História No próximo eclipse - O segundo eclipse

Ele me escreveu, assim como o combinado. Começamos nos comunicando por cartas, eu gostava de ler sua bonita caligrafia, mas nossos assuntos não tardaram a se tornarem urgentes e enormes demais para o método convencional. Então partimos para os e-mails. Dongwoo me mandava e-mails todos os dias, às vezes diversos deles. Falava sobre sua vida, sobre as coisas que fazia e eu respondia um a um com um sorriso enorme no rosto. Logo percebi que a maior parte de meu tempo acordado era dedicada a isso, saber sobre o dia dele, rir das coisas que me contava e descobrir mais um pouco sobre ele.

Primeiro nos tornamos amigos, bons amigos. Amigos que compartilhavam músicas e livros. Amigos que enviavam fotos engraçadas e vídeos do Youtube. Mas, com o passar do tempo, quanto mais eu o conhecia, mais sentia que aquilo era muito mais do que uma simples amizade, até porque tudo havia começado com um beijo.

O beijo...

Várias vezes repousava meus dedos polegares sobre meus lábios e jurava ainda poder sentir a maciez dos dele. Nove meses haviam se passado e eu podia jurar já conhecê-lo bem, quase completamente, como se estivéssemos próximos a vida toda. E eu sentia sua falta, inegavelmente. Todos os dias, sonhava em vê-lo novamente e me perdia nas fotos que me mandava, analisando seu sorriso brilhante, sua alegria de viver. Era absurdamente irônico que eu tivesse me apaixonado pela pessoa mais impossível desse mundo.

E se aquele fosse o destino?

Uma noite, inclinei minha cabeça para trás e observei a brilhante lua no céu em todo o seu esplendor. Será que nossa atração natural era por sermos lua e sol? Será que nossas almas se pertenciam?

Enquanto refletia sobre coisas sem sentido e lia os onze e-mails que ele havia me mandado naquele dia, por ordem, percebi que havia um arquivo no último deles. Era um arquivo de vídeo, então coloquei meus fones de ouvido esperando por algum vídeo engraçado ou algo assim. Para minha surpresa, seu rosto tomou conta da tela do computador. Meu coração acelerou no peito e prendi minha respiração ao vê-lo daquela forma.

“Olá Jinyoung, depois de te escrever tanto hoje pensei que poderia te mandar um vídeo também. O que achou da ideia?”

- Adorei a ideia – respondi igual a um bobo sorrindo para a tela do computador.

“Se você gostou, me responda com um vídeo também, hein?” ele prosseguia falando no vídeo e eu só conseguia pensar que estava amando aquilo mais do que tudo, mas também sentia ainda mais a falta dele.

“Acho que já falamos tudo que tínhamos para falar um para o outro, então se você conhece minha mente, que tal agora conheceu o meu corpo?”

Engoli em seco ao ouvir aquilo e pausei, olhando para os lados para me certificar de que não havia ninguém me olhando. Com o coração disparado no peito, dei play novamente no vídeo e respirei fundo.

“Espero que você goste do que vai ver...” ele falou, enquanto desabotoava a camisa de manga longa branca que vestia. Meus olhos se fixaram em cada um dos botões que eram abertos sem pressa, como se ele estivesse me provocando. Quando finalmente chegou ao último, já era possível ter uma meia visão de seu peitoral, mas fiquei aguardando ansioso enquanto ele despia os ombros largos e retirava o material devagar. Aquilo era tão sexy que meu corpo estava pegando fogo e minha garganta estava seca. Quando ele finalmente tirou a camisa por completo, pausei o vídeo para analisar seu corpo... Droga, ele era muito bonito. Eu não era um tarado nem nada do tipo, mas confesso que fiquei longos minutos com o vídeo pausado, enquanto analisava detalhe por detalhe daquele corpo que eu desejava poder tocar com minhas próprias mãos algum dia.

“Que tal?” ele sorriu de forma tímida assim que dei play novamente no vídeo, embora ainda parecesse a pessoal mais sensual que eu já tinha visto na vida. Assenti com a cabeça, boquiaberto, aprovando tudo o que via.

“Se você gostou, espero que me responda com um vídeo seu fazendo a mesma coisa, hein? Vou esperar, e quem sabe não te mostre um pouco mais amanhã...”.

Engoli em seco e olhei para meu abdômen por cima da camisa... Eu não tinha um corpo bonito como o dele. E se ele perdesse a vontade de falar comigo depois daquilo? Eu também não era sedutor como ele, na verdade eu era bastante atrapalhado e sem jeito... Mas se eu não mandasse uma resposta, ele provavelmente ficaria chateado. Droga...

Fui para meu quarto e tranquei a porta, ligando minha câmera e respirando fundo. Esforcei-me muito para desabotoar meus botões da forma mais sexy possível, mas não conseguia imaginá-lo ficando quente como eu fiquei ao vê-lo... Se ele gostasse pelo menos já era mais do que o suficiente...

