1. Spirit Fanfics >
  2. Noites de Ternura - HIATUS >
  3. Vida

História Noites de Ternura - HIATUS - Vida


Escrita por: lakattzz

Notas do Autor


Veja só quem voltou!!! Ainda lembram disso? Espero que sim! Não tenho mt a dizer antes da leitura, então até depois ☆

Capítulo 13 - Vida


Fanfic / Fanfiction Noites de Ternura - HIATUS - Vida

Noites de Ternura

Capítulo 13:

Vida

26 de Junho, 2002

Pouco via-se dentro do estranho e ardido aos olhos faixo de luz. O par de castanhos negros abriam-se cansados, lentos. A cabeça latejava, os mínimos murmúrios soavam incômodos, pesados, o quilo daquela dor concentrando-se nos mirantes mal abertos, a coluna deitada no colchão morno de forro azul, os lábios ressecados e opacos, ardiam através das feridas que formaram-se devido às rachaduras que a falta de água causou naquela pele tão sensível que era de sua boca.

Então lembrou-se, como se acende uma lâmpada, tão rapidamente, da rua nem tão deserta por onde andava noite passada, lembrou-se dos cinquenta centes que gastou naquela bebida que nem mesmo soube que fim teve a pobre lata e dos olhos que nada mais viram além dum breu vazio, lembrou-se da tontura avassaladora que o consumiu célula por célula durante o caminho desesperador do corredor para o centro de emergência do hospital quando os olhos despertaram-se amuados.

Sentou-se abruptamente, e no mesmo instante que deu-se por si, sentiu o corpo antes petrificado pelo sono, agora o pedindo piedade, deitando-se de volta lentamente no travesseiro nem tão macio.

Era tudo muito vago naquelas memórias tão frescas, vago para si tão adaptado e apreciador dos detalhes, a escuridão daquela pancada, o concreto morno e meio úmido do asfalto que o marcou com alguns arranhões pela pele do rosto e braços, a agilidade em como foi colocado naquela maca, as pessoas em torno de si, a euforia com altas doses de preocupação nas vozes tão distantes, os aparelhos e remendos que o engoliam dentro do veículo de paredes brancas de metal, falavam em uma linguagem médica demasiada para entendimento civil, o homem que tentava de algum modo lhe arrancar qualquer palavra enquanto tocava a sua face com a mão, “Diga algo, garoto, diga algo, o seu nome, qual o seu nome rapaz?”. Ele o responderia se não estivesse com a voz presa na garganta, as sílabas na ponta de sua língua, sentia-se tonto, a fala não lhe saía de forma nenhuma, e então, sentiu as pálpebras o entregarem mais uma vez à um breu, vago e vazio.

E Gyung. Ele lembrou-se de Gyung. De quando ela tentava de algum modo correr atrás de si e dos médicos, não sentia-se bem por estar ali estirado na maca, gostaria de ter tido condições de livrar-se da dor, os mesmos médicos que o cercavam, também impediam a mais velha de o ver, e foi quando ouviu a voz da mulher o chamar, uma última vez, antes daquele sono tortuoso. 

A agonia o arrancava bruta o apetite do estômago que só vinha sendo alimentado pelo soro, precisava de respostas para lhe saciar a fome, paz era tudo que não o envolvia naquele exato momento, não o traria alívio nem mesmo olhar para a enorme janela ali quase ao lado da cama e ver que ainda era dia e mesmo que a temperatura estivesse abaixo dos vinte, o amarelo gracioso do Sol ainda dava o ar de sua presença ilustre.

Bom dia, sei que não vai responder, mas mesmo assim, bom dia! Sabia que hoje minha namorada chega de viagem? Quem é que se deu bem em?”

O riso sacana seguido de uns resmungos cantarolantes soaram animados pelo cômodo hospitalar, o enfermeiro cuidava de algo por entre aqueles aparelhos estranhos ligados ao garoto.

