Estava na escola de Tori podando algumas plantas – como fazia todo mês.
-Asgore! – disse ela indo até mim – Eu trouxe suco pra você.
-Muito obrigado Tori...el – disse pegando o copo.
Por quantos anos nossa relação permaneceu assim? Por quantos anos me senti hesitante em chama-la pelos apelidos de antigamente? Posso dizer que estamos tendo uma ótima amizade? Não.
Eu queria tanto poder abraça-la e beija-la como fazia antes.
Quando adotamos Frisk, pensei que poderíamos voltar, retroceder a aquela época mágica. Mas não aconteceu. Na verdade, Tori começou a me tratar de forma mais carinhosa, mas eu ainda podia ver o rancor em seu olhar.
Nem mesmo quando Chara e Asriel foram trazidos de volta.
Acho que esse ódio nunca ira embora.
-As-Asgore... – ela me chamou de costas pra mim.
-Sim Toriel?
-Sinto muito, por tudo. – sua voz soava quase como um sussurro, mas eu pude escutar.
-Tudo o que?
-Ter te abandonado, a forma como o tratei, todo o ódio que descontei em você.
-Já falamos sobre isso, a culpa foi minha, eu me deixei guiar pela raiva e fiz aquele decreto, te afastei de mim.
-Mas você só estava fazendo o que achou que era certo.
Eu suspirei e disse:
-Eu não devia ter sido tão precipitado, devia ter esperado meu coração se acalmar para poder fazer qualquer coisa. Devia ter te procurado nas ruínas para consertarmos tudo juntos. Mas principalmente... – mais uma vez suspirei – eu não devia ter colocado tanta pressão em Chara por causa de uma profecia idiota.
-Não foi só você que a pressionou, eu, Asriel, todos os monstros fizeram isso.
-Toriel, escute: a culpa foi min...
-NÃO! EU ERREI! EU DEVIA TER VISTO QUE ELA ESTAVA SOFRENDO! – disse ela se virando pra mim, seus olhos estavam cheios de lágrimas.
Levantei-me, fui até ela e a abracei.
Tori apoiou seu rosto em meu peito e permaneceu chorando.
-E-eu não vi os sinais, e-eu te acusei sem pensar, a-a culpa foi minha. – ela falava entre vários soluços.
-Não – comecei a acariciar sua cabeça – todos tiveram culpa nessa historia, menos você. Você deu amor a Chara, lhe deu carinho e atenção.
-P-por que v-você continua insistindo? Por que quer tanto jogar a culpa em você e nos outros, mas não em mim?
-Por que é a verdade, tive muito tempo para pensar nisso, e essa foi a conclusão.
-E-eu queria tanto p-poder voltar p-para aquele tempo.
Depois disso ela dormiu em meus braços.
A levei para sua cama e a pousei lá.
Fiquei alguns minutos observando seu rosto, aqueles pelos brancos que estavam molhados com suas lagrimas, aqueles pequenos chifres que a fazia parecer uma filhote de estatura exageradamente grande e aqueles olhos vermelho escuro que se escondiam por de traz de suas pálpebras. Ela era linda.
Entreguei-me as minhas vontades e levei meus lábios aos seus e a beijei. Por sorte ela não acordou com a ação.
Fui até a porta, direcionei meu olhar para sua cama e disse:
-Um dia vamos voltar para aquele tempo, eu prometo.
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