Sonhei com ele naquele dia. Meu primeiro sonho erótico. Sonhei com a parte que ainda não conhecia dele, a parte que eu esperava imensamente que ele me mostrasse no próximo vídeo. Agora que já tinha visto metade de seu corpo, não me contentaria em não saber como era o resto. No sonho eu o desbravava por completo, nossos corpos se envolviam em beijos e carícias molhadas, quentes, delirantes. Aquele homem estava me destruindo, me derrotando, acabando com o que restava da minha sanidade. Eu o queria tanto que meu corpo inteiro pulsava em um desejo voraz, destruidor.

Acordei na noite seguinte com o corpo quente e coberto de suor, com a sensação de tê-lo tido por completo. Eu nem mesmo saí de meu quarto como de costume, embora estivesse faminto. Avisei ao conselheiro que me atrasaria e peguei meu computador apressado, os dedos bambos. Percebi que ele havia respondido tudo em um único e longo e-mail junto com um vídeo em anexo. Cliquei nele antes mesmo de ler o que ele tinha me mandado, sôfrego por ver seu rosto novamente. Dongwoo me cumprimentou com um sorriso satisfeito no rosto e eu respirei fundo, me preparando para o que vinha.

“Olá Jinyoung, devo começar o vídeo de hoje dizendo que o que você me mandou provocou certos estragos aqui...” ele mordeu o lábio ao falar aquilo e me perguntei se ele tinha mesmo achado meu vídeo esquisito sensual... Será que ele me achava sexy? Apalpei meu abdômen por cima da camiseta do pijama e sorri.

“Você é totalmente o meu tipo, sabia?”

- E você o meu – respondi sorrindo para o computador como um bobo novamente.

“Não te disse que foi amor a primeira vista?”

Eu ainda tinha certa dificuldade em ouvir a palavra amor, mas quanto mais o conhecia, mais eu achava que o que sentíamos um pelo outro poderia ser algo assim... Amor... Meus pensamentos se perderam por um instante, até ouvi-lo dizer “vou me vingar pelo que fez comigo”.

Meu corpo esquentou automaticamente ao ouvir a palavra vingança e desejei desesperadamente que ele tirasse toda a roupa no vídeo de hoje. Não importava o quão pervertido aquilo parecesse, queria muito vê-lo por completo.

Dongwoo começou retirando a camisa ainda com mais calma do que ontem e meu corpo já pulsava. Eu sabia que ele estava me torturando por gosto e eu gostava dele ainda mais a cada minuto. Depois de exibir o peitoral novamente, ele desabotoou a calça e deixou que ela descesse devagar por suas pernas, ficando só de cueca. Apertei o olhar para o volume em sua cueca e abri a boca, pasmo. Ele era um homem e tanto...

Eu conseguia ouvir que ele estava falando algumas coisas, mas estava tão focado que era difícil entender. Dongwoo começou a abaixar a cueca devagar e eu juro que nunca tinha visto nada tão sensual em toda a minha vida. Ele era ainda melhor do que no meu sonho da noite passada, e eu mal conseguia respirar. Mordi o lábio e involuntariamente coloquei minha mão por dentro de minha cueca... Aquele homem ia acabar comigo.

Não sai do quarto naquela noite, nem mesmo quando o conselheiro bateu diversas vezes na minha porta. Revi o vídeo várias e várias vezes, analisando cada detalhe, deleitando-me com tudo o que via. Em minha mente comecei a sentir o desejo de posse, tê-lo para mim, somente para mim. Não queria dividi-lo com mais ninguém por mais absurdo que fosse, já que não podíamos nos encontrar nunca. Perdi-me tanto em pensamentos que não vi a hora passar e acabei pegando no sono antes de gravar meu vídeo para ele.

Naquele dia, tive meu segundo sonho erótico com Dongwoo. Dessa vez, por ter o visto por completo, o sonho foi ainda mais detalhado. Eu podia senti-lo de verdade, como se realmente estivéssemos nos amando. Seus lábios em meu corpo, o calor de sua pele, os dentes puxando de leve o lóbulo da minha orelha, suas unhas arranhando minhas costas... Eu suava, tremia e desfalecia em seus braços. Os sentimentos eram tão fortes, tão reais...

Abri os olhos assustados, coberto em suor como da outra vez. Olhei para os lados, tentando recuperar o fôlego e a principio não percebi nada errado. Foi só quando finalmente acordei que me dei conta de que havia sol do lado de fora... Espiei pela janela e não acreditei no que vi. Corri até o relógio mais próximo e constatei que eram duas e meia da tarde...

Eu estava acordado no meio do dia. Aquilo jamais tinha acontecido antes e definitivamente não tínhamos combinado um eclipse. O que isso significava?

Dei um salto da cama e vesti qualquer coisa que encontrei no armário, aos tropeços. Eu tinha que vê-lo, eu precisava. Sabia que aquilo era loucura e que não poderíamos ter um eclipse não combinado. Mas eu tinha acordado durante o dia pela primeira vez em nove anos... Aquilo não podia ser em vão.

E então, munido de coragem, corri para fora do palácio.