Checando a bolsa de soro e alguns botões estranhos acima da cama, anotando algo na prancheta logo depois, percebendo que Junhoe já não dormia mais.

Ora mas veja só quem finalmente acordou! Como está se sentindo, rapaz? Sede? Bem vindo de volta!”

O menino forçou um sorriso, a alegria do rapaz de fato impregnava o ambiente, no entanto o sorriso acabou o ardendo até a alma devido aos cortes nos lábios. Recuou-se um pouco para o lado quando o enfermeiro lhe tocou a testa, checando o paciente para constatar se tinha febre. Não tinha febre, a temperatura por sua vez parecia um pouco abaixo do normal, preocupando o enfermeiro.

Está pálido, Junhoe. Irei providenciar o seu café, e um analgésico, precisa se alimentar! A sua mãe e sua...Tia? Enfim, elas estão dividindo o seu acompanhamento aqui no hospital, no momento a senhora Gyung está aqui, irei chama-la pra você!”

“P-por favor...Eu  gostaria de saber, se ela ficou aqui desde ontem até agora…”

“Ontem? Há! Agora pelo menos sabemos que sua memória está intacta! Quanto a senhora Gyung, ela esteve aqui o acompanhando a quatro dias, na verdade, desde quando você foi deixado aqui, uma tia e tanto! Agora com licença, Junhoe-ah, preciso ir! Tenha um bom dia, um bom café e daqui a duas horas, algum enfermeiro irá te visitar. Você precisa descansar!”

A porta fechou-se sozinha, não emitia som algum, o jovem deixado para trás carregava no rosto uma expressão vazia, não seria possível, não permitiria-se a crer.

Quatro...dias…?”

O sussurro saiu por entre os lábios, em seu sopro desolado, o menino, cansado, sentindo o gosto passado e férreo de sangue aventurar-se pela boca, o estômago vazio causava sabores desagradáveis junto dos lábios feridos, torceu a língua, precisaria mais do que um lanche sem graça de hospital para saciar a solitária dolorida dentro da barriga.

A porta foi empurrada vagarosamente, revelando, para o alívio do menino, sua chefe.

Senho...”

Não diga nada, por favor, moleque, não diga nada…”

A voz da mulher saía fraca, embargada por um choro pesado, interrompendo Junhoe.

Um misto de alívio e raiva alastrava-se desesperado por seu peito, puxou o menino para um abraço desajeitado, porém forte, quente e no mais, seguro.

Envolveu a mais velha nos braços finos e compridos, com alguns curativos protegendo a pele maculada, sentindo a respiração afoita da mulher bater no topo de sua cabeça, balançando alguns fios dos cabelos pretos.

Sua mãe chegou aqui, e quase me matou quando o viu na emergência, tive que enfrentar um longo processo sobre ter mentido a respeito de ser sua mãe quando ela chegou aqui algumas horas depois que dei a baixa...O mínimo que você poderia me fazer para se desculpar, era acordar... Obrigada Junhoe, obrigada…

“Vamos... Não chore...Eu estou bem, acredite em mim!”

Afastaram-se sorrindo, a mais velha afagando os fios grossos do rapaz. A face emocionada de Gyung tomando outra forma instantes depois, a típica expressão dura e ilegível, o menino não era capaz de a olhar nos olhos, sentia-se um estorvo, um peso inútil.

“Veja, trouxe seu café da manhã! Coma um pouco e beba a água, está com os lábios feridos!”

“Me desculpe, senhora Gyung, por lhe causar tanto desgaste...Sei que eu fui um atraso nas suas investigações, e peço perdão por ter me tornado um alvo da criminosa...Eu não sabia que poderia ocorrer algo do tipo….Eu…”

“Basta. O que está feito, está feito. Não sinta-se assim, as investigações andam indo muito bem, na verdade não lhe devo satisfações a respeito de meu trabalho...Enfim, Junhoe, me desculpe por isso. Eu deveria ter sido mais cautelosa, mais professional... Sua mãe me ordenou que eu o demitisse. Quando você tiver alta, cuidarei dos papéis. Mas isso é um assunto que só será discutido depois, com mais calma, você agora precisa se recuperar.”

