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História No próximo eclipse - After Story


Escrita por: chaootics

Notas do Autor


Eu disse, essa história ainda não terminou huehueh xD Muito obrigada pelos comentários lindos, espero que continuem gostando desse 'after story' e que tenham uma boa leitura <3

Capítulo 6 - After Story


Fanfic / Fanfiction No próximo eclipse - After Story

A guerra começou em 2093 e terminou em 2098, 5 anos de caos e destruição ao redor do mundo. Países inteiros foram completamente destruídos, milhares de pessoas morreram mutiladas, de fome, de frio e das inúmeras doenças que se alastraram. Quando o mundo havia atingido o ápice de seu desenvolvimento tecnológico, a ganância e a loucura dos poderosos nos tirou tudo e voltamos a viver como no amargo passado, onde vivíamos apenas para sobreviver.

Eu nasci em 2091, 2 anos antes do início da guerra, em Chungju, uma cidadezinha de interior na Coreia do Sul. Os 2 primeiros anos de minha vida foram regados à fartura e conforto, até que a guerra começou e minha família perdeu tudo o que tinha. Como era muito pequeno, minhas recordações de infância são todas de tempos difíceis, dor e angustia. Apenas de tudo, meus pais sempre se esforçaram para me dar o melhor que podiam.

Quando minha mãe me teve em seus braços pela primeira vez, disse que minha pele alva e minha aparência elegante a lembravam muito um de seus maiores heróis, então ela me nomeou como ele, Jinyoung. Ele tinha sido um guardião da lua há 100 anos e a história dele rodava por todo o país, até mesmo em uma pequena cidade de interior como a minha, todos a contavam como se fosse um conto de fadas e eu já a tinha ouvido tantas vezes que sabia de cor: Os antigos guardiões do sol e da lua haviam se apaixonado e seu amor foi tão grande que até mesmo morreram por ele com uma espada diretamente no coração. Não que não fosse poético e tocante, em tempos de guerra e desesperança as pessoas costumavam usá-la para se lembrarem de que existe amor de verdade no mundo. Mas eu não me interessava por ela e, sempre que diziam que minha mãe havia escolhido meu nome sabiamente, pois eu realmente parecia o guardião da lua, sentia-me incomodado. Eu não queria ser aquela pessoa.

Quando eu tinha 8 anos, a guerra já havia acabado e meu pai conseguiu um emprego em um milharal em uma cidade próxima chamada Cheongju. Todos os dias pela manhã, eu ia com ele até o ponto de ônibus vê-lo partir e, no fim da tarde, ia até lá recepciona-lo. Em uma manhã, enquanto tomávamos café, ele me perguntou se eu não gostaria de ir com ele até o milharal. Meu pai sabia que eu não era uma criança expansiva, gostava de brincar quieto dentro de casa e geralmente não me sujava – essas eram apenas algumas das características que faziam com que as pessoas dissessem que eu era elegante como o ex- guardião da lua, embora eu não visse relação – então ele dificilmente me propunha esse tipo de coisa. Mas naquela manhã, quando me convidou para ir, não pensei duas vezes.

O ônibus que nos levaria até Cheonju era velho e as estradas tinham sido parcialmente destruídas pela guerra e então boa parte ainda era de areia, viso que o processo de reconstrução demoraria algum tempo. Meu corpo sacudia no ônibus e aquela era uma sensação engraçada, pois sempre que passávamos por uma pedra ou um buraco, eu saltava no assento do ônibus. E então a viagem prosseguiu assim, até que uma enorme plantação de milhos apareceu na janela ao meu lado. Meu pai me pegou pela mão e descemos em frente a ela.

O dono do milharal era uma das poucas pessoas que tinha dinheiro naquela região, sua imensa propriedade não tinha sido atingida e ele estava fazendo muito dinheiro no ramo da venda de alimentos. Meu pai se preparou para trabalhar e me colocou nas costas, enquanto eu observava tudo com os olhos arregalados, como se estivesse vendo um mundo totalmente novo.

Não tardou para que eu descobrisse que o trabalho do meu pai não era divertido e logo os milhos já não eram mais novidade, então pedi para dar uma volta pelo local e meu pai permitiu, pedindo para que eu não fosse longe. Embrenhei-me pelo milharal e caminhei olhando para céu, quando um súbito pensamento tomou conta de minha mente: Não seria bonito se o céu fosse cor de rosa? Então desejei com todo o meu coração poder ver aquilo.

