História Noah? - Capítulo 07

Capítulo 07

[Lenalee]*

Eu, o Lavi e o Kanda tínhamos recebido uma missão do meu irmão, que consistia no mesmo de sempre: investigar acontecimentos estranhos, e procurar tanto por uma Inocência, quanto por um usuário compatível, e o trazer para a Ordem, para nos ajudar na guerra.

A missão era em Brighton, com isso, demoramos um bom tempo até conseguirmos chegar lá, e infelizmente, quando chegamos em um hotel da cidade, descobrimos que o último quarto de três camas havia acabado de ser alugado. Nem preciso dizer que Lavi ficou indignado com nossa falta de sorte, enquanto Kanda ficou extremamente irritado, quase cortando o pescoço da atendente, a ameaçando a liberar um quarto. Por sorte, ele não fez isso.

Tivemos que trocar de hotel, e por sorte tinha uma hospedagem por entre as redondezas, onde conseguimos alugar um quarto. Confesso que fiquei feliz ao ponto de quase abraçar a dona do lugar, mas me segurei para não o fazer e parecer grosseira.

O quarto onde ficamos não era grande coisa, mas era confortável e ainda assim barato, o que já nos ajudou e muito. Era bem melhor do que não ter nenhum lugar para ficar, sem dúvidas.

Na verdade, quase não ficaríamos na hospedaria, pois precisávamos investigar tudo muito bem, para saber se o que acontecia ali era efeito de alguma Inocência, ou não, por mais que eu tivesse quase certeza de que era sim. Precisávamos que fosse, tivemos várias baixas de Exorcistas, e o nosso poder militar decaiu muito desde... a saída dele.

Allen Walker.

Fico triste apenas de pensar naquilo, já havia passado praticamente um ano desde que ele fora visto pela última vez, e mesmo assim eu não conseguia esquecê-lo... chegava a ser frustrante. Balanço a cabeça em negação. Não, não... não posso ficar remoendo isso! Devo parar e esquecer de uma vez!

Mas era impossível... por quê? Por que eu o amava. Simples assim. Porém eu infelizmente consegui perceber isso apenas quando ele havia me deixado para trás. E pensar que ele poderia estar agora, grudado com outra garota, me deixava frustrada e enciumada. Eu sempre o amei, mas só percebi isso tarde demais, quando não podia mais tê-lo. Agora, apenas fico pensando... se ele tivesse permanecido conosco, se eu tivesse conseguido convencê-lo, e tivesse me declarado... ele recusaria? Ele também sentia o mesmo por mim? Nunca saberei, pois ele fugiu. Fugiu de mim, de nós, da Ordem. E não planeja voltar, já que nunca conseguimos nem sequer uma mínima pista dele, nem sabemos se ele esta vivo! Ele não queria ser achado, e fazia isso muito bem.

“Como o esperado do aprendiz do General Cross... são dois que quando querem desaparecer, somem sem deixar rastros... por que eu tinha que me apaixonar pelo mais complicado?”

Estava tão distraída refletindo, que nem havia percebido Lavi me olhando preocupado, e acordei apenas quando o mesmo colocou sua mão em meu ombro gentilmente, numa tentativa de chamar a minha atenção. O que funcionou, pois virei para ele, envergonhada.

- Lenalee... – ele diz apreensivo. – Estava pensando nele, não é?

- Lavi... – eu sabia que ele preferiria que eu o esquecesse, mas era difícil. Então percebi o quão egoísta estava sendo. Se o Allen preferia assim, então deveria apoiá-lo, certo? Justamente por o amar. Além disso, havia me esquecido que eu não era a única que tinha ficado abalada com o desaparecimento dele. Lavi também tinha ficado muito triste, pois havia se apegado ao albino, até demais, para um Bookman. Na verdade, até Kanda parecia não ter gostado nada de saber daquilo, provavelmente ainda permanecia com aquele sentimento de culpa que tinha declarado ter sentido. – Sim, mas já está tudo bem, Lavi.

Sorrio gentilmente, determinada. Tinha de me concentrar na missão, outra hora eu poderia pensar naquilo. A Inocência tinha prioridade, no momento.

- Mas, e quanto a Inocência? Quero dizer, é mesmo uma? – pergunto ficando mais séria, e vejo ele ficar no mesmo estado.

- Sim, provavelmente é, mas não temos certeza de nada... os Finders estão investigando melhor, e acho que também deveríamos fazer isso... – ele responde e eu concordo.

- Kanda! – o chamo. – Vamos sair para investigar! Você vem, certo?

Ele apenas assente com a cabeça e nós três saímos pela porta da hospedaria, depois de eu avisar a dona do lugar que iríamos dar uma saída, mas que voltávamos logo.

Estávamos andando pela cidade, quando vemos um garoto que me chamou a atenção, ele parecia bem distraído e olhava pensativo na direção de três figuras encapuzadas. Fico curiosa com eles, e preocupada, estava prestes a abordá-los, mas paro quando vejo o garoto sorrir contente. Aquilo me faz parar na hora, então ele os conhecia.

Nos aproximamos e ele olha eu e o Lavi curioso, mas assim que vê Kanda vejo-o ficar pálido, claramente assustado, o começa a fugir de nós. Repreendo o moreno com um olhar, e ouço-o resmungar alguma coisa. Começo a seguir o garoto, por algum motivo sentia que ele era ligado de alguma forma com a possível Inocência, por isso tinha a necessidade de conversar com ele, então se ele fugisse não seria bom.