“O que? Como que é? O que você está dizendo? O que ela sabe sobre isso afinal? Ela...Eu não ligo pra me recuperar porra!”

O tom da voz elevou-se, os graves enfatizados pela raiva, o pão já mastigado e sem gosto engolido dolorosamente, empurrando para o lado a pequena mesa acoplada à cama, a expressão do garoto rondava entre fúria e incompreensão. Bateu os antebraços nas coxas cobertas pelo lençol, coçando os olhos e têmporas em seguida.

“E onde ela tá agora? A minha mãe super protetora, a mãe mais preocupada do mundo, afinal?! Isso é ridículo…”

A ironia mista do ódio foi soprada, praticamente cuspida, pela boca seca, um enjoo ácido subia pela garganta, a cabeça pesando novamente, nem mesmo acordou direito e já não gostaria de ver a cara de sua mãe.

Saia...Por favor, me deixa sozinho um pouco…”

Koo Junhoe…"

Eu não trabalho mais pra você, certo? Então saia…

“Você está sendo imaturo! Não admito que fale assim comigo! Irei ficar até sua mãe chegar!”

Eu já estou aqui. E peço desculpas pela falta de respeito do meu filho, obrigada por tudo senhora.”

A voz da mãe de Junhoe ecoou seca, surpreendendo ambos ali presentes, a delegada devolvendo a reverência para a mulher, dividiram um sorriso franco, enquanto o garoto fazia de tudo para evitar dar de olhos com a face de sua mãe.

“Eu exijo que você a respeite, Junhoe. Ela te deu um emprego quando mais precisamos, peça desculpas agora mesmo!”

Senhora Koo, isso não é necessário agora, ainda teremos tempo para conversar. Junhoe está cansado, confuso. Ainda precisa de um tempo…”

Gyung dizia as palavras e nelas depositava tranquilidade e segurança, mantinha os olhos fixos e determinados sobre Junhoe. O rapaz, ainda raivoso, soprou um riso silencioso, com o canto da boca.

“Teremos até semana que vem ainda, delegada. Ele terá alta se possível hoje se caso não apresentar nenhum desconforto ou coisa do tipo. Obrigada mais uma vez por olhar por ele.”

A fala da mãe acabou por confundir a mente do menino, alternando o olhar cansado entre a mãe e a delegada.

“Não agradeça, foi um prazer ter a companhia de Junhoe, até breve. Nos vemos mais tarde, rapaz.”

“Sim senhora.”

Mais uma vez a porta fechou-se silenciosa, deixando ali no quarto gelado, mãe e filho. A mulher hesitou em aproximar-se do garoto, sabia de seu temperamento, mesmo que seu coração estivesse a bombardeando por dentro para que fosse sufocar o único filho no seu abraço. E foi o que fez, não importando-se com os resmungos e gemidos de dor que o rapaz soltava. Enfim, entregou-se aos braços da mulher, não havia chances contra o amor de sua mãe.

“O que a senhora quis dizer com temos até semana que vem?”

“Ah sim... Isso...Eu consegui a vaga de gerente no banco que trabalho, mas me transferiram para uma agência, um pouco longe daqui…”

“Fala logo mãe!”

“Seoul, iremos nos mudar para Seoul. Sábado ou domingo que vem, bem cedo já estamos partindo…”

O par de castanhos dobraram o tamanho, o ar por breves segundos o escapou dos pulmões, olhava em volta de si, beliscava-se para certificar que estava vivendo num de seus sonhos malucos. A dor fez-se presente. Era real, tudo aquilo era real.

“Sei que será difícil, mas seu pai já até mesmo me ajudou a encontrar uma boa casa por lá, em um bairro próximo de seu novo colégio e de minha agência… Será uma nova vida, por favor filho, tente me entender...Faço isso por nós…”

“Eu vou...Tentar.”

