Com um soco assomadiço, Chanyeol recriou Marte no rosto pálido e sem feições de Baekhyun, como uma folha rasgada de sulfite; logo, o novo planeta se juntaria aos outros do sistema, talvez adquirisse o tom azulado por migrar do vermelho instantâneo para o púrpura permanente.
Baekhyun acanhado e desprovido de defesa, arrastou os dedos langorosos e desesperançosos pela ardência.
Chanyeol era um astrônomo, inteiramente dedicado ao trabalho de amar incondicionalmente toda a complexidade de Baekhyun, e suas galáxias policromo.
No início, tudo se tratava de risos, e um céu saudoso e ensolarado, entretanto, aos poucos Baekhyun foi anoitecendo. Chanyeol se viu na angústia de ver o escuro vazio. Queria estrelas, queria planetas, constelações astrológicas, queria Vênus, odiava Éris e sua companhia ladra: Tânato.
Um desferir de tapa estridente. Criou o relevo da pele, acariciou-o, suas mãos brutas eram como as de Deus. Criou-se a lua.
Baekhyun permanecia apodrecendo nas curvas das paredes sujas, em inércia. A fraqueza lhe perseguia, o medo era tanto que simplesmente não sobrava nada. A tristeza era tamanha, que não havia expressão, não havia a leveza do vácuo que uma via láctea deveria obter. Tudo pesava de tal forma, que não conseguia sentir.
Por vezes, acreditava que já tinha sentido de tudo que deveria sentir, e com o passar dos dias tudo foi se tornando uma demonstração amena do que nunca sentiria novamente.
Chanyeol entrou em casa, o ruído da porta alertou seu cérebro, e a cada passo que ele dava, Baekhyun sentia-se desamar, desapaixonar, desgostar… Odiar.
Ele removia os sapatos dos pés cansados e deitava-se na cama de lençóis frios e nevosos. Assim como dentro do menor, que o inverno não tinha um cessar, e as geleiras ficavam tão pontudas dentro de seus pulmões, que parecia sufocar na inexistência.
O mais alto acariciou os fios opacos e sem vida de Baekhyun, e depositou um singelo selar. Contudo, a ira lhe enlaçou cálida, como um toque colérico de Mercúrio e seu queimar. Tinha convicta certeza de que seu namorado cheirava a outro homem. “Outro criador de universos”, pensou.
E, Baekhyun era seu céu, como um pintor recria estrelas, gostava de substituir a pele alva por incontáveis astros.
Mas dessa vez, Byun Baekhyun não teve a chance de amanhecer solar.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.