História Nossa história - Ciumento

Sei que pode parecer invenção, pois Bruce Wayne, principalmente sob a máscara do homem morcego, sempre conseguiu disfarçar muito bem suas emoções. Como se realmente não as tivesse. Porém, há unzinho que até hoje ele não consegue esconder... o ciúme.

Ele sempre foi muito ciumento e a bronca da vez se deu com Terry. Sei que ele tem um enorme carinho pelo rapaz, mas desde que o mesmo entrou para a Liga, percebi certo desconforto nele. Batman e eu temos ido em várias missões juntos e parece que isso o incomodou.

- Pelos deuses, Bruce. Não estávamos só nós dois.

- Por isso mesmo. Ficar te protegendo, quando você nem ao menos precisa não é algo normal.

- Bruce eu tenho uma visão totalmente diferente da sua. Terry é novato. Ele é ótimo, mas é apenas um garoto. Agora ele não protege apenas Gotham, mas também luta com a Liga. Acho que ele ficou inseguro numa missão tão difícil e de todos ali, é comigo que ele tem contato.

- Batman não tem inseguranças, Diana. Ele age. E age sozinho. Se ele ficar se escondendo atrás de você, não vai dar certo.

- Não é você quem está lá Bruce. Por mais que você queira, ele não é como você.

Ficamos falando sobre isso por um bom tempo, até que ele se deu por vencido. Até então, achei que ele tivesse entendido, mas percebi que os dias se passaram e Bruce continuou a nos observar. Terry percebeu que algo não estava normal, mas acho que nem se deu conta do porquê. Ele o respeita e admira, por isso eu achei um absurdo essa desconfiança. Mas pior do que desconfiar dele, é ter alguma dúvida com relação a minha conduta. Se eu visse que algo não estava certo, é obvio que o colocaria no lugar.

- Bruce, para. Terry sempre me respeitou. Ele tem admiração por eu ser a Mulher Maravilha. Você viu como ele ficou bobo quando me viu pela primeira vez, sem nenhuma malicia. Foi o mesmo olhar que ele lançou sobre os membros da Liga. O mesmo olhar que ele lançou para você. Olhar de admiração.

- De início era sim admiração, mas agora não. Você é ingênua, Diana. Mesmo após anos convivendo com toda essa gente não consegue enxergar o obvio.

- Você está sendo infantil e ridículo. Terry te respeita, Bruce. Ele tem um grande carinho por você. Para de ciúmes.

- Diana eu não estou com ciúmes, eu apenas quero que você enxergue o obvio e dê um jeito nisso. Vocês são colegas de trabalho, não amigos.

- Terry passa a maior parte do tempo conosco, Bruce. Não dá para fingir que não o conheço. Eu tenho sim um grande carinho por ele, mas não precisa se preocupar, ele é só um menino.

- Ah, e com certeza ele te enxerga como uma velha. – Ironizou. - Você fica dando espaço para ele se achar intimo o suficiente para ficar de conversinha com você a todo momento.

- Ah, agora a culpa é minha? Com licença, eu já ouvi demais, senhor Wayne. Durma bem.

- Aonde vai?

- Dormir. Conversamos quando suas crises acabarem. – E quando eu ia saindo dei com quem? Terry.

- Opa, desculpa. Boa noite, Diana.

- Boa noite, Terry. – Respondi sem nem olhar para ele. Me senti mal com acusações injustas que Bruce fez. Logo me despedi e quando estava quase saindo da batcaverna, ouvi o chamado preocupado do rapaz. Quando olhei, vi Bruce caído com a mão sobre o peito. Logo o ajudamos.

- Está melhor? Qualquer coisa te levamos ao hospital, você demorou a tomar os...

- Cale-se! Estou bem. – Falou irritado, interrompendo o rapaz. Bruce tentou se levantar, apoiando-se na cadeira, mas sem sucesso.

- É, acho que já está melhor. – O ajudei a retornar ao assento.

- Não vou morrer. – Soltou-se de minha mão com brutalidade.

-É... Eu acho que vou indo. – Acho que nesse momento ele notou o clima “amigável”. - Amanhã nos falamos.

- Fique! Se veio até aqui é importante. – Terry me olhou e eu fiz sinal de positivo. Saí e deixei os dois conversando. Resolvi tomar um ar do lado de fora da mansão. Após um tempo, Terry saiu e veio em minha direção.

- É... Hoje ele bateu o Record de “bem-humorado”. – Sorriu, coçando a nuca.

- Vá descansar, Terry. Boa noite. – Tentei faze-lo ir embora logo para evitar confusões, mas não adiantou muito.

- Diana, eu fiz algo que desagradou?

- Não se preocupe. Bruce é o causador da nuvem negra aqui.

- Não falo somente dele. – Ele pegou em minha mão. - Eu te fiz algo?

- Não Terry. – Me soltei imediatamente.

