História Noah? - Capítulo 03

Capítulo 03

[Allen]

Acordo ao ver que estava olhando já a um bom tempo aqueles dois, e noto o olhar curioso dos moradores da casa, e preocupado de Road. Apenas balanço a cabeça em negação e sorrio gentilmente, tentando afastar pensamentos estranhos de minha cabeça.

Me aproximo e me agacho ficando na altura da garotinha, que parecia ter uns seis ou sete anos apenas. Sorrio para ela vendo ela ficar um pouco tímida e estendo minha mão em sua direção, ao olhar curioso dos pais da criança, e das duas Noah’s que ali se encontravam, apenas observando a cena.

- Olá, pequena. Me chamo Allen, Allen Walker. Qual é o seu nome? – pergunto gentilmente, em momento nenhum tirando o sorriso do rosto.

Vejo ela timidamente aceitar minha mão a apertando fracamente com a sua mãozinha pequena, enquanto deixava de lado a timidez, e dava lugar a um enorme sorriso animado, que por acaso deixava-a extremamente fofa.

- Alison! Alison Davies! – ela responde feliz.

- É um prazer conhecê-la, Alison. – digo e sou surpreendido por um abraço da pequena. Mesmo surpreso, acabo retribuindo, achando fofa a atitude dela.

- Ora, que raro a Alison gostar tanto assim que alguém... – comenta sua mãe com um sorriso contente no rosto. – A propósito, me chamo Katherine, Katherine Harrison e esse é meu marido Eddie Davies.

- É um prazer conhecê-los. Como disse anteriormente, me chamo Allen Walker. Essas são Road Kamelot e Lulubell. – as apresento, mantendo a educação acima de tudo.

- Yo!~ - cumprimenta com um sorriso travesso, Road. Já Lulubell apenas assente com a cabeça, sem nenhuma palavra.

Nos sentamos e acaba que a garotinha se apega a mim de uma forma até bizarra, na verdade... acho que a Road não gostou muito disso... talvez por até parecer ela, como um carrapato. Um carrapato fofo, mas carrapato.

A mulher serve o jantar, o qual comemos em silêncio, se não fossem pelo pai e a mãe conversando juntos, e Road discutindo com a Alison. É, as duas não se deram muito bem...

Assim que terminamos, nós três voltamos para nosso quarto, e vi que a garotinha queria ir conosco, mas seu pai a impediu com medo de que nos incomodaria. Com isso, lá fui eu ter que acalmá-la dizendo que de manhã nos veríamos novamente. E provavelmente pela última vez, já que iríamos sair para pegar o trem para Brighton.

No dia seguinte bem cedo de manhã, sou o primeiro a acordar, e assim que vejo que as outras duas ainda dormiam calmamente, abro a porta e em silêncio desço as escadas, vendo a senhora Katherine e o senhor Eddie conversando baixo, provavelmente com medo de acordar qualquer um.

Me aproximo lentamente, e vejo que ainda não haviam me notado. Sem querer acabo ouvindo uma parte da conversa, que me fez congelar no lugar.

- Querido... como diremos para Alison? Quero dizer, ela era tão apegada ao irmão dela... imagino sua reação... – ela diz à ele.

- Eu sei Kath. Mas não podemos esconder isso pra sempre dela. – ok, isso não parecia ser boa coisa. Algo ruim havia acontecido?

- Er... sem querer ser enxerido nem nada do tipo, mas... posso saber o que aconteceu? – pergunto fazendo-os se surpreenderem com a minha presença. – Se for algo muito importante ou pessoal, não precisam responder...

- Ah, senhor Walker. – ela diz. – Está tudo bem... é até melhor se o senhor puder nos ajudar... ela gostou muito do senhor, no final das contas...

- Querida... – contradiz seu marido.

- Está tudo bem, querido. – ela afirma. – Na verdade, nosso filho mais velho está desaparecido, e aparentemente morto... por isso estamos bem preocupados. Não sabemos como contar para a Alison... eles eram muito próximos.

- Não sei se poderei ajudar muito nisso... principalmente por que hoje precisaríamos ir embora... – confesso, pensativo. – Na verdade... acho que posso ajudá-los sim... mas terão que confiar em mim.

- Ah, sério?! Isso ajudaria muito! – ela agradece antes mesmo de saber o que era. É, por algum motivo eles realmente confiaram em mim logo de cara.

- E o que você vai fazer? – pergunta ele desconfiado. Ok, ele não, mas faz todo o sentido.

- É aí que está, vocês precisarão confiar em mim. – respondo vagamente.

- Qualquer coisa desde que nos ajude! Por favor! Confiamos em você! – ela pede, praticamente implorando.

- Tudo bem, então. E não se preocupem, vai acabar tudo bem. – concordo.

Antes que qualquer outra coisa pudesse ser dita, me viro para trás a tempo de segurar uma Road que se jogou em cima de mim, me abraçando pelo pescoço, sem tocar os pés no chão.

- Nee, Allen... posso saber do que estão conversando? – ela pergunta com um sorriso travesso.

- Nada demais, Road. Apenas avisando à eles que iremos sair hoje mesmo. – respondo com um sorriso gentil.

- Hee... nee, Allen... o que você está escondendo de mim? – pergunta Road desconfiada, surpreendendo os outros dois, que nunca saberiam identificar que eu estava escondendo algo ou mentindo, de tão real que era. Já eu, apenas suspiro. Ela sempre sabia quando eu mentia para ela.

