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História No próximo eclipse - After Story 2


Escrita por: chaootics

Notas do Autor


Continuando com o after story para descobrirmos se esses dois vão finalmente conseguir viver juntos e em paz. Obrigada a todos pelos comentários ♡ Espero que estejam gostando ^^

Capítulo 7 - After Story 2


Fanfic / Fanfiction No próximo eclipse - After Story 2

19 anos após o final da guerra eu completei meu aniversário de 26 anos. Desses, 18 haviam sido assombrados por pesadelos horríveis todas as noites. Meus pais me levaram a diversos médicos, mas nenhum sabia dizer qual era o meu problema. Depois que o dono do milharal se mudou para Londres, ele permitiu que seus produtos fossem vendidos em um mercado que meu pai conseguiu montar em Chungju, e foi com o dinheiro obtido nesse negócio que eles me levaram para Seul pela primeira vez, angustiados em encontrar um médico na capital que pudesse cuidar de mim.

Nada.

Já era rotina para meus pais ouvir meus gritos no meio da noite, como se vivêssemos em um filme de terror. Eu carregava diariamente uma dor em meu peito que era muito maior do que eu deveria aguentar.  

Para ajudar na renda da família, eu dava aulas de violão em um centro comunitário todos os dias. Foi na volta do trabalho em um desses dias que vi um carro importado estacionado em frente a nossa garagem e freei meus passos antes de entrar em casa. Por mais que a guerra já tivesse acabado há muito tempo, não era comum que as pessoas tivessem dinheiro para comprar carros importados, o que me dizia que a visita era importante.

Tentei escapar do compromisso de cumprimentar as visitas entrando pela porta dos fundos que dava na cozinha. De lá ouvi vozes masculinas animadas, mas não estava com humor para vê-los. Eu havia acordado três vezes na madrugada passada, meu corpo estava cansado e meu cérebro destruído. Peguei um copo de água e tentei caminhar em silêncio até meu quarto, mas obviamente o sexto sentido de minha mãe me ouviu.

- Jinyoung! – ela exclamou meu nome e eu resmunguei – Venha dar oi para as visitas.

Arrastei meu corpo para a sala e então os vi. Havia um homem de uns cinquenta e poucos anos que usava um terno cinza e parecia muito rico – presumi que era o dono do carro importado – e ouvi minha mãe falar algo sobre ele ser o dono do milharal em que meu pai trabalhou em Cheongju no passado – aquele que fornecia os alimentos para o mercado da nossa família. Ao seu lado estava um rapaz que parecia ter a mesma idade do que eu. Assim que ele virou o rosto para me cumprimentar, dei um passo para trás e o copo que trazia em mãos caiu no chão, espirrando água para todos os cantos. Meus olhos estavam tão arregalados que eu nem percebi o que tinha acontecido.

Ele era o garoto dos meus pesadelos.

Toda a noite eu sonhava com a mesma cena: Esse garoto e eu estávamos frente a frente, olhando um para o outro, enquanto um guarda corria e o atingia com uma espada, que atravessava seu peitoral. Ao mesmo tempo, outra espada atravessava o meu próprio peito e uma multidão gritava. Eu podia sentir a dor da espada atravessando meu corpo todas às vezes, e isso era o que mais me assustava.

Durante todo o tempo, o garoto em frente a mim no sonho sorria, exatamente como aquele em minha frente agora.

Desculpei-me brevemente e corri para meu quarto, batendo a porta. Eu sabia que tinha agido como um maluco, mas não aguentaria ser atormentado por aquele sonho até mesmo durante o dia. Será que eu estava enlouquecendo?

Depois de alguns minutos em que tentava controlar minha respiração, ouvi uma batida na porta. Minha mãe, de certo era ela, preparada para me dar um grande sermão por ter feito aquilo em frente aos ricaços.

- Posso falar com você? – o rosto dos meus pesadelos se solidificou em minha frente assim que abri a porta, e eu engoli em seco ao vê-lo novamente – É importante – ele reforçou.

Permiti que entrasse e esperei enquanto ele se posicionava diante de mim. Ele era idêntico ao cara dos meus pesadelos e aqui me aterrorizava ainda mais a cada segundo.

- Você tem os pesadelos também, não tem? – ele perguntou sério – Aquela reação não foi por nada.

