História Nona Alma - Além da Barreira

-E se simplesmente acordássemos ela? – sugeriu Carlos.

-Acredite em mim, nunca é uma boa acorda-la – disse sem pestanejar.

Olhei para Luci que permanecia dormindo no chão, ela estava assim já faziam alguns minutos, Ink sumiu, então não sabíamos se deveríamos nos preocupar.

-SERÁ QUE ELA ESTÁ BEM? E SE OCORREU ALGUM TIPO DE SEQUELA COM A ALMA DELA? – perguntou Tahoma preocupada.

Antes que alguém pudesse responder, Luci abriu seus olhos e se levantou.

-FINALMENTE VOCÊ ACORDOU! VOCÊ QUASE NOS MATOU DE SUSTO!

-Verdade, a Tahoma até chorou pensando que você podia ter caído - disse Carlos

-EU NÃO ESTAVA CHORANDO, É QUE TINHA UMA COISA NO MEU OLHO.

-Ah é? E o que era?

-LAGRIMAS.

Eu e os outros acabamos por rir.

-Bem, a barreira foi quebrada, então podemos ir agora.

Todos nós assentimos e fomos juntos para fora do subsolo.

A luz do sol invadiu a minha visão, tive que colocar a mão na frente do olho para não ficar cego com todo aquele excesso de luz.

Quando meus olhos se acostumaram com a luminosidade  tirei a mão e observei aquela vista:

O Sol nascia no horizonte, iluminando a floresta que cercava o MT.Ebott, ao fundo, no lado esquerdo havia uma montanha e em seu paralelo um imponente castelo.

-Isso é tão lindo – disse Mettaton fazendo uma pose dramática.

-Gente, era com isso que vocês viviam? – perguntou Undyne.

-Eu nunca senti um ar tão fresco – declarou Carlos enquanto respirava fundo.

-ISSO É REALMENTE INCRÍVEL! MAS NÃO PODEMOS FICAR AQUI PRA SEMPRE! VAMOS NOS APRESENTAR PARA OS OUTROS HUMANOS! – disse Tahoma puxando os pais totalmente eufórica.

-Ei! Esperem ai! Temos que fazer isso juntos! – disse Raphael correndo atrás dos três enquanto os outros humanos, menos Frisk, o acompanhavam.

-Bem, é melhor alguém ficar de olho neles – disseram Carlos e Undyne ao mesmo tempo, ambos puxaram Alphys pela trilha que levava para a aldeia mais próxima.

-Melhor irmos também Asgore – Toriel puxou o rei para fora de nossa visão.

Um silencio permaneceu por alguns instantes, Luci movimentava o corpo de uma forma estranha, como se estivesse com receio de algo. Não demorou muito para que Frisk percebesse e decidisse sair com Sans para se juntar aos outros.

Quando eles sumiram na trilha por completo Luci se virou para mim, deu um suspiro e então direcionou seu olhar para a paisagem alaranjada do horizonte.

-Você veio daqui, não é?

Eu não disse nada, eu não fiz nada, só conseguia olhar para o rosto de Luci, seu olhar não demonstrava a alegria esperada, na verdade parecia triste e com receio de algo.

Isso estava me corroendo aos poucos.

-Bem... você deve ter algo para fazer aqui... lugares para ir...

Na hora eu entendi o que a estava deixando tão apreensiva.

-Luci, eu já te disse que quando pulei no MT.Ebott eu não tinha mais nada para fazer na superfície.

-Eu sei, mesmo assim...

-Mesmo assim?

-Você teve vários anos para repensar sua antiga vida, você com certeza deve ter se lembrado de algo... ou alguém.

Eu suspirei, cheguei perto de Luci, levei minhas mãos até seu rosto e a fiz olhar para mim.

-Luci, no momento em que pulei naquele buraco eu disse adeus a aquela vida, aquela criança solitária que não sabia como continuar sem o apoio dos pais morreu, e com isso deu lugar a outra, uma criança com uma nova família, novos amigos e uma namorada incrível. Eu nunca vou deixar essa vida para tentar retomar aquela. Entendeu?

Os olhos de Luci começaram a lacrimejar ao passo que ela abria um grande sorriso, ela assentiu com a cabeça.

Segurei o queixo dela com uma das mãos, enquanto a outra descia até sua cintura e a puxava para mim.

Nos beijamos, um beijo calmo, nenhum som ao nosso redor, tudo que havia era a luz do Sol que aos poucos se tornava amarela e o céu que de alaranjado ganhava um tom azulado.

-Melhor irmos, eles estão nos esperando.

-Ok.

Peguei a mão de Luci, entrelacei nossos dedos e seguimos juntos para a aldeia onde todos nos aguardavam.