O ambiente na delegacia mostrava-se hiperativo, naquela manhã, com a volta definitiva da delegada, todos extraiam de suas mais profundas energias para conseguir concluir alguns passos necessários para que pudessem chamar Heyn para seu primeiro interrogatório.

Gyung bebericava o café quente, o calor havia cedido uma trégua, a umidade do mar que cercava a ilha emanava o cheiro marinho da mistura seca do sal com a areia.

A paz em seu escritório havia sido cortada subitamente pelos gritos desesperadores de uma jovem moça, Wheein invadia a delegacia sem se importar com nada mais além de seu pânico,  a cegueira que o medo causava era sufocante.

A delegada levantou-se afoita, aproximando-se da jovem, pedindo para que esta sentasse na cadeira, oferecendo um copo d’água em seguida. Wheein engoliu o líquido transparente em um único gole, para então começar a falar.

“Ela, ela sabe que estou com ele! Ela sabe onde moramos! Eu vi hoje enquanto íamos ao mercado, o carro dela estacionado em frente à minha casa! Ela estava lá, junto de uns homens altos! E o Junhoe? Ele está bem não? O Jinhwan está lá na recepção com uma das antigas cuidadoras da Jye! Ele viu o Jiwon no carro! Vocês precisam prender essa mulher agora!”

Gyung via o medo estampado nos olhos da moça, não surpreendeu-se com as palavras, estava ciente das atuais condições daquele caso, Kang observava a menina ali sentada ainda dopada pela agonia, voltando o olhar para a delegada, afirmando com a cabeça para que colocasse a equipe na rua.

“Kang, traga Jinhwan, e diga para que os dois fiquem na minha sala até eu voltar, por favor.”

“Sim senhora.”

Um aperto no ombro da jovem aflita foi dado pelas mão firme da mais velha. Saiu da sala logo em seguida, para que acompanhasse a equipe de busca. Minutos depois, Wheein sentiu o coração bater aliviado com os olhinhos do pequeno a observando parado ao seu lado.

“Tia, por que não deixaram o Jiwon sair pra brincar comigo? E aquele menino que fica aqui não veio hoje?”

De semblante baixo e apagado, o menino aprisionava como podia o choro na garganta, as lágrimas mais ligeiras ainda lhe escapavam dos olhos, como passatempo, lembrava-se do calor acolhedor que sentiu quando os mirantes tão tristes encontraram-se com os olhos de expressão doce que carregava Jinhwan, um calor que inflamou o coração pequeno, um calor que irradiou o brilho nos olhos antes tão presos no escuro. Um sorriso tristonho abordou os lábios, era incrível como um ser tão pequeno era capaz de preencher um vazio tão grande.

Aquelas duas semanas sem Jinhwan passaram-se lentas, tão lentas que perdeu-se nos dias do calendário, mas, estranhamente em seu interior, sentia-se aliviado por saber que seu maior bem agora estava recuperando-se em boas mãos, longe de toda a mediocridade de Heyn.

Uma movimentação estranha ocorria do lado de fora, a mulher ao volante parecia desconfiar de algo junto dos outros dois, a rua antes vazia e silenciosa, agora ganhava aos poucos um pouco de vida, vida azul marinho e branco, vida que cantou pneus e alarmou sirenes, vida que cercou o carro onde estavam, vida que pedia para que Heyn e os dois homens saíssem de dentro do veículo com as mãos para cima, sem a criança.



Notas Finais


Um possivel erro aqui e ali, me desculpem por que sou pisciana e smp deixo algo escapar ajsn Adiantei um pouco as coisas por que quero começar a proxima fase da fic logo, so here you have! Kk JIWON IS BACK, e o Junhoe tadinho, nem sabe o que aconteceu direito... Wheein está ficando doida, alguem precisa salvar ela!

Bebam muita água e usem protetor solar, continuem a apoiar o ikon e até a proxima!

🐦 @vhwaek


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...