- Certeza?

- Certeza. Fique tranquilo. Vá descansar enquanto pode.

- Está bem. Espero que vocês se entendam logo, pois depois de amanhã é o dia dele. – Ele sorriu de orelha a orelha e saiu da mansão. Logo senti olhares sobre mim e quando olhei na direção da casa, Bruce estava lá e fez questão de fechar a cortina, mostrando sua reprovação. Decidi então ir para o meu apartamento.

Admito, eu tenho ciúmes também. Bruce sempre foi lindo e sempre teve a atenção de todas as mulheres, principalmente daquela gata vira-lata. Selina só nos deixou em paz mesmo quando se envolveu com um estrangeiro e sumiu com o mesmo. Barbara Gordon voltou a ter mais contato com ele por causa do novo Batman. E quando achei que já estava demais, me aparece “Talia”, o fazendo ir longe demais.

Dou minha vida se eu estiver errada, pois tenho certeza que “ela” quem causou o tal acidente que o fez vacilar. Terry me disse que antes de fazer a loucura de aceitar sua proposta, Bruce quase foi atropelado ao tentar salvar uma moça, que por pouco não foi atropelada também. Bem, vou tentar explicar do início.

Aproveitando desse seu momento frágil, “Talia” apareceu lá e lhe fez a proposta de fazer uso dos poderes do Poço de Lázaro, nada mais que o maior instrumento de Ra’s Al Ghul, seu pai. O poço é capaz de rejuvenescer, e em alguns casos até ressuscitar um corpo. Mas há riscos. Pelo que soube, Bruce hesitou de início, mas com o “incidente” ele se sentiu fraco e juntando isso com seu ciúme do jovem Terry, ele acabou cedendo.

Enquanto ele aprontava essa, eu estava em mais uma das difíceis missões da Liga. Então acabamos passando o dia todo sem nos falar. Só consegui voltar para casa na madrugada, mas voltei decidida a fazer as pazes com Bruce, pois era seu aniversário. Não que ele goste, mas eu não queria que passássemos esse dia brigados. Então, fui direto à BatCaverna.

- Bru... – Parei ao ver o traje. - Ah, Terry. O que faz sozinho aqui? – Antes que eu pudesse chegar na cadeira, ele se levantou e meu coração quase parou.

- Grande Hera... Bruce? – Ele estava com seu antigo traje, mas, não era só isso. Bruce estava... como antes. Mais jovem.

- É temporário, mas...

- Como? – Pus a mão em seu rosto. Logo ele pôs sua mão por cima, fazendo menção para que eu retirasse a máscara, e foi o que fiz. – Hera... Como... Bruce? – Eu estava totalmente pasma com a situação, só conseguia olhar para os detalhes do seu rosto o tempo todo.

- Conversamos depois, está bem? Prometo que te explico tudo, mas agora, deixe-me receber meu primeiro presente. – Dizendo isso ele me beijou. Naquele momento, apesar de todo o susto, senti-lo como antes fez eu me entregar de imediato, sem questionar nada mais. Era o Bruce. O meu Bruce. E apesar de estar confusa com toda a situação, nos amamos ali mesmo. Foi incrível poder tê-lo como antes mais uma vez.

Mais tarde ele me explicou a conversa que teve com Talia, que era na verdade o próprio Ra’s Al Ghul. Quais as condições que ele impôs no papel da filha e quais eram seus verdadeiros planos.

- Se fosse ela mesmo, você ficaria por lá então? – Cruzei meus braços.

- Lógico que não. – Me puxou, fazendo-me sentar em seu colo. - Foi um momento de fraqueza, meu amor. Se o tempo passasse para você, você iria me entender. – Falou, fitando o chão. - Bom, de qualquer modo, me desculpe pela maneira que falei com você.

- Você acha mesmo que eu daria brecha para alguém?

- Não, claro que não. É só que.... Bem... às vezes é difícil acreditar que você ainda está aqui, Diana. Não sou mais aquele homem que você conheceu.

- Então estou precisando de óculos, pois continuo vendo o meu Bruce aqui. – O beijei, fazendo-o sorrir. – E esta desculpado, mas para de perseguir o pobre o Terry. Soube que ele está muito bem com a namoradinha dele. – Sorri. – Sabe o que me consola? – Ele me encarou, curioso. - É saber que você provavelmente foi cantado... pelo Ra’s Al Ghul. – Ri, fazendo-o revirar os olhos.

Ficamos conversando sobre várias coisas e relembrando momentos. O efeito durou uma semana e combinamos com Terry de que isso ficaria apenas entre nós. Nessa semana, Bruce voltou a combater o crime em Gotham, anonimamente. Ver meu justiceiro em ação novamente me deixou muito feliz, mas fiz questão de deixar bem claro que não o amo menos porque os anos passaram para ele... muito pelo contrário. Meu amor e admiração aumentam cada dia mais.