Por alguns segundos, sinto um olhar sobre mim, mas ignoro, e rapidamente vou em direção ao garoto, que permanecia fugindo, e vejo os Finders atrás de nós.

Depois de um tempo, conseguimos o alcançar, e vejo que ele estava realmente muito assustado com Kanda, por isso peço-lhe para se afastar. Mesmo reclamando ele faz isso, depois que digo que era pelo bem da investigação.

- Oi pequeno! – cumprimento em japonês e vejo ele ficar confuso. Ah é! Esqueci que não estávamos no Japão. Tento em inglês.

- Oi... – ele diz meio hesitante.

- Como se chama? – pergunto gentilmente.

- William... William Ulric... – ele responde temeroso.

- É um prazer conhecê-lo, William-kun! – digo sorrindo. – Me chamo Lenalee.

- Estrangeira? – ele pergunta com um pouco mais de coragem.

- Sim. Sou chinesa. – respondo.

Ficamos ali por alguns minutos, e lhe pergunto tudo o que posso. Vejo ele me olhar curioso e em seguida para o símbolo da Ordem Negra no meu uniforme.

- O que é isso? – ele pergunta curioso.

- Ah, é o símbolo da Ordem Negra, da qual faço parte. É uma organização especial... estamos aqui para investigar uma coisa chamada “Inocência”. – respondo com um sorriso gentil. Se por um acaso ele fosse o usuário compatível, tinha de convencê-lo a ficar do nosso lado.

- Legal! – ele diz animado, e pela primeira vez desde que o vi, sorrindo, o que me fez sorrir também, agora mais feliz.

- Você quer nos ajudar? – pergunto e vejo ele assentir com a cabeça animadamente. Mas então fica pensativo e com um olhar triste, e então nega com a cabeça.

- Não posso... já prometi ajudar outras pessoas... – ele responde desanimado, e me surpreendo com aquilo.

- Quem? Ou melhor, como eram suas aparências? – pergunto séria e vejo ele parecer pensativo. Ele estava prestes a responder, mas parece se lembrar de algo e fecha a boca imediatamente, para logo em seguida dizer outra coisa.

- Duas mulheres. Uma era baixinha, tinha olhos e cabelos roxos, e outra era alta e loira, com óculos escuros. – ele responde, me espantando. Os Noah’s estavam aqui! Eram Road e Lulubell, sem dúvidas. Mas me surpreendo por pedirem ajuda a um simples cidadão... será que esse menino realmente era o usuário compatível?! Ainda assim, algo me importunava. Ele parecia estar escondendo alguma coisa.

- Mais alguém, William-kun? – pergunto seriamente. – Por favor, me diga.

- Não... – ele responde. Percebi que ele estava um tanto tristonho. Provavelmente havia prometido a essa outra pessoa que iria manter segredo. Malditos Noah’s! Devem ter ameaçado ele ou sua família! Só de pensar nisso fico irritada.

- Nee, William-kun. Ouvi alguns rumores de acontecimentos estranhos aqui... isso é verdade? – pergunto.

- Sim. – ele responde simples.

- Posso saber aonde? – pelo menos nisso eu acho que ele poderia nos ajudar.

- Não tenho certeza... ele me pediu para não contar pra ninguém... – ele murmura pensativo.

“Droga! Quem era esse terceiro Noah?!”

- Por favor! – praticamente imploro.

- Ok... – ele concorda meio hesitante.

- Obrigada!! – agradeço contente e o abraço. – Poderia nos levar lá?

- Sim! Venham comigo. – ele diz agora animado, com um sorriso feliz estampado no rosto.

Ele começa a andar pela cidade, meio nervoso a cada rua que virávamos, e nós três, junto aos Finders, o seguimos. Assim que nos aproximamos de um lugar, um bairro, especificamente, que não tinha uma aparência nenhum pouco amigável, vejo ele tremer um pouco, provavelmente com medo. Mas mesmo assim estava disposto a seguir adiante. Sorrio com aquilo. Admirável, ele se importava tanto em nos ajudar, que até deixava o medo de lado... seria ótimo tê-lo do nosso lado, caso fosse o usuário compatível. Mesmo se não fosse, tê-lo como um Finder também seria ótimo...

- William-kun. – o chamo e ele olha para mim de imediato, levando um susto. – Você deveria ir para casa agora. Nós nos viramos daqui pra frente. Pode ser perigoso para uma criança.

Vejo ele ficar hesitante, então lhe direciono um sorriso que parece o acalmar por alguns segundos, e então assente com a cabeça, em concordância, e começa a se afastar, claramente nervoso.

Logo depois que ele já havia se afastado, vejo Kanda virar bruscamente para trás, surpreendendo eu e Lavi, que não esperávamos aquilo vindo dele.

- O que foi, Kanda? – pergunto confusa.

- Senti como se tivesse sendo observado.. – ele responde sério como sempre.

Com aquilo, fico séria, assim como Lavi. Não tinha como ser mera impressão, era do Kanda que se tratava, afinal. Ele tinha ótimos instintos. Imediatamente por algum motivo, me vem à cabeça a imagem daquelas três figuras encapuzadas de antes, que vimos na cidade.

“Como não havia percebido isso antes?! Eram eles! Eram os Noah’s!!”