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História Noroi - O príncipe amaldiçoado


Escrita por: Natsume-nee

Notas do Autor


Noroi 呪い (japonês)
1. maldição
2. praga
3. maledicência

Capítulo 1 - O príncipe amaldiçoado


Era uma vez um casal muito rico que vivia feliz num próspero reino. O homem era um comerciante muito famoso que mantia negócios com o próprio rei. Sua jovem esposa estava feliz com a vida que levava, mas sentia muito a falta do marido, que estava sempre viajando.

Fugaku era um homem honrado mas sofria com sua própria ganância. Em sua cabeça, ele devia ser o rei e, secretamente, buscava recursos para tomar o reino.

Numa de suas viagens, ele fora informado da existência de uma criatura capaz de realizar desejos. Tomado pelo entusiasmo, Fugaku não pensou racionalmente e foi atrás de tão extraordinário ser. Não demorou muito à achá-lo.

Nas profundezas de uma estranha floresta, ele encontrou a casa da criatura e, orgulhosamente, ordenou que lhe concedesse um desejo.

- Ora, mas é claro, mestre. Mas devo avisá-lo que todo desejo tem seu preço - diz a voz rouca da criatura.

- Está me ameaçando? Tenha pelo menos a decência de sair das sombras e mostrar sua cara! - esbravejou o impetuoso Fugaku.

A criatura sorriu internamente. Que homem tolo. Assumiu uma de suas várias formas.

- Qual é seu nome? - perguntou o homem

- Você pode me chamar de Madara.

- Certo, Madara. E o que exatamente você é?

- Eu sou um demônio.

Fugaku hesitou. Um pacto com o diabo não estava exatamente em seus planos. Respirou fundo e, lembrando de sua bela Mikoto, deu um passo à frente, erguendo sua espada.

- Estranha criatura, você tem sorte de eu não ser um homem cristão. Ou teria que exorcizá-lo agora mesmo.

- Ora, mas assim eu não realizaria seus desejos, não é mestre? - disse Madara, se divertindo com a tolice do humano.

- Silêncio! Você irá me conceder três desejos ou irei entregá-lo ao Santo Exército da Igreja.

- Como queira, mestre - respondeu o outro, divertindo-se. - Diga-me, quais são seus anseios?

- Primeiramente, eu quero herdeiros. Minha amada esposa é infértil… Portanto, eu quero que me dê meninos fortes e inteligentes.

- No primeiro dia do próximo mês, deite-se uma vez mais com sua esposa e você produzirá um filho. Ele será um homem honrado e brilhante. Será chamado de herói por todos os que o  conhecerem. Ele lhe dará orgulho.

- Ótimo! - disse Fugaku, satisfeito. - Agora eu quero que me garanta que minha família sempre será saudável e afortunada.

- Seus entes queridos jamais passarão necessidade física, eu lhe garanto.

- Por fim, eu quero que me ajude a conquistar o reino. Mate o velho monarca e faça-o me declarar como legítimo herdeiro.

- Matar alguém irá lhe custar um preço mais alto.

- Que preço, demônio?

- Uma vida por uma vida, essa é a regra, senhor. Quando seu último filho der os primeiros passos, você deve me trazer o sangue daquele que mais estima.

O jovem comerciante se enfureceu. Que espécie de preço era esse? Mas então uma perturbadora ideia lhe ocorreu: quando chegasse a hora do pagamento, ele mataria a criatura. Sorrindo, aceitou o trato e partiu feliz para seu reino.

...

Os anos se passaram e Fugaku prosperou. Quando o antigo rei morreu, assumiu o trono, assim como o combinado com Madara. Mikoto deu à luz à dois belos meninos, que se chamavam Itachi e Sasuke. O primeiro, aos doze anos de idade, já demonstrava uma assombrosa aptidão com a espada e os números. O rapaz rapidamente ficou conhecido por suas habilidades.

Quando o menino Sasuke nasceu, Fugaku encheu-se de preocupações. Mandou chamar cada padre dos Grandes Cinco Reinos e pediu-lhes ajuda para realizar um exorcismo. E todos lhe diziam a mesma coisa: somente uma alma pura poderia matar um demônio. O novo rei sabia que sua alma estava mais do que condenada e, por isso, enviou grandiosos heróis para matar Madara e todos falharam.

Então o terrível dia chegou: Sasuke aprendeu a andar. Fugaku, atormentado pelo medo, viajou às pressas com a família para a catedral mais próxima, afim de se proteger. Porém, antes que chegassem lá, uma terrível tempestade caiu e impediu que eles prosseguissem. Foram obrigados à procurar abrigo numa pequena cabana abandonada na beira de um lago.

- Querido, o que há? - perguntou a doce Mikoto, atormentada ao ver o amado tão aflito.

- Pai, seja lá o que for, eu posso vencê-lo - disse o corajoso Itachi.

Sasuke se contentou em fazer um muxoxo, pois estava com frio.