- Nada demais, Road. Sério, não precisa se preocupar. – respondo sincero dessa vez, ela estreita os olhos mas dá de ombros em seguida.

- Você que sabe. Se está escondendo algo é por que é necessário, já que você nunca esconde nada de mim... – ela desiste, me fazendo sorrir. Ela confiava em mim, e eu sempre gostei muito disso nela.

- Obrigado, Road. – agradeço sincero, com um sorriso gentil, conseguindo um dela. – E a Lulubell?

- Ah, ela deu uma saída, foi procurar por mais informações, e ver se os Exorcistas ainda estavam na cidade... – responde.

- Não era bem necessário, mas tudo bem. – digo.

Ouvimos um som familiar e vemos Alison descendo das escadas, sonolenta. Mas logo se anima ao me ver, e corre em minha direção, se jogando e mim, que pego-a no colo, sorrindo. Seus pais a olham preocupados, o que eu noto.

- Oi, pequena! – a cumprimento. – Bom dia!

- Oi, Allen! – ela diz contente. – Bom dia!!

A coloco no chão e ela vai abraçar seus pais, que pareciam pensativos e mais ainda, preocupados. Apenas os olho piedoso, sabia o que teria que fazer. Com isso em mente, falo alguma coisa depois de alguns minutos em silêncio.

- Nee, Alison... – a chamo. – Pode vir comigo por alguns minutos?

- Claro... o que foi, Allen? – ela pergunta, mas mesmo assim vem em minha direção, correndo e se jogando em cima de mim, que novamente pego-a no colo.

A levo até o lado de fora e me afasto um pouco da cidade, indo com ela até a floresta. No início ela fica um pouco assustada e preocupada, por isso sorrio gentilmente tentando a acalmar, o que funciona.

A coloco no chão depois de alguns segundos de caminhada e me abaixo para ficar na mesma altura dela e a olho com compaixão.

- Alison... – a chamo apreensivo, vendo ela me olhar confusa. Seus olhos eram de um azul-céu extremamente bonito.

Ela parecia confusa, e assim que começo a murmurar uma canção, fica ainda mais. Depois de alguns segundos da música, calma e melodiosa, vejo seus olhos perderem um pouco seu brilho, pareciam mais escuros. Não gostava da ideia de estar usando isso contra uma criança, mas estava sem escolhas.

Depois de mais alguns segundos, encerro a canção, vendo seus olhos recuperarem o brilho e então a olho com pena, antes de falar.

- Alison... seu irmão... bem, ele está sumido... não se sabe quando ele vai voltar, nem se ele vai voltar... – digo.

Graças ao efeito da minha música, ela não parece muito abalada, então apenas assente com a cabeça, tristonha. Porém, ela era extremamente próxima à ele, com isso nada impede-a de chorar pelo menos um pouco. A abraço sentindo ela retribuir, e pego-a no colo, ajeitando-lhe.

Volto para a casa, aonde seus pais a esperavam temerosos. Ao verem-nos chegando tem uma esperança de que estivesse feito. Apenas sorrio enquanto assinto com a cabeça, e pouco antes de pôr-a no chão, percebo que ela havia pegado no sono, por isso subo as escadas e vou até o quarto onde ela ficava, no qual a coloco deitada na cama. Beijo-lhe a testa e pouco antes de sair do cômodo, ouço-a me chamar.

- Allen... – ela sussurra.

- Alison... o que foi, pequena? – pergunto.

- Você canta bem... e obrigada... – ela diz, me surpreendendo. Poderia esperar qualquer coisa menos aquilo vindo dela.

- De nada... e adeus, Alison. Estamos indo para Brighton. – me despeço e vejo-a chorar mais um pouco, o que me deixa triste também.

Volto para onde estavam todos e vejo os pais da Alison me olhando em expectativa. Me aproximo mais, ficando no meio de Road e Lulubell, que havia acabado de voltar, enquanto eu estava lá em cima, com a pequena.

- Ela vai ficar bem... não precisam se preocupar. Ela aceitou muito bem. – digo sincero vendo-os ficarem extremamente aliviados.

- Hee, nunca imaginei que você estaria usando suas habilidades com uma filhote humana, Allen. – comenta Road sem perceber, deixando os donos da casa confusos com a maneira de falar da menor.

- Road, Noah’s ou não, também somos quase humanos. – a repreendo, esquecendo da presença dos outros dois. – E não fale dessa forma, vai parecer no mínimo suspeito! É óbvio que eu iria ajudá-la!

Ela apenas ri, me deixando confuso, até eu me lembrar dos outros dois, e ficar nervoso com isso. Acho que não foi muito normal, o que eu disse. Rapidamente, as empurro para fora seguindo-as, porém na porta eu paro, e me virando para os outros dois, digo-lhes.

- Já estamos indo, obrigado pela gentileza, senhora Katherine e senhor Eddie. Até mais! – me despeço pouco antes de sair pela porta a fechando, deixando eles lá dentro parados com cara de tacho.

Me aproximo delas duas e vejo Road rindo maldosa.

- Road! Francamente... – reclamo num suspiro. – Enfim, vamos. Não podemos nos atrasar de maneira alguma.