História Nossa história - Minha vida

- Bruce? - Tentei acha-lo em meio a escuridão. - Bruce, está aí?

- D-Di...Diana. - Ouvi sua voz, fraca. Logo o vi aparecer, cambaleando.

- Bru...

- Pare. - Pôs as mãos na cabeça. - Por favor, Diana... pare.

- O que? - O encarei, confusa e quando comecei a me aproximar, percebi que ele estava cercado... por mim. Haviam varias e todas lhe falavam coisas rudes. Logo, uma maior, com olhos vermelhos o chutou, fazendo-o cair ajoelhado. - Parem! - Tentei golpeá-las, mas passei direto. Bruce pôs a mão no peito, com falta de ar. - Vocês vão mata- lo. Parem! - Fui até ele tentando lhe ajudar, mas minhas mãos não o agarraram, passaram direto. Entrei em desespero. - O que está acontecendo? Parem! Bruce! - Comecei a chorar. - Bruce, olha para mim, Bruce. Levanta. Bruce! - Logo, senti mãos me puxando. - Me larga! Bruce... não! - Gritei uma última vez antes de ser totalmente puxada e tudo escurecer.

- Diana! - Abri os olhos e ainda atordoada, percebi que tudo não passou de um pesadelo.

- Bruce...

- Foi só um sonho, meu amor. - Me puxou num abraço. - Está tudo bem. Fique calma. Foi só um sonho.

- Bruce. - O agarrei com força, chorando de alivio. - Pelos deuses... fique comigo. Não quero te perder... não quero. - As lágrimas escorriam intensamente em meu rosto. Eu sei, isso foi errado. Bruce já se sente mal por saber que um dia irá partir e me fazer sofrer, mas não tive como esconder. Me senti tão inutil com esse sonho. Vê- lo morrendo sem poder ajudar me fez tão mal.

- Tome. Beba. - pegou um copo d'agua. - Foi só um pesadelo, volte a dormir. - Ajustou o travesseiro para que eu me deitasse. Logo, deitou-se ao meu lado. - Estou aqui com você. - Me beijou o pescoço. - Volte a dormir.

Não demorou para que eu pegasse no sono, mas meia hora depois acordei novamente. Toquei atrás de mim para senti-lo e me virei rapidamente no que isso não aconteceu. Bruce estava na pontinha da enorme cama. Observei atentamente sua respiração para confirmar que estava tudo bem, e logo sorri me aproximando, beijando-lhe a testa.

- Eu amo tanto você. - Fechei os olhos, sentindo seu cheiro.

- Eu também amo você. - Sussurrou, pondo a mão em minha cintura.

- Desculpe. Não quis acordar você. - O mesmo sorriu de canto.

- Outro sonho ruim?

- Não. Não se preocupe. Volte a dormir, está bem? - Bruce assentiu, puxando meu corpo mais para perto. Como estamos de lado, pus uma das pernas por cima dele, juntando ainda mais nossos corpos. Ficamos ali, acariciando um ao outro por um bom tempo, até pegamos no sono novamente.

Mais tarde...

Ainda me sentindo estranha, fui até a torre a procura de um ombro amigo. Bom, na verdade dois.

- Olha só quem veio nos visitar. - J'onn veio em minha direção, me abraçando gentilmente.

- J'onn... como se eu não vivesse aqui. - Sorri.

- Diana!

- Clark! - Lhe dei um forte abraço.

- Que carinha é essa? O que houve?

- Bom, Clark... é o Bruce. - Ambos me olharam atentamente.

- Sente-se aqui, minha amiga. O que aconteceu? - J'onn me levou até uma das cadeiras.

- Sinto Bruce escorregando das minhas mãos como areia, sabe?! Ultimamente tenho tido tanto medo de perde-lo, como se... como se ele estivesse perto de partir, sabe?!

- Que ele não te escute, minha amiga. - Clark sorriu. - Ele não ia gostar de saber que está sendo subestimado. - Brincou.

- Diana, procure não pensar nisso. Ele está muito bem, mesmo após aquele dia. Não foque nisso. Veja meu caso. Minha namorada era idosa. Se eu tivesse pensado muito, talvez não tivesse sido tão feliz.

- J'onn está certo, minha amiga. Não foque nisso. Até porque numa eventualidade, você pode ir primeiro que ele. Temos nossas fraquezas também. Bruce é um homem, mas não qualquer homem. Ele é forte Di. Ainda vai viver muito. - Clark sorriu.

- É, vocês estão certos. - Forcei um sorriso.

- Bom, me desculpa ficar pouco, mas estou aproveitando a calmaria e marquei com Lois. Se eu não for, ela me mata. - Coçou a cabeça como se isso fosse possível.

- Imagina, meu amigo. Vai lá. Manda um beijo para ela.

- Pode deixar. - Sorriu, indo embora.

- Você não está bem e eu já havia notado isso nas missões. Está aérea e dispersa das situações. Isso está te afetando mais do que deveria, não é? - Assenti. - Quer me contar como foi?