- Ah, meu filho, é justamente esse o problema…. Justamente esse.

A família olhava-o com preocupação pois ele estava com uma aparência insana. Andando de um lado para o outro, Fugaku tentava desesperadamente pensar em algum plano para salvar seu amado primogênito, pois era ele quem mais estimava no mundo, porém nada lhe ocorria. As horas se arrastavam.

Quando finalmente a noite caiu e a tempestade cessou, o homem suspirou aliviado e rapidamente arrumou suas coisas para sair daquela maldita cabana. Ao abrir a porta, no entanto, se deparou com um par de olhos violetas.

- Ora, ora, mestre. Onde está a sua honra? Tive que vir lhe cobrar o preço.

- Vá embora, demônio! Não deixarei que toque no meu filho! - gritou Fugaku, empunhando sua espada.

- Seu filho? Seu filho? - disse a criatura, enquanto ria histericamente - Acha que está enganando à quem? A pessoa que você mais estima, querido mestre, é à você mesmo!

Fugaku titubeou. Então era a sua vida que o demônio queria. Seria ele capaz de dá-la pelo bem de seu reino e sua família?

- Mas… Mas… Você disse que eu deveria pagar o preço quando meu último filho desse os primeiros passos.

- Sim, e a criança está ali, agarrada à mãe.

- Minha esposa está grávida. Meu último filho ainda não nasceu - disse Fugaku, com uma ponta de esperança na voz.

Madara olhou friamente para a mulher com cara de aterrorizada. De fato, ela esperava mais uma criança, dessa vez uma menina. Com um movimento de suas mãos e um sussurro de seus lábios, ele lhe jogou o fatal feitiço. Mikoto começou a gritar quando viu sangue escorrer por suas pernas. Cortes apareceram em sua barriga e não demorou muito para que caísse morta no chão.

- Bom, e nem nascerá. Nunca mais.

Fugaku estava paralisado. Mal ouvia os gritos de Itachi, que se agarrava ao corpo ensanguentado da mãe.

- Pela sua covardia de deixar que outra vida inocente fosse perdida, eu o amaldiçoo. Você irá viver muitos anos, mas todos eles serão recheados de infelicidade. Será detestado por todos que o conhecerem e as pobres almas que ousarem amá-lo encontrarão um fim terrível. Você viverá, mas seu coração irá se encher de ódio e escuridão. Irá, para sempre, queimar em tristeza e solidão.

Quando Madara terminou sua profecia, uma grande chama negra apareceu em sua mão esquerda e jogou em direção ao deplorável homem. Com o canto dos olhos, porém, viu um movimento repentino. Era Sasuke que, assustado, correra para o colo do pai. A pobre criança, então, foi atingida com tudo pelo feitiço e desmaiou.

- Ora, que contratempo - disse Madara - Mas acho que isso é melhor ainda. Você verá sua criança sofrer para sempre por sua causa!

Em seguida desapareceu.

Naquela mesma noite, Fugaku, corrompido pela culpa, se matou. Deixou ao seu filho mais velho duas missões: cuide do reino e salve o Sasuke.

...

Quase dezoito anos depois, Itachi ainda seguia fielmente os pedidos do falecido pai. O reino prosperava e o povo amava seu governante. As guerras foram todas vencidas. Estava tudo bem, exceto pelo seu querido irmão.

O jovem monarca contratara todos os sacerdotes de todas as religiões que ouvia falar. Todos eles tinham uma única missão: retardar o feitiço jogado em Sasuke. Itachi sabia que era quase impossível matar o demônio e por isso investia com todas as suas forças em achar uma maneira de salvar seu irmão.

Sasuke, pelo seu bem e dos outros, era mantido escondido numa ala do castelo. Tinha contato com pouquíssimas pessoas além de seus serviçais, que mudavam constantemente. O único com quem falava diariamente era seu irmão e, para isso, o mais velho tinha que tomar uma poção especial contra o infortúnio cada vez que saía do quarto do jovem príncipe.

Sasuke conhecia a verdade sobre sua maldição e a cada dia que passava parecia aceitá-la com resignação. Ele seria para sempre infeliz e todos que por ventura o amassem, seriam amaldiçoados. Carregar esse peso durante toda sua vida teve suas consequências: o rapaz possuía um gênio terrível, péssimas habilidades sociais e sua personalidade era narcisista e introvertida. Tentava se convencer todos os dias de que detestava as pessoas.

No dia em que fez dezoito anos, o jovem príncipe decidiu partir. Se sentia um peso para seu irmão, que procurava noite e dia por uma solução para seu problema.

- Sasuke, eu ordeno que fique - disse Itachi, embora soubesse que seu irmão nunca o obedecia.

- Me poupe, Itachi. Eu faço o que eu quiser. Você tem sorte de eu ter esperado esse tempo todo. Era insuportável ver você ficar com cara de morte toda vez que eu cortava um dedo.

- Ah, você é impossível - suspirou o mais velho e então entregou um livro pequeno e surrado para seu irmão - Pelo menos leve isso com você, caso passe por dificuldades.

