POV. ESTER
Uma fina chuva batia contra o telhado do meu quarto , eu poderia ficar aqui o dia inteiro e não faria diferença alguma . Me sinto completamente envergonhada , quero que um abismo gigante se abra na terra e me engula.
Como eu fui deixar isso acontecer? Como? Fazia tempos que eu não tinha crise alguma , nem no Hospital eu estava tendo. E agora isso veio para me atormentar , todos deve estar achando que realmente sou louca , oh droga!
O barulhinho relaxante no telhado cessa e o uivo do vento toma o seu lugar , ventos que vinham do norte ao encontro do sul.
Bocejo e me espreguiço afastando o cobertor de cima de mim e deixando o arzinho gelado bater contra o mesmo , arrepiando os pelinhos finos de meus braços. Me sento na cama e penteio meu cabelo com os dedos , os colocando de lado. Levanto da cama e estremesso com o contato do piso frio abaixo dos meus pés. Avisto Izzy parado em frente a porta do banheiro , com uma toalha vermelha pendurada nos ombros , instantaneamente fico sem jeito ao receber o seu olhar sobre mim.
- Bom dia , acordou bem? - ele pergunta
- Sim.
- Eu fiquei um tempo com você depois que dormiu. - fala , me deixando mais sem jeito do que estava antes.
Procuro por palavras porém não encontro nenhuma para dizer , então permaneço em silêncio e me recosto na parede fitando o teto de gesso , um buraquinho minúsculo no telhado faz um pingo sobrado da chuva escapar pelo mesmo e pingar no espaço entre mim e meu primo.
A porta do banheiro se abre e junto dela saem Steven e a fumaça da água quente do chuveiro , ele passa por nós e vai para seu quarto.
- Vá você primeiro - Izzy aponta para a porta aberta
- Você chegou primeiro , pode ir. - o respondo , sem olha-lo
- Primeiro as damas , depois os vagabundos - ele faz uma referência me fazendo sorrir e balançar a cabeça.
Adentro o banheiro trancando a porta atrás de mim , tiro peça por peça de minha roupa e entro debaixo da água quente do chuveiro.
Fico ali pouco tempo , só o necessário para minha higiene. Me pondo em frente a um espelho partido eu penteio meu cabelo e o desembaraço. Me enrolo em minha toalha e a seguro firme , tamanho é o medo de que por um infortúnio ela caisse.
Seguro o trinco da porta e a abro , Izzy desvia seus olhos do teto para aonde estou parada , seus olhos queimam minha pele como fogos de artifícios no céu escuro , subindo dos meus pés descalços ao meu cabelo pingando.
Antes de ficar vermelha , meus pés me obedecem e eu saio dali rapidamente me trancando em meu quarto. Solto um suspiro e deixo a toalha cair ao chão sobre meus pés , dou alguns passos até o guarda roupas e tiro de lá uma lingerie branca de rendinhas e um vestido preto soltinho já velho que tenho há algum tempo. Amarro meu cabelo em um coque frouxo e caminho até a janela aberta.
Afasto as cortinas e me ponho a observar lá fora , uma mulher de meia idade póda variadas plantas do seu jardim na casa da frente. Poucos carros passam pela rua e os que passam , faz a água restante da chuva se espalhar e alguns pingos ficarem presos ao seu para brisa. Apesar de ter chovido não está tão frio como quando cheguei aqui , porém aposto que se eu sair daqui e encarar o vento lá fora vou me arrepiar um pouquinho mais.
Meus olhos descem e param em Duff lá embaixo conversando com uma mulher. Ela é alta e loira , seus seios quase saltam de dentro de seu corpete , a saia de couro deixa a mostra suas pernas torneadas e a maquiagem complementa tudo para a deixar com cara de vadia. Ela tenta partir para cima dos lábios de Duff , mas ele a afasta e sussurra algo em seu ouvido , ela sorri e sai rebolando em direção a um carro estacionado na esquina.
Seus olhos se erguem e pousam sobre mim bisbilhotando pela janela , um sorriso se abre em seus lábios e ele acena com a cabeça. Me sentindo boba eu aceno de volta , logo saindo da janela e voltando as cortinas para o lugar.