- Pesadelos...? – engoli em seco.

-É, aqueles com as espadas sendo cravadas em nossos peitos – ele continuou – Você é idêntico ao garoto que vejo nos meus.

Engoli em seco novamente. Ele tinha os mesmos pesadelos que eu? Como era possível?

Baixei a cabeça e fitei o assoalho por algum tempo, enquanto meu coração batia exageradamente rápido em meu peito.

- Sim – murmurei por fim.

O rapaz deu um sorrisinho e suspirou, parecendo aliviado.

- Talvez minha teoria esteja certa, então – disse.

- Que teoria? – perguntei curioso.

- Você se lembra de mim, Jinyoung? – ele perguntou.

Olhei para ele e neguei com a cabeça, não me lembrava de tê-lo encontrado em algum lugar que não fosse em meus pesadelos.

- No milharal, 18 anos atrás – ele deu um sorrisinho – Eu te beijei.

Minhas bochechas coraram assim que as memórias me atingiram. Aquele garoto se chamava Dongwoo e era o filho do dono do milharal. Aquela era uma memória estranha que eu tinha apagado de minha mente. Mas era verdade... Aquilo realmente tinha acontecido.

- Meus pesadelos começaram depois que te beijei – ele continuou explicando sua teoria – Nunca parei de pensar que talvez tivesse uma relação, principalmente porque meus pais me levaram aos melhores médicos de Londres e nenhum deles soube como fazer com que esses pesadelos parassem – ele sorriu satisfeito com o que tinha concluído – Agora que sei que você também os tem, não consigo parar de pensar que uma coisa está ligada a outra.

- Os meus também começaram há 18 anos – suspirei enquanto concordava com o que ele tinha dito – Qual você acha que é a ligação?

- Talvez... Uma premonição? – ele chutou.

Senti-me incomodado com o palpite, em meu coração eu sentia que aquilo não era uma premonição, eu não achava que fosse acontecer. Eu sabia que aquele nos pesadelos era eu, mas ao mesmo tempo... Ao mesmo tempo havia algo diferente, algo que eu não sabia o que era.

- Posso te beijar? – ele perguntou e eu voltei de meus pensamentos automaticamente, assustado.

- O quê??? – quase gritei de tão apavorado com a pergunta.

- Talvez se nos beijarmos de novo, os pesadelos parem – ele sugeriu.

Aquela era uma proposta absurda, tinha sido também quando ele me beijou quando éramos crianças. Era totalmente sem noção beijar um desconhecido e eu sabia disso. Mas, por que diabos eu queria? Era por que eu também queria testar sua ideia?

Assenti com a cabeça, morrendo de vergonha. Ele deu dois passos em minha direção e colou os lábios aos meus, cheio de expectativa.

E então aconteceu.

Imagens começaram a brotar em minha mente, como se eu estivesse vendo pedaços desconexos de um filme. Eu estava lá, ele também, nós sorriamos um para o outro. Nós nos beijávamos, nos amávamos, nos pertencíamos. Meus lábios pegavam fogo enquanto meu corpo parecia amortecido, como se eu não conseguisse senti-lo, como se, naquele momento, ele não fosse meu.

Eu tinha plena noção que nosso beijo havia evoluído muito mais do que esperávamos e, quanto mais coisas eu via, mais intensamente eu o beijava, como se quisesse ver aquele filme até o final. Pela forma como ele retribuía e sua respiração estava tão acelerada quanto a minha, sabia que ele também estava vendo coisas. O que diabos era aquilo? Não eram premonições, aquilo era...

Ele deu um grito e se afastou quando acidentalmente mordi sua língua. Eu mal conseguia respirar naquele momento, tão chocado estava.

- Você estava vendo coisas, não estava? – ele perguntou, enquanto colocava o dedo na língua para ver se eu o tinha cortado.

Assenti com a cabeça, minha respiração tão descompassada que parecia que tinha corrido uma maratona.

- O que você viu que foi tão assustador? – ele insistiu.

- Um homem... – respondi, caindo sentado na cama, fraco demais para ficar de pé – Me chamou de guardião da lua.

Ele arregalou os olhos e tampou a boca, enquanto nossos olhares mutuamente diziam a mesma coisa: A lenda dos antigos guardiões nunca fez tanto sentido como naquele momento.



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