- Eu não vou virar um de seus velhos bobos que ficam resmungando feitiços até quando estão dormindo.

- Sasuke, aceite. Vai me deixar mais feliz.

- Tanto faz - disse, mas aceitou o presente - Eu volto, um dia. Arranje logo uma esposa ou vai virar um babaca tirano. E pare de gastar o dinheiro do reino com caçadas sem sentido. Já disse que eu que vou matar aquele maldito.

Itachi suspirou. Seu irmão tinha uma estranha maneira de demonstrar que o amava. Abraçou o rapaz e o viu partir em seu garanhão favorito.

O jovem príncipe viajou por muitos meses, conhecendo inúmeros lugares. Alguns maravilhosos, outros nem tanto. Evitava contato com as pessoas mas, ironicamente, sempre que ouvia um boato de que alguém corria algum perigo, Sasuke ajudava. Mas não ficava no lugar por tempo o bastante para a pessoa agradecer.

Um dia, escutou um boato de que uma criatura terrível, um basilisco, atormentava um pequeno reino ali perto. Os viajantes evitavam passar por aquele lugar e o reino definhava lentamente. O príncipe resolveu ajudar.

Não demorou muito para identificar o reino. O lugar era sombrio e toda a vegetação estava morta. Aparentemente, o basilisco possuía alguns poderes malditos. Ouvindo algumas conversas na taverna da vila, descobriu que o rei organizara uma caçada ao monstro que ele mesmo lideraria. Que gente mais imbecil, pensava o rapaz.

Assim que descobriu o lugar onde o monstro se escondia, partiu para derrotá-lo. Entrou no covil da criatura e esperou que ela aparecesse e começou a atacar.

Horas depois, suado e cansado, Sasuke saiu da caverna com a cabeça do basilisco na mão. Encontrou o grupo que supostamente iria caçar o monstro.

- Estão um pouco atrasados - disse o príncipe.

- Como… Como você conseguiu matá-lo sozinho?! - perguntou um homem de cabelos brancos com uma cicatriz no olho.

- Eu tenho resistência à magia e sei lutar muito bem. A criatura não tinha chances.

- Meu jovem, eu devo agradecê-lo! Você salvou meu reino!

- Você que é o rei?

- Sim. E vou recompensá-lo. Eu tenho lindas filhas, pode escolh…

- Eu não quero me casar - interrompeu Sasuke. Velho idiota, vendendo as próprias filhas.

- Então, o que quer, meu jovem?

- Um lugar para passar a noite.

Assim, Sasuke e o rei foram para o castelo. O lugar era muito bonito, mas estava mal cuidado. Chegando lá, as filhas do rei esperavam ansiosamente pelo pai. De fato, eram muito bonitas e alegres. Naquela noite, foi oferecido um banquete e uma festa à Sasuke e, pela primeira vez em muito tempo, o jovem se sentiu confortável. Pensou que não haveria problema em ficar ali por algum tempo.

Esse foi o erro dele. As semanas se passaram e Sasuke se provou um excelente conselheiro. O rei o estimava cada vez mais e esse foi o erro do velho.

Algum tempo depois, uma praga começou a assolar o reino. A população adoeceu rapidamente mas, felizmente, não houveram muitas mortes. Ainda.

O rei e suas filhas também ficaram doentes. Uma a uma, todas as garotas definharam no leito até à morte. O rei, debilitado e deprimido, não estava longe do mesmo destino.

- Me desculpe, Kakashi - dizia Sasuke, segurando a mão de seu mais novo e único amigo.

- Ora, meu jovem, não diga bobagens. A culpa não é sua. - respondeu o rei, com uma voz fraca.

- É sim. Eu sou… Azarado. Trago infortúnio para as pessoas ao meu redor.

- Infortúnio? Meu reino nunca esteve tão bem graças à você! E é por isso… Que… Eu - tentava dizer Kakashi, mas uma súbita tosse o impedia.

- Pare de tentar falar, velho! - disse Sasuke, desesperado.

- Tome conta de meu reino… Meu jovem… Só você pode nos… Proteger.

Não demorou muito para que o rei falecesse. Sasuke assumiu o trono, como pedido. Mas estava carregado pela culpa. Em sua cabeça, ele tinha matado o rei e suas filhas, tão belas e jovens.

Jurou a si mesmo que jamais deixaria outra pessoa se aproximar e sofrer por isso. Se tornou um governante rígido que, embora não deixasse nada faltar ao seu povo, tratava a todos com rispidez.

Sentia a escuridão crescer em seu coração. Perguntou-se por mais quanto tempo teria que aguentar essa vida maldita.

O jovem Sasuke ainda não sabia que não viveria desse jeito deplorável por muito tempo. Algo de extraordinário estava para acontecer em sua vida.


Notas Finais


Olá! Espero que tenham gostado! Se algo ficar muito confuso, por favor me avisem.


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