Resolvo sair desse quarto , então caminho até a porta e a encosto atrás de mim. Atravesso o corredor e desço a escadaria , o piso rangendo abaixo de meus pés e uma poeira sujando meus dedos ao tocar no corrimão.
- Alguém pode me dizer que horas são? - lanço a pergunta ao ar já que detectei que não há relógios pela casa.
- São 10:00 da manhã. - Duff responde , olhando em um pequeno relógio de pulso preso a ele.
- Algo especial para querer saber as horas ? - Slash que eu não via desde ontem aparece vindo da cozinha , vejo que ele segura uma xícara com café fresco em mãos , sorrindo eu me aproximo do cabeludo e tomo a xícara dele.
- Tenho um trabalho agora. - conto , molho meus lábios no café o saboreando.
Slash sem tirar os olhos de mim , contempla a forma com que eu degusto seu café roubado.
- Perai eu ouvi bem? Trabalho? - Izzy adentra a sala , secando o cabelo com uma toalha respingando água no braço tatuado de Axl , que o olha com ar de repreensão logo voltando a folhear um jornal.
- Sim Jeffrey , vou trabalhar na floricultura da rua.
- Você não precisa de um emprego. - ele me fita - Além do ma...
Izzy é interrompido pela porta da casa que se abre com tudo , Steven e Adriana passam por ela e saem correndo os dois rindo pela escada.
- O que estava dizendo mesmo?
- Que além do mais , eu tenho de tomar conta de você.
- Relaxa , não quero ser um estorvo para você primo. Você mal me conhece e me trouxe para morar com você , você não era obrigado a isso , então agora eu quero te ajudar. Aliás tenho que ir , até mais. - toco em seu ombro e devolvo o café para Slash , que estava prestes a abrir um Jack Daniels.
Saio da casa e sigo andando pelas calçadas , ansiosa para começar o trabalho. Ora , Izzy queria mesmo que eu ficasse sem fazer nada ? Ele realmente é uma pessoa boa , mas não sou dessas que abusam da bondade das pessoas , mesmo sendo parente eu mal o conheço.
POV. DUFF
(...) Duas horas se passaram desde que Ester saiu da Hell House. Estamos jogando cartas e até agora é Axl quem está levando a melhor , entre doses de whisky , a fumaça de baseado e as risadas de nós quatro.
- Eu vou ganhar essa porra! E quer saber porque? -Axl pergunta jogando outra carta sobre a mesa
- Por que? E se eu ganhar? - Slash o desafia
- Você não tem chances querido Slash , e eu vou ganhar porque eu sou foda pra caralho - ri Axl pelo nariz , dando outro gole em sua garrafa.
- Ahhh Izzy , vamos se beijar vai , esse jogo tá uma merda! - Ironizo, jogando as cartas sobre o sofá , eu e ele somos os menos bêbados até agora , Axl tá até vermelho de tão bêbado.
-Vai bater punheta vai Duff. - ele dá um trago em seu cigarro de maconha.
Respondendo mentalmente a citação do narigudo , eu afirmo que durante um cochilo ontem a noite eu tive um sonho com Ester. Ela estava nua sobre minha cama , apenas sua intimidade estava coberta pelo fino lençol branco , seu olhar inocente fazia várias fantasias invadirem minha mente maliciosa naquele momento . Uma coisa terrível aconteceu antes que eu pudesse toca-la e faze-la delirar , eu acordei.
Fiquei fodido e puto quando acordei com o " meninão" aceso , então me aliviei ali mesmo pensando insanidades com a prima do Izzy...
- Tchau meninos - Adriana desce a escada , e de um jeito insinuante se despede da gente. Essa daí é puta mesmo.
Ela sai de casa , e Axl e Slash começam a rir entre si de algo que só os dois sabem.
- O que tão rindo? - Izzy pergunta , soprando a fumaça do baseado no rosto de Axl , que estava a sua frente
- Rindo da Adriana. - Slash joga outra quarta sobre a mesa
- Steven é o maior corno de Los Angeles inteira! - Axl praticamente grita
- Ow ele tá lá em cima. - Slash se preocupa caso Stee ouvir o que estamos dizendo dele.