- Bom, não foi só hoje, J'onn. Tenho sonhado frequentemente com ele morrendo de diversas formas. E o pior é que é ele quem sempre me acorda.

- Como Bruce está lidando com isso?

- Acho que ele está evitando entrar nesse assunto. Ele me conforta, se faz presente, me dá apoio, mas nunca diz nada. O que de certa forma, me deixa mais angustiada. - Fitei o chão. - Dessa vez me senti pior do que das outras vezes. Dessa vez era eu ali, matando o Bruce lentamente. Ferindo sua alma. Foi horrível, J'onn.

- Foi após aquele dia que tudo começou?

- Frequentemente foi. Eu já havia sonhado, mas fazia tempo.

- Isso tudo é o medo de perde-lo, minha amiga.

- Mas são tão reais.

- Creio que aquela noite lhe deixou um trauma. Você dorme com medo de acordar sem ele. Diana... - ele me encarou. - Bruce vai ter sua hora. Isso é inevitável, mas tenho certeza que ainda irá demorar. - Sorriu. - Volte e aproveite cada minuto sem essas preocupações. Acalma esse coração para que você fique bem ao lado dele, sem lhe causar frustrações.

- J'onn... Obrigada por tudo. - O abracei. - Agradeço tanto por ter você, meu amigo.

- Estarei sempre aqui para o que precisar, Diana.

Sei que pode parecer bobagem, pois Bruce, apesar da ausência de poderes, enfrentou um inimigo pior que o outro. Mas agora, seu inimigo é o tempo e contra esse, ele não pode lutar. Desde o dia em que acordei com ele passando mal, não tem um só dia em que meu sono siga normal.

- Uh... - Ouvi gemidos. Achei que era apenas algo normal como não achar a posição para dormir, mas quando abri os olhos o vi sentado, respirando pesadamente.

- Bruce...

- Estou bem. - Continuou com a mão firme, sobre o peito.

- Calma querido, vou pegar seu remédio.

- Eu já to... Ah! - Bruce estava com dificuldade para respirar. Começou a ficar pálido e foi desfalecendo lentamente. Entrei em total desespero. Do jeito que estava, o peguei e o levei ao hospital. O período de espera foi torturante, não parei um só segundo, até vê-lo vindo em minha direção.

- Diana. - O mesmo me abraçou. - Alguma notícia?

- Ainda não Clark. - Meu desespero era mais que visível. Eu estava devastada só de imaginar que algo pudesse acontecer com ele. - Estou com tanto medo.

- Calma. - Ele deu um pequeno sorriso. - É o Bruce, minha amiga. - Me abraçou novamente. Meu coração só se acalmou quando o doutor veio até nós, dizendo que ele já estava melhor e que poderíamos vê-lo.

- Bruce! - Fui até ele, lhe beijando a testa.

- O que faz aqui? - Olhou para Clark.

- Fico feliz em ver que está bem, meu amigo. - Sorriu, ignorando seu mau humor - Você tem mais visitas. - Apontou Terry, que logo entrou.

- Eu não morri. Já pode ir.

- "Obrigado pela preocupação, Terry" - Imagina senhor Wayne, fico feliz em ver que está bem. - Resmungou, nos fazendo rir.

- Gotham precisa de você. Eu não. Volte logo. - O rapaz bufou.

- Não seja chato, Bruce. Obrigada por ter vindo, Terry.

- Gotham, aí vou eu. Até logo então. - Saiu da sala.

- Coitado, Bruce. - Clark o encarou.

- Você também deveria estar salvando alguém por aí não?! Eu quero ir embora daqui. - Tentou se levantar.

- Você não pode agora, querido. Mas imagino que não irá demorar.

Quando o médico enfim lhe deu alta, Bruce respirou aliviado.

- Deixe-me te ajudar. - Clark foi até o amigo.

- Posso levantar sozinho. - Dizendo isso, Bruce tentou se levantar, mas não conseguiu. Logo o silencio tomou conta do quarto. Vi em seu olhar, frustração. Clark ia se aproximar, mas o encarei e olhei para a porta em seguida, para que ele nos desse licença. Ele entendeu e logo, saiu.

Já a sós, me sentei em seu colo. Acariciei seu rosto e beijei sua testa. Bruce aceitou meu carinho, encostando seu rosto em meus seios. Pensar em perder a capacidade de fazer coisas simples o deixa extremamente sem chão. Ficamos ali sem dizer uma palavra, até ele se pronunciar.

- Vamos embora. - Assenti e o ajudei a se levantar.

Bruce é minha vida. Só de me imaginar sem ele, me falta o ar. Porém, J'onn está certo. Não posso deixar isso me afetar. O que me faz mal, querendo ou não faz mal a ele também e a última coisa que eu quero é deixá-lo triste ou chateado. Vou aproveitar cada segundo, como eu sempre fiz e mostrar a cada momento que o amo e sempre vou amar.