- Quem é você?

Uma voz ecoou em minha direção e arregalei os olhos, olhando para os lados. Vi um garoto, que parecia ter a mesma idade do que eu, sentado nos fundos de uma enorme casa. Ele me encarava com certa curiosidade e havia um sorriso em seus lábios.

- Eu sou Jinyoung – respondi sem jeito.

- Jinyoung... – o garoto caminhou até mim e estendeu a mão – Você quer brincar?

Peguei em sua mão e ele me levou até seus brinquedos, que estavam espalhados pelo chão. Eu nunca tinha visto coisas como aquelas, ele tinha trens e carros que eram caros demais para que meus pais pudessem me dar, então meus olhos brilharam quando peguei um deles em mãos.

- E qual é o seu nome? – perguntei enquanto sentava no chão para fazer o trem vermelho andar pela terra.

- C...N...U – ele falou cada uma das letras em pausa e com sotaque.

- Seu nome é estrangeiro? – eu o encarei confuso.

- Não – ele suspirou – Mas eu não gosto do meu nome coreano, então meu nome é CNU.

Naquele momento, uma mulher vestida com um avental apareceu na janela e olhou para nós dois. Pela forma como falava, parecia ser a empregada da casa e eu pensei no quão ricos eles eram...

- Dongwoo, entre para fazer sua lição – a mulher ordenou.

O garoto se enrugou ao ouvir a forma como foi chamado e resmungou.

- Mais um pouco, só mais um pouco, por favor – ele suplicou.

- 7 minutos e nada mais – a mulher deu o veredito final e saiu da janela.

Ergui o trem do chão de terra e o encarei.

- Então seu nome é Dongwoo?

Ele suspirou e caminhou até mim, sentando ao meu lado. Colocamos nossos veículos frente a frente para que colidissem.

- É, mas eu odeio esse nome. Minha mãe disse que eu pareço com o ex guardião do sol, por isso me chamou assim – ele fez uma expressão de desgosto ao concluir.

Arregalei os olhos e me lembrei de minha própria história.

- Eu também... Minha mãe me deu o nome de Jinyoung por causa do ex guardião da lua.

Suspiramos em conjunto, sofrendo por nosso mesmo destino infeliz.

- Mas você realmente parece com o guardião da lua – ele acrescentou.

- E você com o do sol – afirmei.

Um enorme sorriso se abriu no rosto de Dongwoo e eu pude comprovar que a mãe dele estava absolutamente certa na escolha do nome do filho. Talvez a minha também estivesse...

- Só espero que nossos futuros sejam melhores que o deles... – comentei.

- Com certeza, eu serei muito bem sucedido na Inglaterra – Dongwoo falou – Todos irão me chamar apenas de CNU e eu terei uma vida muito próspera. Vou me mudar para lá no próximo mês com meus pais.

Arregalei os olhos novamente ao ouvir sobre uma vida tão diferente da minha. Era óbvio que eu não achava que morreria com uma espada no peito, mas não via muita prosperidade em meu futuro. Ter dinheiro realmente te levava a diversos caminhos, pensei. Enquanto concluía aquelas coisas em minha cabeça, a voz da empregada ecoou da cozinha:

- 5 minutos.

Dongwoo suspirou e olhou para mim com o semblante pensativo. Olhei para ele também, enquanto tentava imaginar o que se passava em sua cabeça. Foi então que ele inclinou o corpo em minha direção e encostou os lábios levemente nos meus. Aquele foi um momento breve, uma fração de segundo, que se eternizou em minha cabeça.

Quando ele se afastou eu não conseguia nem respirar, meu corpo tomado pela surpresa e meu coração disparado no peito. O que tinha sido aquilo???

- Desculpe – ele disse sinceramente – Mas senti vontade de fazer isso. Não sei explicar.

Percebi a sinceridade com a qual me dizia aquilo e senti em meu peito, de formas que também não sabia como explicar, que entendia o que ele estava me dizendo. Depois que disse aquilo, ele levantou e saiu andando para dentro da casa, fechando a porta atrás de si e desaparecendo.

Aquela foi a primeira e última vez em que nos vimos.

 

 

 

 

Quando voltava para casa no final do dia, a cabeça escorada na janela de vidro do ônibus, olhei para o céu e não pude acreditar no que via: ele estava pintado de cor de rosa. O primeiro céu cor de rosa da minha vida.



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