O problema de Steven é Adriana e as drogas. Adriana toma conta dele , ele nem parece o mesmo pop corn quando está com ela , ele morre de ciúmes daquela puta e é um pé no saco quando bebe e se droga além da conta , ai ele desconta em nós suas frustrações com ela.
- Vou vazando. - tomo mais um gole da minha bebida e levanto do sofá , dou um tapa na cabeça do Slash e saio dali apenas ouvindo seu " porra " ser pronunciado.
Procuro por cigarros no bolso e não encontro nada além de um maço vazio e cinco dólares.
Caminho sobre o asfalto meio molhado da chuva da manhã e me dirijo até a floricultura da esquina , é aqui então que Ester trabalha , confesso que nunca entrei em floricultura alguma. Duff Mckagan comprando flores para alguma mulher?Acho que nunca.
Andentro logo o local , ouvindo um barulhinho estridente de um sininho soar. Avisto Ester arrumando uma prateleira de arranjos , ela está de costas por isso não me vê aqui.
- Quero comprar uma rosa solta por favor? - falo , me debruçando sobre o balcão.
Ela se vira para trás e olha sem entender , poucos segundos se passam para que um sorriso brote em seus lábios desenhados.
- E qual a cor da rosa vai levar? Vermelha , branca , cor de rosa ou amarela? - pergunta
- Quero uma vermelha. - sorrio de volta
Ela volta a se virar para trás e retira de um buque uma única rosa vermelha.
- Aqui está Sr. Michael - ela estende a rosa sem espinhos e eu a pego - São dois dólares.
Alcanço o dinheiro no fundo do bolso da calça e retiro os dois dólares , entregando a Ester , restando- me apenas três dólares.
- Tome. - estendo-lhe devolta a rosa e
sorrio de lado.
- Mas..
- Comprei para você. - solto um riso e a mesma apanha a flor , devolvendo o sorriso
- Obrigada Duff.
- Hoje a noite vamos no Rainbow e você vai com a gente. - a convido
- Vou nada , não curto ir para esses lugares.
- Mas você vai , nem que seja a força - brinco
Ela é encantadora , doce e apesar de ter saído de um hospital psiquiatrico não parece ter problema algum psicológico , pelo contrário , ela parece bem lúcida. Ontem a noite ela estava gritando mas deve ter sido apenas um pesadelo ruim , pois logo ela se acalmou. Hoje a noite no Rainbow em vez de ficar com Kenia eu bem que queria ficar com Ester , ela deve ser tão prazerosa... Ela tem um mistério de menina , se ela me olhar demais sou capaz de tontear e seu perfume me embriaga , me enxendo de desejo.
Gosto das mulheres que sabem a hora de se calar e aprecio as que não bisbilhotam , as meninas inocentes são as melhores e Ester é exatamente a essa maneira. Sabe muitas mulhres aproveitam o fim da noite para me enxerem de perguntas inoportunas , e adoram enxer o saco. As várias mulheres que me convidaram para sair são todas experiêntes , sabem de até mais coisa que eu. Elas se encantam pelo meu jeito de Bad Boy e pela minha fama de conquistador , essa fama para mim até que foi boa até o momento que me encheu o saco.
Já Ester parece aquelas que sairam de um filme , ela é a típica garota que qualquer homem se desmancharia até mesmo eu...
POV. AXL
(...)
- Oh cambada de frouxos! - grito estressado com Duff e Steven que não conseguem empurrar essa maldita combi , que por sinal não quer pegar.
- Ah então vem aqui herói - Steven grita de volta
Saio de dentro da combi batendo a porta com força , vou até a a parte de trás dela e Duff e Stee saem me dando passagem. Uso toda a força que tenho e tento empurrar a combi , ela não sai do lugar nem mesmo se move.
Izzy sai de dentro do combi e vem até aonde estou , Steven e Duff também vem ajudar enquanto Slash liga a chave e dá a partida. Empurramos a combi e finalmente ela sai do lugar e o motor começa a funcionar.
Voltamos para dentro dela , Steven se sentando ao lado da sua querida Adriana , eu me sentando ao lado da louquinha Ester e o Duff e o Izzy se sentaram nos bancos atrás da gente. Slash acelera e a combi começa a andar , e junto dela Joey Ramone toca seus hits no velho som dessa lata velha.
