, tiro umas notas de dinheiro para ajudar a pagar, mas, o Ji Yong não deixa.

-Ei, fui eu quem te convidou. Então eu pago – ele diz colocando as notas de volta na minha carteira.

-Mas eu quero pagar – Digo, tirando de novo a nota.

-Não, eu não vou aceitar – Ele diz colocando de volta o dinheiro na minha mão.

Meu celular volta a tocar de novo, o que me agonia um pouco.

-Tudo bem, você paga, dessa vez .  Porque você me convidou, só por isso.– Digo, olhando nos seus olhos.

-Tudo bem – ele diz.

Nos despedimos ali mesmo, enquanto vou caminhando de volta pro parque pego o meu celular e leio a sua mensagem:

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De: Kwon Ji Yong

Oi  ;D

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Respondo  ele:

Eu: Você quer sair semana que vem ?

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Em seguido recebo a mensagem, abro o meu carro e sento no banco de trás e leio a resposta dele.

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De: Kwon Ji Yong

O que você tem em mente ?

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Respondo na mesma hora.

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Eu : Que tal uma pizza ?

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Sua resposta não é imediata como as outras, então desisto de espera e pego a minha pasta e fecho o carro e vou ao encontro dos meu amigos. Quando sento, desligo o celular e me concentro no trabalho. A faculdade de medicina é bem ‘fácil’ no começo. A gente só estuda, basicamente teoria. Então, o trabalho é moleza.

Quando chego no meu apartamento, vou logo tomar um banho. Visto uma camiseta com o triplo do meu tamanho e só calcinha por baixo. Abro a geladeira e pego a comida que eu fiz ontem a noite. Eu mesma cozinho a minha comida, então, eu posso está na Coréia, mas, o meu cardápio ainda é brasileiro.

Depois de jantar e lavar a louça eu lembro do meu celular e o ligo. Respondo as mensagens mais recentes de grupos no WhatsApp  depois eu olho e vejo uma mensagem do Ji Yong. Decido mudar o nome de contato, não que o nome dele seja feio, é até bonito, diferente, mas é muito longo. E coloco Yong, Pensei em colocar Yong Bonitão ou algo do tipo mais desisto.

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De: Kwon Yong

Acho ótimo, mas essa semana eu vou viajar.

Pode ser daqui a uma semana ? 

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 Respondo na hora

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Eu: Claro, pra onde você vai viajar ?

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Pergunto tentando manter uma conversa,  mas converso com os meus amigos ao mesmo tempo.  Quando vejo a resposta dele eu clico e abro

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De: Kwon Yong

Japão, é uma viajem a trabalho.

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Hum.. Que legal esse emprego. Eu me lembro que ele disse que trabalhava com música, o que será que ele faz ? Compõe, produz.? Será que eu já ouvi algo dele ?

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Eu:  Que legal, Japão!  Boa viagem!

Então, Yong (Posso te chamar assim ? ) você me disse que trabalha com música, mas o que você faz especificamente ?

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O cansaço me vence e decido ver a resposta amanhã.  Nos meus sonhos eu estou numa praia com a minha família.