X
O Rainbow está lotado hoje , varias groupies espalhadas em cada canto desse lugar , a música está ótima tudo divertido.
Levanto da mesa aonde estamos todos sentados , execeto Steven que está se drogado no banheiro.
Caminho em meio as pessoas até o balcão onde ficam as bebidas , peço mais duas garrafas de vodka e espero o garçom traze-las. Daonde tiramos dinheiro? Esse que estamos gastando hoje , foi do sábado passado , noite que tocamos no The Roxy.
- Axl vem aqui! Preciso da sua ajuda! - Adriana me puxa pelo braço e sai me arrastando , me fazendo trombar nas pessoas que estão em minha frente.Adentramos o Grill e só então ela me solta.
- Ficou louca? - pergunto irritado e sem entender porque ela me arrastou para cá.
- Sim , louca por você! - ela se lança sobre mim , atacando meus lábios com voracidade e desejo.
Como não sou de ferro , nem ao menos santo eu começo a passar minha mão pelo seu corpo no mesmo ritmo desse beijo. Vou foder esssa puta , é isso o que ela quer. Quer que eu a foda por que ela é uma puta , e Steven coitado não sabe a vagaba que ama.
POV. ESTER
- Toma mais uma. - Duff me estende outra dose de vodka e eu a tomo de suas mãos
- Você está me embebedando rapaz. - já estou alta , foram seis doses com essa
- Você quem tomou o copo de minha mão! - ele cita e me lembro da forma com que a primeira dose fez rasgar minha garganta ao mesmo tempo que ardia o descer do líquido.
- Mas era só uma , agora estou bêbada - faço biquinho
- Olha que assim eu beijo heim - sorri levando seus dedos a minha bochecha .
- Vamos embora Ester.
Izzy se põe ao meu lado , está mais bêbado que eu , já que sou apenas uma aprendiz do Duff.
- Vamos primo , senão vou acabar tendo uma cirrose. - falo quase caindo ao me levantar da mesa.
Cruzo meus braços no de Izzy e dou tchauzinho para Duff. Saimos daquele lugar , abandonando a música e barulheira.
Quando eu era pequena gostava de contar as estrelas , há muito tempo não faço mais isso , realmente não fasso mais nada que na época me fazia feliz.
Caminhamos os dois pelas ruas escuras , iluminadas apenas por uma luz fraca vinda dos postes mal iluminados. As noites escuras e frias são as melhores , elas me encantam. E no estado em que estou , consigo enxergar mais estrelas ainda do que o normal. Passei dos limites , Duff queria me embebedar tenho certeza , ainda bem que Jeffrey chegou e me tirou dali , apesar de que ele também não está nem um pouquinho sobrio , está pior que eu.
- A noite está estrelada Izzy. -menciono , apontando na direção do céu.
- Tá vendo aquela lá? - Izzy aponta para uma estrela , a mais brilhante de todas , a que parece maior em meio as outras. Ele cambaleia um pouco e me olha meio torto
- To vendo. - respondo grogue
- A partir de hoje eu a batizo como Ester - ele fala rindo.
Sorrio e me apoio nele quando quase caio na sarjeta. Aconchego-me mais perto do meu primo , ele está quentinho para alguém que está andando nessa noite fria.
Quando paramos em frente a casa , Izzy e eu subimos os degraus da varanda lentamente , eu rindo por ele ter arrotado e ele rindo da minha risada desengonçada.
- Você não devia ter bebi...
Nossos pés se embolam e acabamos caindo na soleira da porta , não me aguento e começo a rir , ignorando o fato de meu braço estar doendo agora.
Minha risada cessa quando percebo os olhos de Izzy perambulando pela extensão do meu rosto , a respiração lenta e pesada bate em mim. Ele leva uma de suas mãos ao meu cabelo e faz um carinho simples ali...
- Nossa eu vou vomitar - sinto meu estômago revirar e se contrair com um enjôo repentino.
Me levanto apressada do chão e saio correndo ainda tonta para o banheiro. Empurro a porta e abaixo a cabeça na pia , vômito tudo , completamente tudo que consumi de bebida...
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